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19 janeiro 2024

A Segunda Guerra Mundial e o Contexto Cristão

Por: Alcides Amorim


Já destacamos, em relação ao estudo sobre a Primeira Guerra Mundial, os seus aspectos políticos, sociais e econômicos, e também a posição teológico-cristã, sobretudo da pessoa de Karl Barth, considerado o maior teólogo do século XX. Na época, diversos promotores da paz, cristãos como o papa Bento_XV, os protestantes Söderblom, Harnack e o próprio Barth, apelaram para a obtenção da paz através da comunhão cristã. Mas apesar de seus esforços e os de muitos outros, a paz durou apenas cerca de 20 anos, surgindo a Segunda Guerra Mundial, com resultados terríveis sobretudo para os judeus. Como vimos aqui, cerca de 46 milhões de pessoas foram mortas das quais cerca de 6 milhões apenas de judeus. Queremos, portanto, falar um pouco, neste post, sobre os aspectos teológico-cristãos no contexto da segunda grande guerra.

Sobre a posição da Igreja Católica (ou papal?) da época, importante ver algumas informações sobre o italiano Eugenio María Giuseppe Giovanni Pacelli, o Pio XII, que foi papa entre 1939 e 1958, e, portanto, liderou a Igreja por todo o período da Segunda Guerra. Sob o título “'Papa de Hitler' ou 'salvador dos judeus'?”, o jornalista Juan Francisco Alonso da BBC News Brasil, descreve Pio XII como um líder religioso omisso, polêmico e ambíguo, a despeito de afirmar ser “… o nazismo um movimento político pagão que destratava os católicos, [mas] o papa não foi particularmente incômodo para o Terceiro Reich” (Idem). Seu silêncio frente às atrocidades cometidas contra os judeus durante o holocausto, favoreceu muito mais o atroz Hitler do que suas vítimas. Inclusive uma carta de 1942, escrita por um padre jesuíta alemão ao secretário de Pio XII na época, e descoberta recentemente, traz à tona esta polêmica. Na carta, com o título “Pio XII Sabia”, o padre jesuíta Lother Koenig relatava o que estava acontecendo em três campos de concentração (Belzec, Auschwitz e Dachau) e, apesar disso, não o denunciaram publicamente. “Esse silêncio é a razão pela qual muitos historiadores e setores da comunidade judaica consideram o falecido pontífice, que desde 2009 é um aspirante a santo, um cúmplice do Holocausto” (Idem).

Embora textos como este, por exemplo, afirmem que Pio XII se esforçou muito para salvar os judeus, outros, como o referido acima, não concordam que Eugenio María Giuseppe Giovanni Pacelli tenha se esforçado o suficiente para salvar o povo judeu. Inclusive o pesquisador britânico John Cornwell afirma: "Não há dúvida de que muitos católicos — padres, freiras e fiéis — em toda a Europa ocupada salvaram muitos judeus, mas acho escandaloso que o Vaticano afirme que isso aconteceu graças às instruções do papa" (Idem). Em síntese, enquanto alguns padres, freiras e outros fiéis, incluindo leigos católicos lutaram pela paz no mundo, o papel do papa falhou muito nesta missão. De modo que neste período “… embora a reação do papa à perseguição dos judeus na Alemanha e nas áreas ocupadas da Europa deixasse muito a desejar, havia outros católicos arriscando a vida e a liberdade por causa dos irmãos judeus” (Veja aqui). Na verdade, certas decisões da Igreja Católica durante sua história têm sido terríveis para os judeus, não só durante a Segunda Grande Guerra. Por exemplo, em seu artigo, Inédito: conheça todo o ódio, intolerância e perseguição da Igreja Católica aos judeus na história, que é parte de seu livro sobre a Reforma, Lucas Banzoli, depois de fazer um histórico sobre o antissemitismo da Igreja Católica através da história da Igreja, afirma que

“ … o nazismo não foi um mal que surgiu ‘do nada’, mas é antes de tudo o fruto de toda uma mentalidade antissemita que se desenvolveu por séculos, tendo no papado, na Inquisição e na pessoa dos reis católicos o seu pontapé inicial. As ideias de ‘pureza de sangue’ e seus estatutos contra os judeus e seus descendentes serviram de inspiração a Hitler, que não tardou em implementá-los também em seu país. Toda a ideologia nazista era baseada na política de discriminação racial predominante na Idade Média e que já massacrava judeus muito antes de um führer chegar ao poder no século XX. Como um pavio fumegante de uma bomba prestes a estourar, era mera questão de tempo até que o antissemitismo eclesial tomasse a forma de antissemitismo de Estado e resultasse no extermínio de milhões de judeus, não apenas na Alemanha, mas ao redor de todo o mundo” (Idem).


E a posição protestante?

