Sobre o comentário acerca das setenta semanas de Daniel, feito pelo Dr.
C. I. Scofield [2],
ele cita dois Pais da Igreja, Irineu e Hipólito, cuja escatologia
se assemelhava à dos fundamentalistas. Sobre o primeiro já falamos aqui e aqui e, sobre Hipólito, veja o conteúdo
abaixo.
1.Quem
era Hipólito[3]
HipólitodeRoma (c. de
170-c. de 236) foi um presbítero de língua grega na igreja em Roma que liderou
um cisma contra o Bispo
Calixto. Ele e um bispo posterior de Roma, Ponciano, foram
exilados para a Sardenha durante a perseguição feita pelo imperador Maximino
(235) Ponciano e
Hipólito aparentemente foram reconciliados antes de morrerem na Sardenha, e
vieram a ser considerados mártires.
Hipólito escreveu vários documentos
importantes. A Refutação de todas as Heresias (as vezes chamada Philosophoumena)
trata principalmente das seitas gnósticas, fazendo seus erros remontarem à
filosofia. ATradiçãoApostólica é a fonte mais completa
no tocante aos costumes organizacionais e litúrgicos da Igreja ante-niceana [4] – e abrange o batismo, a
eucaristia, a ordenação e a festa do amor ágape). O Comentário de Danielé o mais antigo da Igreja Ortodoxa; expõe uma escatologia quillasta [5]. ContraNoeto
opõe-se a uma antiga forma de modalismo. Uma estátua de Hipólito,
presumivelmente preparada durante sua vida, traz uma inscrição que alista seus
escritos e registra uma tabela de cálculo da data da Páscoa.
As opiniões de Hipólito foram aguçadas por sua
controvérsia com Calixto. Além de suas diferenças pessoais (Calixto era um
ex-escravo com pouca educação formal, Hipólto, uma pessoa livre com muita
cultura) e da rivalidade pelo episcopado, os dois homens discordavam
doutrinariamente no tocante a duas considerações importantes. Hipólito defendia
a cristologia do Logos e fazia tanta distinção entre o Pai e Cristo, que Calixto
o chamava de "diteísta"; Calixto e seu antecessor, Zeferino,
enfatizavam a união divina, de tal maneira que Hipólito não via diferença entre
as opiniões deles e o modalismo de Sabélio. Hipólito adotava um conceito
rigorista da disciplina eclesiástica, e negava a reconciliação com a igreja
àqueles que eram culpados dos pecados mais graves, deixando nas mãos de Deus o
perdão; Calixto adotava um conceito mais lasso, e estava disposto a conceder o
perdão da igreja, especialmente nos casos de pecados sexuais.
2.Sua
escatologia
§A
última semana de Daniel (9.27) / o Anticristo.
A exemplo de Irineu de Lyon, Hipólito
de Roma também interpretou as setenta semanas de Daniel (Dn 9.24-27) como um
período literal de 490 anos, conectando a última semana (70ª) diretamente com a
vinda do Anticristo e os acontecimentos finais da história a exemplo também dos
dispensacionalistas. A primeira metade da última semana era um período de
aparente paz e aliança feita pelo Anticristo, enquanto a segunda metade, um
período de extrema perseguição, abolição do sacrifício, “abominação da
desolação” e domínio do Anticristo sobre o mundo. Esta fase é explicada e
conectada também pelos períodos de tempos mencionados em Daniel e Apocalipse: 1260
dias (Ap 11.3; 12.6), 42 meses (Ap 11.2; 13.5) e tempo, tempos e metade de um
tempo (Dn 12.7; Ap 12.14). Após este período de tribulação, Cristo intervirá e
instaurará seu Reino definitivo.
§Arrebatamento
da Igreja / Milênio:
Sobre o arrebatamento,
Hipólito não o via como um evento secreto
como fazem os dispensacionalistas. Para ele, a igreja passará pela perseguição
do Anticristo, especialmente durante os últimos 3 anos e meio da semana de
Daniel. Espera-se que os fiéis sejam perseverantes e aguardem a manifestação
gloriosa de Cristo no final da última semana. Na verdade, a ordem dos eventos
do final dos tempos para Hipólito será:Aparecimento
do Anticristo (Dn 7.25; 9.27; 11.36; Ap 13); Perseguição dos santos:
a Igreja sofreria durante o reinado de 3 anos e meio; Segunda vinda de
Cristo: Cristo destruiria o Anticristo e instauraria o reino. Ressurreição/arrebatamento:
ocorre na manifestação de Cristo, quando os justos são reunidos a Ele (1Ts
4.16-17). Mas, como Irineu e os dispensacionalistas modernos, Hipólito também
cria em um reinado terreno (literal) de Cristo por mil anos.
Numa tabela
criada pelo ChatGPT[6], relacionando Hipólito e dispensacionalistas,
em relação ao tempo do fim temos:
Evento
Hipólito de Roma
Dispensacionalismo
a)Última semana de Daniel (Dn 9.27)
§É futura e se refere ao governo do Anticristo. Dividida em duas
metades de 3 anos e meio: paz aparente (1a);
§Perseguição da Igreja (2a).
§Idem.
b)Anticristo
§Figura real, governará 3 anos e meio, abolirá o sacrifício, instaurará
a abominação da desolação e perseguirá os santos.
§Também é figura real, dominará durante a Tribulação e fará pacto com
Israel.
c)Destino da Igreja durante a
tribulação
§A Igrejapermanece na terra e sofre
perseguição do Anticristo. Não há livramento antecipado.
