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18 fevereiro 2020

Fascismo: breve histórico e suas características

Fascio Littorio [1]

No final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX surgiram na Europa alguns movimentos ou regimes político-sócio-econômico-culturais que marcaram todo aquele continente (europeu) e teve reflexo em todo o mundo. Foram regimes tanto de extrema esquerda quanto de extrema direita, exercidos por líderes ditatoriais que praticaram muitas barbaridades, mas mesmo assim conseguiram angariar milhares de seguidores e deixar suas marcas nefastas por todo o mundo. Uso a expressão “extrema”, pois entendo que todo extremismo ou excesso, sobretudo no aspecto político, ultrapassa os limites democráticos.
Queremos destacar aqui um dos movimentos de extrema direita que vigorou na Itália, o fascismo, que teve como líder máximo a pessoa de Benito Mussolini e cujos reflexos foram (e ainda são) sentidos, infelizmente, no mundo inteiro.
1.  Origem do fascismo na Itália
Fascismo[2] é um termo derivado de fascio (feixe, união), antigo símbolo do poder imperial romano, que consistia num feixe de varas e um machado, e que foi adotado pelos adeptos do movimento fascista na Itália. Mas este movimento, lançado em março de 1919 por Benito Mussolini em Milão, juntamente com alguns ex-combatentes, precisa ser entendido em um contexto de crise de pós-Primeira Guerra Mundial (1914-1914) e pré-Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Este período do entreguerras (1919-1939) foi uma época do descrédito no liberalismo econômico que já não era visto como um sistema econômico "perfeito" e favorável ao surgimento regimes totalitários.
Destaquei (“”) a palavra perfeito porque, embora o liberalismo na Europa não estava sendo visto como a solução contra o comunismo e o socialismo, mas no decorrer dos anos, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, é este modelo, o liberalismo que vai demonstrar ser mais eficaz num regime democrático e capitalista. Ou seja, “... ao contrário do socialismo, entretanto, ele [o liberalismo] não se pretende um modelo de organização social, pois se insere no modelo capitalista – daí a enorme necessidade de defendermos o capitalismo como modelo de organização econômica e social”. Veja mais sobre este conceito no artigo de João Luiz Mauad[3]
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Itália e a Alemanha, por exemplo, tiveram suas economias abaladas com a crise, enquanto crescia uma série de movimentos de esquerda e fortalecimento dos sindicatos. Dois grupos antagônicos, o “social-democratas (marxistas que haviam abandonado a [o] tema de luta armada e aderiram à prática político-partidária do liberalismo) e comunistas (formados por frações que se destacaram do movimento operário seguindo os métodos bolchevistas vitoriosos na Rússia (1917)” traziam pessimismo à sociedade que almejava um outro caminho. As “alternativas” (frustrantes) para vencer o pessimismo reinante surgiram na Itália, com o fascismo e na Alemanha com o nazismo.
Como afirma o portal História[4] “... à medida que a crise se aprofundava e o Estado não a debelava assim como se mostrava incapaz de sufocar as agitações operárias, essas organizações fascistas e nazistas viam aumentar seus quadros de filiação partidária. Os detentores do capital passaram a financiar essas organizações de direita, vendo na ascensão delas um meio de esmagar as reivindicações da esquerda e a possibilidade de se posta em prática uma política imperialista no sentido de abertura de novos mercados. Por essa atitude dos capitalistas entende-se porque tanto Mussolini quanto Hitler chegaram ao poder por vias legais”.
2.  Mussolini e a consolidação do fascismo na Itália
Benito Mussolini nasceu em 1883, na Emilia Romagna, foi professor primário, jornalista e militante socialista. Em 1915, porém, abandona as ideias socialistas, alista-se no Exército e luta na frente de batalha austro-italiano, na Primeira Guerra Mundial. Após o final da guerra, em 1919, passa a combater o socialismo. Funda os fasci italiani di combatimento, estruturas iniciais do fascismo, que procuram por em ação as ideias do novo movimento.