Bem, também no meio protestante havia até a Igreja do Reich, liderada por Ludwig Müller, um pastor luterano antissemita, associado ao nazismo, que defendia o “cristianismo positivo” e considerava Jesus Cristo como sendo ariano.

Mas vale destacar especificamente o papel de Karl_Barth, sobre o qual já falamos, e também o de Dietrich Bonhoeffer (1906–1945) e de um grupo minoritário de cristãos que veio a formar a chamada Igreja Confessante e liderada por Martin Niemöller.

Barth, além de suas contribuições teológicas – interpretações sobre A carta aos romanos –, visando dar uma resposta espiritual aos problemas da Europa, também assumiu posição de resistência frente ao regime nazista, participando da Igreja Confessante, ao lado de Bonhoeffer e Niemöller.

De Niemöller, também sabemos, além de sua sua luta antinazista, de um texto muito conhecido, chamado "Eu me calei", muitas vezes adaptado (parafraseado) conforme as diferentes situações em que o mesmo é lembrado e citado:

Primeiro eles vieram buscar os socialistas, e eu fiquei calado – porque não era socialista.
Então, vieram buscar os sindicalistas, e eu fiquei calado – porque não era sindicalista.
Em seguida, vieram buscar os judeus, e eu fiquei calado – porque não era judeu.
Foi então que eles vieram me buscar, e já não havia mais ninguém para me defender” (In: Enciclopédia do Holocausto - Martin Niemöller).

Na década de 1920, Niemöller simpatizava com muitas das ideias nazistas, mas após Adolf Hitler chegar ao poder em 1933, Niemöller tornou-se um crítico ferrenho da interferência de Hitler nas igrejas protestantes. Por isso, passou os últimos oito anos do governo nazista, de 1937 a 1945, em prisões e campos de concentração, mas conseguiu sobreviver até 1984. O mesmo não aconteceu com Dietrich Bonhoeffer. Este morreu ainda durante a guerra. E como? Interessante que este artigo de autoria católica afirma que “… antes do fim do primeiro século, o termo ‘santo’ era reservado exclusivamente ao mártir, e o martírio é, ainda hoje, o caminho mais certo para a canonização”. Mas este princípio não se aplicou ao protestante Dietrich Bonhoeffer, que foi morto pelos nazistas! Pois é, “… na madrugada de 9 de abril de 1945, Dietrich Bonhoeffer ‘foi levado nu até o pátio de execuções’ da prisão de Flossenbürg, na Alemanha. ‘Os guardas o ridicularizaram e desprezaram. Aos pés do cadafalso’, Bonhoeffer ajoelhou e orou. ‘Então, subiu os degraus até a forca’, onde morreu cerca de trinta minutos depois, asfixiado por um nó de corda de piano (Bonhoefferblog)”.

O historiador Justo L.González, no último volume de sua obra A era inconclusa (IV): o Protestantismo na Europa, afirma sobre o que Barth declarava "... que a religião é um esforço humano pelo qual nos tentamos esconder de Deus" e baseado nesta afirmação, Bonhoeffer enfatizava um “cristianismo sem religião”, princípio que ficou marcado para o futuro do cristianismo. Em nossas igrejas evangélicas (quase todas), hoje, entendemos que a salvação não está numa religião, mas numa pessoa: Jesus Cristo. Viver para e em Cristo é viver um cristianismo sem religião. E o preço desta escolha foi muito alto para Bonhoeffer. Como ele tornou-se um ferrenho inimigo do regime, a gestapo não o perdoou. González, assim descreve em seu texto sobre Bonhoeffer: 

"... À medida que o exército americano avançava e a derrota se tornava inevitável, o Terceiro Reich passou a eliminar os que considerava seus piores inimigos. Bonhoeffer estava entre eles. Após uma rápida corte marcial, ele foi condenado à morte. Posteriormente, o médico da prisão disse tê-lo visto ajoelhado em sua cela, orando em preparação para a morte. Em 9 de abril de 1945, dois anos e quatro dias após sua prisão, Dietrich Bonhoeffer foi enforcado. Alguns dias depois, a prisão onde ele havia sido executado foi tomada pelo exército americano" (Idem), pág. 71).


Leia também:

Um pouco mais sobre a história de Dietrich Bonhoeffer e o papel na resistência cristã pode ser visto no vídeo a seguir, de Teologia Missional.











08 outubro 2023

Bispos e Papas: (1) Lino

Bispos e Papas: (1) Lino

Por Alcides Amorim


Bispo Lino [1]


Quero iniciar, com a ajuda de Deus, um trabalho resumido sobre os bispos, que segundo a Igreja Católica tornaram-se papas e seguiremos a falar sobre os demais, se conseguir, até os dias atuais, no momento, o papa Francisco.

