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11 outubro 2023

Igreja e Israel: a controvérsia

Igreja e Israel: a controvérsia

Por Dr. Cornelis P. Venema

VENEMA, Dr. Cornelis P [1]. Igreja e Israel: a controvérsia [2].  São José dos Campos: Editora Fiel, 2015.


Ao longo da história da Igreja cristã, a questão do lugar de Israel nos propósitos redentivos de Deus tem sido de especial importância. Na história moderna, com a emergência do dispensacionalismo como uma perspectiva escatológica popular e o estabelecimento do estado de Israel em 1948, a questão teológica acerca da intenção de Deus para Israel se tornou ainda mais premente. Depois do holocausto, com o esforço nazista para exterminar os judeus por toda a Europa durante a Segunda Guerra Mundial, o problema da relação entre a e Israel foi novamente afetado pela triste realidade do antissemitismo, que muitos alegam pertencer a qualquer teologia cristã que insista em um único caminho de salvação pela fé em Jesus Cristo, seja para judeus ou gentios.
A teologia dos “dois pactos”
Teologia da substituição radical
Conclusão

A fim de orientar a discussão dessa crucial controvérsia, precisamos começar com um entendimento claro das principais visões deste assunto que estão atualmente representadas na igreja. Essas visões ilustram não apenas a importância da questão, mas também a ampla diversidade de posições.

Dispensacionalismo pré-milenarista: o propósito especial de Deus para Israel

Embora o dispensacionalismo pré-milenarista seja uma perspectiva relativamente nova na história da teologia cristã, a sua posição acerca do propósito especial de Deus para Israel tem moldado, até mesmo dominado, os debates recentes entre os cristãos evangélicos acerca do relacionamento entre a Igreja e Israel.

No dispensacionalismo clássico, Deus tem dois povos distintos: um povo terreno, Israel, e um povo celestial, a Igreja. Segundo o dispensacionalismo, Deus administra o curso da história da redenção por meio de sete dispensações (ou economias da redenção) sucessivas. Durante cada dispensação, Deus prova os seres humanos por uma revelação distinta da sua vontade. Entre essas sete dispensações, as três mais importantes são a dispensação da lei, a dispensação do evangelho e a dispensação do reino. Embora não seja possível, num pequeno ensaio como este, descrever todas as diferenças dessas três dispensações, o que importa é a insistência do dispensacionalismo de que Deus tem um propósito separado e um modo distinto de lidar com o seu povo terreno, Israel. Durante a presente era, a dispensação da Igreja, Deus “suspendeu” seus propósitos especiais para Israel e voltou sua atenção, por assim dizer, para o ajuntamento dos povos gentios mediante a proclamação do evangelho de Jesus Cristo para todas as nações. Contudo, quando Cristo retornar a qualquer momento para “arrebatar” a Igreja antes de um período de sete anos de grande tribulação, ele retomará o programa especial de Deus para Israel. Esse período de tribulação será um prelúdio à inauguração da futura dispensação do reino de mil anos sobre a terra. Para o dispensacionalismo, o milênio marca o período durante o qual as promessas de Deus a Israel, seu povo terreno, terão um cumprimento distinto e literal. Apenas ao final da dispensação do reino milenar é que Cristo finalmente vencerá todos os seus inimigos e introduzirá o estado final.

Embora o dispensacionalismo reconheça que todos, judeus ou gentios, são salvos pela fé no único Mediador, Jesus Cristo, ele mantém uma clara e permanente distinção entre Israel e a Igreja nos propósitos de Deus. As promessas do Antigo Testamento não se cumprem mediante o ajuntamento da Igreja de Jesus Cristo de entre todos os povos da terra. Essas promessas são dadas a um povo terreno e etnicamente distinto, Israel, e serão cumpridas de modo literal apenas durante a dispensação do reino que segue a presente dispensação do evangelho.

