Como
já dissemos nos posts anteriores sobre os bispos e papas, estamos
destacando inicialmente os listados porEusébio
de Cesareia,
no seu livro História
Eclesiástica[2]. Já
vimos os dez
primeiros bispos, e desta
feita, vamos
ver um pouco sobre o
décimo
primeiroda
lista, chamado Aniceto.
Os
dez bispos que já vimos até aqui são:Lino,
Anacleto,
Clemente,Evaristo,
Alexandre,
Xisto,
Telésforo,
Higino,
Pioe
Aniceto(HE:
5, VI). E
mais: “foi
no oitavo ano de reinado acima mencionado, ou seja, o de Vero
[Lucio
Vero] [3],
que
Aniceto, que mantivera o episcopado de Roma por onze anos, foi
sucedido por Sotero...”
Sobre
Sotero,
conforme
as
fontes [4] listadas abaixo, destacamos:
Sotero,
segundo
a Igreja Católica, foi o 12º papa
e exerceu seu papado entre 166 e 174 ou
175.
Nasceu
“… na
cidade de Fondi, na Campânia, Itália, e seu pai se chamava
Concórdio”(In:
Franciscanos).
Seu
pontificado foi
marcado por seu zelo pela doutrina e pelas obras sociais, envio
de esmolas para muitas igrejas em várias cidades.
Opôs-se
com rigor aos
hereges
montanistas e
proibiu
as
mulheres de
tocarem
nos vasos e ornamentos sagrados e também
de oferecerem
incenso
durante
as cerimônias.
Sobre
a doutrinamontanista,
combatida
por Sotero, (cf
Franciscanos):
ela
“…
propunha
um exagerado rigor de costumes. Era uma doutrina de medo e de
pessimismo, porque o fim do mundo sempre poderia acontecer a
qualquer momento. Supondo isso, todos os cristãos deveriam viver
numa santidade irreal, renunciando ao matrimônio e buscando o
sofrimento da penitência constante, porque, segundo Montano, a
Igreja não tinha faculdades para perdoar os pecados. Essa doutrina,
que também era defendida por Tertuliano e, principalmente,
Novaciano, foi condenada pela Igreja na época do papa Sotero”.
Sotero
foi também um
eloquente defensor dos cristãos perseguidos…
Embora
tratado como santo e mártir, mas parece haver contradições nas
informações acerca
disto,
do
bispo Sotero. Por
exemplo, aqui
encontramos que “… de
modo algum são Sotero e são Caio devem ser contados entre
mártires. São Caio é lembrado no livro Depositio episcoporum
(354), enquanto ignora-se o dia de nascimento de são Sotero”.
Sugiro,
a seguir, o vídeo do site católico Altivez Altierez dos Santos
Catequese e Teologia Católica, sobre Sotero:
[2] Na
versão publicada pela CPAD em 1995, nas páginas 409/410, a editora
fez uma lista de 29 bispos de Roma citados por Eusébio, e Pio é o
número 9 da lista...
[3] LúcioVeroera
irmão adotivo do imperador Marco Aurélio. Como augusto
(título oficial de imperador), governou entre 161 e 169. In:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%Bacio_Vero>.
Acesso em: 11/10/2024.
Numa palavra inicial, quero destacar que inseri este assunto no tema dos textos escatológicos, pois entendo que o estudo das dispensações envolve toda a Bíblia. E os estudos relativos às promessas de Deus a Israel, à Igreja e, principalmente a sétima dispensação, são assuntos apocalípticos. Outra observação inicial é se podemos confiar neste método de estudo: o dispensacionalismo? Na verdade, o dispensacionalismo é apenas um método de interpretação e não um caminho para a salvação. E suas principais características são uma interpretação literal das Escrituras, a crença de que haverá o Arrebatamento da Igreja antes de um período de sete anos chamado Grande Tribulação, que depois disto, Jesus voltará com seus anjos e todos que foram arrebatados com Ele, que haverá um período de mil anos literalmente em que Jesus governará sobre na Terra, na separação entre Israel e Igreja etc. Da mesma forma que Deus concentra sua atenção na igreja nesta era, sua agente de promoção de Seu Reino neste período da Graça, Ele novamente, no futuro, concentrará Sua atenção em Israel (Romanos 9-11) [2].