Assumo aqui a posição protestante, que afirma ser o primeiro papa, não o apóstolo Pedro, e sim, Leão I (440-461), que “… defendeu explicitamente a autoridade papal, articulando mais plenamente o texto de Mateus 16.18 como fundamento da autoridade dos bispos de Roma como sucessores de Pedro... [1]”, dando início – aliás, continuidade – à ideia de papado [2] A partir daí, a autoridade papal passou a ficar em evidência, sendo que, inclusive “… seu sucessor Gelásio I (492-496) expôs a célebre teoria das duas espadas: dentre os dois poderes legítimos que Deus criou para governar no mundo, o poder espiritual – representado pelo papa – tinha supremacia sobre o poder secular sempre que os dois entravam em conflito…” Essas raízes da supremacia eclesiástica romana foram alimentadas pelas atividades capazes de muitos papas.

O bispo de Roma, considerado agora “bispo dos bispos”, já a partir de Vitor I (189 a 199), reivindica também a posição de “sucessor de Pedro”, com Leão I (440-461). Mas, neste momento, o império já estava dividido e Roma estava preste a cair nas mãos dos “bárbaros”, principalmente os hunos, sob o governo de Átila. Com Leão, chamado também de “Leão I, o Grande”, e os bispos de Roma ou (agora) papas, que lhe sucedem, estes conseguiram manter certa estabilidade em Roma, após sua desintegração pelos bárbaros, e assim prossegue por toda a Idade Média [3].

Quero portanto, destacar até Leão I, os bispos mencionados por Eusébio [4], e depois passaremos a chamar de papas os chefes da Igreja Católica até o momento, se Deus nos permitir.

Iniciaremos pelo bispo Lino.

Eusébio (HE, Livro 3, Cap. II) destaca Lino como o que primeiro presidiu sobre a igreja em Roma, após o martírio de Pedro e Paulo. No capítulo IV (Livro 3), Eusébio afirma: “Quanto a Lino, mencionado em sua segunda Epístola a Timóteo como seu companheiro em Roma, já se declarou ter sido o primeiro depois de Pedro a obter o episcopado de Roma”.

Importante destacar que Eusébio de Cesareia afirma isto já no início do século IV, quando muitos (até possivelmente equivocados) já tinham uma lista feita dos bispos sucessores de Pedro, que posteriormente constaram na listas dos papas pelos teólogos católicos.

Mas nem todos os católicos acreditam assim. No artigo mencionado acima (Nota 3), Hans Kung, teólogo e sacerdote católico, afirma, ao tratar de Pedro como possuidor de uma episcopado monárquico, que “… no entanto, teólogos católicos concedem que não há evidência confiável de que Pedro tenha sido encarregado da Igreja de Roma como chefe supremo ou bispo. Em qualquer caso, o episcopado monárquico foi introduzido em Roma relativamente tarde”. E sobre os bispos de Roma como sucessores de Pedro, incluindo logicamente Lino, foi Leão que “… viu o Bispo de Roma como sucessor de Pedro fundamentado numa carta do Papa Clemente a Tiago, irmão do Senhor, em Jerusalém. De acordo com essa, em seu último testamento Pedro fez de Clemente seu único sucessor legítimo. Mas a carta era uma falsificação do final do segundo século e foi traduzida em latim apenas no final do século IV e o início do V”.

Bem, percebe-se que além de poucas informações sobre Lino, e algumas até questionáveis, ficamos apenas com o contexto histórico e religioso de seus dias.

  • Lino era colaborador e contemporâneo de Pedro, Paulo, Timóteo e de muitos cristãos que possivelmente até chegaram a conviver com Jesus.
  • A única referência que encontramos na Bíblia sobre Lino, não dá um destaque como sendo ele portador de um cargo eclesiástico, como bispo.
  • Quem afirma ter sido Lino, bispo de Roma e sucessor de Pedro, foi Eusébio, porém não encontramos nada de seu trabalho. Alias, até sobre a pessoa de Pedro, como bispo de Roma, há muitos questionamentos.
  • Lino, como primeiro sucessor de Pedro, conforme afirma a maioria (acho) dos teólogos católicos, também é identificado como o segundo Papa pela Igreja Católica.
  • Se procederem as informações da Wikipédia, Lino era italiano, nascido na Toscana e pode ter estado entre os setenta (setenta e dois) discípulos enviados enviados por Jesus (Lc 10). Se Lino era italiano, é quase certo que não fora um dos 70 discípulos de Jesus.
  • O ambiente político para os cristãos era de perseguição, pois os conflitos dos cristãos como o Estado romano já estavam em prática, e Pedro e Paulo acabaram-se sendo martirizados, sob o imperador Nero (54-68), além de os cristãos terem sido culpados pelo incêndio de Roma, em 64. Possivelmente, ele tenha companhado também os governos dos imperadores5 Galba (68-69), Oto (69), Vitélio (69) e Vespasiano (69-79).