A visão reformada tradicional: um único povo de Deus

Ao contrário da rígida distinção do dispensacionalismo entre os dois povos de Deus, Israel e a Igreja, a teologia reformada histórica insiste na unidade do programa redentivo de Deus ao longo da história. Quando Adão, o cabeça pactual e representante da raça humana, caiu no pecado, todos os seres humanos enquanto sua posteridade se sujeitaram à condenação e à morte (Romanos 5.12-21). Em virtude do pecado de Adão e de suas implicações para toda a raça humana, todos se sujeitaram à maldição da lei e se tornaram herdeiros de uma natureza pecaminosa e corrupta.

Segundo a interpretação reformada tradicional da Escritura, Deus introduziu o pacto da graça, após a queda, a fim de restaurar o seu povo eleito à comunhão e intimidade consigo mesmo. Embora o pacto da graça seja administrado de maneiras diversas ao longo da história da redenção, ela permanece uma em substância, desde o tempo de sua ratificação formal com Abraão até a vinda de Cristo na plenitude do tempo. Em todas as várias administrações do pacto da graça, Deus redime o seu povo mediante a fé em Jesus Cristo, o único Mediador do pacto da graça, por meio de quem os crentes recebem o dom da vida eterna e a comunhão restaurada com o Deus vivo [vide Louis Berkhof, Teologia sistemática (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2013).

No entendimento reformado da história da redenção, portanto, não há nenhuma separação radical entre Israel e a Igreja. A promessa que Deus fez a Abraão na ratificação formal do pacto da graça (Gênesis 12, 15, 17), a saber, que ele seria o pai de muitas nações e quem em seu “descendente” todas as famílias da terra seriam abençoadas, encontra seu cumprimento em Jesus Cristo. O descendente prometido a Abraão no pacto da graça é Jesus Cristo, o verdadeiro Israel, e todos aqueles que mediante a fé são unidos a ele e, assim, são feitos herdeiros das promessas do pacto (Gálatas 3.16, 29). Na visão reformada, o evangelho de Jesus Cristo cumpre diretamente as promessas do pacto da graça para todos os crentes, sejam judeus ou gentios. Israel e a Igreja não são dois povos distintos; em vez disso, a Igreja é o verdadeiro Israel de Deus, “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1 Pedro 2.9).

Na história recente da reflexão sobre Israel e a Igreja, surgiu uma posição nova e mais radical. Frequentemente ligada ao nome de Franz Rosenzweig, o autor judeu de uma obra escrita logo após a Primeira Guerra Mundial e intitulada The Star of Redemption, a teologia dos dois pactos ensina que há dois pactos separados, um entre Deus e Israel e outro entre Deus e a Igreja de Jesus Cristo. Em vez de haver um único caminho de redenção mediante a fé em Jesus Cristo para crentes judeus e gentios indistintamente, o relacionamento pactual original de Deus com o seu povo ancestral, Israel, permanece separado do seu novo relacionamento pactual com as nações gentias por meio do Senhor Jesus Cristo.

No cenário do segundo pós-guerra, com sua preocupação quanto ao legado de antissemitismo na Igreja cristã, a posição da teologia dos dois pactos se tornou cada vez mais popular entre muitas importantes igrejas protestantes. Mesmo dentro da Igreja Católica Romana, alguns teólogos apelaram aos pronunciamentos do Concílio Vaticano II e à encíclica Redemptoris Missio do Papa João Paulo II (1991), os quais defendem o diálogo entre cristãos e judeus, a fim de se oporem aos contínuos esforços de evangelização dos judeus. Na perspectiva dos dois pactos, a confissão cristã acerca da pessoa e obra de Cristo como o único Mediador ou Redentor permanece verdadeira dentro da moldura do pacto de Deus com a Igreja. Contudo, uma vez que o pacto de Deus com Israel é um pacto separado, que não se cumpre na vinda de Jesus Cristo na plenitude do tempo, os cristãos não podem impor a Israel os termos do pacto de Deus com a Igreja.