§Igreja é arrebatada
antes da Tribulação (pré-tribulacionismo).
§Alguns grupos aceitam arrebatamento no meio
ou no fim da tribulação.
d)Arrebatamento / Ressurreição (1Ts 4.16-17)
§Acontece junto com a segunda vinda de Cristo, após a tribulação. É
público e glorioso.
§O arrebatamento é secreto e anterior à tribulação (pré-tribulacionismo
clássico). Depois, ocorre uma segunda vinda visível de Cristo.
e)Milênio (Ap 20.4-6)
§Literal: Cristo reinará 1.000 anos na terra após
derrotar o Anticristo.
§Também literal: Cristo reinará por 1.000 anos após a
Tribulação.
f)Israel e Igreja
§Não faz distinção rígida: judeus e gentios em Cristo é perseguido peloAnticristo e depois participa do Reino.
§Forte distinção: Israel e Igreja têm
destinos diferentes. A Tribulação é voltada a Israel; a Igreja já terá sido
arrebatada.
g)Sequência final
§Anticristo → Tribulação → Segunda Vinda de Cristo →
Arrebatamento/Ressurreição → Milênio → Juízo final → Eternidade.
§Arrebatamento (antes da tribulação) → 7 anos de
Tribulação (Israel no centro) → Segunda Vinda
visível → Milênio → Juízo final → Eternidade.
Para concluir, percebemos as ideias de Hipólito
convergiam com as de dispensacionalistas, principalmente na crença da vinda de Anticristo
real, uma última semana de Daniel futura e um milênio literal. A diferença
crucial está no fato de que Hipólito coloca o arrebatamento apenas no fim da
tribulação, enquanto o dispensacionalismo (clássico) defende que a Igreja não
estará na tribulação, pois será retirada antes. Podemos afirmar, portanto, que Hipólito
é um pós-tribulacionista milenarista, enquanto para o dispensacionalismo a
ideia mais difundida é o pré-tribulacionista milenarista.
Resumo no vídeo a seguir:
Notas:
[1] Imagem ilustrativa,
criado pela I. A. do ChatGpt. In: Hipólito
de Roma.
[2]CyrusIngersonScofield (1843–1921): “... foi um influente ministro americano.
Sua Bíblia de Referência Scofield , repleta de anotações úteis sobre
o texto, foi publicada em 1909 e se tornou o padrão para uma geração de
cristãos fundamentalistas e popularizou a teologia dispensacionalista...”.
Veja mais aqui, aqui e tambémaqui.
[3] FERGUSON, Everett. Hipólito. In: ELWELL, Walter. A. (Editor). Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol.
II. São Paulo: Vida Nova, 1988 (1ª Ed.), pág. 251-252.
[4] Isto é, ATradiçãoApostólica de Hipólito foi uma das fontes
teológicas que serviram de base para o Concílio de Niceia, o primeiro dos
concílios ecuménicos, ocorrido no ano 325.
[5]Quiliasta:
aquele que defende a crença num "Reino Milenar" literal onde Cristo
reinará na Terra após a sua segunda vinda, com base em interpretações de
passagens bíblicas como Apocalipse 20.1-6 e outras.
[6] Para montagem deste
quadro, o ChatGpt usou como base Exposição sobre Daniel de Hipólito.
Há alguma similaridade entre o ensino
escatológico de Irineu de Lyon (Leão) e o dos protestantes fundamentalistas?
Esta pergunta tem relação com o texto sobre as setenta semanas do profeta
Daniel (9) e os comentários do Dr. C. I. Scofield [1] sobre o assunto. Scofield
foi um pastor protestante fundamentalista que escreveu suas ricas anotações de
sua Bíblia de Referências. Nelas, ele ensina a visão escatológica
futurista e dispensacionalista e, ao comentar Daniel 9.24, ele afirma
que “... a interpretação que atribui a última das semanas ao fim dos tempos
é dos Pais da Igreja”. E, como exemplo, ele cita Irineu e Hipólito.
Resolvi, então, ver o pensamento de Irineu sobre isto, que resumiremos abaixo, e
em outro momento pretendo falar sobre a posição de Hipólito.
1.Sobre
a teologia de Irineu
No tocante à vida de Irineu já falamos um pouco
neste
artigo. Ele era natural da Ásia Menor – provavelmente de Esmirna
– onde nasceu por volta do ano de 130 e morreu em 202. Durante toda sua vida,
Irineu foi um admirador fervente de seu mestre, e em seus escritos se refere
repetidamente aos ensinos do mesmo, isto é, um "ancião" – o
presbítero – cujo nome não menciona, mas que parece ser mesmo o bispo Policarpo.
Este, que fora discípulo do apóstolo
João,
morreu por volta de do ano 100. Seu discípulo Policarpo, que serviu a Cristo 86
anos, talvez tenha morrido com mais de 90 anos, em 155. E Irineu, discípulo deste
último, continuou sua obra. Veja que Irineu absorveu toda a tradição cristã que
o aproximava aos apóstolos. Em todo caso, por razões que desconhecemos, Irineu
se transladou da Ásia Memor para Lyon, no que hoje é França.
Os pontos centrais da teologia de Irineu
era:
· a unidadedaféapostólica
transmitida pela sucessão episcopal e base para o combate às heresias;
· Cristo como Recapitulação (Anakephalaiosis),
a ideia de que Cristo recapitula em si toda a história humana. Adão
trouxe a queda, Cristo, o novo Adão, refaz o caminho, obedecendo onde Adão
desobedeceu (cf. Rm 5.12-21; 1Co 15.22,45) e enfatiza salvação como uma restauração
e renovação da humanidade em Cristo.