Lino está, além da lista dos papas, também entre os mártires e santos da Igreja Católica. Aqui, afirma-se que a morte de Lino pode ter ocorrido em 67, ou 78, ou ainda em 81, decapitado pelo cônsul Saturnino.


Notas / Referências bibliográficas:

  • [2]  Por papado, entende-se ”… a crença na jurisdição universal de um bispo romano infalível, como se defende hoje na apologética católica popular”. Diversos trabalhos sobre o papado e o catolicismo são produzidos por Lucas Banzoli. Veja aqui, por exemplo, a citação de vários historiadores e teólogos católicos que reconhecem que não havia papado na Igreja antiga..
  • [4CESAREIA, Eusébio de. História Eclesiástica: os primeiros quatro séculos da Igreja Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. Nesta versão, produzida pela CPAD, há uma lista dos bispos, citados por Eusébio, página 409-410, na qual me baseei.

06 maio 2022

Archimínia de Meirelles Barreto: seu exemplo e legado na história do protestantismo brasileiro

Por Alcides Barbosa de Amorim

Entre as Vozes Femininas no Início do Protestantismo Brasileiro, título do livro da Professora Rute Salviano Almeida (Anexo), quero destacar a pessoa e o trabalho de Archimínia de Meirelles Barreto, uma brasileira que muito cooperou para a história e defesa do Cristianismo Protestante em seu/nosso país.

Archimínia

Acesse o Artigo em PDF, através do link abaixo:

Archimínia de Meirelles Barreto

26 fevereiro 2022

Irineu de Leão

Irineu de Leão1

Irineu de Leão escreveu toda a sua teologia desde uma perspectiva bíblica e pastoral. Através dele podemos descobrir muito do que foi o pensamento teológico de seus mestres, porque Irineu não trata de inovar, mas de expor a fé que recebeu de Policarpo e de seus outros mestres”2.

Irineu era natural da Ásia Menor – provavelmente de Esmirna – onde nasceu por volta do ano de 130 e onde foi também discípulo do bispo Policarpo, acerca de cujo martírio falamos em um capítulo anterior. Durante toda sua vida, Irineu foi um admirador fervente de seu mestre Policarpo, e em seus escritos se refere repetidamente aos ensinos de um "ancião" – o presbítero – cujo nome não menciona, mas que parece ser Policarpo. Em todo caso, por razões que desconhecemos, Irineu se transladou a Leão, no que hoje é França. Ali chegou a ser presbítero da igreja, que o enviou a Roma com uma carta para o bispo dessa cidade. Irineu estava em Roma quando houve uma perseguição em Leão e Viena que já discutimos anteriormente. Nessa perseguição, o bispo Fotino [ou Potínio] entregou sua vida como mártir e, portanto, quando Irineu regressou a Leão ficou encarregado da direção espiritual da igreja, que o elegeu para que fosse seu bispo.
Irineu era antes de tudo um pastor. Seu interesse não estava na especulação filosófica, nem em descobrir recônditos secretos, até então desconhecidos, mas em dirigir a sua grei na sã doutrina e na vida correta. Portanto, seus escritos não intentam elevar-se em altos voos especulativos, mas pretendem simplesmente refutar os hereges e instruir os crentes. Ainda que Irineu compusesse outros escritos, são duas as obras dele que seconservam: "A demonstração da fé apostólica" e "A refutação da falsa gnosis", esta última melhor conhecida como "Contra as Heresias". Na primeira destas obras, Irineu está tratando de instruir sua grei sobre alguns pontos da fé cristã. Na segunda refuta aos gnósticos. Em ambas, Irineu se limita a expor a fé que recebeu de seus mestres, sem tratar de adorná-la com especulações de sua própria lavra. Portanto, muito mais do que qualquer dos outros teólogos que estudaremos aqui, Irineu nos mostra qual era a doutrina comum da igreja até os fins do século segundo.

Irineu é antes de mais nada pastor, desse modo ele mesmo concebe a Deus como um pastor. Deus é um ser amante que cria o mundo e a humanidade, não por necessidade nem por erro – como pretendiam os gnósticos – mas por causa de seu próprio desejo de ter uma criação a qual amar e a qual dirigir, como o pastor dirige o seu rebanho ao redil. À luz desta perspectiva, toda a história aparece como o processo mediante o qual o divino pastor vai dirigindo sua criação em direção à consumação final.

A coroa da criação de Deus é a criatura humana. O ser humano foi criado desde o princípio como um ser livre e, portanto, responsável. Essa liberdade é tal, que mediante ela podemos conformar-nos mais e mais à vontade e à natureza divina, e gozar de uma comunhão sempre crescente com nosso criador. Mas, por outra parte, a criatura humana não foi criada desde um princípio em toda sua perfeição. Como pastor que é, Deus colocou o primeiro casal no paraíso, não em um estado de perfeição, mas "como meninos" (ou "como crianças"). O que isto quer dizer é que Deus tinha o propósito de que o ser humano crescesse de tal modo em comunhão com ele que com o tempo chegasse a estar ainda acima dos anjos.