A última posição na controvérsia sobre Israel e a Igreja que precisa ser mencionada é a que podemos denominar “teologia da substituição radical”. Embora os dispensacionalistas frequentemente insistam que a afirmação reformada tradicional de um único povo de Deus, constituído de judeus e gentios que creem em Cristo, seja uma forma de “teologia da substituição”, a visão reformada não considera que o evangelho “substitui” a antiga economia pactual com Israel, antes, que a “cumpre”. A teologia da substituição radical é o ensino de que, porquanto muitos dos judeus não reconheceram Jesus Cristo como o Messias prometido, Deus substituiu Israel pela Igreja gentílica. O evangelho de Jesus Cristo chama todas as nações e povos à fé e ao arrependimento, mas não deixa nenhum espaço para qualquer ênfase particular sobre o propósito redentivo de Deus para o seu povo ancestral, Israel. Uma vez que a Igreja é o verdadeiro Israel, o espiritual, qualquer ênfase peculiar sobre a questão do intento salvador de Deus para Israel não é mais permitida.

A teologia da substituição radical representa no espectro o extremo oposto da posição dos dois pactos. Em vez de falar de um distinto relacionamento pactual entre Deus e Israel que continua mesmo depois da vinda de Cristo e da proclamação do evangelho às nações, a teologia da substituição sustenta que o programa e o interesse de Deus em Israel cessaram.

A diversidade entre essas várias posições na questão de Israel e da Igreja testifica a importância da controvérsia. Tem Deus um propósito e um programa redentivo separado para Israel e a Igreja? Ou será que o evangelho de Jesus Cristo cumpre o propósito de Deus de ajuntar um povo de toda tribo, língua e nação, judeus e gentios indistintamente, em uma única família universal? Quando o apóstolo Paulo declara em Romanos 1 que o evangelho é “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Romanos 1.16), ele declara que há um único caminho de salvação para todos os que creem em Jesus Cristo, Ainda assim, ele ao mesmo tempo afirma que essa salvação não remove nem suplanta o propósito redentivo de Deus para os judeus, mas, em vez disso, o cumpre. O contínuo debate acerca de Israel e da Igreja precisa manter o equilíbrio apostólico, não separando Israel da Igreja nem substituindo Israel pela Igreja.


Notas:

  • [1Dr. Cornelis P. Venema: presidente e professor de estudos doutrinários no Mid-America Reformed Seminary e pastor associado da Redeemer United Reformed Church em Dyer, Indiana.

08 outubro 2023

Bispos e Papas: (1) Lino

Bispos e Papas: (1) Lino

Por Alcides Amorim


Bispo Lino [1]


Quero iniciar, com a ajuda de Deus, um trabalho resumido sobre os bispos, que segundo a Igreja Católica tornaram-se papas e seguiremos a falar sobre os demais, se conseguir, até os dias atuais, no momento, o papa Francisco.

Assumo aqui a posição protestante, que afirma ser o primeiro papa, não o apóstolo Pedro, e sim, Leão I (440-461), que “… defendeu explicitamente a autoridade papal, articulando mais plenamente o texto de Mateus 16.18 como fundamento da autoridade dos bispos de Roma como sucessores de Pedro... [1]”, dando início – aliás, continuidade – à ideia de papado [2] A partir daí, a autoridade papal passou a ficar em evidência, sendo que, inclusive “… seu sucessor Gelásio I (492-496) expôs a célebre teoria das duas espadas: dentre os dois poderes legítimos que Deus criou para governar no mundo, o poder espiritual – representado pelo papa – tinha supremacia sobre o poder secular sempre que os dois entravam em conflito…” Essas raízes da supremacia eclesiástica romana foram alimentadas pelas atividades capazes de muitos papas.

O bispo de Roma, considerado agora “bispo dos bispos”, já a partir de Vitor I (189 a 199), reivindica também a posição de “sucessor de Pedro”, com Leão I (440-461). Mas, neste momento, o império já estava dividido e Roma estava preste a cair nas mãos dos “bárbaros”, principalmente os hunos, sob o governo de Átila. Com Leão, chamado também de “Leão I, o Grande”, e os bispos de Roma ou (agora) papas, que lhe sucedem, estes conseguiram manter certa estabilidade em Roma, após sua desintegração pelos bárbaros, e assim prossegue por toda a Idade Média [3].

