Por Alcides Barbosa de Amorim
Já falamos em outro momento sobre As
Escrituras, como a verdade revelada e inspirada por Deus, ou seja, informações internas sobre a Bíblia,
isto é, aquilo que ela fala de si mesmo, destacando sua revelação, inspiração,
inerrância e infalibilidade. Neste, dando prosseguimento à nossa série de
estudos sobre doutrinas
e dogmas,
queremos refletir
sobre como a Bíblia veio a surgir como tal, transformando no cânon cristão, suas
divisões internas – intertestamentárias – e alguns enfoques sobre os livros
apócrifos ou deuterocanônicos.
1.
O Cânon do Antigo Testamento
“Pelo que, esta geração será considerada
responsável pelo sangue de todos os profetas, derramado desde o princípio do
mundo: desde o sangue de
Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o
altar e o santuário. Sim, eu lhes digo, esta geração será considerada
responsável por tudo isso” (Lc 11.50-51)
O termo “cânon” deriva do grego kanõn, que designava uma medida de carpinteiro (talvez derivado do
hebraico qãneh, que se refere a uma vara
de medir, de seis côvados de comprimento), e tem sido usada para identificar
aqueles livros considerados espiritualmente superlativos, em comparação com os
quais os outros eram medidos e achados de valor secundário no uso geral da
igreja. Para os cristãos primitivos e para (posso afirmar) o protestantismo reformado
e conservador, esta “vara de medir” refere-se a um grupo de livros reconhecidos
como regra de fé e prática.
Durante mais de mil anos de história dos judeus, eles
praticavam sua religião, sem ver a necessidade de um cânon padrão. Com o tempo,
porém, acreditamos que por providência divina, eles foram se preocupando com o
assunto. E durante o período Inter bíblico ou intertestamentário[1], surgiram diversos livros, considerados
apócrifos ou pseudoepígrafos que se juntaram aos demais considerados canônicos
ou sagrados. Uma tradução dos livros judaicos para o grego feita nesta época é
a Septuaginta ou versão dos Setenta (LXX), ocorrida possivelmente, durante o
reinado de Ptolomeu Filadelfo (285-245 a.C.), para a sua biblioteca em
Alexandria, no Egito.
Esta versão recebeu este
nome por causa da quantidade de tradutores, um tanto inexata, que era de setenta
e dois anciãos, e foi feita também para atender a conveniência de alguns judeus
de fala grega, que por causa da influência do helenismo[2]
desconheciam sua própria língua.
Precisamos considerar que a versão dos LXX, embora tenha sido popularizada
com a expansão do helenismo e da língua grega, seus tradutores não se limitaram a traduzir apenas os
livros considerados canônicos pelos judeus. Eles traduziram os demais livros
judaicos disponíveis. O trabalho dos massoretas[3] (transmissores), substitutos dos antigos
escribas (os Sopherim), foi
importante para fazer a seleção dos livros, considerados canônicos dos demais,
além de trabalhar para a vocalização e acentuação dos textos. Assim, um Texto Massorético (TM) veio a ser o
texto padrão (Tenah) utilizado como
cânon, por volta do 1º século a.C., contendo 22 livros, e utilizado nos tempos
de Jesus. Archer Jr.[4], fala desta uma divisão do
cânon hebraico de edição massorética, da seguinte forma:
· Os livros da Lei
(Pentateuco) ou Torá: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio – 5
livros.
· Os Profetas (Neviim):
- Anteriores: Josué, Juízes, 1 e 2
Samuel, 1 e 2 Reis – 6 livros.
- Posteriores – Maiores (Isaías,
Jeremias, Ezequiel) e os doze Profetas Menores – 15 livros.
· Os Escritos (Kêtuvim):
- Poesia e Sabedoria: Salmos, Provérbios e Jó, os Rolos ou Megilloth (lidos no ano litúrgico) que são Cantares,
Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester – 8 livros.
- Históricos: Daniel, Esdras, Neemias
e 1 e 2 Crônicas – 5 livros.
Fiz questão de somar a quantidade de cada divisão interna do
texto acima, totalizando 39 livros, pois esta corresponde ao atual Antigo
Testamento (Veja as
divisões abaixo) da Bíblia utilizada pela maioria dos protestantes, embora a ordem seja diferente. Daniel, por exemplo, está, em nossa
Bíblia, entre os Profetas Maiores, enquanto para os judeus, ele está entre os
históricos. Há ainda outras considerações, mas apenas para nota, nosso último
livro do Antigo Testamento é o do profeta menor, chamado Malaquias, enquanto
o do atual cânon judaico é 2Crônicas. Na verdade, “... a Bíblia protestante atual em nossa língua segue a ordem da Vulgata
Latina [da qual falaremos mais à frente]
e o conteúdo da Bíblia Hebraica” (J.R. MICRAY. In: ELWELL: 1990, Vol. I, p.
178). (Veja o vídeo de Yago Martins no final, quando ele cita Josefo fazendo referência aos
22 livros divinos dos judeus “considerados
divinos”).
Destaco também aqui o texto de Lucas Banzoli[5], no qual ele faz
referência às palavras de Jesus, que mencionei como cabeçalho deste capítulo: “Pelo que, esta geração será considerada
responsável pelo sangue de todos os profetas, derramado desde o princípio do
mundo: desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi
morto entre o altar e o santuário. Sim, eu lhes digo, esta geração será
considerada responsável por tudo isso” (Lc 11.50-51). Banzoli
considera este período citado por Jesus, os dois extremos entre Abel (primeiro
mártir da história humana) até Zacarias, o último mártir (não o último livro,
pois em nossa Bíblia, o último livro é Malaquias e na Bíblia Hebraica, o último
é 2Crônicas, como já vimos) do Antigo Testamento, como sendo o cânon que Jesus
aprovou em seus dias. Nesse caso, especifica Banzoli, Jesus estava mostrando
uma continuidade temporal, de Abel até Zacarias ou de A à Z, como começo e
final, respectivamente, do cânon de seu povo, os judeus. “Uma vez que este Zacarias foi o último profeta
canônico que sofreu martírio, a sentença ‘de Abel até Zacarias’ faz
todo o sentido, pois compreende todo o período de revelação do Antigo
Testamento considerando a história dos mártires, a qual começa em Abel e
termina em Zacarias.” (BANZOLI).
Desta
forma, o Texto Massorético (TM) da Septuaginta (ou de Abel a Zacarias), ou
seja, o texto tradicional do povo judeu, sem a inserção de outros livros,
considerados apócrifos, era o cânon utilizado por Jesus e seus apóstolos, e foi também
dos cristãos primitivos e corresponde ao Antigo Testamento da Bíblia
Protestante.
2.
O cânon do Novo Testamento
“Para ele [Atanásio], como para Clemente, a
regra da fé e o conteúdo da Escritura eram idênticos. A tradição, segundo
Atanásio, só tem autoridade quando está de acordo com a Escritura. Como ele faz
ver claramente em sua carta pascoal de 367, o cânone neotestamentário é
definitivo”.[6]
Em
relação ao Novo Testamento, este é parte exclusiva da
Bíblia cristã, não utilizada pelos judeus não cristãos, por razões óbvias, como
o fato de eles não aceitarem a pessoa de Jesus como o Cristo ou Messias. E foi,
ademais, o resultado de muita discussão para as escolhas dos livros que
comporiam esta parte das Escrituras, no decorrer do segundo século, após a
morte de todos os apóstolos. Em meados do século II, os mestres cristãos
decidiram incluir no cânon neotestamentário os quatro Evangelhos (Mateus,
Marcos, Lucas e João), chamados por Eusébio (3, XXV), de “a santa tétrade dos Evangelhos”,
dentre muitos outros, como os Evangelhos de Tomé, Pedro e Matias, por exemplo.
Depois, juntaram-se aos Evangelhos, o livro de Atos e as epístolas paulinas.
Estas foram as primeiras a conseguir aceitação geral. “Outros livros, tais como o Apocalipse, a
Terceira Epístola de João, e a Epístola de Judas, demoraram mais tempo em ser universalmente
aceitos.” (GONZÁLEZ: 1995a, p. 102).
Mas não
havia ainda um cânon padrão para o Novo Testamento. Este trabalho tornou-se
necessário, principalmente depois do surgimento de heresias como resultado de
um sincretismo religioso que veio a preocupar os pais da igreja[7]
que buscaram uma doutrina única para servir de base escrita e fidedigna para a
fé cristã.
A escolha
dos atuais 27 livros “genuínos” ou “canônicos”, bem como seu veredicto
como parte do cânon, não foi obra apenas dos homens piedosos cristãos daquela
época, mas foi direcionada pelo Espírito Santo. Já pelos fins do século II,
estes livros já estavam definidos, mas as discussões acerca de sua canonicidade
continuaram. “Essas discussões, sem dar-se
por encerradas definitivamente, foram concluídas, a grosso modo [negrito no original], no Oriente (com
exceção da Síria) e no Ocidente, pelo fim do século IV. As duas decisivas datas
são, para o Oriente, a 39ª carta pascal de Atanásio, em 367, e para o Ocidente,
o Sínodo de Roma de 382, e os Concílios africanos de Hipona (393) e de Cartago
(367)” (CULLMAN: 1984, p. 117).