Os anjos são seres superiores a nós somente provisoriamente. Quando se cumprir na humanidade o propósito divino, os seres humanos estarão acima dos anjos, pois gozaremos de uma comunhão com Deus mais estreita que a deles. A função dos anjos é semelhante à do tutor que dirige os primeiros passos de um príncipe. Ainda por um momento o tutor está acima do príncipe, mas com o tempo será subordinado a ele.

Deus criou então a humanidade "como crianças", para que fossem crescendo e se acostumando à comunhão com ele. Além dos anjos, Deus contava com suas duas "mãos" – o Verbo e o Espírito Santo – para dirigir e instruir a humanidade. Guiados por essas mãos, os seres humanos receberão instrução e crescimento, preparando-se cada vez mais para uma comunhão mais e mais íntima com Deus. Isto é o que Irineu chama de "divinização". O propósito último de Deus é fazer-nos cada vez mais semelhantes a ele. Isto não quer dizer que de algum modo nos dissolveremos na divindade, nem que chegaremos a ser iguais a Deus. Ao contrário, Deus se encontra tão acima de nós que por mais que cresçamos em nossa semelhança a Ele, sempre haverá caminho por andar.

Mas um dos anjos, Satanás, sentiu ciúmes do destino tão elevado que Deus reservava à criatura humana e, portanto, tentou e fez pecarem Adão e Eva Como resultado do pecado, a criatura humana foi expulsa do paraíso, e seu crescimento ficou torcido. Portanto, a história tal como se desenvolveu é resultado do pecado.
Mas, se bem que o conteúdo concreto da história da humanidade é resultado do pecado, o fato de que haja história não o é. Deus sempre teve o propósito de que houvesse história. O paraíso não era senão o ponto de partida nos propósitos de Deus para com a humanidade.

O mesmo se pode dizer com respeito à encarnação de Deus em Jesus Cristo. A encarnação não é o resultado do pecado humano. Ao contrário, desde o princípio Deus tinha o propósito de se unir à humanidade como o fez em Jesus Cristo. De fato, o Verbo encarnado foi o modelo que Deus utilizou ao criar o ser humano segundo sua "imagem e semelhança". Adão e Eva foram criados para que, depois de um processo de crescimento e instrução, chegassem a ser como o Verbo que havia de encarnar. Por causa do pecado, o que sucedeu é que a encarnação tomou outro propósito, e veio a ser também remédio contra o pecado e meio para a derrota de Satanás.

Ainda antes da encarnação, e desde o momento do primeiro pecado, Deus esteve dirigindo a humanidade em direção à uma comunhão mais íntima com ele. Por isso é que Deus "maldiz" à serpente e à terra, enquanto só "castiga" ao homem e à mulher. No momento das maldições, Deus continua levando a cabo seus propósitos redentores.

Nesses propósitos, o povo de Israel cumpre um papel importantíssimo, pois é na história do povo escolhido que as mãos de Deus têm continuado a preparar a humanidade para a comunhão com Deus. Portanto, o Antigo Testamento não é a revelação de um Deus estranho à fé cristã, mas é a história de como Deus continuou os seus propósitos redentores mesmo depois do pecado de Adão e Eva.
Por fim, ao chegar o momento adequado, quando a humanidade tivesse recebido a preparação necessária, o Verbo se encarnou em Jesus Cristo. Jesus é o "segundo Adão" porque em sua vida, morte e ressurreição foi criada uma nova humanidade, e em todas suas ações, Jesus foi corrigindo o mal que fora feito no primeiro pecado. Mas, além disso, Jesus derrotou o maligno, e nos fez possível viver uma nova liberdade. Quem está unido a ele mediante o batismo, a fé e a comunhão participa de sua vitória. Jesus Cristo é literalmente a cabeça da igreja, que é seu corpo. O corpo se nutre mediante a adoração – particularmente a eucaristia – e de tal modo está unido à cabeça que já vai recebendo os benefícios da vitória de Cristo. Em sua ressurreição começou a ressurreição final, da qual todos os que formam parte de seu corpo serão participantes.

Quando chegar a consumação final, e o Reino de Deus se estabelecer, isto não vai querer dizer que a tarefa de Deus como pastor terá terminado. Ao contrário, a humanidade redimida continuará crescendo em comunhão com Deus, e o processo de divinização continuará por toda a eternidade, levando-nos sempre mais perto de Deus.

Em resumo, a teologia de Irineu consiste em uma grandiosa e amplíssima visão da história, de tal modo que os propósitos de Deus vão se cumprindo através dela. Nessa história, o ponto central é a encarnação de Jesus Cristo, não simplesmente porque Ele tenha vindo corrigir a carreira torcida da humanidade, mas também e, sobretudo, porque desde o próprio momento da criação Deus já projetava a encarnação como o ponto culminante de sua obra. O propósito de Deus é unir-se ao ser humano, e isto ocorreu em Jesus Cristo de um modo inigualável.