Quero portanto, destacar até Leão I, os bispos mencionados por Eusébio [4], e depois passaremos a chamar de papas os chefes da Igreja Católica até o momento, se Deus nos permitir.

Iniciaremos pelo bispo Lino.

Eusébio (HE, Livro 3, Cap. II) destaca Lino como o que primeiro presidiu sobre a igreja em Roma, após o martírio de Pedro e Paulo. No capítulo IV (Livro 3), Eusébio afirma: “Quanto a Lino, mencionado em sua segunda Epístola a Timóteo como seu companheiro em Roma, já se declarou ter sido o primeiro depois de Pedro a obter o episcopado de Roma”.

Importante destacar que Eusébio de Cesareia afirma isto já no início do século IV, quando muitos (até possivelmente equivocados) já tinham uma lista feita dos bispos sucessores de Pedro, que posteriormente constaram na listas dos papas pelos teólogos católicos.

Mas nem todos os católicos acreditam assim. No artigo mencionado acima (Nota 3), Hans Kung, teólogo e sacerdote católico, afirma, ao tratar de Pedro como possuidor de uma episcopado monárquico, que “… no entanto, teólogos católicos concedem que não há evidência confiável de que Pedro tenha sido encarregado da Igreja de Roma como chefe supremo ou bispo. Em qualquer caso, o episcopado monárquico foi introduzido em Roma relativamente tarde”. E sobre os bispos de Roma como sucessores de Pedro, incluindo logicamente Lino, foi Leão que “… viu o Bispo de Roma como sucessor de Pedro fundamentado numa carta do Papa Clemente a Tiago, irmão do Senhor, em Jerusalém. De acordo com essa, em seu último testamento Pedro fez de Clemente seu único sucessor legítimo. Mas a carta era uma falsificação do final do segundo século e foi traduzida em latim apenas no final do século IV e o início do V”.

Bem, percebe-se que além de poucas informações sobre Lino, e algumas até questionáveis, ficamos apenas com o contexto histórico e religioso de seus dias.

  • Lino era colaborador e contemporâneo de Pedro, Paulo, Timóteo e de muitos cristãos que possivelmente até chegaram a conviver com Jesus.
  • A única referência que encontramos na Bíblia sobre Lino, não dá um destaque como sendo ele portador de um cargo eclesiástico, como bispo.
  • Quem afirma ter sido Lino, bispo de Roma e sucessor de Pedro, foi Eusébio, porém não encontramos nada de seu trabalho. Alias, até sobre a pessoa de Pedro, como bispo de Roma, há muitos questionamentos.
  • Lino, como primeiro sucessor de Pedro, conforme afirma a maioria (acho) dos teólogos católicos, também é identificado como o segundo Papa pela Igreja Católica.
  • Se procederem as informações da Wikipédia, Lino era italiano, nascido na Toscana e pode ter estado entre os setenta (setenta e dois) discípulos enviados enviados por Jesus (Lc 10). Se Lino era italiano, é quase certo que não fora um dos 70 discípulos de Jesus.
  • O ambiente político para os cristãos era de perseguição, pois os conflitos dos cristãos como o Estado romano já estavam em prática, e Pedro e Paulo acabaram-se sendo martirizados, sob o imperador Nero (54-68), além de os cristãos terem sido culpados pelo incêndio de Roma, em 64. Possivelmente, ele tenha companhado também os governos dos imperadores5 Galba (68-69), Oto (69), Vitélio (69) e Vespasiano (69-79).

Lino está, além da lista dos papas, também entre os mártires e santos da Igreja Católica. Aqui, afirma-se que a morte de Lino pode ter ocorrido em 67, ou 78, ou ainda em 81, decapitado pelo cônsul Saturnino.


