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21 julho 2022

Gulags: os campos de trabalho forçado na União Soviética

Por Tiago Cordeiro1

Aspecto do Gulag Perm-36 que hoje funciona como um museu 2


Criminosos, intelectuais, ‘“burgueses”, opositores. Não importava o delito, quem não seguia as regras do Partido Comunista era enviado para as regiões mais remotas da União Soviética e submetido a trabalhos forçados, castigos e torturas3.

Tudo começou em 1923, no campo especial das ilhas Solovestky, um arquipélago localizado no Mar Branco, a apenas 160 quilômetros do Círculo Ártico. A temperatura mais baixa registrada no local foi 36,5 graus Celsius negativos.

Conhecido por abrigar um complexo de mosteiros construído no século 15 pela igreja ortodoxa cristã, o local podia ser facilmente adaptado para se tornar um campo de prisioneiros, destino daqueles que se opusessem ao regime bolchevique que havia tomado o poder na Rússia. Além de isolado, ele tinha estruturas prontas, num contexto no qual as propriedades da igreja não pertenciam mais às congregações.

O local entrou para a história como o primeiro gulag. A expressão ficou conhecida no Ocidente a partir do momento em que a imprensa passou a se referir à sigla que, em russo, significa “Diretoria Central dos Campos”, ou Glavnoe Upravlenie Ispravitelno-trudovykh Lagerej. Entre os moradores da União Soviética, esses locais eram chamados apenas de “campos”.

Até que os últimos campos fossem fechados, em 1961, passaram pelos gulags 18 milhões de pessoas, com uma estimativa conservadora indicando que 1,7 milhão delas morreram. Os primeiros assassinatos aconteceram ainda no campo de Solovestky.

Foram mandados ao local religiosos, comerciantes, fazendeiros, adversários derrotados na guerra civil que havia assolado o país, além de seguidores de linhas políticas agora proibidas, como o anarquismo. Entre os prisioneiros estavam também artistas, como o escritor Konstantine Gamsakhurdia, o pintor Osip Braz e o poeta A. K. Gorsky.

A criação do campo de trabalhos forçados provocou a reação negativa de outros países, à qual o regime respondeu enviando o escritor e ativista Máximo Gorki, que escreveu um ensaio alegando que as condições não eram ruins. Não era verdade.

O local começou abrigando três mil pessoas e, antes de ser desativado, em 1939, chegou a conter 50 mil detentos que trabalhavam na construção de um canal na região. Eles dormiam no chão, ou em beliches sem colchões, e utilizavam banheiros externos, em latrinas cavadas na terra. A alimentação, insuficiente, era baseada em porções de pão, macarrão e batata. Os mais fortes e saudáveis recebiam mais comida, para continuar trabalhando mais.

As fugas eram frequentes — muitos presos se arriscavam em embarcações improvisadas, em busca de outras ilhas próximas, e dali para a Finlândia. Ao decidir fechar o local, o governo soviético determinou que 1.116 presos fossem executados a tiros — a maioria baleada na nuca, diante das próprias covas — e outras centenas de embarcações com presos fossem afundadas de propósito.

Uma detenta, a engenheira Yelizaveta Katz, estava grávida de oito meses quando o grupo do qual ela fazia parte foi escolhido para morrer, em fevereiro de 1938. Os guardas permitiram que ela tivesse o bebê. Três meses depois, a mataram. Ela tinha 28 anos. Em 1992, depois que a União Soviética se desfez, Solovestky foi devolvido à igreja ortodoxa, que reativou o monastério.

A primeira experiência com um gulag ensinou o regime soviético a repensar a estratégia utilizada para escolher os locais. O governo passou a optar por áreas isoladas e inóspitas, distantes das fronteiras, de forma a desestimular as fugas. Presos idosos ou doentes foram expulsos e largados para morrer fora dos campos de prisioneiros.

Ainda assim, alguns detentos sobreviviam a décadas de regimes de trabalho de 16 horas diárias e espancamentos frequentes. Leonid Petrovich Bolotov, por exemplo, resistiu por 20 anos. Preso com uma leva de 86 engenheiros detidos em Leningrado por se comportarem como “inimigos do povo”, ele foi enviado a Kolimá, região do extremo leste, rica em ouro e onde ficavam alguns dos campos mais conhecidos e temidos. Acabou sendo libertado e contou sua história em um livro autobiográfico.

Por outro lado, muitas práticas surgidas em Solovestky foram aplicadas aos demais locais. Por exemplo: as pessoas detidas por pensar ou se comportar de forma diferente da preconizada pelo regime eram consideradas mais perigosas. “Paradoxalmente, os criminosos enviados para o campo eram considerados ‘socialmente amigáveis’, já que não questionavam o governo comunista”, escreve o historiador Martyn Whittock no livro “The Secret History of Soviet Russia’s Police State: Cruelty, Co-operation and Compromise, 1917–91 (A história secreta do Estado policial da Rússia Soviética: crueldade, cooperação e queda)”, inédito no Brasil.

“Por isso, os criminosos comuns passaram a ser utilizados pelos guardas para ajudar a manter os presos políticos na linha, uma prática que se espalhou pelos outros campos e acrescentou uma camada de brutalidade e horror para a experiência da maioria dos detentos”.

