“Eu, João, que também sou vosso irmão... [1]”
“Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo… Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer…” (Ap 1.1,19) [2].
Queremos fazer, sob a graça de Deus, uma série de leituras e breves análises sobre vários temas relativos à Escatologia (doutrina das últimas coisas) retirados dos textos bíblicos alusivos aos mesmos, ou seja, textos apocalípticos. Os comentários estão fundamentados nas fontes abaixo e em observações interpretativas pessoais. Chamo de apocalípticos, aqui, textos que tratam do fim dos tempos como parte do livro de Ezequiel, Daniel, Zacarias, Mateus 24, Lucas 21, parte de 1 e 2 Tessalonicenses, o livro do Apocalipse e assim por diante.
E neste primeiro artigo (post), quero fazer uma breve introdução sobre o livro de Apocalipse, deixando claro, entretanto, nossa concepção interpretativa acerca do livro que exporemos abaixo.
Ο livro do APOCALIPSE, cuja autoria é atribuída ao apóstolo João, filho de Zebedeu, escrito por volta do ano 95. A palavra "apocalipse", usada como título do mesmo, vem do grego apokalupsis, que significa revelação daquilo que estava anteriormente escondido ou que era desconhecido e desvenda os grandes acontecimentos do encerramento da história, inclusive a revelação de Jesus Cristo em Sua segunda vinda.
1.
Alguns
destaques [3]:
O livro é um registro do que o Apóstolo João viu e ouviu.
Há no livro o uso constante de símbolos.
Referências aos acontecimentos do Antigo Testamento e suas profecias são abundantes.
Podem notar-se mudanças de local da terra para o céu e de volta à terra.
O livro é uma narrativa do juízo divino e do conflito que varre todo o mundo.
O número SETE (sete grupos de sete), número de perfeição na Bíblia, é constante no livro: sete igrejas, sete candeeiros de ouro, sete estrelas, sete selos, sete trombetas, sete taças, sete flagelos… ou seja, os sete estão por todo o livro.
As passagens citadas não têm sequência de narrativa profética, mas, indo para trás e para frente, resumem o passado e antecipam o futuro. Portanto, cronologicamente inconsistentes.
O propósito principal do livro é fornecer o cenário da revelação de Jesus Cristo. Trata do período da tribulação (que o mundo chama de o Apocalipse, propriamente dito), e do clímax do livro que e do retorno de Jesus à Terra para implantar Seu Reino.
2. As interpretações [4] e divisões [5] do Apocalipse:
Geralmente, os vários tipos de exposição do Apocalipse limitam-se a quatro:
- a) Concepção preterista: vê as profecias como inteiramente relacionadas aos dias de João, sem nenhuma referência a épocas futuras. Esta concepção é francamente endossada, principalmente por autores liberais.
- b) Interpretação histórica: contempla as visões como a predição da história desde o tempo do escritor até o fim do mundo. Os reformadores, em geral, adotam esta interpretação...
- c) Explicação futurista: coloca a relevância das visões inteiramente no fim da época, afastando-as grandemente do tempo do profeta. Posição dos cristãos dos primeiros séculos da Igreja e de grande parte dos evangélicos atuais.
- d) Explanação poética: considera ilegítimos todos os sistemas de interpretação rígidos. Segundo ela, o profeta simplesmente descreve, à maneira dos seus predicados de artista, o triunfo certo de Deus sobre todos os poderes do mal.
Qual a minha concepção? Como um bom "batisbleiano" (misto de batista com assembleiano), fico com a interpretação futurista, mas entendo que a interpretação histórica também está relacionada. Por exemplo, no verso 9 do primeiro capítulo, está escrito: “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer”. As coisas que “João tinha visto” e “as que são”, tratam de fatos históricos (já cumpridos e se cumprindo), portanto, se enquadram numa interpretação histórica, enquanto “as que depois destas hão de acontecer” ainda não aconteceram, como o próprio termo indica. São acontecimentos futuristas. Neste verso estão as três principais divisões do Apocalipse.
- a) as coisas passadas, ‘as cousas que viste’, isto é, a visão de Patmos (1.1 a 20);
- b) as coisas presentes, ‘as que são’, isto é, as igrejas existentes (2.1 a 3.22); e
- c) as coisas futuras, ‘as que hão de acontecer depois destas’, isto é, os acontecimentos depois da Dispensação da Igreja (4.1 a 22.5).
Esta divisão proposta por Scofield e por muitos evangélicos conservadores, sugere que após o capítulo 4, o livro apresenta acontecimentos futuros e, assim, segue até o final do livro. Para todos os efeitos devemos lembrar que, a exemplo dos profetas do A. T., (cf. 1 Pe 1.12 e 2Pe 1.20-21) a João também foi revelado coisas que não seriam cumpridas em seu tempo e que por enquanto parece obscuras até o tempo de seu cumprimento determinado por Deus.
O esboço (adaptado) do livro de Apocalipse proposto por Beasley-Murray pode ser:
Introdução / Prólogo – 1.1-8.
Visão do Filho do Homem – 1.9-20.
As Cartas às sete igrejas – 2.1 a 3.22.
A Visão do céu – 4.1 a 5.14.
Os sete selos – 6.1 a 8.5
As sete trombetas – 8.6 a 11.19.
O fundo do conflito terrestre – 12.1 a 14.20.
As sete taças – 15.1 a 16.21.
A queda de Babilônia – 17.1 a 19.21.
O reino consumado – 20.1 a 22.5.
Conclusão / Epílogo – 22.6-21.
Notas:
- [1] Imagem ilustrativa (adaptada). Disponível em:<https://bibliaeteologia.com.br/metodos-de-interpretacao-do-apocalipse/>. Acesso em: 11/09/2024.
- [2] As referências bíblicas utilizadas aqui (e em outros artigos) são da versão Almeida Corrigida Fiel (ACF). Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf/>. Acesso em: 11/09/2024.
- [3] Texto adaptado de: SCOFIELD (Vide Referências bibliográficas).
- [4] Texto adaptado de: BEASLEY-MURRAY (Vide Referências bibliográficas).
- [5] Texto adaptado de: SCOFIELD (Vide Referências bibliográficas).
Referências bibliográficas:
BEASLEY-MURRAY, George Raymond. Apocalipse. In: O Novo Comentário da Bíblia, Vol. II. São Paulo: Vida Nova, 1983.
SCOFIELD. Cyrus Ingerson. A Bíblia Sagrada com referências e anotações de Dr. C. I. Scofield. São Paulo: Imprensa Batista Regular do Brasil, 1987.
Nenhum comentário:
Postar um comentário