Em 1921, os fasci italiani di combatimento deixam de ser um movimento e tornam-se um partido politico institucional, o Partido Nacional Fascista, com duzentos mil filiados.
Em 1922, aconteceu a Marcha sobre Roma, ocasião em que milhares de milicianos, chamados de camisas negras, invadiram a capital. Embora o Exército do rei Vittorio Emanuel III tinha condições de dispersá-los, o rei, no entanto, rendeu-se a Mussolini e convidou-o a integrar o governo e tornando-o o primeiro-ministro da Itália. Os milicianos, também chamados de “camisas negras”,
 “... eram utilizados para agredir os inimigos do fascismo e para difundir a sua propaganda. Pelo fato do seu uniforme ser uma camisa negra, ficaram conhecidos como ‘camicie nere’ e estimularam outros movimentos fascistas a usarem uma simbologia parecida como os ‘camisas-verdes’ integralistas, os ‘camisas prateadas’ mexicanos e outros” (BERTONHA: 2002, p. 14, Nota 2).
Em princípio, Mussolini não parecia o ditador que veio a se tornar e até compartilhava o poder com outras forças políticas. Mas, em 1924, o principal líder do socialismo Giacomo Matteoti foi sequestrado e morto por milicianos fascistas, em resposta a um discurso violento feito na Câmara dos Deputados dias antes, acusando o fascismo de alterar e manipular leis eleitorais para ter maior representação na Câmara. A indignação foi geral. A oposição acreditava que o rei fosse destituir Mussolini, isto é, o fascismo do poder, mas isso não ocorreu. Pelo contrário, o rei confirmou a autoridade de Mussolini no poder.
Embora a Itália tivesse um rei, ou seja, fosse uma monarquia, mas sobre Vítor Emanuel III quase não se faz menção na história. Mussolini, seu primeiro-ministro, roubou toda a cena do regime fascista. Logo pós a derrota da Itália na Segunda Guerra Mundial, abdica-se do trono, em 1946, ficando no trono o seu filho Humberto II (o “Rei de Maio”), o último rei italiano, antes da República, proclamada em 1946[5]
Fortalecido, o duce (chefe) Mussolini conseguiu aprovar novas leis contra a oposição, eliminou o Estado democrático e impôs a ditadura fascista:
·      supressão de todos os partidos, exceto o fascismo;
·      extinção da liberdade de imprensa;
·      criação da polícia secreta, OVRA, para vigiar, prender e assassinar os opositores..
Mussolini conseguiu um grande êxito também, em 1929, com a assinatura do Tratado de Latrão, conjuntamente com o papa Pio XI. Por este tratado, a Itália reconhecia a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano, que passou a ser um Estado independente, enquanto recebia o apoio da Igreja Católica para o regime.
Embora estivesse muito preocupado com os perigos do comunismo e sua confessa postura ateísta, Pio XI não manifestou a mesma preocupação perante o fascismo, especialmente quando passou a atuar como o principal inimigo do comunismo. Ademais, o fascismo recorria aos mesmos princípios que Pio IX havia advogado tão intensamente em seu Sílabo de errosuma compreensão hierárquica da sociedade, um forte sentido de autoridade e um estado voltado para a imposição de padrões morais. Como nas primeiras fases de seu desenvolvimento, o fascismo italiano favorecia o catolicismo, o papa estava bastante satisfeito em tê-lo a seu lado. Em 1929, seu representante assinou com Mussolini um acordo que finalmente resolveu a questão da soberania italiana sobre Roma. A Itália reconhecia a existência de um estado soberano, a ‘Cidade do Vaticano’, e concedia ao papado o domínio sobre esse território, bem como uma compensação financeira pela perda de outras regiões”.[6]
Em 1935, a Itália conquistou a Etiópia, uma demonstração de força expansionista de Mussolini, e na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ele é derrotada, pondo fim ao regime fascista. Em 28 abril de 1945, Benito Mussolini é fuzilado e morto por guerrilheiros da ResistênciaMussolini foi preso juntamente com “... sua companheira, Clara Petacci – que embora pudesse fugir, preferiu permanecer ao lado do Duce até o fim. As últimas palavras de Mussolini – em óbvia deferência à sua personalidade egocêntrica – foram: Atirem aqui (disse ele apontando para o peito). Não destruam meu perfil”.[7]
 Veja mais sobre as características do fascismo no vídeo do Brasil Escola, através do Professor Pedro Ivo a seguir:


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