Utilizar estruturas prontas, como mosteiros, também se tornou uma prática comum, já que economizava custos para construir os alojamentos. O principal objetivo também foi mantido: os presos eram obrigados a trabalhar, seja em fábricas construídas próximas aos gulags, seja na mineração.

Na década de 1940, o trabalho forçado respondia por 46,5% do total da extração de níquel, 76% do cobre e 60% do ouro do país, segundo uma pesquisa da historiadora Galina Mikhailovna Ivanova publicada no livro “Labor Camp Socialism: The Gulag in the Soviet Totalitarian System [Campo de trabalho socialista: o Gulag no sistema totalitário soviético]”, também sem edição no Brasil.

Grandes obras de infraestrutura foram construídas com base nessa categoria de trabalho escravo — caso da ferrovia BaikalAmur, que tem 4 mil quilômetros e liga a Sibéria até o extremo leste da Rússia. Em 1933, uma dessas obras terminou em tragédia: 6.700 prisioneiros morreram durante as obras para construir um gulag na ilha de Nazino, na Sibéria.

Sem materiais suficientes nem alimentação ou abrigo adequado, os detentos eram baleados pelos guardas diante de qualquer questionamento ou reação. Quem não morreu baleado foi vítima de doenças ou inanição — nas últimas semanas antes de a experiência ser abandonada, foram registrados casos de canibalismo. Apenas 2.200 sobreviveram.

O critério para que uma pessoa fosse presa e encaminhada para um gulag foi bastante ampliado durante o regime de Josef Stalin, especialmente entre metade dos anos 30 e o período da Segunda Guerra — entre 1942 e 1943, a taxa de mortalidade nos campos de prisioneiros alcançou 20%. Nessa época, contar uma piada sobre Stalin era o suficiente para acabar na cadeia.

Estima-se que foram construídos ao todo 30 mil campos, sendo que a população de cada um variava muito — alguns tinham 5 mil presos, enquanto que o gulag Vorkuta chegou a manter 73 mil prisioneiros no auge de suas atividades, em 1961.

Cerca de 20 milhões de pessoas passaram por eles, até que os campos foram gradativamente desativados depois da morte de Josef Stalin, em 1956. Mas pessoas continuaram a ser presas por motivações políticas até o fim da União Soviética, em 1991.

O último campo, conhecido como Perm36, operou até dezembro de 1987 – e permanece como o único antigo gulag ainda existente, após a destruição dos demais pelos governos soviéticos. Próximo aos montes Urais, o Perm36 foi convertido em um museu, mas cortes no orçamento do governo russo vêm ameaçando seu funcionamento nos últimos anos.

Notas:

  • 1 "Tiago Cordeiro é jornalista pós-graduado em Literatura Brasileira. Nascido em Curitiba, foi repórter das revistas Época e Veja, e editor da Aventuras na História. É autor de ‘A Grande Aventuras dos Jesuítas no Brasi’ e ‘Os Primeiros Brasileiros’. Foi indicado ao Prêmio Esso de Criação Gráfica e ganhou medalha de prata no Prêmio Malofiej. Colabora com a Gazeta do Povo desde 2016”. In: <https://www.gazetadopovo.com.br/autor/tiago-cordeiro/>. Acesso em: 06/05/2022.

  • 3Texto copiado na íntegra e extraído de: As atrocidades do comunismo que você não apendeu na escola. Capítulo 1. Ebook publicado por Gazeta do Povo, pp. 07 a 13.