· Encarnação comopartedoplanodesalvação: Para Irineu, a
encarnação já fazia parte do propósito eterno de Deus, não apenas uma resposta
ao pecado.
· Combateà heresia gnóstica: Irineu
rejeitou a ideia gnóstica de um Deus superior ao Criador; afirmou que o Deus do
Antigo Testamento é o mesmo do Novo e que a criação é boa, e a redenção
acontece dentro da história, não pela fuga dela.
· Escatologia:
Irineu esperava um reino futuro de Cristo na terra (inclinação
milenarista, comum nos primeiros séculos); e via a história em termos de
“planos” (dispensações) ou “economias” de Deus, conduzindo ao cumprimento em
Cristo. Sobre este ponto falaremos mais abaixo.
Irineu é considerado pela Igreja Católica um
dos grandes Padres apostólicos e apologistas; considerado em 2022, pelo Papa
Francisco, “Doutor
da Unidade”, por sua ênfase na unidade da fé e da Igreja contra
divisões. A sua teologia da sucessão
apostólica é valorizada pela Igreja Católica como base do episcopado
e do magistério, assunto que também destacamos aqui.
Mas é sobre sua escatologia que queremos
destacar a seguir sobretudo considerando os pontos similares com o
fundamentalismo protestante.
2.Escatologia:
Irineu x Fundamentalistas
Perguntei ao Chatgpt que
embora a Igreja Católica considere Irineu como “Doutor da Igreja”, pelo menos a
sua escatologia diverge da doutrina católica. A Resposta da I. A. Chatgpt foi:
“Sua avaliação está correta: Irineu é Doutor da Igreja, mas sua escatologia
não coincide plenamente com a visão católica posterior”. E esta divergência
se dá, principalmente a partir de Agostinho
de Hipona, do século IV em diante. “Agostinho ensinou que o milênio
de Ap 20 não é literal, mas espiritual... corresponde ao período atual da
Igreja entre a primeira e a segunda vinda de Cristo... Essa interpretação se
tornou a dominante (o chamado amilenarismo agostiniano)”. Mas,
voltando a Irineu[2],
vejamos o que ele diz sobre:
a)Dispensações
Como já definimos aqui “... uma dispensação é
um período de tempo no qual o homem é testado na sua obediência a alguma
revelação específica da vontade de Deus. Três conceitos importantes estão
implícitos nesta definição: um depósito de revelação divina quanto à vontade de
Deus, incorporando o que Deus exige quanto à sua conduta; a mordomia do homem
desta revelação divina, na qual ele é responsável de obedecer; e um
período de tempo, geralmente chamado de “século”, durante o qual esta revelação
divina prevalece testando a obediência do homem a Deus[3]”.
Irineu não fala diretamente
sobre dispensações, mas deixa claro que Deus implementou um plano para resgatar
e restaurar a humanidade e a criação, revertendo os efeitos do pecado. Ele
chama este plano de "recapitulação" (p. ex.: pág. 65) e é uma
forma de a Igreja interpretar a história da salvação em diferentes "economias"
ou etapas do plano de Deus. E também destaca sobre “... aquelas coisas que
foram preditas pelo Criador igualmente por meio de todos os profetas Cristo
cumpriu no final, ministrando à vontade de Seu Pai e completando suas dispensações[destaque meu] com relação à raça humana”[4].
b)As
Setenta Semanas de Daniel
Assim como os fundamentalistas (veja
aqui),
Irineu interpretava as setenta semanas de Daniel (Dn 9.24-27) como um período histórico de
490 anos literais. A última semana (7 anos) seria o tempo da tribulação, que
ele vinculava com eventos que precederiam a volta de Jesus. Portanto, trata-se
de um evento escatológico futuro. Ele dividia a última semana em duas partes de
três anos e meio (como fazem os dispensacionalistas).O
“príncipe que há de vir” (v. 26) é o Anticristo, um governante que que fará
uma aliança por uma semana (7 anos), mas na metade da semana (após 3 anos e
meio) romperá o pacto, cessará o sacrifício e instaurará a abominação da
desolação. Resumindo: Irineu vê a última semana como ainda não cumprida em sua
totalidade, projetada para o fim da história, ligada ao governo do Anticristo.
c)Arrebatamento
da Igreja / Segunda vinda de Cristo / grande tribulação
Irineu (pág. 98) relaciona arrebatamento como a
ressurreição dos mortos: “... assim também devemos esperar o tempo da nossa
ressurreição, prescrito por Deus e predito pelos profetas, e assim,
ressuscitando, sermos arrebatados, todos aqueles que o Senhor considerar
dignos deste [privilégio]...”. também cita (Pág. 16 e 17) Enoque e Elias
como exemplo de pessoas arrebatadas ou trasladadas. O arrebatamento deles
apontava “... assim por antecipação a transladação dos justos”. Quando
esta transladação acontecerá? Diferentemente dos fundamentalistas protestantes,
que acreditam que Jesus voltará antes da grande tribulação, Irineu cria que a
Igreja seria “arrebatada” (1Ts 4.17), mas no fim da última semana, na
manifestação de Cristo, não antes. E também não falava de um “arrebatamento
secreto” durante a tribulação. Sua visão era mais próxima do que hoje chamamos
de pós-tribulacionismo milenarista: a Igreja sofre perseguição, Cristo
volta, ocorre o arrebatamento/ressurreição, derrota do Anticristo e início do
milênio.
d)Milênio
O ensino de Irineu sobre o milênio coincide com
a posição dos fundamentalistas. Ele ensinava um milênio literal(quiliasmo),
terrestre e futuro, que ocorrerá após a volta de Cristo. Sua posição foi
abandonada pela Igreja Católica a partir do século IV, como já vimos.