Para nosso popósito, usamos como base para o estudo das dispensações, aliás,
estudo aceito
pela
maioria dos evangélicos, as
Notas da Bíblia do Dr. C. I. Scofield. No
texto que
segue, expus o conteúdo das notas explicativas
de cada dispensação e suas referências bíblicas.
-
- - - - - - - - - - - - - - -
Introdução
Domínio, conforme está em Gn 1.26, é uma unidade, e o propósito de Deus é um só. O homem criado à imagem de Deus (vs. 26-27) foi colocado como soberano sobre a terra (vs. 28-20), coroado com glória e honra (Sl 8.5-8), mas sujeito a Deus, seu Criador (Gn 2.15-17). A intenção divina era e é, que o homem tivesse comunhão com Deus, em obediência. Veio o pecado, a essência do qual é à rebeldia contra a vontade de Deus, e o homem separou-se de Deus (Gn 3.8-10) e perdeu a soberania sobre a terra (Gn 3.17-19). O alvo de Deus é restaurar o homem pecador à Sua semelhança, comunhão e domínio (Rm 8.29; Ap 21.3; 20.6; 22.5). "Agora, porém, ainda não vemos todas as cousas a ele sujeitas (humanidade), vemos, todavia, aquele (Jesus)... coroado de glória e de honra" em antecipação de muitos filhos participando de Sua comunhão e domínio (Hb 2.8-10; Rm 8.17-19). Isto está de acordo com a primeira promessa de redenção (Gn 3.15). Enquanto isto, esperamos com paciente certeza a vitória completa de Deus sobre a terra (Rm 8.19-25; 1 Co 15.24-28; Ap 11.15-18). Quanto à realização do propósito de Deus na redenção total, veja nota sobre Dispensação em 1:28 [a seguir].
Uma dispensação é um período de tempo no qual o homem é testado na sua obediência a alguma revelação específica da vontade de Deus. Três conceitos importantes estão implícitos nesta definição:
um depósito de revelação divina quanto à vontade de Deus, incorporando o que Deus exige quanto à sua conduta;
a mordomia do homem desta revelação divina, na qual ele é responsável de obedecer; e
um período de tempo, geralmente chamado de “século”, durante o qual esta revelação divina prevalece testando a obediência do homem a Deus.
As dispensações são revelações progressivas e associadas dos procedimentos de Deus para com o homem, às vezes relacionados com toda a raça e, em outras, a um povo em particular, Israel. Estas diferentes dispensações não são modos separados de salvação. Durante cada uma delas o homem é reconciliado com Deus de uma única maneira, isto é, pela graça de Deus mediante a obra de Cristo que foi realizada na cruz e vindicada em Sua ressurreição, Antes da cruz, o homem era salvo em perspectiva do sacrifício expiador de Cristo, crendo na revelação que lhe fora dada até então. Desde a cruz o homem tem sido salvo crendo no Senhor Jesus Cristo, no qual a revelação e a redenção foram consumadas.
Da parte do homem a contínua exigência é a obediência à revelação de Deus. Esta obediência é uma mordomia de fé. Embora a revelação divina se desdobre progressivamente, o depósito da verdade nos períodos de tempo anteriores não foi posto de lado, antes, é cumulativo. Assim, a consciência (responsabilidade moral) é uma verdade permanente na vida humana (Rm 2.15; 9.1: 2Co. 1.12; 4.2), embora não continue sendo uma dispensação. Semelhantemente, os salvos desta presente dispensação estão “não sob a lei” como uma prova específica da obediência à revelação divina (Gl 5.18; comp. Gl 2.16; 3.11), mas a lei permanece parte integral das Sagradas Escrituras que, para os remidos, são proveitosas para "a educação na justiça" (2Tm 3.16-17; comp. Rm 15.4).
O propósito de cada dispensação, portanto, é colocar o homem sob uma específica regra de conduta, mas tal mordomia não é uma condição de salvação. Em cada uma das dispensações passadas, o homem não regenerado fracassou, e ele tem fracassado nesta presente dispensação e fracassará no futuro. Mas a salvação tem sido e continuará sendo dispensada pela graça de Deus mediante a fé.
