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13 novembro 2023

A Primeira Guerra Mundial e o Cristianismo

A Primeira Guerra Mundial e o Cristianismo

Por Alcides Barbosa de Amorim




Sobre a Primeira Guerra Mundial já destacamos seus aspectos políticos, sociais e econômicos. Neste post, queremos destacar a relação entre os cristãos e a guerra, além de suas posições frente ao conflito e seu contexto, e a pessoa de Karl Barth, um dos ícones do protestantismo na época.

Primeiramente, queremos destacar brevemente a posição católica. Na época, entre 1914 e 1922), o papa era o italiano Giacomo della Chiesa, que se tornou Bento XV (ou Benedito XV), o qual conviveu com a efervescência política italiana anticatólica e anticlerical desde os tempos de faculdade. No entanto, em relação à Primeira Grande Guerra, Bento XV “… fez um discurso sobre a posição da Igreja e os seus deveres, enfatizando a necessidade de ter uma postura neutral e promover a paz e acudir aos deslocados e feridos. Fez diversas tentativas, infrutíferas, para negociar a paz, tendo o Vaticano sido excluído das negociações de paz no final da guerra…” [2] Obviamente, a proposta de paz do papa Bento XV não teve êxito porque os beligerantes não quiseram. Ideias e propostas da igreja não lhes eram bem-vindas.

Por outro lado, teólogos protestantes como o arcebispo luterano sueco Nathan Söderblom (1866-1931), o teólogo liberal e historiador alemão Adolf_von_Harnack (1851-1930) e principalmente o teólogo reformado suíço, considerado o maior teólogo do século XX, Karl_Barth (1886-1968), também apelaram para a obtenção da paz através da comunhão cristã. Estes também cumpriram sua tarefa de oferecer respostas cristãs para o mundo da época, embora não foram ouvidos pelos interessados em fazer a guerra, tanto que não demorou muito para aparecer outra, a segunda grande guerra, também com proporções mundiais. Na capa do seu livro A Era Inconclusa, Volume 10, o historiador cristão Justo L. González afirma: “A ciência multiplicou-se como nunca, e o século XX assistiu a duas guerras mundiais. A Igreja cresceu e buscou dar respostas aos desafios”. Segundo ele, as convulsões sociopolíticas da primeira metade do século XX da Europa [2], berço de grande parte da filosofia no século XIX, sonhara com uma nova era para a humanidade e buscava conseguir liderar o bem do mundo no século seguinte (XX). E nesta onda ilusória o protestantismo europeu estivera bem mais envolvido do que o catolicismo. Assim, “… quando as duas guerras mundiais e seus desdobramentos desmentiram os sonhos do século XIX, o liberalismo protestante sofreu um abalo profundo” (Idem, pág. 65).

O mundo da época, principalmente a Europa, precisava de uma resposta teológica. E a mais significativa ao meu ver foi a obra de Karl Barth, o livro A carta aos romanos, publicado em 1919. Nesta obra, Barth insiste na necessidade do retorno à exegese fiel e reage contra o subjetivismo religioso que aprendera com muitos de seus professores. O Liberalismo do século XIX tão ensinado, crido e aceito por Barth, enfatizava o progresso do homem e a reforma do mundo. Mas, como questiona também este site cristão [3], “… se esse homem era tão avançado, por que promoveu uma guerra mundial? Se suas descobertas na tecnologia e na ciência eram tão eficazes, por que apontou suas armas para seus semelhantes?” O otimismo nos rumos da ciência, seus avanços e possibilidades fez muitos acreditarem num “paraíso na terra”, enquanto questionavam os elementos sobrenaturais da Bíblia, seus milagres e o plano de redenção. Por isso, no aspecto espiritual, Karl Barth encontrou sentido para sua vida e sociedade na Epístola aos Romanos. Sua obra foi chamada “uma granada no terreno da teologia liberal”, ao mostrar o Deus soberano e transcendente ali descrito. Deus precisava se revelar ao homem, e ele faz isso por intermédio de Jesus Cristo. A reafirmação de doutrina por Barth e as discussões que se seguiram tornaram-se a base da neo-ortodoxia protestante.

Bem, num “… mundo que enfrentou duas enormes guerras, as ideias de Barth levaram uma igreja indecisa de volta aos temas do pecado e da soberania de Deus…” (Idem), mas não ofereceu a resposta completa ao mundo de então. Um exemplo disto é que “… ele não aceitava a infalibilidade ou a inerrância das Escrituras” (Idem), tema tão caro para os conservadores que defendem a chamado Sola Scriptura. Mas o melhor de sua mensagem é que numa época em que muitos haviam se voltado para o mundo em busca de esperança, ele pedia que todos olhassem para Cristo.

Enquanto escrevo isto, estou presenciando o mundo quase todo contra Israel e em vias de uma possível terceira guerra mundial, mas o Cristo – o Messias judeu e Salvador do homem pecador – pregado por Barth e outros líderes cristãos, continua sendo a resposta para o mundo. Este, cuja filosofia ou cosmovisão contrasta com a do reino de Deus.

Sugiro, para finalizar, o vídeo a seguir, de Moisés Brasil Maciel, que destaca a pessoa de Karl Barth, como um dos ícones da fé protestante não só durante a primeira, como também durante a segunda grande guerra.




Notas / Referências bibliográficas:

  • [2] GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era inconclusa – Vol. 10. São Paulo: Vida Nova, 1995, pág. 065 a 080. In: <O Protestantismo na Europa>. Acesso em: 07/11/2023.

Um comentário:

  1. Século XX, tempo do crescimento da ciência mas que não impediu duas grandes guerras de proporções gigantescas e mundiais...

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