19 julho 2022

Teorias sobre a origem do Homem (2): Criacionismo

"A Criação de Adão", obra de Michelangelo1

Como já vimos, a História, como ciência, estuda o passado das diferentes sociedades humanas... com base num estudo criterioso, investigativo e sistemático sobre a humanidade através dos tempos. E, para melhor identificar os fatos, historiadores costumam dividir o passado da humanidade em fases ou eras como Pré-história, Idade Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. As teorias sobre a origem do homem, por exemplo, são estudadas na primeira fase: pré-história.
Duas teorias sobre a origem do homem são: evolucionismo e criacionismo. Já vimos sobre a primeira - o Evolucionismo – e neste post, veremos algumas considerações sobre o Criacionismo.
Obviamente, o que chamamos de "teoria" (no título do artigo) pode ter um significado maior do que simplesmente um "conhecimento especulativo, metódico e organizado de caráter hipotético e sintético". Entendemos que o Criacionismo pode receber o status de teoria científica, assim como já o fazem com o Evolucionismo na maioria ou (quase) todas as instituições de ensino do mundo. Ou seja, entendemos que embora o assunto seja polêmico, ele pode ser recebido como sendo parte das contribuições da ciência para o estudo da origem do homem.
Mas sabemos que o conceito de um conjunto de conhecimento reconhecido com o status de ciência pode mudar com o tempo. Por exemplo, até o século XVI o Geocentrismo – que afirmava ser a Terra o centro do Universo – era tido como ciência, e que foi deixada de lado a partir de Nicolau Copérnico, o qual sistematizou uma teoria – que ficou chamada de Heliocentrismo – que contrapunha àquele modelo, afirmando que "... a Terra e os demais planetas se moviam ao redor de um ponto vizinho ao Sol, sendo, este, o verdadeiro centro do Sistema Solar2". O Criacionismo também, até meados do século XIX3, era aceito quase que de forma universal no mundo alcançado pelo Cristianismo. Por causa da influência da teologia, considerada a "rainha" das ciências, os cristãos eram criacionistas e jamais ousavam por em dúvida as Escrituras. Foi a partir de Charles Darwin que o Evolucionismo foi pouco a pouco substituindo o Criacionismo de modo que hoje ele é apresentado em escolas e universidades não como uma hipótese, mas sim como um fato “cientificamente” comprovado, impenetrável a qualquer outra forma de pensamento, enquanto cristãos procuravam ficar com o Criacionismo apenas justificando suas bases religiosas e dogmáticas.
Mas muitos estudiosos hoje procuram entender o Criacionismo não apenas pelo lado religioso e dogmático mas também científico. “Tais homens de ciência afirmam não estar longe o dia em que a evolução será ensinada nas escolas, não como um fato, mas como a grande falácia dos séculos XIX e XX” 4. Na verdade, embora o Criacionismo, em linhas gerais, segue o modelo da criação, baseado nas Escrituras, em que “… todos os sistemas básicos da natureza foram trazidos à existência completos, prontos para pleno desempenho de suas funções”5 e que os seres vivos vieram à existência através de atos distintos de criação – “conforme sua especie” –, seguindo a ciência observacional, os criacionistas entendem que há vários processos da natureza que podem provocar mutações capazes de introduzir novidades genéticas em uma dada espécie, embora não ao ponto desta ou daquela espécie mudarem sua criação ou aspecto original. Também não creem que a vida possa ter se originado a partir da matéria sem vida, de um modo inteiramente ao sabor do acaso. Pelo contrário, há um Criador que do NADA fez todas as coisas e que “… findo o período de criação, cessaram os processos criativos, substituídos por processos de conservação, com o fim de preservar tudo que havia sido feito. Nesse contexto, tudo teria sido criado perfeito. Do infinitesimal protozoário aos grandes mamíferos; do minúsculo átomo às gigantescas galáxias, o universo foi criado em perfeita ordem e todos os seres vivos, inclusive o homem, estavam presentes desde o início”6.
As modificações que existem na criação, segundo os criacionistas, são processos normais e naturais e esses processos ocorrem de forma providencial, mas não implicam num processo de criação em si. “Podemos dizer que o mundo é o mesmo desde que foi criado, no sentido de que nada mais está se criando, mas não no sentido de fixismo. Isso significa que as espécies se adaptam para sobreviverem em seus ecossistemas, e as atividades sísmicas alteram aspectos geológicos. O importante é compreender que essa verdade é muito diferente de uma teoria de macro-evolução”7.
A terra e a criação são muito antigos como afirmam os evolucionistas? Algumas correntes criacionistas defendem que a Terra não é tão antiga assim. Uma destas correntes é o chamado Criacionismo da Terra-Jovem (CTJ), cujos princípios de interpretação se baseiam principalmente nos escritos de Henry Morris8, que defendem evidências científicas relacionadas à ‘Creation science’ que significa as evidências científicas como9:
- Repentina criação do universo, energia e vida, a partir do nada.
- A insuficiência da mutação e da seleção natural em suscitar o desenvolvimento de todas as formas de vida a partir de um único organismo.
- Mudanças apenas em limites fixos nos tipos originalmente criados de plantas e animais.
- Ancestralidade separada de humanos e primatas.
- Explicação da geologia da Terra por catastrofismo, incluindo a ocorrência de um dilúvio global.
- Uma origem relativamente recente da Terra e dos seres vivos.
Há outras correntes criacionistas, como por exemplo a da Terra-Antiga e a da teoria da Lacuna. Esta última, também chamada de “criacionismo de ruína-restauração”, se aproxima da teoria evolucionista de que a Terra é muito antiga (mas apenas neste aspecto), uma vez que “… esta posição apoia-se numa leitura alternativa dos primeiros versos da Bíblia, admitindo que há uma lacuna de tempo (Gap) indeterminado entre os versos 1 e 2 de Gênesis 1. O verbo hebraico normalmente traduzido como era em ‘E a terra era sem forma e vazia’ pode ser traduzido como ‘tornou-se’, o que resultaria no seguinte: Gn 1:1 – No princípio criou Deus os céus e a terra. Lacuna (GAP) – possíveis milhões de anos Gn 1:2 - E a terra se tornou sem forma e vazia10...”. Ou seja, houve uma recriação da Terra (tempo recente e em seis dias da criação) para consertar o caos em que ela se tornou (tempo antigo).
Bem, entendemos que o criacionismo é compatível com a abordagem científica referente a qualquer assunto. E também que a verdadeira ciência não entra em choque com a Bíblia, base de sua interpretação. Se não houver consenso em dado resultado de algum objeto estudado é porque a falha não está na Bíblia mas sim na sua interpretação. “Há fatos científicos estabelecidos que são consistentes com o criacionismo, e a forma pela qual esses fatos se relacionam entre si combinam com a interpretação criacionista. Da mesma forma que ideias científicas gerais são usadas para dar coerência a uma série de fatos, assim também ocorre com o criacionismo”11.
O evolucionismo defende os processos naturais de desenvolvimento das espécies, enquanto o criacionismo é definido como a crença de que o universo e organismos vivos se originaram de atos específicos da criação divina. Mas o naturalismo, assim como o criacionismo, requer uma série de pressuposições que não são geradas por experimentos. E assim, tanto o naturalismo como o criacionismo são fortemente influenciados por pressuposições que não podem ser testadas ou provadas, as quais entram nas discussões antes de quaisquer fatos: uma teoria, que pode se tornar científica. Seguindo então a lógica da teoria – conhecimento especulativo, metódico e organizado de caráter hipotético e sintético –, é justo dizer que o criacionismo é tão cientifico quanto o naturalismo e tão compatível com o método científico de descobrimento. Esses dois conceitos não são, no entanto, ciências em si mesmos, pois ambas as opiniões incluem aspectos que não são considerados “científicos” no seu sentido normal, mas teorias. Portanto, nem o criacionismo nem o naturalismo podem ser rejeitados ou negados; quer dizer, não há qualquer experimento que possa conclusivamente refutar um ou o outro. “Apenas tomando esses dois pontos como base – naturalismo x criacionismo – podemos ver que não há nenhuma razão lógica pela qual devemos considerar um como sendo mais científico que o outro (idem, Nota 11). Mais uma observação entre naturalismo e criacionismo é que o primeiro rejeita as crenças em milagres descritas na Bíblia. Nesse caso, “… o criacionismo, na verdade, como teoria propriamente dita, é melhor do que o naturalismo, pois ela possui evidências de declarações de milagres, já que as Escrituras nos fornecem narrativas documentadas de acontecimentos milagrosos. A caracterização do criacionismo como um conceito não científico por causa de milagres exige uma caracterização semelhante para o naturalismo” (Idem, Nota 11). Especificamente no que diz respeito ao debate entre a evolução e a criação, o próprio Charles Darwin defendeu esse argumento.
A base para a afirmação do resultado científico precisa ser a verdade. E “nem todos os cientistas concordam sobre qual é a verdade, mas quase todos concordam que um ou o outro tem que ser verdade” (Idem, Nota 11). E no caminho para além da teoria o criacionismo segue uma abordagem racional e científica à aprendizagem, como os conceitos de probabilidade realística, falta de evidência que sustente a macroevolução, a evidência da experiência etc. A suposta “crença” na criação não é uma barreira ao descobrimento científico, haja vista as grandes realizações de homens como Newton, Pasteur, Mendel, Pascal, Kelvin, Linnaeus e Maxwell, todos declaradamente criacionistas. Criacionismo não é uma “ciência”, assim como naturalismo não é uma “ciência”. Criacionismo é, no entanto, completamente compatível com a ciência propriamente dita.
A Bíblia faz referência a um dilúvio universal e depois disto, todos os homens no mundo de hoje, segundo Gênesis 9.1,19, descendem dos três filhos de Noé. Ou seja, todos os continentes foram, no decorrer dos tempos, ocupados pelos descendentes dos filhos de Noé: Sem, Cam e Jafet.
Mais sobre este assunto, sugiro os textos abaixo:

Veja ainda o vídeo a seguir:


Notas:

  • 1 Nesta obra, o pintor italiano Michelangelo executou a criação do afresco “A criação de Adão”, que retrata o exato momento em que Deus estabeleceu a criação do homem. In: <O Deus de Michelangelo>. Acesso em: 19/07/2022.
  • 5 Idem (Nota 3).
  • 6 Idem (Nota 3).

  • 8 Henry Madison Morris, “… criacionista da Terra Jovem, apologético cristão e engenheiro estadunidense. Foi um dos fundadores da Creation Research Society e do Institute for Creation Research, sendo considerado por muitos como ‘o pai da moderna ciência da criação’. In: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Madison_Morris>. Acesso em: 12/07/2022.
  • 10 GARROS, Tiago Valentim (Veja Nota 8. Pág. 27.

17 junho 2022

Teorias sobre a origem do Homem (1): Evolucionismo

No post Introdução à História, vimos que esta ciência (História) estuda o passado das diferentes sociedades humanas... com base num estudo criterioso, investigativo e sistemático sobre a humanidade através dos tempos, em quatro aspectos principais, isto é: política, economia, sociedade e cultura. Só o homem é capaz de fazer e viver estas coisas mencionadas. Mas todos estes aspectos devem seguir uma linha de estudo chamado "ciência humana" ou "ciência social". E o estudo sobre a origem do homem também deve seguir a regra: estudo criterioso, investigativo e sistemático.

O que chamamos de "teorias" (no título do artigo) pode ter um significado maior do que simplesmente um "conhecimento especulativo, metódico e organizado de caráter hipotético e sintético", por exemplo, mas pode receber o complemento de ciência, com as regras acima, isto é, mas pode, ademais, dizer que a teoria sobre o Criacionismo, por exemplo, pode receber o nome "teoria científica", assim como o Evolucionismo que já é visto assim na maioria ou (quase) todas as instituições de ensino do mundo.