As sete dispensações [3] distinguem-se da seguinte maneira:
Inocência (Gn 1.28);
Consciência ou Responsabilidade Moral (Gn 3.7);
Governo Humano (Gn 8.15);
Promessa (Gn 12.1);
Lei (Êx 19.1);]
Igreja ou Graça (At 2.1);
Reino (Ap 20.4).
Primeira
Dispensação: Inocência
“E
Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos,
enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra”
(Gn
1.28) [4].
O homem foi criado em inocência, colocado em um ambiente perfeito, sujeito a uma prova simples, e advertido das consequências da desobediência. Ele não foi compelido a pecar, mas, tentado por Satanás, preferiu desobedecer a Deus. A mulher foi enganada, o homem transgrediu deliberadamente (1Tm 2.14). A mordomia da Inocência terminou na sentença da expulsão do Éden (Gn 3.24).
Segunda Dispensação: Consciência ou Responsabilidade Moral
“Vendo
a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e
árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu
e deu também ao marido, e ele comeu.7 Abriram-se, então, os
olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de
figueira e fizeram cintas para si”
(Gn
3.6-7).
O homem pecou (3.6-7), a primeira promessa de redenção estava para ser feita (3:15), e nossos primeiros pais seriam expulsos do Éden (3.22-24). O pecado do homem foi uma rebeldia contra uma ordem específica de Deus (2.16-17) e marcou uma transição do conhecimento teórico do bem e do mal para o conhecimento experimental (3.5-7,22). O homem pecou entrando no reino da experiência moral pela porta errada, quando poderia tê-lo feito fazendo o que era certo. Assim o homem tornou-se igual a Deus, através de uma experiência pessoal da diferença entre o bem e o mal, mas também diferente de Deus, passando por esta experiência, no escolher o mal e não o bem, Assim ele foi colocado por Deus sob a mordomia da responsabilidade moral, ficando responsável de praticar todo o bem conhecido, abster-se de todo o mal conhecido e aproximar-se de Deus por meio do sacrifício sangrento aqui instituído, em perspectiva à obra consumada de Cristo. O resultado é apresentado na Aliança Adâmica (Gn 3.14-21). O homem falhou no teste que lhe foi apresentado nesta dispensação (veja Gn 6.5), como nas outras. Embora, como teste específico, este período de tempo tenha terminado com o dilúvio, o homem continuou em sua responsabilidade moral conforme Deus acrescentou mais revelação referentes a Si mesmo e à Sua vontade nos períodos subsequentes (por exemplo, Atos 24.14-16; Rm 2.15; 2Co 4.2).
Terceira
Dispensação:
Governo Humano
“Então,
disse Deus a Noé:...”
(Gn
8.15).
Esta dispensação começou quando Noé e sua família saíram da arca. Quando Noé entrou numa nova situação, Deus (na Aliança Noética) sujeitou
a humanidade a um novo teste. Antes disso, nenhum homem tinha o
direito de tirar a vida de outro homem (comp. Gn 4.10-11, 14-15,
23-24). Nesta nova dispensação, embora a responsabilidade
moral direta do homem para com Deus continuasse ("Dai… a Deus
o que é Deus", Mt 22.21), Deus delegou-lhe
determinadas áreas de Sua autoridade, nas quais ele tinha de
obedecer a Deus através de submissão ao seu próximo ("Dai,
pois, a César o que é de César", Mt 22.21). Portanto Deus
instituiu um relacionamento corporativo de homem para homem no
governo humano.
A mais alta
função do governo é proteger a vida humana, da qual deriva a
responsabilidade da pena capital. O homem não deve vingar o
homicídio individualmente, mas, na qualidade de grupo corporativo,
ele deve salvaguardar a santidade da vida humana como um dom de Deus,
que não pode ser exterminado, exceto quando Deus o permite. "Os
poderes constituídos foram ordenados por Deus", e resistir-lhes
é resistir a Deus. Enquanto, na dispensação precedente, as
restrições feitas ao homem eram internas
(Gn 6.3), o Espírito de Deus operando através da responsabilidade
moral, agora uma nova restrição externa foi acrescentada, isto é,
o poder do governo civil.
