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01 junho 2022

O Cristianismo no Império Romano: de sua origem ao Edito de Milão (Resumo)

O Cristianismo, estudado no contexto da história de Roma, é um dos elementos importantes de sua cultura e que representa um dos maiores legados para a humanidade.

Jesus, o “Cordeiro que tira o pecado do mundo” e
morreu na cruz como malfeitor. [1]


O Cristianismo foi fundado por Jesus de Nazaré, que ficou conhecido como Jesus Cristo, nascido na Palestina, uma das províncias romanas, e durante o governo de Otávio Augusto.

Origem

Na Palestina, os judeus viviam a expectativa da chegada – à terra – de um Messias ou Cristo, que os salvaria, principalmente, do jugo romano. Esta salvação, porém, enquanto para muitos judeus, estava restrita ao aspecto puramente material, para outros, porém, significava a redenção dos seus pecados (desobediência do homem a Deus) e promessa de uma vida eterna com Deus.

Nascido de uma família pobre e filho “adotivo” de José, o Carpinteiro, Jesus é batizado por João Batista – que segundo as Escrituras Judaicas viera preparar o povo para sua chegada –, com quase trinta anos, quando então inicia seu ministério.
Logo no início de sua missão, Jesus escolhe alguns homens para serem seus seguidores ou discípulos. Depois, ele consagra doze destes discípulos, que se tornam apóstolos, os quais lhe acompanham até sua crucificação, morte e ressurreição, exceto um deles, Judas Iscariotes, que o traiu e se suicidou antes.

“A morte por crucificação foi inventada pelos persas entre 539 e 533 a.C. Os romanos, porém, a popularizaram. Ela era utilizada para punir escravos rebeldes, criminosos violentos e subversivos políticos... As pessoas crucificadas não eram enterradas. Seus corpos eram deixados para serem consumidos pelos urubus. Jesus Cristo foi uma exceção. Seu sepultamento ocorreu graças à influência de José de Arimateia, um rico judeu simpatizante que negociou com Pilatos, o governador" [2].

Veja que Jesus Cristo foi condenado como um malfeitor. Mas, apesar de sua morte horrenda, o fato mais importante para todos os cristãos é que Ele foi ressuscitado. E, segundo informa os registros sagrados, um dos requisitos para ser, por exemplo, sucessor de Judas Iscariotes, isto é, um apóstolo em seu lugar, era: ter sido testemunha da morte e ressurreição de Jesus.


Livro Sagrado

Jesus não deixou registros escritos. Seus atos, milagres e ensinamentos foram registrados, posteriormente, por seus discípulos. Desta forma, surgiu a Bíblia Sagrada Cristã, composta:

  • Do Antigo Testamento ou Torá (Livro Sagrados dos hebreus) [3].

  • Evangelhos (4), que são Mateus, Marcos, Lucas e João que tratam da vida e obra de Jesus.

  • Atos dos Apóstolos (1), que trata dos primeiros anos da Igreja Cristã.

  • Epístolas (21), que foram escritas por apóstolos (a maioria de Paulo) e outros discípulos, e que formalizam as doutrinas cristãs.

  • Apocalipse (1), livro que trata de profecias relativas, em sua maior parte, aos assuntos dos últimos tempos.

Perseguições

Conforme o Cristianismo foi crescendo e ganhando adeptos entre as classes pobres de Roma, sobrevieram as perseguições, promovidas, principalmente, pelos imperadores. Os motivos destas perseguições foram, entre outras:

  • os cristãos não aceitavam a divindade dos imperadores: jamais os cristãos colocariam César acima de Cristo. Por isto, foram considerados “ateus” pelo Estado romano.

  • os cristãos foram considerados perigosos e desleais ao Estado romano:

  • reuniões secretas dos cristãos (a portas fechadas);

  • o repúdio dos cristãos de “cultuar” o Estado tornava-os “traidores” e passíveis de perseguições;

  • os imperadores achavam que os cristãos formavam uma sociedade secreta que tramavam ações políticas contra o Estado;

  • a sociedade cristã foi vista como anarquista e sacrílega por Roma;

  • O crescimento do número de adeptos, principalmente entre os plebeus e escravos:

  • a despeito da repressão, o Cristianismo aumentava cada vez mais;

  • os cristãos foram vistos como a pior classe de revolucionários, destruidores dos fundamentos da civilização.