Com a ajuda do chatGpt, elaborei um quadro
abaixo da escatologia de Irineu por ordem dos acontecimentos:
1)Aparecimento
do Anticristo
- Surge
no fim da história como o “príncipe que há de vir” (Dn 9.27).
- Governa
por 3 anos e meio (Dn 7.25; Ap 13.5).
- Rompe
a aliança, cessa o sacrifício e instala a abominação da desolação (Dn 9.27; Mt
24.15).
- Persegue
duramente os santos (Ap 13.7).
2)Grande
Tribulação da Igreja
- A
Igreja não é retirada antes da tribulação, mas chamada a perseverar.
- Irineu
entendia o sofrimento como prova final dos fiéis (Ap 13; Dn 12.7).
3)Segunda
Vinda de Cristo
- Cristo
vem em glória, derrota o Anticristo (2Ts 2.8; Ap 19.20).
- Os
justos são arrebatados / ressuscitados para encontrar o Senhor (1Ts 4.16-17).
- Esse
encontro marca o início do reinado milenar.
4) Milênio
literal (1.000 anos)
- Cristo
reinará na terra, em Jerusalém restaurada (Ap 20.4-6).
- A
criação será renovada (Is 11; 65.17-25).
- Haverá
abundância e paz, cumprimento das promessas a Israel.
- Os
justos reinarão com Cristo.
5)Ressurreição
final e Juízo universal
- Após
os 1.000 anos, Satanás será solto e derrotado (Ap 20.7-10).
- Ocorre
a segunda ressurreição: ímpios ressuscitam para o juízo.
- Cristo
julga todos (Ap 20.11-15).
6) Eternidade:
Novo céu e nova terra
- Consumação
definitiva da criação (Ap 21–22).
- A
humanidade restaurada em Cristo habita com Deus para sempre.
Bem, sobre a escatologia dos dispensacionalistas/conservadores,
estamos postando os assuntos aqui à
medida que conseguimos elaborá-los. Mas quero concluir destacando alguns pontos
de aproximação dela com a de Irineu.
Irineu
não faz distinção entre Israel e a Igreja ao tratar o fim dos tempos, não
ensina sobre um arrebatamento secreto, mas defende uma leitura futurista de
Daniel e Apocalipse; entende ser a última semana de Daniel um acontecimento
ainda futuro, culminando na revelação do Anticristo; divide esse período em
duas metades de 3 anos e meio, conectando com Ap 11–13; afirma que o “príncipe
que há de vir” (Dn 9.26-27) é o Anticristo, que perseguirá os santos; e
acreditava num reino milenar terreno de Cristo após sua vinda.
Portanto, Irineu e o
dispensacionalismo compartilham elementos importantes: leitura futurista de
Daniel, expectativa de um Anticristo histórico e defesa de um milênio literal.
Contudo, separam-se no ponto crucial do arrebatamento da Igreja. Enquanto o
dispensacionalismo vê a Igreja retirada antes da tribulação, Irineu acreditava
que os cristãos enfrentariam o Anticristo, sendo arrebatados somente na segunda
vinda de Cristo. Assim, sua escatologia está mais próxima de um
pós-tribulacionismo milenarista do que da visão pré-tribulacionista moderna.
Veja o resumo do artigo no vídeo a seguir:
Notas / Referências bibliográficas:
[1] CyrusIngersonScofield (1843–1921): “... foi um influente ministro americano.
Sua Bíblia de Referência Scofield , repleta de anotações úteis sobre
o texto, foi publicada em 1909 e se tornou o padrão para uma geração de
cristãos fundamentalistas e popularizou a teologia dispensacionalista...”.
Veja mais aqui, aqui e também aqui.
[2] IRINEU... Contras
as Heresias, Livro V, Cap. 25 a 30.
[3] SCOFIELD, Dr. C.
I. Rota de Gênesis 1.28. In: A Bíblia Sagrada. São Paulo: Imprensa
Batista Regular do Brasil: 1987. Texto e abreviaturas das referências
adaptados.
[4] IRINEU de Lyon. ContraasHeresias: Livro 5, p. 83 e 84), Edição do Kindle.
O rei Ciro, ao qual nos referimos aqui, também
chamado de Ciro II e Ciro, oGrande, foi responsável pela
formação do Império Persa e a efetivação de uma política de expansão territorial,
consolidando um dos maiores impérios da Antiguidade. E também foi um
instrumento de Deus em favor de Israel, chamado inclusive por Deus de “meu
pastor” e meu “ungido”.
Ciro, o grande, com o seu cilindro [1]
1.Ciro e
o Império Persa
O planalto do
Irã, região montanhosa e desértica, situado à leste do Crescente Fértil [2], entre a Mesopotâmia e a
Índia, foi povoado pelos medos e pelos persas. A princípio, os persas eram
dominados pelos medos. Essa situação se inverteria por volta de 559 a.C., pois
nessa época, sob o comando de Ciro, os persas dominaram os medos e
passaram a controlar a região.
Com Ciro, os
persas se estenderam por um largo território e
conquistaram vários reinos como Babilônia, Egito, Reinos da Lídia, Fenícia,
Síria, Palestina e regiões gregas da Ásia Menor. Ciro governou entre 559
e 530 a.C.