O homem fracassou em governar com justiça.
Que ambos, judeus e gentios,
tem governado para si
mesmos, não para Deus, é a triste verdade. Este fracasso foi visto
de um modo geral, na confusão de Babel (Gn 11.9): no fracasso
de Israel, no período da teocracia, que terminou com o cativeiro na
Babilônia (2Cr
36.15-21), e no fracasso das
nações,
no
“tempo
dos gentios”
(Dn 2.31-45). O governo humano vai finalmente ser sobrepujado pelo
reinado glorioso de nosso Senhor Jesus Cristo,
cujo direito de reinar é incontestável (Is 9.6-7 Jr
23.5-6;
33.17; Ez
21.27;
Lc
1.30-33);
Ap 11.15-18; 19.16: 20.4-6). Como uma prova específica da
obediência, a dispensação do Governo Humano foi seguida, pela da
Promessa, quando Deus chamou Abrão como Seu instrumento de bênção
para a humanidade. Contudo, a responsabilidade do homem pelo governo
não acabou, mas continuará até que Cristo estabeleça o Seu reino.
Quarta Dispensação: Promessa
“Ora,
disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa
de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma
grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu
uma bênção!”
(Gn 12.1-2).
Esta dispensação estendeu-se da chamada de Abrão até a concessão da lei no Sinai (Êx 19.3 e segs.). Sua mordomia baseava-se sobre a aliança de Deus com Abrão, citada pela primeira vez aqui, Gn 12.1-3, e confirmada e ampliada em Gn 13.14-17; 15.1-7; 17.1-8, 15-19; 22.16-18; 26.2-5,24; 28.13-15; 31.13; 35.9-12.
as provisões específicas que afetavam o próprio Abrão (Gn 15.15), seu filho e neto, Isaque e Jacó (Gn 26.1-5; 28.10-16) sob cuja bênção individual dependia a obediência individual (Gn 12.1;comp. 22.18; 26.5).
Deus fez uma promessa incondicional de bênçãos através da semente de Abrão: a) para a nação de Israel herdar um território específico para sempre (Gn 12.2; 15.18-21); b) para a Igreja em Cristo (Gl 3.16, 28-29); e c) para as nações gentias (Gn 12.3).
Havia uma promessa de bênçãos para aqueles indivíduos e nações que abençoassem os descendentes de Abrião, e uma maldição sobre aqueles que perseguissem os judeus (Gn 12.3; Mt 25.31-46). Consequentemente esta dispensação tem diversas aplicações. Para os gentios daquele período, a aplicação direta é pequena e diferente do teste implícito em Gn 12.3 e ilustrada pela bênção ou juízo de Deus sobre os indivíduos (Faraó, Gn 12.17; Abimeleque, Gn 20.3,17, etc.), ou nações (por exemplo, o Egito, Gn 47 a 50; Êx 1 a 15) que trataram bem ou mal Abrão e seus descendentes.
Observe:
No prosseguimento desta mordomia da verdade através dos séculos, os crentes da Igreja são convocados a confiar em Deus como Abrão confiou (Rm 4.11,16, 23-25; Gl 3.6-9), e assim receber as bênçãos da aliança que inaugurou a dispensação da Promessa.
As
promessas de Deus a Abrão e sua semente certamente não terminaram
no Sinai com a concessão da lei (Gl 3.17). Tanto o Velho como o Novo
Testamento estão cheios de promessas pós-sináiticas referentes a
Israel e à terra que será a possessão etema de Israel (por
exemplo, Ex 32.13; 33.1-3; Lv 23.10; 25.2; 26.6; Dt 6.1-23; 8.1-18;
Js 1.2,11; 24.13; At 7.17; Rm 9.4). Mas como teste específico da
mordomia de Israel para com a verdade divina, a dispensação da
Promessa foi suplantada, embora não anulada, pela lei que foi dada
no Sinai (Ex 19.3 e segs.).
Quinta Dispensação: Lei
“No
terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no
primeiro dia desse mês, vieram ao deserto do Sinai”
(Êx 19.1).