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Quando e quando Irineu morreu? González não comenta. Ao que parece ele foi martirizado, provavelmente no ano 202, conforme o vídeo abaixo. Segundo nos informa FERREIRA: “A notícia de que ele sofreu martírio surgiu, pela primeira vez, nas obras de Jerônimo e Gregório de Tours, provavelmente na época em que, após a cidade de Lião ter apoiado o usurpador Clódio Albino e seus partidários na sucessão imperial, o vencedor desta, Sétimo Severo, mandou matar muitos moradores da cidade, nessa situação, a morte de Irineu pode muito bem ter passado despercebida3.

Veja também o vídeo de Edgar de Oliveira, in:



Notas / Referências bibliográficas:


1 Irineu de Leão, Lião ou Lyon. Imagem meramente ilustrativa, disponível em: GONZÁLEZ, Justo L. A Era dos mártires. Op. Cit., Nota 2, p. 111.

2 GONZÁLEZ, Justo L. Uma história ilustrada do cristianismo: a era dos mártires – Vol. 1. São Paulo: Vida Nova, 1995, pp. 110 a 115.

3 FERREIRA, Franklin. Servos de Deus: espiritualidade e teologia na história da igreja. São José dos Campos/SP. Fiel, 2014. p. 42.



19 janeiro 2022

O Cinismo e os Crescentes de hoje: o que nos ensina a filosofia defendida por Justino Mártir

O cínico moderno1.

Escrevi de forma breve sobre alguns mártires cristãos2 que viveram e morreram pela sua fé em Cristo. O que eles tinham em comum eram a convicção de sua conversão do pecado e uma espiritualidade moldada pelas Escrituras, a Bíblia Sagrada cristã. Dos mártires que também foram mestres da igreja, os apologistas, podemos acrescentar ainda – como escreve Franklin FERREIRA –, que eles reconheciam sua pequenez em matéria teológica, embora fossem (grandes) pastores, viviam sua fé e serviços voltados para a sociedade, tinham sua cosmovisão cristã ou “… uma visão integral da obra de Deus na criação e restauração de todas as coisas…, além do que “… escreveram e pensaram para a glória de Deus e edificação da igreja…”3.

Dentre estes mártires, Justino Mártir me chamou especial atenção, sobretudo por causa de sua relação com o Cinismo, uma filosofia que serviu como o estopim de suas discordâncias com um filósofo desta corrente chamado Crescente, e que o levou, conjuntamente com seis de seus discípulos, ao martírio, no ano de 165…

O Cinismo se caracteriza pelo “… total desprezo pelos bens materiais e o prazer”, tinha origem no grego “kynismós”, ou “como um cão”. Seus adeptos, os cínicos, deveriam ter uma filosofia moral voltada para este princípio: vida simples. Eram “… identificados por possuírem apenas um manto dobrado como vestimenta, um bastão para auxiliar nas caminhadas e uma sacola para carregar algum donativo. Desde então, o significado de cínico é atribuído às pessoas que não possuem apego às convenções sociais e se sentem superiores por isso4”.

A questão, até mesmo paradoxal, é o fato de que ninguém consegue viver o estilo de vida proposto pelos cínicos sem depender do não-cínico uma vez que até para se obter donativos alguém que não é cínico precisa trabalhar e lhe doar o que lhe é necessário para suas necessidades básicas. Se os cínicos precisam do que o outro ganha, porque ele é considerado num patamar inferior ao dele? Daí, o sentido pejorativo para o cinismo, pois o cínico “… designa um homem agudo e mordaz que não respeita os sentimentos e valores estabelecidos nem as convenções sociais5, enquanto precisa dos outros para sobreviverem.

Qual o principal embate entre Justino Mártir e Crescente? Na verdade, não encontrei qual o ponto filosófico que foi o pomo da discórdia entre Crescente e Justino, mas o certo é que Crescente o convidou para um debate e perdeu, pois Justino conseguiu provar que a “filosofia cristã”, como ele denominava a doutrina e/ou teologia cristã e a defendia, foi superior ao cinismo de Crescente.

Segundo consta nos escritos históricos, Justino teve desavenças com Crescente (ou Crescêncio), um filósofo conhecido como cínico, e em alguns debates Justino o havia repreendido na presença de seus ouvintes. Num desses debates, o filósofo Crescente desafiou Justino acerca do cristianismo e este saiu vencedor, o que induziu Crescente a buscar vingança, acusando seu adversário perante os tribunais6.

Bem, Justino escreveu diversas obras entre as quais o relato de discussão com um rabino judeu chamado Trifon, o “Diálogo com Trifon”, mas precisou defender sua filosofia cristã também em Roma e, desta forma, ele tenha ganhado no argumento, foi derrotado nos tribunais.