Ciro era
descendente de Teispes, neto de Ciro I e filho de certo Acaemênio Cambises.
Dentre suas virtudes destacamos o fato de que ele respeitava os costumes e
religiões dos povos conquistados e defendia os direitos humanos. Por conta
disto Ciro gozava de elevada reputação também entre os judeus.
Ciro era da DinastiaAquemênida e
depois dele, segue a lista de reis desta dinastia [3]: Cambises II (530-522 a.C.);
Esmérdis (522 a.C.); Dario I, o Grande (522-486 a.C.); Xerxes I (486-465 a.C.);
Artaxerxes I (465-424 a.C.) etc., até a conquista do Reino por Alexandre, o
Grande (336-323 a.C.). Para nosso propósito, no entanto, queremos destacar apenas
a pessoa de Ciro, o Grande, e como ele chegou à Babilônia, em 539 a.C., pondo
fim à hegemonia babilônica, como – teologicamente falando – um instrumento de
Deus para a realização de sua vontade naquele momento histórico, sobretudo em
favor de Israel.
2.Ciro e
a conquista de Babilônia
Em Isaías 44.28 se lê: “Que digo de Ciro: É
meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu
serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado”. Ligando os textos bíblicos
com a história, sabemos que aqui foi a primeira vez que Ciro é mencionado pelo
nome. E o nome Ciro foi profetizado por Isaías cerca de mais de 150 anos
antes de ele nascer, pois Isaías profetizou entre 740 e 701 a.C. e Ciro, o
persa, reinou entre 559 e 530 a.C.
Deus governa sobre toda a terra usando pessoas
como instrumentos para cumprirem seus propósitos. No texto de Isaías 44.24 até
45.25, o instrumento que Deus usou foi Ciro, chamando-o, inclusive de
“meu pastor” (44.28) e “ungido” (45.1). Com esse último título (ungido), por
exemplo, Ciro é, em determinado sentido, considerado o precursor gentio, ou
tipo do Messias: Jesus Cristo. W. Fitch [4] destaca que “... Flavo
Josefo (Antiguidades [5], 11:1,
seção 2) registra que mostraram a Ciro esta profecia quando ele entrou na Babilônia,
resolvendo logo o monarca dar-lhe cumprimento...”. Sabe-se que
Isaías faleceu provavelmente em 701 a.C., e em seu trabalho sobre o assunto
Gabriel Girotto Lauter afirma que “... isso faz com que muitos tenham
dificuldade em crer que se trata de uma profecia genuína, mas defendem que essa
porção do livro tenha sido escrita no período em que os fatos aconteceram...[6]”. Mas, como sabemos pelas
Escrituras, Deus anuncia o “fim” desde o “princípio” e “... desde a
antiguidade as coisas que ainda não sucederam...” (Is 46.10).
Considera-se que a expressão “Que diz a
profundeza: ‘seca-te’” (Is 44.27) seja um ardil de que Ciro se serviu para
conquistar Babilônia. Nabonido era o rei na época e foi o último governante da
Babilônia. “Por artes de engenharia, [Ciro] desviou as águas do
Eufrates do seu curso através da cidade, e fez com que os seus soldados
entrassem nela pelo leito seco do rio” (Fitch, Nota 4). Isto ocorreu em 539
a.C. Mas, segundo ainda Lauter, “... as tropas de Ciro sitiaram a cidade e
seu general entrou nela sem precisar lutar. O povo da Babilônia recebeu Ciro
como libertador e não como conquistador...” (Idem, Nota 6). Heródoto,
segundo Fitch, informa ainda que “... as portas de Babilônia eram em número
de cem. Todas elas se abrirão [abriram] de par em par, revelando
tesouros ocultos, escondidos nas caves e lugares secretos da cidade”[7].Bem, podemos
resumir o que diz a Bíblia acerca de Ciro, assim, conforme os cinco primeiros
versos do capítulo 45 de Isaías:
Deus escolheu Ciro como seu agente para cumprir sua divina vontade. E ai dos que se opusessem ao seu governo!
Deus o ungiria como rei, iria à sua frente e aplanaria as montanhas.
Deus arrebentaria portões de bronze e quebraria trancas de ferro.
Deus lhe daria tesouros escondidos e riquezas guardadas em lugares secretos.
Ciro cumpriria a vontade do Deus de Israel mesmo não conhecendo-O.
“Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão
direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos
reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão. Eu irei
adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de
bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro.Dar-te-ei os
tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o
Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome. Por amor de meu servo
Jacó, e de Israel, meu eleito, eu te chamei pelo teu nome, pus o teu sobrenome,
ainda que não me conhecesses. Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não
há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças...” (Is 45.1-5).
3.O
decreto de Ciro e o fim do cativeiro
Importante destacar que o Soberano Deus usa
reis e outras importantes personalidades como Lhe apraz, seja para castigar ou
abençoar o seu povo. Por exemplo, Deus usou também outro rei, este último,
porém, com caráter e postura muito diferentes de Ciro, há uns 70 anos antes,
por volta de 607 a.C., que foi Nabucodonosor, chamando-o “meu servo” (Jr 27.6),
para castigar seu povo, levando-o cativo para a Babilônia. “E toda esta
terra virá a ser um deserto e um espanto; e estas nações servirão ao rei de
babilônia setenta anos” (Jr 25.11), disse o Senhor. Mas “... no ano
primeiro de Dario [8], filho de Assuero, da
linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus”
(Dn 9.1), Daniel entendera pela leitura dos escritos de Jeremias (Dn 9.2), que
o cativeiro estava chegando ao fim. E se pôs a orar ao seu Deus. A resposta
vinda a ele pelo anjo Gabriel (Dn 9.21) fala da “... ordem para restaurar e
para edificar Jerusalém...” (v. 25) até do surgimento do “... príncipe,
que há de vir...” (v. 26), assunto do qual já falamos aqui.