Esta dispensação começa com a concessão da lei no Sinal e terminou como período de tempo com a morte sacrificial de Cristo, que cumpriu todas as suas provisões e tipos. Na dispensação anterior, Abraão, Isaque e Jacó, como também as multidões de outros indivíduos, falharam nos testes da fé e obediência que eram da responsabilidade do homem (por exemplo, Gn 16.1-4; 26.6-10, 27.1-25). O Egito também falhou em atender a advertência de Deus (Gn 12.3) e foi julgado. Não obstante Deus providenciou um libertador Moisés), um sacrifício (o cordeiro pascal) e o poder milagroso para tirar os israelitas do Egito (as pragas do Egito; livramento no Mar Vermelho).
Os
israelitas, como resultado de suas transgressões (Gl 3.19), foram
agora colocados sob a disciplina precisa da lei. A lei ensina:
a
santidade espantosa de Deus (Ex 19.10-25);
a
horrívelhediondez
do pecado (Rm 7.13; 1Tm 1.8-10);
a
necessidade
da obediência (Jr 7.23-24);
a
universalidade do fracasso humano (Rm 3.19-20); e a maravilha da graça de Deus em providenciar um caminho até Ele
através do sacrifício típico, antevendo um Salvador que viria a
ser o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29),
conforme "o testemunho da lei" (Rm 3.21).
A lei não alterou as provisões nem revogou a promessa de Deus dada na Aliança Abraâmica. Não foi concedida como um modo de vida (isto é, um meio de justificação, At 15.10-11; GI 2.16,21; 3.3-9,14,17,21,24-25), mas uma regra de vida para um povo já dentro da aliança de Abraão e coberto pelo sangue do sacrifício, isto é, do cordeiro pascal, etc. Um dos seus propósitos foi o de esclarecer a pureza e santidade que deveria caracterizar a vida de um povo, cuja lei seria ao mesmo tempo a lei de Deus (Ex 19.5-6).
Daí, a função da lei em relação a Israel foi de restrição disciplinar e corretiva, como aquela exercida sobre os filhos gregos e romanos pelo escravo ou tutor de confiança da casa (Gl 3.24 traduzido para "aio") para manter Israel sob controle para o seu próprio bem (Dt 6.24):
Αté que Cristo viesse (Cristo é realmente o nosso Tutor, pois a graça que nos salva também nos ensina, Gl 3.24; Tt 2.11-12); e
até que a ocasião designada pelo Pai para os herdeiros (filhos da promessa) serem removidos da condição de menoridade legal para os privilégios de herdeiros que atingiram a maioridade (Gl 4.1-3). Isto Deus fez enviando o Seu Filho, e agora, os crentes estão na posição de filhos na casa do Pai (Gl 3.26; 4.4-7).
Mas Israel interpretou mal o propósito da lei (1Tm 1.8-10), buscando a justiça através de boas obras e ordenanças cerimoniais (At 15.1; Rm 9.31-10.3), e rejeitou o seu próprio Messias (Jo 1.10-11). A história de Israel no deserto, na terra e dispersos entre as nações, tem sido um registro longo de transgressão da lei.
Sexta Dispensação: Igreja ou graça
“Ao
cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo
lugar;”
(At
2.1).
Uma nova era foi anunciada por nosso Senhor Jesus Cristo em Mt 12.47 a 13.52. A Igreja foi claramente profetizada por Ele em Mt 16.18 (comp. Mt 18.15-19), comprada pelo derramamento do Seu sangue no Calvário (Rm 3.24-25; 1Co 6.20; 1Pe 1.18-19), e constituída como Igreja depois de Sua ressurreição e ascensão no Pentecostes quando, de acordo com a Sua promessa (At 1.5), os crentes foram pela primeira vez batizados individualmente com o Espírito Santo em um organismo espiritual unificado, semelhante a um corpo do qual Cristo é a Cabeça (1Co 12.12-13; Cl 2.19). Por causa da ênfase dada ao Espírito Santo, esta dispensação também tem sido chamada "dispensação do Espírito".