O filósofo Crescente era amigo do prefeito Júnio Rústico que aconselhou Justino e seus seis discípulos presentes a negarem sua filosofia cristã, ao que eles se recusaram. Para Justino, disse o prefeito: “a menos que se sujeite…, você será atormentado sem misericórdia”. E foi… Depois de açoitados, Justino Mártir e seus companheiros foram decapitados.

Qual a lição deste episódio para nossos dias, sobretudo no Brasil? É que a filosofia cristã de Justino é a mesma que de alguma medida se faz presente na nossa sociedade e é defendida pela maioria dos brasileiros, que ficou conhecida como “direita conservadora”. Por outro lado, o politicamente correto, dos chamados “esquerdistas”, quer sobrepor às verdades desta maioria, somada às ideias de “democracia” (sem “demo”, apenas com “cracia”. Ou cleptocracia?) de alguns ilimunistros de nossa corte máxima, juízes, desembargadores, procuradores, políticos de oposição, imprensa, artistas etc., ou seja, uma tremenda corja que está impondo suas “verdades” e querendo que a maioria as engula. A exemplo do Crescente da época de Justino Mártir que o entregou ao amigo prefeito, os Crescentes de hoje perdem nas argumentações, mas estão ganhando nos tribunais, pois têm “amigos” nos tribunais que pensam da mesma forma e têm via de regra a certeza da sua decisão favorável. Uma vitória seguida de outra e por todo o Brasil, dos canalhas sobre os conservadores. E embora temos hoje um Presidente que defenda os princípios da filosofia de Justino Mártir, o conceito degenerado de laicismo, democracia, direitos da minoria sobre a maioria, ideias dos biografados, dos engomadinhos defensores da “ciênssia", dos não-negacionistas, dos sofisticados do teatro das tesouras etc., é deturpado na mente e bocas de “veludos”, de “sapões”, de “xandões”, de “amigos de meu pai”, apenas para citar alguns grandões, enquanto a maioria conservadora vai sendo derrotada. E o Presidente não faz nada? Pelo sistema ou establishment que existe hoje no Brasil, incluindo o meio jurídico e a formação dos Três Poderes da República, o caminho para os conservadores parece não ter saída. E se estes saem pacificamente às ruas, logo aparece um adjetivo para qualificá-los: os antidemocráticos. E se são antidemocráticos, então precisam ser parados seja pela censura nas redes sociais, nos processos sem provas, prisões arbitrárias e, quem sabe, até mesmo pelo uso da violência. Além disso, os milhares ou milhões de “antidemocráticos” que foram às ruas em apoio ao presidente no dia 7 de setembro de 2021, foram adjetivados também por certo iluministro7 de milicianos, terroristas, traficantes, fascistas, racistas, supremacistas, misóginos e demônios das sombras. É mole!

Tendo em vista este quadro, os defensores da filosofia de Justino devem se calar? Não, jamais! Mas saibamos que por esta defesa, Justino se tornou o Mártir… Quem se atreve a seguir seu exemplo? Tenhamos em mente também que no Brasil há muitos Crescentes amigos do prefeito, do deputado, do senador, do juiz, do iluministro…, menos do presidente, só se forem como cínicos hipócritas tentando ocultar a verdadeira face.

Veja o vídeo a seguir:




Notas / Referências bibliográficas:

  • 3 FERREIRA, Franklin. Servos de Deus: espiritualidade e teologia na história da igreja. São Paulo: Editora Fiel, 2014. Pág. 25.
  • 4 MENEZES, Pedro. Cinismo. Disponível em:  <https://www.todamateria.com.br/cinismo/>. Acesso em: 17/01/2022.
  • 5 Veja: O que é Cinismo. Disponível em: <https://www.significados.com.br/cinismo/>. Acesso em> 17/01/2022.
  • 6 In: XAVIER, Erico Tadeu. Justino Mártir: um filósofo em defesa da fé cristã. Pág. 17. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/ultimoandar/article/view/21517/15766>. Acesso em 7/01/2022.

14 janeiro 2022

Justino, o Mártir

Justino[1]

Meu propósito não é lisonjear-vos (...) mas requerer que julgueis os cristãos segundo o justo processo de investigação[2]

Depois de uma longa peregrinação intelectual, o filósofo Justino chegou à conclusão de que o cristianismo era ‘a verdadeira filosofia’. À defesa dessa fé dedicou sua pena. E, quando essa defesa foi insuficiente, selou seu testemunho com o sangue do martírio[3].