Notas / Referências bibliográficas:

  • [2]  Por papado, entende-se ”… a crença na jurisdição universal de um bispo romano infalível, como se defende hoje na apologética católica popular”. Diversos trabalhos sobre o papado e o catolicismo são produzidos por Lucas Banzoli. Veja aqui, por exemplo, a citação de vários historiadores e teólogos católicos que reconhecem que não havia papado na Igreja antiga..
  • [4CESAREIA, Eusébio de. História Eclesiástica: os primeiros quatro séculos da Igreja Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. Nesta versão, produzida pela CPAD, há uma lista dos bispos, citados por Eusébio, página 409-410, na qual me baseei.

21 setembro 2023

Soli Deo Gloria: A vida centrada em Deus

Soli Deo Gloria: A vida centrada em Deus



Neste post, quero destacar o princípio protestante Soli Deo Gloria – Somente a Deus, a glória. Os outros princípios, chamados Solas (Somente) são: Sola Scriptura, Solus Christus, Sola GratiaSola Fide.

Conforme diz o apóstolo Paulo, em 1Co 10.31, quer comamos ou bebamos ou ainda façamos qualquer outra coisa, precisamos fazer tudo para a glória de Deus. Este é um princípio que destoa em muito o entendimento de adoração do protestante do da Igreja Católica. “Soli Deo gloria enfatiza a glória de Deus como o objetivo da vida. Em vez de nos esforçarmos para agradar os líderes da igreja, manter uma lista de regras ou guardar nossos próprios interesses, nosso objetivo é glorificar o Senhor" (In: Quais são os cinco – GotQuestions).

Quero destacar alguns pontos do estudo Soli Deo Gloria: A vida centrada em Deus, do Pastor Franklin Ferreira, disponibilizado no You Tube:

  • Os cultos e nossas vidas perderam o significado, porque não estão centrados em Deus.

  • No Catecismo de Genebra diz que “Deus nos criou e nos colocou na terra para ser glorificado em nós. E, certamente, é correto que dediquemos nossa vida à sua glória, já que Ele é o princípio dela”.

  • O Deus que os cristãos adoram:

- é cheio de graça, majestade, santidade e soberania.

- se revela nas Escrituras: única fonte de revelação;

é o Deus trino, que se revela como Pai, Filho e Espírito Santo: revelação trinitária;

  • Deus é o Senhor criador de todas as coisas, o todo-poderoso, que sustenta e governa toda a criação.
  • O Pai perdoa pecadores por meio do sacrifício de seu único Filho na cruz e envia seu Espírito Santo para santificar a igreja.
  • A glória de Deus:

- majestade e brilho que acompanham a revelação da Palavra e do poder de Deus;

- refere-se à suprema beleza do Deus trino.

  • Por que Deus busca a Sua glória? Porque Deus é Deus. Há um único Deus e tudo redunda em Sua glória (Ef 1.12-14) e Jo 17.1-5 Cada pessoa que compõe a Trindade busca a glória do outro.

  • A glória de Deus: tema central da Sua Palavra. Tudo foi criado para louvor de Sua glória.

  • O Senhor Deus confundiu as pretensões idolátricas e religiosas na torre de Babel – para sua glória.

  • Deus se manteve fiel à aliança – para sua glória.

  • O povo da aliança foi sustentando durante a escravidão no Egito durante 400 anos – para sua glória.

  • Com braço forte, com sinais e prodígios, o povo foi retirado do Egito – para sua glória…

  • Somos salvos para dar glória a Deus. E quando vivemos para a glória de Deus estamos imitando o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

  • Alegria, prazer e contentamento: experiências que os salvos que vivem para a glória de Deus, podem ter na presença de Deus.


Alguns textos bíblicos que falam sobre a glória de Deus:

  • “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra. Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória” (Sl 24.7-10).
  • “Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e da tua verdade. Porque dirão os gentios: Onde está o seu Deus? Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou” (Sl 115.1-3).
  • “Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória” (Ef 1.12-14).
  • “Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti; Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer. E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (Jo 17.1-5).
  • “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (Is 45.5-7).

Veja também:


Conclusão

“Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.

Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a autoestima e a autorrealização se tornem opções alternativas ao evangelho.” (A Declaração de Cambridge, Tese 5).


