Justino[1]
“Meu propósito não é lisonjear-vos (...) mas requerer que
julgueis os cristãos segundo o justo processo de investigação”[2]
“Depois de uma longa peregrinação intelectual, o
filósofo Justino chegou à conclusão de que o cristianismo era ‘a verdadeira
filosofia’. À defesa dessa fé dedicou sua pena. E, quando essa defesa foi
insuficiente, selou seu testemunho com o sangue do martírio”[3].
O imperador Marco Aurélio (161-180) foi um dos mais cultos
do Império Romano. Por este motivo, esperava-se que sob seu governo os cristãos
gozassem de um período de relativa paz. Mas não foi o que aconteceu. Já vimos
os casos dos martírios de Felicitas e seus sete filhos e de Blandina de Lion, apenas para citar alguns. Agora, veremos o caso do
martírio de Justino, um dos maiores
mestres – apologistas – do Cristianismo ocorridos durante seu governo. Sobre
seu trabalho como apologista, além de outros, veja o que escreve Justo González[4] escreve no capítulo VII de
seu livro A Era dos mártires.
Flávio Justino, também conhecido como Justino,
o Mártir[5], nasceu em Neápolis, em Samaria, de pais gentios. Quando
jovem, ele cuidadosamente estudou as diferentes seitas filosóficas; mas não
encontrando a satisfação que seu coração ansiava, ele foi levado a ouvir o
evangelho. Nisto ele descobriu, através da bênção de Deus, um perfeito
descanso para sua alma, e cada desejo de seu coração integralmente cumprido.
Ele se tornou um cristão sincero e um celebrado escritor em defesa do
cristianismo.
Bem no início do reinado de Aurélio, Justino
era um homem marcado. Acusações foram feitas
contra ele por um homem chamado Crescente, um filósofo da seita dos cínicos.
Ele foi preso com seis de seus companheiros, e todos foram levados perante o
prefeito. Eles foram requisitados a sacrificar aos deuses. ‘Ninguém’,
respondeu Justino, ‘cujo entendimento é são, vai abandonar a verdadeira
religião por causa do erro e impiedade.’ ‘A menos que se sujeite’,
disse o prefeito, ‘você será atormentado sem misericórdia.’ ‘Não
desejamos nada mais, sinceramente’, ele respondeu, "além de
suportar torturas por nosso Senhor Jesus Cristo’. O restante concordou, e
disseram: ‘Somos cristãos, e não podemos sacrificar aos ídolos.’ O
governador então pronunciou a sentença: ‘Quanto a esses que se recusam
a sacrificar aos deuses, e a obedecer os decretos imperiais, que sejam primeiro
açoitados, e depois decapitados, de acordo com as leis.’ Os mártires
se alegraram, e louvaram a Deus, e sendo levados de volta à prisão, foram
açoitados, e depois decapitados. Isto aconteceu em Roma, por volta do ano 165. Assim
dormiu em Jesus um dos primeiros ‘Pais’, e ganhou o título glorioso de ‘Mártir’,
que geralmente acompanha seu nome. Seus escritos têm sido cuidadosamente
examinados por muitos, e lhes são atribuídos grande importância.
Ainda mais sobre a morte de Justino e seus companheiros,
diz González[6]:
“... no ano 163, Justino e seis de seus discípulos foram
levados diante do prefeito Júnio Rústico, que havia sido um dos mestres de
filosofia do imperador. Neste caso, como em tantos outros, o juiz tratou de
convencer aos cristãos acerca da tolice de sua fé. Mas Justino respondeu que,
depois de haver estudado toda classe de doutrinas, havia chegado à conclusão de
que a cristã era a verdadeira, e que, portanto, não estava disposto a
abandoná-la. Quando, como era costume, o juiz os ameaçou de morte, eles
responderam que seu mais ardente desejo era sofrer por amor de Jesus Cristo, e
que, matando-os, o juiz lhes faria um grande favor. Diante de tal resposta, o
prefeito ordenou que fossem levados ao lugar do suplício, onde primeiro os
açoitaram e logo foram decapitados.
Observe que enquanto Miller fala que o martírio de Justino
e seus companheiros ocorreu em 165, González menciona o ano de 163. É possível
que Justino e seis de seus discípulos tenham se apresentado ao prefeito em 163 mas
as mortes dos mesmos tenham ocorrido dois anos depois, em 165.
Veja também o vídeo de Edgar de Oliveira, in:
Notas / Referências bibliográficas:
- [1] Imagem meramente ilustrativa, disponível em: <https://bibliotecadopregador.com.br/justino-martir-convertido-do-paganismo/ >. Acesso em: 12/01/2022.
- [2] GONZÁLEZ, Justo L. A Era dos mártires, pág. 79. Disponível em: <https://alcidesamorim.blogspot.com/2020/05/a-era-dos-martires-vii-defesa-da-fe.html>. Acesso em: 12/01/2022.
- [3] GONZÁLEZ, Justo L. Idem, Nota 2, pág. 90. Disponível em: <https://alcidesamorim.blogspot.com/2020/05/a-era-dos-martires-vii-defesa-da-fe.html>. Acesso em: 12/01/2022.
- [4] GONZÁLEZ, Justo L. Idem, Nota 2, pág. 79 a 94. Acesso em: 12/01/2022.
- [5] Texto a seguir, copiado e adaptado de: MILLER, Andrew. A História da Igreja. Pág. 177. Também disponível em: <http://a-historia-da-igreja.blogspot.com/2016/02/o-martirio-de-justino-chamado-o-martir.html>. Acesso em: 12/01/2022.
- [6] GONZÁLEZ. Nota 2. Pág. 75. Acesso em: 12/01/2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário