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17 junho 2022

Teorias sobre a origem do Homem (1): Evolucionismo

No post Introdução à História, vimos que esta ciência (História) estuda o passado das diferentes sociedades humanas... com base num estudo criterioso, investigativo e sistemático sobre a humanidade através dos tempos, em quatro aspectos principais, isto é: política, economia, sociedade e cultura. Só o homem é capaz de fazer e viver estas coisas mencionadas. Mas todos estes aspectos devem seguir uma linha de estudo chamado "ciência humana" ou "ciência social". E o estudo sobre a origem do homem também deve seguir a regra: estudo criterioso, investigativo e sistemático.

O que chamamos de "teorias" (no título do artigo) pode ter um significado maior do que simplesmente um "conhecimento especulativo, metódico e organizado de caráter hipotético e sintético", por exemplo, mas pode receber o complemento de ciência, com as regras acima, isto é, mas pode, ademais, dizer que a teoria sobre o Criacionismo, por exemplo, pode receber o nome "teoria científica", assim como o Evolucionismo que já é visto assim na maioria ou (quase) todas as instituições de ensino do mundo.

Vejamos então, o que o conhecimento e as informações sobre cada uma destas teorias podem contribuir para o debate sobre a origem do homem. Vamos porém, dividir estes assuntos assuntos em duas partes: o Evolucionismo (neste post) e o Criacionismo em outro post.

Sobre a Teoria da Evolução fico com o resumo feito por Rainer Sousa e Mariana Araguaia abaixo:

O ser humano não ‘veio’ do macaco!

“A Teoria da Criação é fruto de um conjunto de pesquisas, ainda em desenvolvimento, iniciadas pelo legado deixado pelo cientista inglês Charles Robert Darwin e pelo naturalista britânico Alfred Russel Wallace.

Em suas pesquisas, ocorridas no século XIX, Darwin procurou estabelecer um estudo comparativo entre espécies aparentadas que viviam em diferentes regiões. Além disso, ele percebeu a existência de semelhanças entre os animais vivos e em extinção. A partir daí, concluiu que as características biológicas dos seres vivos passam por um processo dinâmico em que fatores de ordem natural seriam responsáveis por modificar os organismos vivos. Ao mesmo tempo, ele levantou a ideia de que os organismos vivos estão em constante concorrência e, a partir dela, somente os seres melhores preparados às condições ambientais impostas poderiam sobreviver.

Por perceber que se tratava de descobertas polêmicas, e que contrariavam ideias consideradas absolutas, como a de que as espécies eram imutáveis, Darwin teve receio em divulgá-las. Wallace, que admirava de longe o prestígio do famoso naturalista, enviou a ele alguns de seus escritos acerca de ideias que estava desenvolvendo. Surpreendentemente, ambos estavam estudando o mesmo fenômeno - constatação esta que encorajou Darwin a abrir mão de seu segredo e publicar, juntamente com Wallace, suas descobertas, em 1858.

Contando com tais premissas, esta teoria afirma que o homem e o macaco possuem uma mesma ascendência, a partir da qual estas e outras espécies se desenvolveram ao longo do tempo. Contudo, isso não quer dizer, conforme muitos afirmam, que Darwin supôs que o homem é um descendente do macaco. Em sua obra, A Origem das Espécies, ele sugere que o homem e o macaco, em razão de suas semelhanças biológicas, teriam um mesmo ascendente em comum.

A partir destas afirmações e dispondo de outras áreas da ciência, como a Genética e a Biologia Molecular, vários membros da comunidade científica, ao longo dos anos, se lançaram ao desafio de compreender o processo de variação e adaptação de populações ao longo do tempo, e o surgimento de novas espécies a partir de outra preexistente.

Quanto a uma das espécies estudadas, Homo sapiens sapiens, surgida há aproximadamente 120 mil anos, sabe-se que esta tem parentesco com os antigos hominídeos. Este grupo, que surgiu há mais de quatro milhões de anos, contempla, além de nós, o Homo habilis (2,4 – 1,5 milhões de anos) o Homo erectus (1,8 – 300 mil anos), o Homo sapiens neanderthalensis, com cerca de 230 a 30 mil anos de existência, e vários outros. Uma constatação interessante é a de que hominídeos de espécies diferentes já coexistiram em um mesmo período.

No dia a dia, costumamos nos referir à expressão "teoria" como sendo algo superficial, simplório, uma especulação. Entretanto, nas investigações científicas, o termo se refere a uma hipótese confirmada por inúmeras experimentações, com alto grau de precisão, durante muito tempo. Assim, estas são dignas de bastante credibilidade. A Teoria da Evolução, assim como a Teoria da Gravitação Universal, são alguns exemplos".

Observe que SOUSA & ARAGUAIA afirmam que o Evolucionismo, que é tido como “teoria” tem grande aceitação e credibilidade por apresentar alto grau de precisão. As divisões da Pré-história bem como suas características, por exemplo, seguem esta teoria, embora, como vemos no pequeno vídeo abaixo, alguns aspectos da evolução (micro-evolução ou adaptação das espécies) são possíveis.

Veja também:

Na sequência deste assunto veremos (em outro post) o que é o Criacionismo, como já mencionamos acima.

Veja ainda a resposta de Augusto Nicodemus sobre se “o cristão pode aceitar a teoria da evolução”.


Nota / Referência:

  • SOUSA, Rainer Gonçalves e ARAGUAIA, Mariana. Teoria da Evolução. Brasil Escola (Imagem e texto ). Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/evolucionismo.htm>. Acesso em 13/06/2022.



Pré-história: conceito, divisões e características

Pré-história1

No post Introdução à História, vimos que os historiadores costumam dividir o tempo histórico (vivido pela humanidade) em fases ou idades como Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Mas porquê o prefixo pré antes de uma destas fases? O entendimento que se tinham no passado é que a escrita surgiu por volta de 4000 a.C. (por exemplo, na Mesopotâmia e Egito) e que sem ela não era possível desenvolver um estudo histórico investigativo e sistemático, e por isso, não poderia dar um status de "ciência" à esta disciplina. Desta forma, toda a trajetória da humanidade anterior a este fato ficou conhecida como Pré-história.

Mas hoje sabe-se que é possível chegar a uma compreensão bastante ampla sobre a realidade da sociedade pré-histórica mesmo sem análise de registros escritos. As contribuições para o estudo desta fase vêm de ciências como a Arqueologia, Paleontologia, Geologia, Biologia etc.

Resumindo, portanto, este conceito, podemos afirmar que a Pré-história abrange a fase da história da humanidade entre a origem do homem (?) até por volta de 4000 a.C. e pode ser dividida em três períodos: Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. Salientamos, no entanto, que estas divisões e suas caraterísticas seguem a teoria da evolução. Os criacionistas, embora entendam que sempre houve e há uma evolução cultural - cultura material e imaterial – não aceitam que a humanidade tenha uma idade tão grande e nem a evolução biológica como propõem os evolucionistas.

Por exemplo, a teoria evolucionista – de Charles Darwin – afirma que a Terra surgiu por volta de 4 bilhões de anos atrás, como resultado de uma grande explosão cósmica, que ficou conhecida como Big Bang1. Esta, por sua vez, teria ocorrido por volta de 14 bilhões de anos atras. E há 3,5 bilhões de anos desenvolveram-se em nosso planeta, condições para o surgimento das primeiras formas de vida. Nossos primeiros ancestrais conhecidos surgiram há 4,2 milhões de anos, como resultado de uma evolução biológica de um tronco antigo de primatas: Os Australopithecus2 e O Homo sapiens3.

1. Paleolítico (pedra lascada): características4:

Paleolítico é o período mais extenso da Pré-História da humanidade, compreendido entre seu surgimento, por volta de 4,4 milhões de anos, até 8000 a.C.

Nessa época os homens viviam em bandos e ajudavam uns aos outros na obtenção de alimentos, através da caça, da pesca e da coleta de frutos, raízes e ovos, o que os obrigava a uma vida nômade.

A baixa temperatura leva os grupos de hominídeos a se abrigar em cavernas e a construir habitações com galhos de árvores e a compartilhar o uso dos rios, das florestas e dos lagos.

Os instrumentos utilizados, a princípio eram de osso e madeira, depois, lascas de pedra e marfim. Fabricavam machados, facas e outros instrumentos pontiagudos.

Uma descoberta importante nesse período foi o domínio do fogo. Estima-se que o fogo passou a ser controlado pela humanidade há 500 mil anos, na África oriental. Com seu controle, os grupos passaram a se aquecer do frio, a cozinhar alimentos, defender-se dos animais ferozes, iluminar a noite etc.

Por volta de 30000 a.C., o Homo sapiens aperfeiçoou a técnica da caça e da pesca, inventou o arco e a flecha e criou a arte da pintura.

Em torno de 18000 a.C. a Terra passou por transformações climáticas e geológicas.

Essas transformações, que duraram milhares de anos, mudaram significativamente a vida animal e vegetal do planeta e alteraram a relação entre homem e natureza. O homem entrou num período denominado Neolítico...


2. Neolítico (pedra polida): características5:

No período Neolítico, novas modificações climáticas alteraram a vegetação. Aumentaram as dificuldades para caçar e se instalaram nas margens dos rios, o que contribuiu para o desenvolvimento da agricultura, com o plantio de trigo, cevada e aveia. Aprenderam a domesticar alguns animais e a criar gado. Surgiram os primeiros aglomerados populacionais, com finalidade principalmente defensiva.

Seus objetos tornaram-se mais bem acabados, pois a pedra, depois de lascada, era esfregada no chão ou na areia até tornar-se polida.

Desenvolveram a arte da cerâmica, fabricando grandes potes para guardar o excedente da produção agrícola.

Desenvolveram as técnicas de fiação e tecelagem para a confecção de tecidos de lã e linho, em substituição aos trajes confeccionados com peles de animais.

Apareceram os primeiros trabalhos em metais pouco duros, como o cobre e o ouro. Começaram as viagens por terra e por mar.

A organização social, denominada comunidade primitiva, baseava-se nos laços de sangue, idioma e costumes.

A fase final do Neolítico caracterizou-se pela desintegração do sistema de comunidade primitiva e pela origem das sociedades organizadas em Estados e divididas em diferentes camadas sociais.


3. Idade dos Metais6:

O desenvolvimento de técnicas de fundição de metais possibilitou o abandono progressivo dos instrumentos de pedra.

O primeiro metal a ser fundido foi o cobre, posteriormente o estanho. Da fusão desses dois metais, surgiu o bronze, mais duro e resistente, com o qual fabricavam espadas, lanças etc. Por volta de 3000 a.C. produzia-se bronze no Egito e na Mesopotâmia.

A metalúrgica do ferro é posterior. Tem início por volta de 1500 a.C., na Ásia Menor. Por ser um minério mais difícil de ser trabalhado difundiu-se lentamente.

Em razão da sua superioridade para a fabricação de armamentos, o ferro contribuiu para a supremacia dos povos que souberam utilizá-lo com essa finalidade.

Mais sugestões7 sobre a arte desse período:

Veja também:

Veja ainda o vídeo a seguir:



Referência bibliográfica:

BEZERRA, Juliana. Toda Matéria: Pré-História (Resumo). Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/pre-historia-resumo/>. Acesso em: 15/06/2022.


Notas:

  • 1 Imagem disponível em: <https://profdanihistoria.com.br/periodos-da-pre-historia/>. Acesso em: 17/06/2022.
  • Veja, por exemplo, “Do início de tudo com o Big Bang até os dias atuais”. Disponível em: <https://www.ufjf.br/fisicaecidadania/conteudo/big-bang/#:~:text=O%20Big%20Bang%20%C3%A9%20uma,pequeno%2C%20quente%20e%20extremamente%20denso>. Acesso em: 15/06/2022.
  • 3 Os australopitecos formavam um grande grupo de animais parecidos com os chimpanzés. Mas, ao contrário deles, já não andavam sobre quatro patas. Eram meio humanos, embora apresentassem um cérebro pequeno demais. Também tinham os dentes e o maxilar diferentes, bem maiores e mais pesados que os humanos. Já se conhecem oito espécies de australopitecus, que viveram entre 4 milhões e 1,5 milhão de anos atrás…”: In: <https://www.infoescola.com/historia/australopitecus/>. Acesso em: 15/06/2022.
  • 4 "… os primeiros Homo sapiens surgiram há mais de 300.000 anos. Esses arquétipos (padrões) eram caçadores hábeis, cozinhavam carne, usavam roupas de pele de animais e construíam lanças e cabanas…". In: <https://brasilescola.uol.com.br/biologia/a-nossa-especie-homo-sapiens.htm>. Acesso em: 15/06/2022.
  • 5 Sobre as características dos períodos pré-históricos tomei por base o que a professora Juliana BEZERRA resumiu. Texto copiado quase na íntegra e grifos no original. Veja Referência bibliográfica.
  • Idem (Nota 4).
  • 7 Idem (Nota 4).
  • 8 Sugestões da professora Juliana Bezerra. Op. Cit.

01 junho 2022

O Cristianismo no Império Romano: de sua origem ao Edito de Milão (Resumo)

O Cristianismo, estudado no contexto da história de Roma, é um dos elementos importantes de sua cultura e que representa um dos maiores legados para a humanidade.

Jesus, o “Cordeiro que tira o pecado do mundo” e
morreu na cruz como malfeitor. [1]


O Cristianismo foi fundado por Jesus de Nazaré, que ficou conhecido como Jesus Cristo, nascido na Palestina, uma das províncias romanas, e durante o governo de Otávio Augusto.

Origem

Na Palestina, os judeus viviam a expectativa da chegada – à terra – de um Messias ou Cristo, que os salvaria, principalmente, do jugo romano. Esta salvação, porém, enquanto para muitos judeus, estava restrita ao aspecto puramente material, para outros, porém, significava a redenção dos seus pecados (desobediência do homem a Deus) e promessa de uma vida eterna com Deus.

Nascido de uma família pobre e filho “adotivo” de José, o Carpinteiro, Jesus é batizado por João Batista – que segundo as Escrituras Judaicas viera preparar o povo para sua chegada –, com quase trinta anos, quando então inicia seu ministério.
Logo no início de sua missão, Jesus escolhe alguns homens para serem seus seguidores ou discípulos. Depois, ele consagra doze destes discípulos, que se tornam apóstolos, os quais lhe acompanham até sua crucificação, morte e ressurreição, exceto um deles, Judas Iscariotes, que o traiu e se suicidou antes.

“A morte por crucificação foi inventada pelos persas entre 539 e 533 a.C. Os romanos, porém, a popularizaram. Ela era utilizada para punir escravos rebeldes, criminosos violentos e subversivos políticos... As pessoas crucificadas não eram enterradas. Seus corpos eram deixados para serem consumidos pelos urubus. Jesus Cristo foi uma exceção. Seu sepultamento ocorreu graças à influência de José de Arimateia, um rico judeu simpatizante que negociou com Pilatos, o governador" [2].

Veja que Jesus Cristo foi condenado como um malfeitor. Mas, apesar de sua morte horrenda, o fato mais importante para todos os cristãos é que Ele foi ressuscitado. E, segundo informa os registros sagrados, um dos requisitos para ser, por exemplo, sucessor de Judas Iscariotes, isto é, um apóstolo em seu lugar, era: ter sido testemunha da morte e ressurreição de Jesus.


Livro Sagrado

Jesus não deixou registros escritos. Seus atos, milagres e ensinamentos foram registrados, posteriormente, por seus discípulos. Desta forma, surgiu a Bíblia Sagrada Cristã, composta:

  • Do Antigo Testamento ou Torá (Livro Sagrados dos hebreus) [3].

  • Evangelhos (4), que são Mateus, Marcos, Lucas e João que tratam da vida e obra de Jesus.

  • Atos dos Apóstolos (1), que trata dos primeiros anos da Igreja Cristã.

  • Epístolas (21), que foram escritas por apóstolos (a maioria de Paulo) e outros discípulos, e que formalizam as doutrinas cristãs.

  • Apocalipse (1), livro que trata de profecias relativas, em sua maior parte, aos assuntos dos últimos tempos.

Perseguições

Conforme o Cristianismo foi crescendo e ganhando adeptos entre as classes pobres de Roma, sobrevieram as perseguições, promovidas, principalmente, pelos imperadores. Os motivos destas perseguições foram, entre outras:

  • os cristãos não aceitavam a divindade dos imperadores: jamais os cristãos colocariam César acima de Cristo. Por isto, foram considerados “ateus” pelo Estado romano.

  • os cristãos foram considerados perigosos e desleais ao Estado romano:

  • reuniões secretas dos cristãos (a portas fechadas);

  • o repúdio dos cristãos de “cultuar” o Estado tornava-os “traidores” e passíveis de perseguições;

  • os imperadores achavam que os cristãos formavam uma sociedade secreta que tramavam ações políticas contra o Estado;

  • a sociedade cristã foi vista como anarquista e sacrílega por Roma;

  • O crescimento do número de adeptos, principalmente entre os plebeus e escravos:

  • a despeito da repressão, o Cristianismo aumentava cada vez mais;

  • os cristãos foram vistos como a pior classe de revolucionários, destruidores dos fundamentos da civilização.

"O primeiro caso documentado de perseguição aos cristãos pelo Império Romano direciona-se a Nero. Em 64, houve o grande incêndio de Roma, destruindo grandes partes da cidade e devastando economicamente a população romana. Nero, cuja sanidade já há muito tempo havia sido posta em questão, era o suspeito de ter intencionalmente ateado fogo. (...) Ao associar os cristãos ao terrível incêndio, Nero aumentou ainda mais a suspeita pública já existente e, pode-se dizer, exacerbou as hostilidades contra eles por todo o Império Romano. As formas de execução utilizadas pelos romanos incluíam crucificação e lançamento de cristãos para serem devorados por leões e outras feras selvagens"

Cristãos sendo usados como tochas humanas, na perseguição
sob Nero. Obra de Henryk Siemiradzki (1843-1902) [4].


O Edito de Milão e o fim das perseguições

Na verdade, quando falamos de “fim” das perseguições aos cristãos, queremos nos referir apenas às perseguições formais e legais (institucionais), previstas nas leis romanas. Mas, de fato, os cristãos nunca deixaram de ser perseguidos, senão, de forma física, com torturas, corpos incendiados, crucificações, corpos jogados às feras etc., mas no aspecto moral, espiritual, processos de toda ordem, calúnias e outros meios. No decorrer da história cristã, encontramos diversos momentos de perseguições e até guerras, contra os cristãos e, em diversos momentos, até grupos cristãos contra outros grupos cristãos e estes contra muçulmanos e assim por diante.

A perseguição aos cristãos continuou durante os séculos II e III e só terminou com o imperador Constantino, que governou Roma no século IV. Neste momento, o Império já estava em decadência e o poder imperial enfraquecido. Além disso, as perseguições tiveram efeito contrário ao esperado pelos imperadores, pois quanto o Cristianismo era perseguido, mais pessoas se convertiam, buscando alívio para seus sofrimentos e esperança de vida eterna, nas pregações cristãs.

Constantino percebeu que não adiantava perseguir cristãos, mesmo porque – segundo reconheceu – o Deus deles era bastante forte e que ouvia suas orações. “Sem dúvida percebeu também que se o Cristianismo fosse ajudado e se tornasse bastante forte, seria um poderoso elemento para a unificação de todos os povos do império. (Constantino) teve simpatia pessoal pelo Cristianismo, mas nunca demonstrou em sua conduta qualquer influência da moral cristã.” [5].

Em 313, Constantino baixou o Edito de Milão, que punha fim às perseguições religiosas e dava liberdade de culto aos cristãos. A partir de então, O Cristianismo ganhou um impulso ainda maior no território romano. Depois veremos como o Cristianismo tornou Religião Oficial do Império, através do imperador Teodósio, em 390…

Veja também:



Notas / Referências bibliográficas:

  • [1] O Cordeiro e a Cruz, símbolos do Cristianismo. Imagem disponivel em: <http://somentedeusgloria.blogspot.com.br/2011/12/jesus-o-cordeiro-maravilhoso_18.html>. Acesso em  17/08/2013.
  • [2] Guia dos Curiosos. Disponível em: <http://www.guiadoscuriosos.com.br/categorias/1301/1/crucificacao.html>. Acesso em 17/08/2013.  Veja também um documento interessante, sobre a crucificação, produzido pelo Discovery Channel, em: <http://www.youtube.com/watch?v=uB9MqLl4yws>. Acesso em 17/08/2013.
  • [3] O Antigo Testamento da Bíblia Sagrada Cristã: Há duas versões do Antigo Testamento na Bíblia Sagrada. Uma versão utilizada pelos católicos e uma parte dos protestantes, que contém 46 livros e acréscimos no livro de Daniel e Ester, e um versão utilizada pela maioria dos protestantes, que contém 39 livros. O Novo Testamento é igual para ambos: católicos e protestantes.
  • [4] Perseguição aos cristãos: texto e imagem. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Persegui%C3%A7%C3%A3o_aos_crist%C3%A3os#Persegui.C3.A7.C3.A3o_sob_o_Imp.C3.A9rio_Romano>. Acesso em 17/08/2013.
  • [5] NICHOLS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã, 6ª ed. São Paulo: Casa Ed. Presbite-riana, 1985. p. 42/43.

30 maio 2022

A centralização dos reinos ibéricos: Portugal e Espanha

Já vimos acerca da centralização do poder nas monarquias europeias sobre os reinos da França e da Inglaterra. Neste post, veremos como se deram as centralizações monárquicas em Portugal e Espanha.

1 - Portugal:



Portugal [1] foi um dos primeiros países da Europa a consolidar um governo forte, centralizado na pessoa do rei. A formação da Monarquia portuguesa iniciou-se nas lutas dos cristãos pela expulsão dos árabes islâmicos que, desde o século VIII, ocupavam a península Ibérica. Essas lutas ficaram conhecidas como guerras de Reconquista.

Durante o domínio árabe, os reinos cristãos ficaram restritos ao norte da península – como Navarra. A partir do século XI, pouco a pouco eles conseguiram ampliar seu território. Foram fundados, então, vários reinos, entre os quais Aragão, Leão, Castela. Com isso, os árabes começaram a recuar em direção ao litoral sul. 

Durante as guerras de Reconquista, destacou-se o nobre francês Henrique de Borgonha. Como recompensa, ele recebeu do rei de Leão e Castela, Afonso VI, a mão de sua filha e terras que constituíram o condado Portucalense [2].

O filho e herdeiro de Henrique de Borgonha, Afonso Henriques, proclamou-se então rei de Portugal em 1139, rompendo os laços com Leão e Castela. Tinha início, assim, a dinastia de Borgonha. Afonso Henriques, o conquistador, estendeu seus domínios para o sul, até o rio Tejo, e fez de Lisboa sua capital. 

Em 1383, com a morte do ultimo rei (sem herdeiros diretos) da dinastia de Borgonha, D. Fernando, o Formoso, a Coroa portuguesa ficou ameaçada de ser anexada pelo soberano de Castela, parente do rei morto. A burguesia, por sua vez, temia ver seus interesses comerciais prejudicados pelos nobres castelhanos.

Para evitar a perda da independência, os portugueses aclamaram D. João, meio-irmão do rei morto, novo rei. João, mestre da cidade de Avis, venceu a disputa e assumiu o trono em 1385. O apoio financeiro da burguesia foi decisivo nessa vitória. Assim, durante toda a dinastia de Avis, os reis favoreceram e apoiaram as atividades burguesas.


2 - Espanha:


A formação da Monarquia espanhola [3] também esteve ligada às guerras de Reconquista da península Ibérica. Vimos que durante esse processo, diversos reinos foram constituídos. Em 1469, o casamento de Fernando (herdeiro do trono de Aragão) com Isabel (irmã do rei de Leão e Castela) uniu três reinos. Era o primeiro passo para a formação da Espanha.

Em 1492, os exércitos de Fernando e Isabel apoderaram-se de Granada e expulsaram os árabes da península Ibérica, consolidando a monarquia.

No século XVI, com Carlos I, a Monarquia de Castela, atual Espanha, fortaleceu-se ainda mais.

A revolta dos camponeses

Além das guerras internas e externas e dos interesses da burguesia, outro movimento contribuiu para o fortalecimento do poder dos reis: as revoltas camponesas.

Essas revoltas eram consequência da fome, da miséria e da exploração dos camponeses. Assustados com as rebeliões, os senhores feudais aceitavam a autoridade do rei, que, fortalecido, podia organizar exércitos para reprimir os numerosos movimentos de contestação.