O imperador Marco Aurélio (161-180) foi um dos mais cultos do Império Romano. Por este motivo, esperava-se que sob seu governo os cristãos gozassem de um período de relativa paz. Mas não foi o que aconteceu. Já vimos os casos dos martírios de Felicitas e seus sete filhos e de Blandina de Lion, apenas para citar alguns. Agora, veremos o caso do martírio de Justino, um dos maiores mestres – apologistas – do Cristianismo ocorridos durante seu governo. Sobre seu trabalho como apologista, além de outros, veja o que escreve Justo González[4] escreve no capítulo VII de seu livro A Era dos mártires.

Flávio Justino, também conhecido como Justino, o Mártir[5], nasceu em Neápolis, em Samaria, de pais gentios. Quando jovem, ele cuidadosamente estudou as diferentes seitas filosóficas; mas não encontrando a satisfação que seu coração ansiava, ele foi levado a ouvir o evangelho. Nisto ele descobriu, através da bênção de Deus, um perfeito descanso para sua alma, e cada desejo de seu coração integralmente cumprido. Ele se tornou um cristão sincero e um celebrado escritor em defesa do cristianismo.

Bem no início do reinado de Aurélio, Justino era um homem marcado. Acusações foram feitas contra ele por um homem chamado Crescente, um filósofo da seita dos cínicos. Ele foi preso com seis de seus companheiros, e todos foram levados perante o prefeito. Eles foram requisitados a sacrificar aos deuses. ‘Ninguém’, respondeu Justino, ‘cujo entendimento é são, vai abandonar a verdadeira religião por causa do erro e impiedade.’ ‘A menos que se sujeite’, disse o prefeito, ‘você será atormentado sem misericórdia.’ ‘Não desejamos nada mais, sinceramente’, ele respondeu, "além de suportar torturas por nosso Senhor Jesus Cristo’. O restante concordou, e disseram: ‘Somos cristãos, e não podemos sacrificar aos ídolos.’ O governador então pronunciou a sentença: ‘Quanto a esses que se recusam a sacrificar aos deuses, e a obedecer os decretos imperiais, que sejam primeiro açoitados, e depois decapitados, de acordo com as leis.’ Os mártires se alegraram, e louvaram a Deus, e sendo levados de volta à prisão, foram açoitados, e depois decapitados. Isto aconteceu em Roma, por volta do ano 165. Assim dormiu em Jesus um dos primeiros ‘Pais’, e ganhou o título glorioso de ‘Mártir’, que geralmente acompanha seu nome. Seus escritos têm sido cuidadosamente examinados por muitos, e lhes são atribuídos grande importância.

Ainda mais sobre a morte de Justino e seus companheiros, diz González[6]:

“... no ano 163, Justino e seis de seus discípulos foram levados diante do prefeito Júnio Rústico, que havia sido um dos mestres de filosofia do imperador. Neste caso, como em tantos outros, o juiz tratou de convencer aos cristãos acerca da tolice de sua fé. Mas Justino respondeu que, depois de haver estudado toda classe de doutrinas, havia chegado à conclusão de que a cristã era a verdadeira, e que, portanto, não estava disposto a abandoná-la. Quando, como era costume, o juiz os ameaçou de morte, eles responderam que seu mais ardente desejo era sofrer por amor de Jesus Cristo, e que, matando-os, o juiz lhes faria um grande favor. Diante de tal resposta, o prefeito ordenou que fossem levados ao lugar do suplício, onde primeiro os açoitaram e logo foram decapitados.

Observe que enquanto Miller fala que o martírio de Justino e seus companheiros ocorreu em 165, González menciona o ano de 163. É possível que Justino e seis de seus discípulos tenham se apresentado ao prefeito em 163 mas as mortes dos mesmos tenham ocorrido dois anos depois, em 165.     

Veja também o vídeo de Edgar de Oliveira, in:


Notas / Referências bibliográficas:

  • [1] Imagem meramente ilustrativa, disponível em: <https://bibliotecadopregador.com.br/justino-martir-convertido-do-paganismo/ >. Acesso em: 12/01/2022. 
  • [2] GONZÁLEZ, Justo L. A Era dos mártires, pág. 79. Disponível em: <https://alcidesamorim.blogspot.com/2020/05/a-era-dos-martires-vii-defesa-da-fe.html>. Acesso em: 12/01/2022.
  • [3] GONZÁLEZ, Justo L. Idem, Nota 2, pág. 90. Disponível em: <https://alcidesamorim.blogspot.com/2020/05/a-era-dos-martires-vii-defesa-da-fe.html>. Acesso em: 12/01/2022. 
  • [4] GONZÁLEZ, Justo L. Idem, Nota 2, pág. 79 a 94. Acesso em: 12/01/2022.
  • [5] Texto a seguir, copiado e adaptado de: MILLER, Andrew. A História da Igreja. Pág. 177. Também disponível em: <http://a-historia-da-igreja.blogspot.com/2016/02/o-martirio-de-justino-chamado-o-martir.html>. Acesso em: 12/01/2022.
  • [6] GONZÁLEZ. Nota 2. Pág. 75. Acesso em: 12/01/2022.

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