Fonte:


Veja o vídeo a seguir:




17 setembro 2023

Sola Fide: aliada da graça na justificação

Sola Fide: aliada da graça na justificação

Por: Alcides Barbosa de Amorim



Continuando o estudo sobre os cinco Solas – verdades fundamentais da Reforma Protestante –, depois de já termos destacado o Sola Scriptura, o Solus Christus e o Sola Gratia, quero destacar também neste post a fé (Sola Fide, Somente a Fé), virtude divina e espiritual, aliada da graça no plano salvífico (justificação) do ser humano.

O Pastor e Professor, Franklin Ferreira, em sua explanação sobre o assunto1, destaca:

  • Conforme Romanos 4, Abraão, Moisés e Davi foram declarados justos pela fé somente.
  • A fé é o reconhecimento de que não temos mérito para barganhar com Deus.
  • Fé é crer e confiar em Jesus. A fé não é o fundamento da justificação e sim, a graça. Não importa o tamanho da fé do crente, importa a fé, mesmo pequena.
  • Hebreus 11 e 12 tratam de gente como a gente, mesmo sendo chamados de heróis. Jesus foi o autor da fé daqueles heróis.

O Pastor Franklin cita a Confissão de Augsburg, um dos principais documentos sobre da fé protestante... Mas quero destacar também o artigo Sola Fide2, do Dr. J. V. Fesko, que segue a mesma linha do Pastor Franklin, e cita também outros documentos. Por exemplo, o Catecismo de Westminster, citado por ele, define Justificação como “… um ato da livre graça de Deus, através da qual ele perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos diante de si, somente pela justiça de Cristo a nós imputada e recebida pela fé somente”. Este princípio entra em choque com a posição da Igreja Católica que defende desde do Concílio de Trento, em 1547, “… (1) que os pecadores são justificados pelo seu batismo, (2) que a justificação é pela fé em Cristo e pelas boas obras de uma pessoa, (3) que os pecadores não são justificados unicamente pela justiça imputada de Jesus Cristo, e (4) que uma pessoa pode perder sua posição de justificação”. Ou seja, para a Igreja Católica, o Solus Fide é uma heresia protestante e recebe o anátema da mesma quem assim pensa ou pratica.

Entretanto, seguindo a posição protestante e nosso entendimento do que fala as Escrituras sobre a fé e sua relação com a justificação, afirmamos, como conclusão, que O único meio pelo qual a perfeita obra de Cristo é recebida é pela fé somente – Sola Fide.

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê [que tem fé]; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé (Rm 1.16,17). 

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1).

Sugiro a leitura do meu artigo: O depósito da fé: cânon, sucessão apostólica, tradição e outras considerações, publicado aqui em fevereiro de 2022.

Veja também o vídeo de Paulo Won abaixo:

 

Notas / Referências:



14 setembro 2023

Sola Gratia: o favor imerecido de Deus

Sola Gratia: o favor imerecido de Deus

Por: Alcides Barbosa de Amorim



A Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero, em 1517, Reforma Protestante foi um movimento reformista ocorrido no seio da igreja cristã no século XVI, iniciado por Martinho Lutero, em 1517, deixou-nos como legado os cinco princípios, chamados Solas. Já vimos um pouco sobre o Sola Scriptura e o  Solus Christus. Desta feita, destacaremos o Sola Gratia (Somente a Graça).

Diferentemente do que pensa o clero católico que condiciona a salvação do homem, além da graça também às suas boas obras, os reformadores entenderam que a salvação do homem é inteiramente condicionada à ação da graça de Deus, ou seja, só a graça através da regeneração unicamente promovida pelo Espírito Santo, em conjunto com a obra redentora de Jesus Cristo é o meio de salvação por meio da fé (fide). Como disse Paulo em Efésios 2.8-9: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. A palavra traduzida como graça no Novo Testamento vem da palavra grega charis, o que significa "favor, bênção ou bondade”. Como somos pecadores e, por isto mesmo, não merecedores da salvação, Deus escolhe, mediante sua Graça, nos abençoar ao invés de nos amaldiçoar como o nosso pecado merece. A Graça é a sua benevolência ou favor imerecido em favor do homem.