Vejamos então, o que o conhecimento e as informações sobre cada uma destas teorias podem contribuir para o debate sobre a origem do homem. Vamos porém, dividir estes assuntos assuntos em duas partes: o Evolucionismo (neste post) e o Criacionismo em outro post.

Sobre a Teoria da Evolução fico com o resumo feito por Rainer Sousa e Mariana Araguaia abaixo:

O ser humano não ‘veio’ do macaco!

“A Teoria da Criação é fruto de um conjunto de pesquisas, ainda em desenvolvimento, iniciadas pelo legado deixado pelo cientista inglês Charles Robert Darwin e pelo naturalista britânico Alfred Russel Wallace.

Em suas pesquisas, ocorridas no século XIX, Darwin procurou estabelecer um estudo comparativo entre espécies aparentadas que viviam em diferentes regiões. Além disso, ele percebeu a existência de semelhanças entre os animais vivos e em extinção. A partir daí, concluiu que as características biológicas dos seres vivos passam por um processo dinâmico em que fatores de ordem natural seriam responsáveis por modificar os organismos vivos. Ao mesmo tempo, ele levantou a ideia de que os organismos vivos estão em constante concorrência e, a partir dela, somente os seres melhores preparados às condições ambientais impostas poderiam sobreviver.

Por perceber que se tratava de descobertas polêmicas, e que contrariavam ideias consideradas absolutas, como a de que as espécies eram imutáveis, Darwin teve receio em divulgá-las. Wallace, que admirava de longe o prestígio do famoso naturalista, enviou a ele alguns de seus escritos acerca de ideias que estava desenvolvendo. Surpreendentemente, ambos estavam estudando o mesmo fenômeno - constatação esta que encorajou Darwin a abrir mão de seu segredo e publicar, juntamente com Wallace, suas descobertas, em 1858.

Contando com tais premissas, esta teoria afirma que o homem e o macaco possuem uma mesma ascendência, a partir da qual estas e outras espécies se desenvolveram ao longo do tempo. Contudo, isso não quer dizer, conforme muitos afirmam, que Darwin supôs que o homem é um descendente do macaco. Em sua obra, A Origem das Espécies, ele sugere que o homem e o macaco, em razão de suas semelhanças biológicas, teriam um mesmo ascendente em comum.

A partir destas afirmações e dispondo de outras áreas da ciência, como a Genética e a Biologia Molecular, vários membros da comunidade científica, ao longo dos anos, se lançaram ao desafio de compreender o processo de variação e adaptação de populações ao longo do tempo, e o surgimento de novas espécies a partir de outra preexistente.

Quanto a uma das espécies estudadas, Homo sapiens sapiens, surgida há aproximadamente 120 mil anos, sabe-se que esta tem parentesco com os antigos hominídeos. Este grupo, que surgiu há mais de quatro milhões de anos, contempla, além de nós, o Homo habilis (2,4 – 1,5 milhões de anos) o Homo erectus (1,8 – 300 mil anos), o Homo sapiens neanderthalensis, com cerca de 230 a 30 mil anos de existência, e vários outros. Uma constatação interessante é a de que hominídeos de espécies diferentes já coexistiram em um mesmo período.

No dia a dia, costumamos nos referir à expressão "teoria" como sendo algo superficial, simplório, uma especulação. Entretanto, nas investigações científicas, o termo se refere a uma hipótese confirmada por inúmeras experimentações, com alto grau de precisão, durante muito tempo. Assim, estas são dignas de bastante credibilidade. A Teoria da Evolução, assim como a Teoria da Gravitação Universal, são alguns exemplos".

Observe que SOUSA & ARAGUAIA afirmam que o Evolucionismo, que é tido como “teoria” tem grande aceitação e credibilidade por apresentar alto grau de precisão. As divisões da Pré-história bem como suas características, por exemplo, seguem esta teoria, embora, como vemos no pequeno vídeo abaixo, alguns aspectos da evolução (micro-evolução ou adaptação das espécies) são possíveis.

Veja também:

Na sequência deste assunto veremos (em outro post) o que é o Criacionismo, como já mencionamos acima.

Veja ainda a resposta de Augusto Nicodemus sobre se “o cristão pode aceitar a teoria da evolução”.


Nota / Referência:

  • SOUSA, Rainer Gonçalves e ARAGUAIA, Mariana. Teoria da Evolução. Brasil Escola (Imagem e texto ). Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/evolucionismo.htm>. Acesso em 13/06/2022.



Pré-história: conceito, divisões e características

Pré-história1

No post Introdução à História, vimos que os historiadores costumam dividir o tempo histórico (vivido pela humanidade) em fases ou idades como Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Mas porquê o prefixo pré antes de uma destas fases? O entendimento que se tinham no passado é que a escrita surgiu por volta de 4000 a.C. (por exemplo, na Mesopotâmia e Egito) e que sem ela não era possível desenvolver um estudo histórico investigativo e sistemático, e por isso, não poderia dar um status de "ciência" à esta disciplina. Desta forma, toda a trajetória da humanidade anterior a este fato ficou conhecida como Pré-história.