Sabemos que a ordem de saída trata-se do edito
de Ciro, assinado em 538 a.C., que põe fim ao cativeiro babilônico. Isto
significa que Ciro tomou esta decisão um ano após ter conquistado o Império
Babilônico. Veja 2Cr 36.22,23; Ed 1.2; 5.13; 6.3. Ciro também devolveu os vasos
pertencentes ao templo (Ed 1.7) e proveu fundos para a obra de reabilitação de
Judá (Ed 3.7).
O texto do decreto de Ciro tal como foi
descrito em Esdras 1.1-4, “... poderia sugerir que Ciro cria em Jeová. No
entanto, sabemos pelas inscrições do próprio Ciro que ele também atribuiu as
suas vitórias ao deus babilônico Marduc. É provável que Ciro sentisse respeito
por vários deuses em geral e redigisse os seus decretos a todas as nações.
Provavelmente pediu a qualquer dirigente judaico (quem sabe se Daniel) para
redigir o decreto de forma que este fosse aceitável para os judeus”[9]. Ciro era benquisto por
todos os seus governados, mas não alguém que se convertera ao Deus dos judeus.
Mesmo assim, Deus o usou pois como Ele diz: “Eu fiz a terra, o homem, e os
animais que estão sobre a face da terra, com o meu grande poder, e com o meu
braço estendido, e a dou a quem é reto aos meus olhos” (Jr 27.5); “... o
Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer" (Dn
4.32). Aliás, a referência de Daniel 4.32, é uma continuação da explicação de
Daniel a respeito do sonho que Nabuconosor teve, que dizia respeito à queda da “grande
Babilônia”, assim considerada pelo rei. "A sentença sobre Nabucodonosor cumpriu-se imediatamente. Ele foi expulso do meio dos
homens e passou a comer capim como os bois. Seu corpo molhou-se com o orvalho
do céu, até que os seus cabelos e pelos cresceram como as penas de uma águia, e
as suas unhas como as garras de uma ave” (Dn 4.33). O Império Persa
também chegou ao fim, em 330 a.C. através do grande rei Alexandre da Macedônia.
Veja: “Agora, pois, vou dar-lhe a conhecer a verdade: Outros três reis
aparecerão na Pérsia, e depois virá um quarto rei, que será bem mais rico do
que todos os outros. Quando ele tiver conquistado o poder com sua riqueza,
instigará todos contra o reino da Grécia. Então surgirá um rei guerreiro, que
governará com grande poder e fará o que quiser” (Dn 11.2-3). O rei guerreiro
(poderoso) mencionado no verso 3 trata-se de Alexandre, o Grande. Mas o fim
deste também já estava previsto: “Depois que ele [Alexandre] surgir,
o seu império se desfará e será repartido para os quatro ventos do céu. Não
passará para os seus descendentes, e o império não será poderoso como antes,
pois será desarraigado e dado a outros” (v. 4). E assim, temos uma sucessão
de reinos e governantes até a volta do”... REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES”
(Ap 19.16).
4. Existem
“Ciros” nos dias atuais?
Como dissemos acima, Deus usou no passado e ainda
usa – no presente –, pessoas para exercerem determinadas tarefas segundo a sua
vontade no mundo, sejam elas pessoas honestas, religiosas ou não. Normalmente –
podemos afirmar – que Deus interfere na história quando determinados fatos têm
relação direta com Israel. Devemos lembrar que segundo a Bíblia, quem não é
judeu ou israelita é chamado de “gentio”[10] (ou estrangeiro), e embora
a graça de Deus abranja toda a humanidade [11], há uma aliança dEle específica
com seu povo: Israel. De modo que todos que aceitam crer e servir a
Deus, tornando-se parte da Igreja de Cristo, têm que ter em mente que o Deus em
quem eles creem como cristãos é antes de tudo o Deus de Israel. Portanto, o
Deus dos cristãos é o mesmo Deus dos judeus. Não é concebível ser cristão e
antissemita, por exemplo. A propósito, veja este meu artigo sobre o assunto: Semitismo, antissemitismo e xenofobia.
Seguindo este raciocínio, podemos dizer que
outros “Ciros” (figurativamente e talvez de menor importância) foram e estão
sendo usados hoje através da história, para o bem de Israel e de sua Igreja,
assim como outros “Nabucodonosores”, “Faraós” ou “Herodes”..., mas para o
castigo e/ou disciplina do seu povo. Interferência na história e negócios dos
homens é um dos meios como Deus como “Senhor da História”. A tolerância dos
pecados homens tem um tempo determinado por Deus. Assim, podemos dizer que Deus
interviu em alguns momentos da história modificando seu rumo e permitiu em
outros momentos as ações de governantes – inclusive tiranos – para um
julgamento posterior. Diversas passagens bíblicas como Ezequiel 38 e 39,
Zacarias 12 e 14, Apocalipse 14 etc., tratam do juízo de Deus no futuro, de
nações rebeldes e inimigas de Israel. Disse Deus: “Por meu intermédio os
reis governam, e as autoridades exercem a justiça; também por meu intermédio
governam os nobres, todos os juízes da terra” (Pv 8.15,16 – NVI).