Portanto,
no Concílio de Cartago (367) ficou definida a lista dos 27 livros que adotamos
atualmente, e compõem o cânon do Novo Testamento que é aceito pelos três
principais segmentos do Cristianismo: Igreja Católica, Igreja Ortodoxa Grega e
pelos protestantes. Mas a decisão indiscutível para se usar este cânon com o
nome de Escrituras divinas a serem lidas nas igrejas, ocorreu em 397, no outro
Concílio de Cartago.
3.
Divisões da Bíblia e outras considerações
“A união do Novo Testamento ao Antigo
Testamento em uma mesma ‘Bíblia” significa por uma parte que se realizou,
realiza-se e se realizará um plano divino sobre uma linha histórica particular,
escolhida por Deus e que se desenrola, desde as origens até o fim, dentro da
história geral” (CULMANN: 1984, p. 120).
Queremos destacar
aqui as divisões do Antigo e Novo Testamentos e fazer algumas observações sobre
os apócrifos constantes na Bíblia utilizada pela Igreja Católica.
a) Divisões
do Antigo Testamento[8]:
Depois de
vermos que a Bíblia Hebraica possui 22 livros e que os mesmos correspondem ao
Antigo Testamento da Bíblia utilizada pelos cristãos protestantes, num total de
39 livros, vejamos como se dá em geral sua divisão:
· Lei
ou Pentateuco: Gênesis (Gn); Êxodo (Ex) Levítico (Lv); Números (Nm) e
Deuteronômio (Dt) – 5 livros.
· Históricos;
Josué (Js); Juízes (Jz); Rute (Rt); 1 e 2 Samuel (1Sm, 2Sm); 1 e 2 Reis (1Re,
2Re); 1 e 2 Crônicas (1Cr, 2Cr); Esdras (Ed), Neemias (Ne) e Ester (Et) – 12
livros.
· Poéticos
e Sapienciais: Jó (Jó); Salmos (Sl); Provérbios (Pv); Eclesiastes (Ec);
Cantares de Salomão (Ct) e Lamentações de Jeremias[9]
(Lm) – 6 livros.
· Proféticos:
- Profetas Maiores[10]:
Isaías (Is); Jeremias (Jr); Ezequiel (Ez) e Daniel (Dn) – 4 livros.
- Profetas menores: Oseias (Os); Joel
(Jl); Amós (Am); Obadias (Ob); Jonas (Jn); Miqueias (Mq); Naum (Na); Habacuque
(Hc); Sofonias (Sf); Ageu (Ag); Zacarias (Zc) e Malaquias (Ml) – 12 livros
b) Divisões
do Novo Testamento:
As
divisões dos 27 livros do Novo Testamento podem ser (sugestão minha) da
seguinte ordem:
· Evangelhos:
Mateus (Mt); Marcos (Mc); Lucas (Lc) e João (Jo) – 4 livros.
· Histórico:
Atos dos Apóstolos (At) – 1 livro apenas.
· Epístolas
ou Cartas:
- Paulinas:
Romanos (Rm); 1 e 2 Coríntios (1Co, 2Co); Gálatas (Gl); Efésios (Ef);
Filipenses (Fp); Colossenses (Cl); 1 e 2 Tessalonicenses (1Ts, 2Ts); 1 e 2 Timóteo (1Tm, 2Tm); Tito (Tt); Filemon (Fm) –
13 lvros.
- Gerais>
Hebreus (Hb); Tiago (Tg); 1 e 2 Pedro (1Pe, 2Pe); 1, 2 e 3 João (1Jo, 2Jo, 3Jo)
e Judas (Jd) – 8 livros.
· Profético:
Apocalipse (Ap) – 1 livro apenas.
Apócrifos ou
deutero-canônicos e a Vulgata
Já vimos
acima que durante o Período Inter bíblico surgiram diversos livros e textos que
não foram incluídos na Bíblia Hebraica. São os chamados apócrifos (gr.
Apokrypha = “coisas ocultas” ou “escritos fora do cânon”). Estamos nos
referindo, obviamente, ao Antigo Testamento da Bíblia protestante. “Cerca de treze livros perfazem os apócrifos:
3 e 4 Esdras, Tobias, Judite, o Restante de Ester, a Sabedoria de Salomão,
Eclesiástico (que também é chamado a Sabedoria de Jesus, Filho de Siraque),
Baruque, a Carta de Jeremias, os Acréscimos a Daniel, a Oração de Manassés
e 1 e 2 Macabeus” (D. H. WALLACE.