Alguns destaques do estudo do Pastor Franklin Ferreira (Fonte abaixo) sobre o assunto, disponível no You Tube:

  • A mensagem de salvação está escassa hoje em dia. Muitas mensagens, via de regra, são calcadas no poder do homem. A mensagem é o produto e os crentes, os consumidores.
  • O fundamento da nossa salvação é a graça. A graça é livre e é conferida – como uma dádiva – ao crente.
  • Deus mesmo se entregou em favor do homem. Somos declarados homens e mulheres retos e justos pela graça de Deus em Cristo.
  • Os textos de Romanos 5.2-21 e 1Corintios 15 resume toda a história da humanidade em duas pessoas: Adão e Cristo. Cristo, o segundo Adão, efetuou uma nova criação.
  • Jesus é o Filho Amado, mas no calvário, ele assume a ira de Deus. E ele não se tornou pecador, apenas satisfez as exigências do Pai.
  • A justificação não é gradual, e sim completa.

(A Declaração de Cambridge, Tese 3)

Importante distinguir entre o que é a graça comum (geral, universal) e a graça especial (salvífica, regeneradora). A Graça comum é assim chamada porque toda a humanidade a recebe em comum. Seus benefícios são experimentados pela totalidade da raça humana, sem discriminação entre uma pessoa e outra. Já a graça especial, da qual nos ocupamos aqui, é aquela pela qual Deus redime, santifica e glorifica Seu Povo. Ao contrário da graça comum, que é dada universalmente, a graça especial é outorgada somente àqueles que Deus elege à vida eterna, mediante a fé em ação do cristão.

Conclusão:

“Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual. 

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.”


Fontes sugeridas:

  • HUGHES, P. Edgcumbe. Graça. In: Enciclopédia Histórico-Teológica. Editor Walter A. Elwell. Vol. II. São Paulo: Vida Nova: 1988, Pág. 216 a 220.


Veja também o vídeo de Paulo Won a seguir:


11 setembro 2023

Solus Christus: A Centralidade da Cruz de Cristo

Solus Christus: A Centralidade da Cruz de Cristo

Por Alcides Barbosa de Amorim



A Reforma Protestante foi um movimento reformista ocorrido no seio da igreja cristã no século XVI, iniciado por Martinho Lutero, em 1517. E durante este movimento foram popularizados entre os primeiros reformadores os cinco princípios basilares da fé cristã reformista ou protestante, chamados solas. A palavra sola é a palavra latina para “somente”: Sola Scriptura (Somente as Escrituras); Solus Christus (Somente Cristo), Sola Gratia (Somente a Graça), Sola Fide (Somente a Fé) e Soli Deo Gloria (Somente a Deus, Glória).

Já falamos sobre o primeiro Sola, o sola Scriptura e neste post quero enfatizar o Solus Christus e destacar [1] alguns pontos deste princípio:

  • Quando a igreja abandona o primeiro artigo, a Sola Scriptura, consequentemente acabará abandonando também os outros pontos ou artigos de fé, os outros “solas”.
  • A cruz perdeu seu significado na atualidade. Em pesquisa de 1995, apenas 44% identificaram a cruz como símbolo da fé cristã. Mas a cruz é o ponto central da narrativa bíblica e deve ser também da fé cristã.

  • Segundo Lutero, “a igreja medieval seguia a escada da glória e não a escada da cruz”. Para Lutero, as “imagens de Babel” (Gênesis 11.1-9) representava a igreja medieval, e a escada de “Betel” (Gênesis 28.10-20) representava a descida de Deus até o homem.

  • E a cruz foi o ponto central desta busca ao homem por parte de Deus.