Mas hoje sabe-se que é possível chegar a uma compreensão bastante ampla sobre a realidade da sociedade pré-histórica mesmo sem análise de registros escritos. As contribuições para o estudo desta fase vêm de ciências como a Arqueologia, Paleontologia, Geologia, Biologia etc.

Resumindo, portanto, este conceito, podemos afirmar que a Pré-história abrange a fase da história da humanidade entre a origem do homem (?) até por volta de 4000 a.C. e pode ser dividida em três períodos: Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. Salientamos, no entanto, que estas divisões e suas caraterísticas seguem a teoria da evolução. Os criacionistas, embora entendam que sempre houve e há uma evolução cultural - cultura material e imaterial – não aceitam que a humanidade tenha uma idade tão grande e nem a evolução biológica como propõem os evolucionistas.

Por exemplo, a teoria evolucionista – de Charles Darwin – afirma que a Terra surgiu por volta de 4 bilhões de anos atrás, como resultado de uma grande explosão cósmica, que ficou conhecida como Big Bang1. Esta, por sua vez, teria ocorrido por volta de 14 bilhões de anos atras. E há 3,5 bilhões de anos desenvolveram-se em nosso planeta, condições para o surgimento das primeiras formas de vida. Nossos primeiros ancestrais conhecidos surgiram há 4,2 milhões de anos, como resultado de uma evolução biológica de um tronco antigo de primatas: Os Australopithecus2 e O Homo sapiens3.

1. Paleolítico (pedra lascada): características4:

Paleolítico é o período mais extenso da Pré-História da humanidade, compreendido entre seu surgimento, por volta de 4,4 milhões de anos, até 8000 a.C.

Nessa época os homens viviam em bandos e ajudavam uns aos outros na obtenção de alimentos, através da caça, da pesca e da coleta de frutos, raízes e ovos, o que os obrigava a uma vida nômade.

A baixa temperatura leva os grupos de hominídeos a se abrigar em cavernas e a construir habitações com galhos de árvores e a compartilhar o uso dos rios, das florestas e dos lagos.

Os instrumentos utilizados, a princípio eram de osso e madeira, depois, lascas de pedra e marfim. Fabricavam machados, facas e outros instrumentos pontiagudos.

Uma descoberta importante nesse período foi o domínio do fogo. Estima-se que o fogo passou a ser controlado pela humanidade há 500 mil anos, na África oriental. Com seu controle, os grupos passaram a se aquecer do frio, a cozinhar alimentos, defender-se dos animais ferozes, iluminar a noite etc.

Por volta de 30000 a.C., o Homo sapiens aperfeiçoou a técnica da caça e da pesca, inventou o arco e a flecha e criou a arte da pintura.

Em torno de 18000 a.C. a Terra passou por transformações climáticas e geológicas.

Essas transformações, que duraram milhares de anos, mudaram significativamente a vida animal e vegetal do planeta e alteraram a relação entre homem e natureza. O homem entrou num período denominado Neolítico...


2. Neolítico (pedra polida): características5:

No período Neolítico, novas modificações climáticas alteraram a vegetação. Aumentaram as dificuldades para caçar e se instalaram nas margens dos rios, o que contribuiu para o desenvolvimento da agricultura, com o plantio de trigo, cevada e aveia. Aprenderam a domesticar alguns animais e a criar gado. Surgiram os primeiros aglomerados populacionais, com finalidade principalmente defensiva.

Seus objetos tornaram-se mais bem acabados, pois a pedra, depois de lascada, era esfregada no chão ou na areia até tornar-se polida.

Desenvolveram a arte da cerâmica, fabricando grandes potes para guardar o excedente da produção agrícola.

Desenvolveram as técnicas de fiação e tecelagem para a confecção de tecidos de lã e linho, em substituição aos trajes confeccionados com peles de animais.

Apareceram os primeiros trabalhos em metais pouco duros, como o cobre e o ouro. Começaram as viagens por terra e por mar.

A organização social, denominada comunidade primitiva, baseava-se nos laços de sangue, idioma e costumes.

A fase final do Neolítico caracterizou-se pela desintegração do sistema de comunidade primitiva e pela origem das sociedades organizadas em Estados e divididas em diferentes camadas sociais.


3. Idade dos Metais6:

O desenvolvimento de técnicas de fundição de metais possibilitou o abandono progressivo dos instrumentos de pedra.

O primeiro metal a ser fundido foi o cobre, posteriormente o estanho. Da fusão desses dois metais, surgiu o bronze, mais duro e resistente, com o qual fabricavam espadas, lanças etc. Por volta de 3000 a.C. produzia-se bronze no Egito e na Mesopotâmia.

A metalúrgica do ferro é posterior. Tem início por volta de 1500 a.C., na Ásia Menor. Por ser um minério mais difícil de ser trabalhado difundiu-se lentamente.

Em razão da sua superioridade para a fabricação de armamentos, o ferro contribuiu para a supremacia dos povos que souberam utilizá-lo com essa finalidade.

Mais sugestões7 sobre a arte desse período:

Veja também:

Veja ainda o vídeo a seguir:



Referência bibliográfica:

BEZERRA, Juliana. Toda Matéria: Pré-História (Resumo). Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/pre-historia-resumo/>. Acesso em: 15/06/2022.