Na França, as principais rebeliões ganharam o nome de jacqueries. Isso em virtude da expressão “Jacques Bonhomme”, designação desdenhosa usada pelos nobres para referir-se a qualquer camponês (algo como Zé Ninguém). Na Inglaterra, os rebeldes foram liderados por um camponês artesão chamado Wat Tyler e por um padre de nome John Ball.

Os camponeses na França e Inglaterra lutavam por melhores condições de vida. Não suportando mais as pesadas taxas exigidas pelos nobres, eles invadiam os castelos e saqueavam os depósitos de alimento.

As revoltas não duraram muito tempo, pois foram reprimidas com violência pelos exércitos ligados ao rei. Mesmo assim, contribuíram para mostrar a capacidade de organização e de luta dos camponeses.

Veja também:

Veja ainda o vídeo:



Notas / Referências bibliográficas:

  • [2]  A Dinastia de Borgonha, ou como também é chamada, Afonsina (em razão do elevado número de soberanos com o nome de Afonso) foi a primeira dinastia do Reino de Portugal. D. Afonso Henriques... foi fundador da Nação e da dinastia borgonhesa”. In: <http://www.laifi.com/laifi.php?id_laifi=2935&idC=55821#>. Acesso em: 30/05/2022.
  • [3]  Texto copiado na íntegra de: A Monarquia Espanhola. In: Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2022. Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/ef2/centralizacaopoder/p4.php>. Acesso em: 30/05/2022.

28 maio 2022

A Guerra dos Cem anos

Como vimos, durante o processo de centralização do poder nas monarquias europeias e a sua consequente consolidação do absolutismo, dois reinos, a França e a Inglaterra, estiveram envolvidos numa série de conflitos que vieram a se chmar Guerra dos Cem Anos.

No sentido horário, a partir do canto superior esquerdo: a Batalha de La Rochelle, Batalha de Azincourt, Batalha de Patay e Joana d'Arc no cerco de Orléans1.

Guilherme, o Conquistador, ao dominar a Inglaterra, acabou ligando-a aos franceses, já que ele era vassalo do rei da França.

No início do século XIV, o rei Eduardo III da Inglaterra manifestou a intenção de ocupar o trono francês, do qual se julgava herdeiro. Ao mesmo tempo, desejava dominar a região de Flandres (atuais Bélgica e Holanda), grande produtora de tecidos.

Essas ambições acabaram provocando o começo desta série de conflitos2 entre a Inglaterra e a França: a Guerra dos Cem Anos. Ela tem esse nome porque, com pequenas interrupções, prolongou-se por mais de um século: de 1337 a 1453. O início do conflito é marcado pela invasão do território francês pelos exércitos da Inglaterra.

Os ingleses venceram as batalhas iniciais, apoderando-se de grande parte do território francês. Mas essas vitórias intensificaram a união e a resistência da população francesa. O principal símbolo dessa união foi Joana d’Arc, uma jovem camponesa que obteve vitórias contra os exércitos ingleses, reanimando os franceses.

Assustados com a jovem camponesa, os ingleses conseguiram aprisioná-la. Julgada por heresia, foi condenada à morte numa fogueira. Mas isso não impediu que os franceses retomassem os territórios perdidos e expulsassem os ingleses.

Veja um resumo sobre a Guerra dos Cem Anos feita por Carlos César HIGA3:

    • "A Guerra dos Cem Anos foi uma série de conflitos envolvendo França e Inglaterra, entre 1337 e 1453.
    • Os ingleses se aproveitaram do vácuo de poder na França para invadir seu território e controlar o comércio de Flandres.
    • As guerras civis nos dois reinos interferiram no andamento da Guerra dos Cem Anos.
    • A camponesa francesa Joana d’Arc teve participação fundamental na vitória francesa contra os invasores ingleses durante o último período da guerra.
    • Após mais de cem anos de conflitos, as monarquias inglesa e francesa se fortaleceram, despertando sentimento nacional e patriótico".

Portanto, o desfecho da Guerra dos Cem Anos contribuiu para estabelecer os limites territoriais tanto da França vitoriosa quanto da Inglaterra derrotada, além de ter suscitado nos dois lados a formação de um importante sentimento nacional, além de colaborar para o surgimento de sua monarquia nacional e absolutista.



Notas:

  • 1 Imagens disponíveis em: <dishttps://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Cem_Anos>. Acessoem: 28/05/2022.