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02 julho 2024

Bispos e Papas: (8) Higino

 Por Alcides Amorim 

Bispo Higino [1]


Prosseguindo nossa série de estudos sobre os bispos romanos listados por Eusébio de Cesareia, no seu livro História Eclesiástica [2], veremos resumidamente neste post, sobre o 8º bispo: Higino.

Eusébio (5, VI) afirma que depois que Telésforo, “… sofreu glorioso martírio”, veio Higino. E assim, como Telésforo, Higino é chamado de Papa e/ou Santo Higino nos escritos católicos. Quando ele exerceu seu bispado? Eusébio (4, X) afirma que o imperador romano Antonino Pio sucedeu Adriano em seu no vigésimo primeiro ano do reinado deste último. Na lista dos imperadores descrita aqui [3], Antonino Pio começou a governar em 138 e no primeiro ano de seu reinado (138 ou 139?), morreu Telésforo, sendo sucedido por Higino. Como esta fonte [4] coloca crédito no Liber Pontificalis (L.P.) [5] que fixa o tempo de governo de Higino em 4 anos e que ele morreu em 142, deduz-se que seu governo foi entre 138 e 142.

Destacamos a seguir, um breve compilado extraído destas fontes: Papa Santo Higino [6] e Papa Higino[7]:

Bispo Higino, Papa Higino ou ainda Santo Higino:

  • Era chamado filósofo de origem ateniense, portanto, de origem grega.

  • Durante seu breve pontificado, os ataques dos pagãos haviam diminuído e a Igreja se viu ameaçada pela proliferação de seitas heréticas.

  • Uma destas seitas era o gnosticismo – mistura de doutrinas e práticas religiosas com filosofia e mistérios – espalhada por Valentim e Cerdão, os quais foram excomungados por Higino, contando com a ajuda do filósofo São Justino.

O gnosticismo, uma das ameaças à unidade da igreja no segundo século, era resultado da mistura da religião helenística com o cristianismo. Os gregos cristãos, ou cristianizados, buscavam sabedoria (1Co 1.22) e nesta tentativa de conciliarem a “gnosis” com as doutrinas cristãs, pendiam-se, muitas vezes, para a heresia. No segundo século, como o gnosticismo, elementos com especulações místicas e cosmológicas sobre a doutrina da salvação, dualismo entre o mundo do espirito e o mundo material e até o ascetismo ou a libertinagem, negavam ou confundiam as principais doutrinas cristãs, como a criação, a encarnação, a ressurreição e outras. Desta forma, o gnosticismo precisava ser entendido, para ser evitado, assim como também o seu antídoto, o verdadeiro conhecimento das verdades cristãs. Estas deviam ser bem estudadas, ensinadas, cridas, aceitas e praticadas. Márciom (ou Marcião), o principal herege deste momento, procurava combinar elementos contrários ao mundo material e ao judaísmo. Pensava que este mundo era mau, e que seu criador devia ser um deus, se não mau, pelo menos ignorante. Em lugar de inventar toda uma série de seres espirituais, ao estilo dos gnósticos, o que Márcio propôs era muito mais simples. Segundo ele, o Deus do novo Testamento e Pai de Jesus Cristo não é o mesmo Jeová do Antigo Testamento. Há um Deus supremo, que é o Pai de Jesus Cristo, e um ser inferior, que é Jeová. Foi Jeová que fez este mundo (…). Mas Jeová, seja por ignorância ou por maldade, fez este mundo, e nele colocou a humanidade. (…) Jeová é um deus ciumento e arbitrário, que escolhe um povo acima dos demais, e que está constantemente conferindo a conta de quem o desobedece para tomar vingança. Em uma palavra, Jeová é um Deus de justiça [8].

  • Higino mexeu nas estruturas hierárquicas e na cerimônia do batismo; instituiu as ordens menores para melhorar o serviço da Igreja e preparação do sacerdócio.
  • Parece que se deve a ele a instituição de padrinhos no batismo.

  • Não se tem certeza de que ele tenha sofrido o martírio e que foi santo por outros méritos.


Quero, para finalizar, destacar um vídeo do Reverendo Augustus Nicodemus, sobre


Notas / Referências bibliográficas:

  • [2] Na versão publicada pela CPAD em 1995, nas páginas 409/410, a editora fez uma lista de 29 bispos de Roma citados por Eusébio, e Telésforo é o número 7 da lista...
  • [6Ver Nota 4.

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