Notas:

  • 1 Imagem disponível em: <https://profdanihistoria.com.br/periodos-da-pre-historia/>. Acesso em: 17/06/2022.
  • Veja, por exemplo, “Do início de tudo com o Big Bang até os dias atuais”. Disponível em: <https://www.ufjf.br/fisicaecidadania/conteudo/big-bang/#:~:text=O%20Big%20Bang%20%C3%A9%20uma,pequeno%2C%20quente%20e%20extremamente%20denso>. Acesso em: 15/06/2022.
  • 3 Os australopitecos formavam um grande grupo de animais parecidos com os chimpanzés. Mas, ao contrário deles, já não andavam sobre quatro patas. Eram meio humanos, embora apresentassem um cérebro pequeno demais. Também tinham os dentes e o maxilar diferentes, bem maiores e mais pesados que os humanos. Já se conhecem oito espécies de australopitecus, que viveram entre 4 milhões e 1,5 milhão de anos atrás…”: In: <https://www.infoescola.com/historia/australopitecus/>. Acesso em: 15/06/2022.
  • 4 "… os primeiros Homo sapiens surgiram há mais de 300.000 anos. Esses arquétipos (padrões) eram caçadores hábeis, cozinhavam carne, usavam roupas de pele de animais e construíam lanças e cabanas…". In: <https://brasilescola.uol.com.br/biologia/a-nossa-especie-homo-sapiens.htm>. Acesso em: 15/06/2022.
  • 5 Sobre as características dos períodos pré-históricos tomei por base o que a professora Juliana BEZERRA resumiu. Texto copiado quase na íntegra e grifos no original. Veja Referência bibliográfica.
  • Idem (Nota 4).
  • 7 Idem (Nota 4).
  • 8 Sugestões da professora Juliana Bezerra. Op. Cit.

01 junho 2022

O Cristianismo no Império Romano: de sua origem ao Edito de Milão (Resumo)

O Cristianismo, estudado no contexto da história de Roma, é um dos elementos importantes de sua cultura e que representa um dos maiores legados para a humanidade.

Jesus, o “Cordeiro que tira o pecado do mundo” e
morreu na cruz como malfeitor. [1]


O Cristianismo foi fundado por Jesus de Nazaré, que ficou conhecido como Jesus Cristo, nascido na Palestina, uma das províncias romanas, e durante o governo de Otávio Augusto.

Origem

Na Palestina, os judeus viviam a expectativa da chegada – à terra – de um Messias ou Cristo, que os salvaria, principalmente, do jugo romano. Esta salvação, porém, enquanto para muitos judeus, estava restrita ao aspecto puramente material, para outros, porém, significava a redenção dos seus pecados (desobediência do homem a Deus) e promessa de uma vida eterna com Deus.

Nascido de uma família pobre e filho “adotivo” de José, o Carpinteiro, Jesus é batizado por João Batista – que segundo as Escrituras Judaicas viera preparar o povo para sua chegada –, com quase trinta anos, quando então inicia seu ministério.
Logo no início de sua missão, Jesus escolhe alguns homens para serem seus seguidores ou discípulos. Depois, ele consagra doze destes discípulos, que se tornam apóstolos, os quais lhe acompanham até sua crucificação, morte e ressurreição, exceto um deles, Judas Iscariotes, que o traiu e se suicidou antes.

“A morte por crucificação foi inventada pelos persas entre 539 e 533 a.C. Os romanos, porém, a popularizaram. Ela era utilizada para punir escravos rebeldes, criminosos violentos e subversivos políticos... As pessoas crucificadas não eram enterradas. Seus corpos eram deixados para serem consumidos pelos urubus. Jesus Cristo foi uma exceção. Seu sepultamento ocorreu graças à influência de José de Arimateia, um rico judeu simpatizante que negociou com Pilatos, o governador" [2].

Veja que Jesus Cristo foi condenado como um malfeitor. Mas, apesar de sua morte horrenda, o fato mais importante para todos os cristãos é que Ele foi ressuscitado. E, segundo informa os registros sagrados, um dos requisitos para ser, por exemplo, sucessor de Judas Iscariotes, isto é, um apóstolo em seu lugar, era: ter sido testemunha da morte e ressurreição de Jesus.


Livro Sagrado

Jesus não deixou registros escritos. Seus atos, milagres e ensinamentos foram registrados, posteriormente, por seus discípulos. Desta forma, surgiu a Bíblia Sagrada Cristã, composta:

  • Do Antigo Testamento ou Torá (Livro Sagrados dos hebreus) [3].

  • Evangelhos (4), que são Mateus, Marcos, Lucas e João que tratam da vida e obra de Jesus.

  • Atos dos Apóstolos (1), que trata dos primeiros anos da Igreja Cristã.

  • Epístolas (21), que foram escritas por apóstolos (a maioria de Paulo) e outros discípulos, e que formalizam as doutrinas cristãs.

  • Apocalipse (1), livro que trata de profecias relativas, em sua maior parte, aos assuntos dos últimos tempos.