O ponto de prova desta dispensação é o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, a mensagem das boas novas sobre a Sua morte e ressurreição (Jo 19.30; At 4.12; 1Co 15.3-5, 2Co 5.21 etc.). A contínua e cumulativa revelação das dispensações anteriores combina com esta revelação mais completa para enfatizar a total iniquidade e perdição do homem, e a suficiência da obra historicamente completa de Cristo para salvar, pela graça, mediante a fé, a todos os que vem a Deus por Ele (Jo 14.6; At 10.43; 13.38-39; Rm 3.21-26; Ef 2.8-9; 1Tm 4.10; Hb 10.12-14; 11.6). Quando aqueles indivíduos salvos que compõem a verdadeira Igreja de Cristo cumprem as ordens do seu Senhor de pregar o Evangelho até os confins da terra (Mc 16.15; Lc 24.46-48; At 1.8), Deus está formando, durante esta dispensação, "um povo para o seu nome" (At 15.14) dentre os judeus e os gentios, chamado de "a Igreja" e portanto especialmente distinto dos judeus e gentios como tais (1Co 10.32; Gl 3.27-28; Ef 2.11-18; 3.5-6).
O Senhor Jesus advertiu que durante todo o período, enquanto a Igreja estiver sendo formada pelo Espírito Santo, muitos rejeitarão o Seu Evangelho e muitos outros pretenderão crer nEle e se tornarão uma fonte de corrupção espiritual e impedimento para o Seu propósito nesta dispensação, na igreja professa. Estes produzirão a apostasia, particularmente nos últimos dias (Mt 13.24-30, 36-40,47-49; 2Ts 2.5-8; 1Tm 4.1-2; 2Tm 3.1; 4.3-4; 2Pe 2. 1-2; 1Jo 2.18-20). A Dispensação da Igreja chegará ao fim através de uma série de acontecimentos profetizados, o principal dos quais será:
1) A trasladação da verdadeira Igreja da terra para encontrar o Senhor nos ares em um momento conhecido por Deus mas não revelado aos homens, e sempre mantido diante dos crentes como uma esperança iminente e feliz, encorajando-os no serviço do amor e na santidade de vida. Este acontecimento geralmente é chamado de "arrebatamento" (veja 1Ts 4.17).
2) Os juízos da septuagésima semana de Daniel, chamados de "a tribulação" (veja Ap 714) que cairão sobre a humanidade em geral, mas incluirão a parte não salva da igreja professa, que terá apostatado e por isso será deixada para trás sobre a terra, quando a verdadeira Igreja for trasladada para o céu. Esta forma final da Igreja apóstata está descrita em Ap 17 como "a meretriz que primeiro vai "montar" o poder político ("besta"), apenas para ser derrotada e absorvi da por esse poder (comp. Ap. 18:2, nota). E
3) a volta do Senhor Jesus do céu à terra em poder e glória, trazendo com Ele a Sua Igreja, para estabelecer o Seu reino milenial de justiça e paz (veja Ap 19.11 e 17).
Sétima Dispensação: Reino
“Vi
também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada
autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do
testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos
quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não
receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com
Cristo durante mil anos”
(Ap
20.4).
Esta é a última das dispensações ordenadas que condicionam a vida humana na terra. É o Reino da Aliança feita a Davi (2Sm 7.8-17..., Zc 12.8..., Lc 1.31-33; 1Co 15.24...). O Filho maior de Davi, o Senhor Jesus Cristo, reinará sobre a terra como Rei dos reis e Senhor dos senhores por 1.000 anos, associando consigo mesmo naquele Reino, os Seus santos de todas as dispensações (Ap 3.21; 5.9-10; 11.15-18; 15.3-4; 19.16; 20.4,6).
A Dispensação do Reino une dentro de si mesmo e debaixo de Cristo as várias "épocas" mencionadas na Escritura:
1) O período de opressão e desgoverno termina quando Cristo estabelece o Seu reino (Is 11.3-4).
2) O período de testemunho e paciência divina termina em julgamento (Mt 25.31-46; At 17.30-31; Ap 20.7-15).
3) O período de luta termina em repouso e recompensa (2Ts 1.6-7).
4) O período de sofrimento termina em glória (Rm 8.17-18).