Bem, sobre o holocausto, por exemplo, será
que Hitler foi usado ou teve permissão de Deus para praticar aqueles horrores
que ele fez aos judeus, matando cerca de seis milhões deles? Ele se gabava, por
exemplo, de ter sido escolhido por Deus para castigar os judeus. Aliás, veja aqui, qual foi também a posição cristã
católica (mais especificamente, do Papa Pio XII)e
protestante (principalmente de Dietrich Bonhoeffer) sobre as atitudes de Hitler
durante a segunda guerra mundial.
Em linhas gerais, como nos Estados Modernos não
há reis com poderes absolutos (ou não deveriam ter) e sim democráticos, que
dependem da escolha dos seus líderes pelos cidadãos de seus respectivos países,
entendo – como um cristão conservador – que para errarmos menos, devemos votar
em nossos representantes, seja do Poder Legislativo, mas principalmente do
Executivo, que, em linhas gerais, sejam pró-Israel; defensores da
cultura judaico-cristã – não se trata de defesa do etnocentrismo
ocidental ou do cristianismo apenas –, conservadores que reconhecem os
fundamentos do Cristianismo e da Bíblia como alicerce da civilização ocidental;
defensores de princípios como honestidade, família tradicional (pai,
mãe, filhos), liberdade de comércio, de imprensa e de crença (seja ela qual
for); que sejam defensores do Estado laico e não laicismo... Além disso, por
princípio, os conservadores são contrários ao Comunismo e defensores do Capitalismo.
Como já falamos aqui “o conservadorismo implica em
preservar valores, costumes e tradições da cultura judaico-cristã. Portanto, se
alguém é antissemitista, e anticristão, por exemplo, não pode ser considerado
um conservador, ao passo que na sociedade, alguém que mesmo não sendo ...
cristão, mas aceita os valores cristãos como moral, ética etc., conseguem
conviver muito bem com os conservadores...”.
Votando então à questão de que se existem
“Ciros” nos dias atuais, podemos afirmar que governantes que consideram os
princípios acima sine qua non em sua administração podem ser um Ciro
moderno. E acrescento que os que assim o fazem presenciam prosperidade
econômica e social em seus países, com as devidas proporções, obviamente,
porque na sociedade, aqueles que não aceitam tal postura lutam (e muito) contra
suas aplicações das medidas que defendem.
Um exemplo de líder político conservador que
até certo ponto, pode se assemelhar a um “Ciro” moderno é DonaldTrump
nos EUA. Uma matéria do PortalVox [12], publicada em março de
2018, trazia o título: A história bíblica que a direita cristã usa para defender
Trump. A história bíblica é exatamente a de Ciro, o persa. Segundo
a matéria, há até uma moeda mostrando Trump e Ciro lado a lado. O apelo e o
desejo da direita estadunidense de ver Trump presidente do seu país (agora,
novamente eleito), significa que esta (grande) parcela da sociedade
norte-americana goza dos mesmos princípios que Trump. Acho que estas pessoas
não esperam um Trump santo, mas um líder que defende os princípios descritos
acima: judaico-cristãos e base da civilização ocidental. Mas o que mais leva em
conta na comparação de Trump com Ciro é o fato de ambos defenderem Israel. A
maioria dos que apoiam e votam em Trump, portanto conservadores, é cristã. E
estes cristãos entendem que a bênção de Abraão está sobre os que apoiam os
filhos de Abraão: “E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que
te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn
12.3).
De 2016 para cá, passei a observar o perfil de
outro líder político brasileiro: JairBolsonaro. Na época, eu
ainda achava que PSDB, por exemplo, era partido de direita. Mas quando percebi
que Bolsonaro não era bem quisto nem pela extrema esquerda e nem pelos
psdbistas passei a questionar o porquê daquele deputado federa na época ser tão
perseguido. Mais adiante, em setembro de 2018, quando levou uma facada acabei
descobrindo que quem eu achava ser de direita, na verdade era apenas uma
oposição faz-de-conta da extrema-esquerda. Foi nesta época que conheci a
expressão de Olavo de Carvalho: “o teatro das tesouras”. A defesa da crença em
Deus, de apoio a Israel, da família tradicional etc., foram os temas que
mostram a grande diferença entre os verdadeiros conservadores e os demais. Jair
Bolsonaro está sempre cercado de apoiadores e conta com grande popularidade dos
conservadores, cristãos, em sua maioria. E mesmo inelegível (no momento, pelo
menos – dezembro de 2024) [13] e mesmo depois de tanta perseguição
que sofreu durante o seu governo (2019-2022), ainda mantém seu slogan: “Deus,
Pátria, Família e Liberdade”. Portanto, embora odiado pela esquerda ele é
recompensado pelo apreço da maioria dos cristãos por conta desta sua defesa dos
mesmos princípios conservadores, mas que – podemos afirmar – seus princípios servem
para todos. O país de Jair Bolsonaro é muito diferente do de Trump, e não teria
a mesma relevância. Quando o Presidente dos EUA fala ou toma alguma medida, esta
tem repercussão internacional. A mesma atitude de Jair Bolsonaro não teria o
mesmo efeito, mas seu país e parte do mundo seriam beneficiados como já foi
entre 2019 e 2022, em meio a um turbilhão de críticas de opositores, pandemia, justiça
trabalhando contra e assim por diante. Por que ele não foi reeleito em 2022?