"O primeiro caso documentado de perseguição aos cristãos pelo Império Romano direciona-se a Nero. Em 64, houve o grande incêndio de Roma, destruindo grandes partes da cidade e devastando economicamente a população romana. Nero, cuja sanidade já há muito tempo havia sido posta em questão, era o suspeito de ter intencionalmente ateado fogo. (...) Ao associar os cristãos ao terrível incêndio, Nero aumentou ainda mais a suspeita pública já existente e, pode-se dizer, exacerbou as hostilidades contra eles por todo o Império Romano. As formas de execução utilizadas pelos romanos incluíam crucificação e lançamento de cristãos para serem devorados por leões e outras feras selvagens"

Cristãos sendo usados como tochas humanas, na perseguição
sob Nero. Obra de Henryk Siemiradzki (1843-1902) [4].


O Edito de Milão e o fim das perseguições

Na verdade, quando falamos de “fim” das perseguições aos cristãos, queremos nos referir apenas às perseguições formais e legais (institucionais), previstas nas leis romanas. Mas, de fato, os cristãos nunca deixaram de ser perseguidos, senão, de forma física, com torturas, corpos incendiados, crucificações, corpos jogados às feras etc., mas no aspecto moral, espiritual, processos de toda ordem, calúnias e outros meios. No decorrer da história cristã, encontramos diversos momentos de perseguições e até guerras, contra os cristãos e, em diversos momentos, até grupos cristãos contra outros grupos cristãos e estes contra muçulmanos e assim por diante.

A perseguição aos cristãos continuou durante os séculos II e III e só terminou com o imperador Constantino, que governou Roma no século IV. Neste momento, o Império já estava em decadência e o poder imperial enfraquecido. Além disso, as perseguições tiveram efeito contrário ao esperado pelos imperadores, pois quanto o Cristianismo era perseguido, mais pessoas se convertiam, buscando alívio para seus sofrimentos e esperança de vida eterna, nas pregações cristãs.

Constantino percebeu que não adiantava perseguir cristãos, mesmo porque – segundo reconheceu – o Deus deles era bastante forte e que ouvia suas orações. “Sem dúvida percebeu também que se o Cristianismo fosse ajudado e se tornasse bastante forte, seria um poderoso elemento para a unificação de todos os povos do império. (Constantino) teve simpatia pessoal pelo Cristianismo, mas nunca demonstrou em sua conduta qualquer influência da moral cristã.” [5].

Em 313, Constantino baixou o Edito de Milão, que punha fim às perseguições religiosas e dava liberdade de culto aos cristãos. A partir de então, O Cristianismo ganhou um impulso ainda maior no território romano. Depois veremos como o Cristianismo tornou Religião Oficial do Império, através do imperador Teodósio, em 390…

Veja também:



Notas / Referências bibliográficas:

  • [1] O Cordeiro e a Cruz, símbolos do Cristianismo. Imagem disponivel em: <http://somentedeusgloria.blogspot.com.br/2011/12/jesus-o-cordeiro-maravilhoso_18.html>. Acesso em  17/08/2013.
  • [2] Guia dos Curiosos. Disponível em: <http://www.guiadoscuriosos.com.br/categorias/1301/1/crucificacao.html>. Acesso em 17/08/2013.  Veja também um documento interessante, sobre a crucificação, produzido pelo Discovery Channel, em: <http://www.youtube.com/watch?v=uB9MqLl4yws>. Acesso em 17/08/2013.
  • [3] O Antigo Testamento da Bíblia Sagrada Cristã: Há duas versões do Antigo Testamento na Bíblia Sagrada. Uma versão utilizada pelos católicos e uma parte dos protestantes, que contém 46 livros e acréscimos no livro de Daniel e Ester, e um versão utilizada pela maioria dos protestantes, que contém 39 livros. O Novo Testamento é igual para ambos: católicos e protestantes.
  • [4] Perseguição aos cristãos: texto e imagem. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Persegui%C3%A7%C3%A3o_aos_crist%C3%A3os#Persegui.C3.A7.C3.A3o_sob_o_Imp.C3.A9rio_Romano>. Acesso em 17/08/2013.
  • [5] NICHOLS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã, 6ª ed. São Paulo: Casa Ed. Presbite-riana, 1985. p. 42/43.

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