5) O período da cegueira e castigo de Israel termina em restauração e conversão (Ez 39.25-29; Rm 11.25-27).
6) O tempo dos gentios termina no desmoronamento da imagem e no estabelecimento do reino dos céus (Dn 2.34-35; Ap 19.15-21). E
7) O período da escravidão da criação termina em livramento e manifestação dos filhos de Deus (Gn 3.17; Is 11.6-8; Rm 8.19-21).
No final dos mil anos, Satanás é solto por um pequeno período e instiga uma rebelião final que é sumariamente abafada pelo Senhor. Cristo lança Satanás no lago de fogo para ser eternamente atormentado, derrota o último inimigo a morte e então entrega o reino ao Pai (veja 1 Co 15.24…)
[2] Sobre a interpretação dispensacionalista das Escrituras, veja também: O que é o Dispensacionalismo?...In: <https://www.gotquestions.org/Portugues/dispensacionalismo.html>. Acesso em: 23/09/2024.
[3] SCOFIELD, Dr. C. I. Referências e Anotações. In: A Bíblia Sagrada. São Paulo: Imprensa Batista Regular do Brasil: 1987. Texto e abreviaturas das referências adaptados.
[4] As referências bíblicas que servem de introdução a cada dispensação são da versão ARA (Almeida Revista e Atualizada). Mas para efeito de praticidade, utilizei as do Portal Bíblia Online: <https://www.bibliaonline.com.br/ara>.
“Revelação
de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as
coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e
as notificou a João seu servo… Escreve
as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão
de acontecer…” (Ap
1.1,19) [2].
Queremos fazer, sob a graça de Deus, uma série de leituras e breves análises sobre vários temas relativos à Escatologia (doutrina das últimas coisas) retirados dos textos bíblicos alusivos aos mesmos, ou seja, textos apocalípticos. Os comentários estão fundamentados nas fontes abaixo e em observações interpretativas pessoais. Chamo de apocalípticos, aqui, textos que tratam do fim dos tempos como parte do livro de Ezequiel, Daniel, Zacarias, Mateus 24, Lucas 21, parte de 1 e 2 Tessalonicenses, o livro do Apocalipse e assim por diante.
E neste primeiro artigo (post), quero fazer uma breve introdução sobre o livro de Apocalipse, deixando claro, entretanto, nossa concepção interpretativa acerca do livro que exporemos abaixo.
Ο livro do APOCALIPSE, cuja autoria é atribuída ao apóstolo João, filho de Zebedeu, escrito por volta do ano 95. A palavra "apocalipse", usada como título do mesmo, vem do grego apokalupsis, que significa revelação daquilo que estava anteriormente escondido ou que era desconhecido e desvenda os grandes acontecimentos do encerramento da história, inclusive a revelação de Jesus Cristo em Sua segunda vinda.
1.
Alguns
destaques [3]:
O
livro é um registro do que o Apóstolo João viu e ouviu.
Há
no livro o uso constante de símbolos.
Referências
aos acontecimentos do Antigo Testamento e suas profecias são
abundantes.
Podem
notar-se mudanças de local da terra para o céu e de volta à
terra.
O
livro é uma narrativa do juízo divino e do conflito que varre todo
o mundo.
O
número SETE (sete grupos de sete), número de perfeição na
Bíblia, é constante no livro: sete igrejas, sete candeeiros de
ouro, sete estrelas, sete selos, sete trombetas, sete taças, sete
flagelos… ou seja, os sete estão por todo o livro.
As
passagens citadas não têm sequência de narrativa profética, mas,
indo para trás e para frente, resumem o passado e antecipam o
futuro. Portanto, cronologicamente inconsistentes.
O
propósito principal do livro é fornecer o cenário da revelação
de Jesus Cristo. Trata do período da tribulação (que o mundo
chama de o Apocalipse, propriamente dito), e do clímax do livro que
e do retorno de Jesus à Terra para implantar Seu Reino.
Na época de João, como a Igreja era alvo de uma devastadora perseguição de Roma, assim deveria ser também nos últimos dias. A vitória dessa grande luta será o advento de Cristo em glória, e com Ele o estabelecimento do reino de Deus em poder, João claramente contemplou o fim como próximo (1.1-3).