In.: ELWELL:
1990. Vol. I, p. 96).
No final do século IV e início do século V, Jerônimo
(347-419) fez uma tradução da Bíblia Hebraica para o latim, que ficou conhecida
como Vulgata (divulgada ou popular). Na sua Bíblia, Jerônimo conserva parte dos
livros dos apócrifos citados acima, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico (ou
Sabedoria de Jesus bem Sirach), Baruque, 1 e 2 Macabeus (7 livros), além de
acréscimos nos livros Ester e Daniel. Mas é importante destacar que Jerônimo
faz questão de escrever diversas notas sobre estes livros e acréscimos. Só para
citar um exemplo, depois de Ester
10.3[11],
há uma destas notas que diz: “Traduzi
com toda a fidelidade o que se acha no texto hebraico. As passagens que
seguem [Ester 10.4 a seguir],
encontrei-as apenas na edição ‘vulgata’ (isto é, ‘divulgada’) em língua e
caracteres gregos e as coloquei aqui no fim do livro, marcados – como é nosso
costume – com o óbelo, quero dizer, o sinal distintivo à margem”.
Segundo os editores da referida Bíblia, “… a edição ‘vulgata’ de que fala São Jerônimo, é a antiga versão
itálica, usual naquele tempo”. Jerônimo considera estes livros
acrescidos em posição secundária aos demais. E ao que parece esta atitude foi
uma recomendação de Agostinho de Hipona, com o qual Jerônimo teve várias
divergências. GONZÁLEZ (1995b, pp. 160-161) afirma sobre uma carta de Agostinho
destinada a Jerônimo sugerindo ele acrescentar “… notas que mostrem claramente em que pontos tua
versão [a Vulgata de Jerônimo] difere da Septuaginta, cuja autoridade é inegável… Além
disso não vejo como, depois de tanto tempo, alguém possa descobrir nos
manuscritos hebraicos alguma coisa que tantos tradutores e bons conhecedores da
língua hebraica não tenham visto antes”.
Bem, no
Concílio de Trento, no século XVI, a Igreja Católica oficializou esta versão da
Bíblia de Jerônimo, diferentemente do ramo protestante. E estes livros e
acréscimos passaram a ser chamados pelos católicos de "deuterocanônicos.", isto é,
uma espécie de segundo cânon ao lado dos demais livros, enquanto os
protestantes os colocam no mesmo nível dos demais apócrifos.
Considerações finais:
Vimos como os judeus
viveram por muito tempo sem um texto padrão que lhes servissem como um cânon.
Mas com o tempo, houve a necessidade deste trabalho o que foi possível até por
volta do século I a.C. aproximadamente. E como os cristãos são, na sua origem,
uma comunidade que de certa maneira deu continuidade ao trabalho dos judeus em
um novo momento – Nova Aliança –, o cânon dos judeus passou a ser também o
cânon dos cristãos.
Ao texto judaico, Antigo
Testamento foi acrescentado outro, pelos cristãos, que veio a ser chamado Novo
Testamento, que também contou com providência divina na história de sua
formação e formatação. Bom seria destacar aqui ainda, como a Bíblia Sagrada em
seu todo foi dividida em capítulos e versículos e como chegou até nós o
primeiro volume em Português, mas estes são assuntos que poderão ocupar outro
ou outros capítulos...
Sugiro, para finalizar,
o acompanhamento de todo o processo de formação do cânon, em vídeo de Yago Martins a seguir:
Referências bibliográficas:
ARCHER Jr., Gleason L. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida Nova, 3ª edição, 1984.
BANZOLI, Lucas. “De Abel até Zacarias”: O cânon bíblico de Jesus. Disponível em: <http://www.lucasbanzoli.com/2018/07/de-abel-ate-zacarias-o-canon-biblico-de.html>. Acesso em: 21/03/2019.
CESAREIA, Eusébio de. História Eclesiástica: os primeiros quatro séculos da Igreja Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
CULLMAN, Oscar. A formação do Novo Testamento. São Leopoldo (RS). Sinodal, 1984.
DOUGLAS, J. D. (Editor Organizador). O Novo Dicionário da Bíblia, Volumes I, II e III. São Paulo: Vida Nova, 1979.
ELWELL, Walter. A. (Editor). Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol. I, II e III. São Paulo: Vida Nova, 1990.
GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo, Vol. 1 – A era dos mártires. São Paulo: Vida Nova, 1995a.
_________, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo, Vol. 2 – A era dos gigantes. São Paulo: Vida Nova, 1995b.
HÄGGLUND, Bengt. História da Teologia. Porto Alegre: Concórdia: 2003.
Notas:
- [1] Inter bíblico é o nome que se dá ao período que vai de Malaquias, último profeta do Antigo Testamento (segundo nossas versões) até João Batista, no Novo Testamento. Foi um período de aproximadamente 400 anos, em que os judeus eram dominados primeiramente pelos persas e depois pelos romanos e sob influência da filosofia e língua gregas.
- [2] O Helenismo foi a junção da cultura grega com outras do mundo oriental (mesopotâmica, egípcia, persas…), propagada por Alexandre, o Grande, portanto, durante o período Inter bíblico, e que influenciou muito o povo judeu e todo o mundo romano, ao mesmo tempo em que foi útil para a propagação do cristianismo.
- [3] “Os massoretas eram os estudiosos que deram ao texto do Antigo Testamento sua forma final, entre 500 e 950 d.C. Receberam este nome porque conservaram por escrito a tradição oral (ou ‘massora’) no que diz respeito a vocalização e acentuação certa do texto, e o número de ocorrências de palavras raras e ortografias pouco comuns. Receberam o texto consoantal [sic] sem vocalização, da parte dos Sopherim, e intercalaram os pontos vocálicos que deram a cada palavra sua pronúncia e forma gramatical exatas” (ARCHER Jr. Op. Cit., p. 65).
- [4] ARCHER: 1984, pp. 70-71.
- [5] BANZOLI, Lucas. “De Abel até Zacarias”: O cânon bíblico de Jesus. Disponível em: <http://www.lucasbanzoli.com/2018/07/de-abel-ate-zacarias-o-canon-biblico-de.html>. Banzoli destaca as divergências entre os teólogos em relação ao Zacarias mencionado nas palavras de Jesus, mas ele defende que o referido Zacarias era o filho de Baraquias, conforme Mateus 23.35. Embora na ordem dos livros este Zacarias foi o autor do penúltimo livro, conforme costa em nossa Bíblia, mas ele foi o último mártir, para efeito de consideração do cânon do Antigo Testamento. O Novo Dicionário da Bíblia (Vide Bibliografia) comenta, sobre o que alguns pensam, que nesta passagem bíblica “... o Senhor Jesus se referia ao martírio de Zacarias, filho de Joiada, em 2Cr 20-22, e que o equívoco a respeito do nome do pai de Zacarias seria ou devido a erro do evangelista [Mateus], ou então, visto que não ocorre nos melhores manuscritos do Evangelho de Lucas, que as palavras ‘filho de Baraquias’ seriam uma adição do copista. Visto que o livro das Crônicas é o último livro da Bíblia hebraica, o aparecimento dos nomes de Abel e Zacarias, nesse versículo do Novo Testamento, seria o equivalente à nossa frase ‘de Gênesis ao Apocalipse’. Mas pode ser, como afirma Banzoli: de “A” (de Abel), a “Z” (de Zacarias).
- [6] In: HÄGGLUND (Op. Cit., p. 67).
- [7] “Quando falamos nos Pais Apostólicos [ou Pais da Igreja], geralmente nos referimos a alguns autores cristãos do fim do primeiro século e do início do segundo, cujos escritos chegaram até nós. Estes escritos – em sua grande maioria de natureza incidental (cartas, homilias) – são de valor para nós porque, ao lado do Novo Testamento, são as fontes mais antigas que possuímos como testemunho da fé cristã” (HÄGGLUND: 2003, p. 13).
- [8] A presente divisão é adaptada da Bíblia Sagrada com referências e anotações de Dr. C. I. Scofield, edição de 1987. Além das divisões com os nomes dos livros, achei importante descrever também a forma de abreviações normalmente aceitas e a quantidade de livros de cada divisão.
- [9] Scofield coloca Lamentações entre os profetas. Achei melhor, como aprendi em alguma ocasião, coloca-lo entre os poéticos, embora seja de autoria de um profeta: Jeremias.
- [10] Aqui também o Dr. Scofield utilizou uma contagem diferente: ele não separa profetas maiores de menores, e sim todos juntos: profecias.
- [11] Bíblia Sagrada (Centro Católico), 25ªedição. São Paulo, Ed Ave Maria, 1978.
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= As Escrituras (2): formação do cânon e outras considerações =
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= As Escrituras (2): formação do cânon e outras considerações =
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