Franklin (Nota 1) destaca 3 escadas que estão presentes ainda hoje:

  • => a escada da especulação, exemplificada pela Teologia Liberal;

  • => a escada das boas obras, exemplificada pela prática da igreja medieval e pelo moralismo de algumas igrejas fundamentalistas;

  • => a escada do misticismo, exemplificada por crentes que tentam chegar a Deus pelo seu próprio esforço, como portadores de “dons” especiais…

A teologia da cruz:

  • Somente conhecemos a Deus na cruz. Deus é conhecido não na força, mas na fraqueza.
  • Deus é conhecido e adorado somente na cruz.
  • Usando uma linguagem militar, Paulo enfatiza que o Cristo crucificado no madeiro venceu o Diabo.
  • O “teólogo” que não ensina a teologia da cruz não deve ser respeitado como tal; a teologia de Lutero é centrada na cruz.

Precisamos pensar:

  • na relação da cruz com a salvação (Rm 3.24-26);
  • na cruz como meio de redenção por Jesus Cristo pela graça;
  • na relação da cruz e a igreja; após a 2ª Guerra Mundial, a igreja colocou Jesus e a cruz para fora;
  • que o critério da pregação é apontar para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo…


Conclusão:

“Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai. 

Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.”

(A Declaração de Cambridge, 2ª Tese).

 

Nota:

  • [1] Destaques do estudo do Professor e Pastor Franklin Ferreira, disponibilizado no You Tube. Link abaixo.


Fontes sugeridas:

  • FERREIRA, Franklin. Solus Christus: A Centralidade da Cruz de Cristo. In: <https://www.youtube.com/watch?v=xj6AtVp5eHg>. Acesso em: 07/09/2023.


Agora, veja o vídeo de Paulo Won, Solus Christus:

07 setembro 2023

Sola Scriptura: o fundamento da fé

Sola Scriptura: o fundamento da fé

Por Alcides Barbosa de  Amorim


 

“.. e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3.15-17).


A Reforma Protestante foi um movimento reformista ocorrido no seio da igreja cristã no século XVI, iniciado por Martinho Lutero, em 1517.

Os fundamentos da Reforma são baseados nos chamados cinco solas: Sola Scriptura (Somente as Escrituras), Solus Christus (Somente Cristo), Sola Gratia (Somente a Graça), Sola Fide (Somente a Fé) e Soli Deo Gloria (Somente a Deus, Glória). Neste post, quero destacar o primeiro Sola, isto é, O Sola Scriptura.

Alguns destaques:

  • A Escritura é o fundamento da fé cristã.

  • A própria Escritura dá testemunho de si mesma:

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 16,17).

“E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição” (2 Pe 3.15,16).
  • Pedro sugere que os escritos de Paulo são também Escrituras…
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2Pe 1.20,21).
  • As Escrituras são “inerrantes, infalíveis e confiáveis”, mas numa linguagem coloquial (do dia-a-dia e de homens simples)…

  • As Escrituras são suficientes para o que precisamos em relação à salvação, vida eterna e viver para a glória de Deus.

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4.11).

          • O fundamento da igreja é a mensagem defendida pelo apostolado, e os evangelistas, pastores e doutores levam esta mensagem que é o fundamento dos apóstolos…

  • Escritura e o Espírito Santo caminham lado a lado. Os escritores sagrados eram inspirados e os pregadores são iluminados.

  • Uma igreja reformada precisa priorizar as Escrituras. Estas precisam ser lidas na igreja.

  • O verdadeiro sermão tem que ser uma exposição do texto sagrado. O pregador não é a voz de Deus, e sim a Bíblia, pois “… a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Rm 10.17).

  • A questão hermenêutica: método histórico-gramatical, a melhor interpretação do texto bíblico. Buscar os textos originais, o contexto histórico, bons dicionários, teologias sistemáticas…

  • O cristão deve buscar a Escritura amando-a, sem desconfiança…

  • Devemos ver a Bíblia como continuidade: o Novo Testamento é continuação do Antigo Testamento e compõe nossas Escrituras.

  • Cristo é o centro das Escrituras, Estas, segundo Lutero é “manjedoura” onde Cristo está assentado…


“Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação”. 
(A Declaração de Cambridge, 1ª Tese).


Fontes sugeridas: 


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