2. As interpretações [4] e divisões [5] do Apocalipse:
Geralmente,
os vários tipos de exposição do Apocalipse limitam-se a quatro:
a) Concepção preterista: vê as profecias como inteiramente relacionadas aos dias de João, sem nenhuma referência a épocas futuras. Esta concepção é francamente endossada, principalmente por autores liberais.
b) Interpretação histórica: contempla as visões como a predição da história desde o tempo do escritor até o fim do mundo. Os reformadores, em geral, adotam esta interpretação...
c) Explicação futurista: coloca a relevância das visões inteiramente no fim da época, afastando-as grandemente do tempo do profeta. Posição dos cristãos dos primeiros séculos da Igreja e de grande parte dos evangélicos atuais.
d) Explanação poética: considera ilegítimos todos os sistemas de interpretação rígidos. Segundo ela, o profeta simplesmente descreve, à maneira dos seus predicados de artista, o triunfo certo de Deus sobre todos os poderes do mal.
Qual a minha concepção? Como um bom "batisbleiano" (misto de batista com assembleiano), fico com a interpretação futurista, mas entendo que a interpretação histórica também está relacionada. Por exemplo, no verso 9 do primeiro capítulo, está escrito: “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer”. As coisas que “João tinha visto” e “as que são”, tratam de fatos históricos (já cumpridos e se cumprindo), portanto, se enquadram numa interpretação histórica, enquanto “as que depois destas hão de acontecer” ainda não aconteceram, como o próprio termo indica. São acontecimentos futuristas. Neste verso estão as três principais divisões do Apocalipse.
a) as coisas passadas, ‘as cousas que viste’, isto é, a visão de Patmos (1.1 a 20);
b) as coisas presentes, ‘as que são’, isto é, as igrejas existentes (2.1 a 3.22); e
c) as coisas futuras, ‘as que hão de acontecer depois destas’, isto é, os acontecimentos depois da Dispensação da Igreja (4.1 a 22.5).
Esta divisão proposta por Scofield e por muitos evangélicos conservadores, sugere que após o capítulo 4, o livro apresenta acontecimentos futuros e, assim, segue até o final do livro. Para todos os efeitos devemos lembrar que, a exemplo dos profetas do A. T., (cf. 1 Pe 1.12 e 2Pe 1.20-21) a João também foi revelado coisas que não seriam cumpridas em seu tempo e que por enquanto parece obscuras até o tempo de seu cumprimento determinado por Deus.
O esboço (adaptado) do livro de Apocalipse proposto por Beasley-Murray pode ser:
Introdução
/ Prólogo – 1.1-8.
Visão
do Filho do Homem – 1.9-20.
As
Cartas às sete igrejas – 2.1 a 3.22.
A
Visão do céu – 4.1 a 5.14.
Os
sete selos – 6.1 a 8.5
As
sete trombetas – 8.6 a 11.19.
O
fundo do conflito terrestre – 12.1 a 14.20.
As
sete taças – 15.1 a 16.21.
A
queda de Babilônia – 17.1 a 19.21.
O
reino consumado – 20.1 a 22.5.
Conclusão
/ Epílogo –
22.6-21.
Para concluir esta introdução, quero propor o vídeo de Luiz Sayão, a seguir:
[2] As referências bíblicas utilizadas aqui (e em outros artigos) são da versão Almeida Corrigida Fiel (ACF). Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf/>. Acesso em: 11/09/2024.
[3] Texto adaptado de: SCOFIELD (Vide Referências bibliográficas).
[4] Texto adaptado de: BEASLEY-MURRAY
(Vide
Referências bibliográficas).
[5] Texto adaptado de: SCOFIELD (Vide Referências bibliográficas).
Referências
bibliográficas:
BEASLEY-MURRAY,
George
Raymond.Apocalipse.
In: O
Novo Comentário da Bíblia,
Vol. II. São Paulo: Vida Nova, 1983.
SCOFIELD.
CyrusIngerson.
A Bíblia Sagrada com referências e anotações de Dr. C. I.
Scofield. São Paulo: Imprensa Batista Regular do Brasil, 1987.