Perseguições

Conforme o Cristianismo foi crescendo e ganhando adeptos entre as classes pobres de Roma, sobrevieram as perseguições, promovidas, principalmente, pelos imperadores. Os motivos destas perseguições foram, entre outras:

  • os cristãos não aceitavam a divindade dos imperadores: jamais os cristãos colocariam César acima de Cristo. Por isto, foram considerados “ateus” pelo Estado romano.

  • os cristãos foram considerados perigosos e desleais ao Estado romano:

  • reuniões secretas dos cristãos (a portas fechadas);

  • o repúdio dos cristãos de “cultuar” o Estado tornava-os “traidores” e passíveis de perseguições;

  • os imperadores achavam que os cristãos formavam uma sociedade secreta que tramavam ações políticas contra o Estado;

  • a sociedade cristã foi vista como anarquista e sacrílega por Roma;

  • O crescimento do número de adeptos, principalmente entre os plebeus e escravos:

  • a despeito da repressão, o Cristianismo aumentava cada vez mais;

  • os cristãos foram vistos como a pior classe de revolucionários, destruidores dos fundamentos da civilização.

"O primeiro caso documentado de perseguição aos cristãos pelo Império Romano direciona-se a Nero. Em 64, houve o grande incêndio de Roma, destruindo grandes partes da cidade e devastando economicamente a população romana. Nero, cuja sanidade já há muito tempo havia sido posta em questão, era o suspeito de ter intencionalmente ateado fogo. (...) Ao associar os cristãos ao terrível incêndio, Nero aumentou ainda mais a suspeita pública já existente e, pode-se dizer, exacerbou as hostilidades contra eles por todo o Império Romano. As formas de execução utilizadas pelos romanos incluíam crucificação e lançamento de cristãos para serem devorados por leões e outras feras selvagens"

Cristãos sendo usados como tochas humanas, na perseguição
sob Nero. Obra de Henryk Siemiradzki (1843-1902) [4].


O Edito de Milão e o fim das perseguições

Na verdade, quando falamos de “fim” das perseguições aos cristãos, queremos nos referir apenas às perseguições formais e legais (institucionais), previstas nas leis romanas. Mas, de fato, os cristãos nunca deixaram de ser perseguidos, senão, de forma física, com torturas, corpos incendiados, crucificações, corpos jogados às feras etc., mas no aspecto moral, espiritual, processos de toda ordem, calúnias e outros meios. No decorrer da história cristã, encontramos diversos momentos de perseguições e até guerras, contra os cristãos e, em diversos momentos, até grupos cristãos contra outros grupos cristãos e estes contra muçulmanos e assim por diante.

A perseguição aos cristãos continuou durante os séculos II e III e só terminou com o imperador Constantino, que governou Roma no século IV. Neste momento, o Império já estava em decadência e o poder imperial enfraquecido. Além disso, as perseguições tiveram efeito contrário ao esperado pelos imperadores, pois quanto o Cristianismo era perseguido, mais pessoas se convertiam, buscando alívio para seus sofrimentos e esperança de vida eterna, nas pregações cristãs.

Constantino percebeu que não adiantava perseguir cristãos, mesmo porque – segundo reconheceu – o Deus deles era bastante forte e que ouvia suas orações. “Sem dúvida percebeu também que se o Cristianismo fosse ajudado e se tornasse bastante forte, seria um poderoso elemento para a unificação de todos os povos do império. (Constantino) teve simpatia pessoal pelo Cristianismo, mas nunca demonstrou em sua conduta qualquer influência da moral cristã.” [5].

Em 313, Constantino baixou o Edito de Milão, que punha fim às perseguições religiosas e dava liberdade de culto aos cristãos. A partir de então, O Cristianismo ganhou um impulso ainda maior no território romano. Depois veremos como o Cristianismo tornou Religião Oficial do Império, através do imperador Teodósio, em 390…

Veja também:



Notas / Referências bibliográficas:

  • [1] O Cordeiro e a Cruz, símbolos do Cristianismo. Imagem disponivel em: <http://somentedeusgloria.blogspot.com.br/2011/12/jesus-o-cordeiro-maravilhoso_18.html>. Acesso em  17/08/2013.
  • [2] Guia dos Curiosos. Disponível em: <http://www.guiadoscuriosos.com.br/categorias/1301/1/crucificacao.html>. Acesso em 17/08/2013.  Veja também um documento interessante, sobre a crucificação, produzido pelo Discovery Channel, em: <http://www.youtube.com/watch?v=uB9MqLl4yws>. Acesso em 17/08/2013.
  • [3] O Antigo Testamento da Bíblia Sagrada Cristã: Há duas versões do Antigo Testamento na Bíblia Sagrada. Uma versão utilizada pelos católicos e uma parte dos protestantes, que contém 46 livros e acréscimos no livro de Daniel e Ester, e um versão utilizada pela maioria dos protestantes, que contém 39 livros. O Novo Testamento é igual para ambos: católicos e protestantes.
  • [4] Perseguição aos cristãos: texto e imagem. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Persegui%C3%A7%C3%A3o_aos_crist%C3%A3os#Persegui.C3.A7.C3.A3o_sob_o_Imp.C3.A9rio_Romano>. Acesso em 17/08/2013.
  • [5] NICHOLS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã, 6ª ed. São Paulo: Casa Ed. Presbite-riana, 1985. p. 42/43.

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