Bem, este é assunto do qual não podemos falar hoje no Brasil. Outros líderes
conservadores, como Javier Milei, na Argentina, Nayib Bukele em El-Salvador, Giorgia
Meloni na Itália e outros seguem no mesmo caminho.
Concluindo, o governo de Ciro, o
persa, é visto como um governo ideal. Deus usou sua pessoa e outros como seus
instrumentos e também abençoa os que têm os princípios conservadores como
norteadores de suas administrações. Mas embora, mesmo sendo cidadãos que votamos
para escolher nossos representantes, não podemos nos esquecer de que Deus
governam as nações. E ao que espiritualmente observo, Deus está permitindo
nosso país passar pelo que está passando: Judiciário aliado a um Executivo de
extrema-esquerda, portanto contrário aos princípios conservadores. Diz a Palavra
de Deus: “Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há
autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele
estabelecidas” (Rm 13.1). “Por meu intermédio os reis
governam, e as autoridades exercem a justiça; também por meu intermédio
governam os nobres, todos os juízes da terra” (Pv 8.15,16). “Na verdade,
as nações são como a gota que sobra do balde; para ele [o Senhor] são
como o pó que resta na balança; para ele as ilhas não passam de um grão de
areia” (Is 40.15). Que as Nações atuais tenham ou não seus Ciros, o certo é
que:
“Já refulge a glória
eterna de Jesus, o Rei dos reis
[2] O CrescenteFértil
“... corresponde a uma região do Oriente Médio, com aproximadamente 500 mil
km2 de extensão. Está localizada entre a Jordânia, Líbano,
Síria, Egito, Israel, Palestina, Irã, Iraque e parte da Turquia. Abriga grandes
rios tal qual o Nilo, Tigre, Eufrates e Jordão. Todos eles tornaram a
agricultura o principal meio de subsistência das primeiras grandes civilizações
da antiguidade oriental... O ‘Crescente Fértil’ ou ‘Meia Lua Fértil’ recebe
esse nome uma vez que a região, se olhada no mapa, possui a forma de uma lua em
estágio crescente...”. In: <https://www.todamateria.com.br/crescente-fertil/>. Acesso em:
06/12/2024.
[4] FITCH, W. Isaías.
Apud: SHEDD, Russel P., Editor. O NovoComentáriodaBíblia,
Vol. I. São Paulo: Vida Nova, 1963 (1ª ed.)., pág. 724.
[5] FLÁVIO JOSEFO foi um
escritor e historiador judeu do século I d.C. Dentre suas obras está
Antiguidades Judaicas (AJ). As Antiguidades dos Judeus detalham a
história do povo judeu desde a narrativa da criação (Gênesis no Antigo
Testamento) a época da escrita de Josefo (Novo Testamento e depois).
[6] LAUTER. Gabriel
Girotto. Um estudo das profecias sobre Ciro presentes no livro do profeta Isaías.
Disponível em: <https://revista.batistapioneira.edu.br/index.php/ensaios/article/view/102/141>. Acesso em:
09/12/2024.
[7] In: FITCH, Nota 4, pág. 724.
[8]Dario I, o Grande
(522-486 a.C.), foi o quarto rei da Dinastia Aquemênida. Como o Decreto de
Ciro, dando oportunidade para os judeus voltarem para sua terra foi assinado em
538 a.C., entende-se que esta oração de Daniel ocorreu cerca de pelo menos uns
trinta anos depois. E muita gente ainda não tinha voltado para Israel nesta
época.
[9] WRIGHT, J. Stafford. Esdras.
Apud: SHEDD, Russel P., Editor. O Novo Comentário da Bíblia, Vol.
I. São Paulo: Vida Nova, 1963 (1ª ed.)., pág. 431.
[10] Os hebreus,
povo escolhido por Deus, através de Abraão, com o tempo teve seu Estado,
chamado ReinodeIsrael. Depois de Salomão, houve uma
divisão do reino em Israel, formado por dez tribos do Norte, e Judá,
formado por duas tribos do Sul. São as tribos do Sul que foram levadas por
Nabucodonosor para a Babilônia. Depois disto, o adjetivo judeu (de Judá) passou
também a ser sinônimo de hebreu e israelita. O profeta Daniel fala que depois
da 69ª semana (Dn 9.25-26 = 7 semanas + 62 semanas) o Messias (Jesus) seria
cortado (morto). Jesus veio para todos: judeus e não-judeus, estes chamados de
gentios. De judeus e gentios, Jesus, que “... de ambos os povos [judeus e
gentios] fez um...” (Ef 2.14) formou sua Igreja. Portanto, os povos bíblicos
são: judeus (povo escolhido), gentios (não-judeus) e igreja (judeus
e gentios que receberam Cristo como seu Senhor e Salvador). Veja também a nota
seguinte.
[11] Jesus “... veio
para o que era seu [Israel], e os seus [maioria dos israelitas] não
o receberam. Mas, a todos quantos o receberam [Igreja], deu-lhes o poder
de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (Jo 1.11-12).
[13] Enquanto escrevo isto
– 14 de dezembro de 2024 –, ouço a notícia da prisão do ex-Chefe do
Estado-Maior do Exército do Governo Bolsonaro (2019-2022). Por isso, acho que o
caminho para a prisão do líder maior dos conservadores brasileiros, Jair
Bolsonaro está aberto e a ditadura do Judiciário já está instalada no Brasil.
[14] Louvor "Vencendo
Vem Jesus", apresentado pelo local da Igreja Memorial Batista/Brasília.
In: <https://www.youtube.com/watch?v=uPn7eHATdS0>. Acesso em: 16/12/2024.