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13 novembro 2023

A Primeira Guerra Mundial e o Cristianismo

A Primeira Guerra Mundial e o Cristianismo

Por Alcides Barbosa de Amorim




Sobre a Primeira Guerra Mundial já destacamos seus aspectos políticos, sociais e econômicos. Neste post, queremos destacar a relação entre os cristãos e a guerra, além de suas posições frente ao conflito e seu contexto, e a pessoa de Karl Barth, um dos ícones do protestantismo na época.

Primeiramente, queremos destacar brevemente a posição católica. Na época, entre 1914 e 1922), o papa era o italiano Giacomo della Chiesa, que se tornou Bento XV (ou Benedito XV), o qual conviveu com a efervescência política italiana anticatólica e anticlerical desde os tempos de faculdade. No entanto, em relação à Primeira Grande Guerra, Bento XV “… fez um discurso sobre a posição da Igreja e os seus deveres, enfatizando a necessidade de ter uma postura neutral e promover a paz e acudir aos deslocados e feridos. Fez diversas tentativas, infrutíferas, para negociar a paz, tendo o Vaticano sido excluído das negociações de paz no final da guerra…” [2] Obviamente, a proposta de paz do papa Bento XV não teve êxito porque os beligerantes não quiseram. Ideias e propostas da igreja não lhes eram bem-vindas.

Por outro lado, teólogos protestantes como o arcebispo luterano sueco Nathan Söderblom (1866-1931), o teólogo liberal e historiador alemão Adolf_von_Harnack (1851-1930) e principalmente o teólogo reformado suíço, considerado o maior teólogo do século XX, Karl_Barth (1886-1968), também apelaram para a obtenção da paz através da comunhão cristã. Estes também cumpriram sua tarefa de oferecer respostas cristãs para o mundo da época, embora não foram ouvidos pelos interessados em fazer a guerra, tanto que não demorou muito para aparecer outra, a segunda grande guerra, também com proporções mundiais. Na capa do seu livro A Era Inconclusa, Volume 10, o historiador cristão Justo L. González afirma: “A ciência multiplicou-se como nunca, e o século XX assistiu a duas guerras mundiais. A Igreja cresceu e buscou dar respostas aos desafios”. Segundo ele, as convulsões sociopolíticas da primeira metade do século XX da Europa [2], berço de grande parte da filosofia no século XIX, sonhara com uma nova era para a humanidade e buscava conseguir liderar o bem do mundo no século seguinte (XX). E nesta onda ilusória o protestantismo europeu estivera bem mais envolvido do que o catolicismo. Assim, “… quando as duas guerras mundiais e seus desdobramentos desmentiram os sonhos do século XIX, o liberalismo protestante sofreu um abalo profundo” (Idem, pág. 65).

O mundo da época, principalmente a Europa, precisava de uma resposta teológica. E a mais significativa ao meu ver foi a obra de Karl Barth, o livro A carta aos romanos, publicado em 1919. Nesta obra, Barth insiste na necessidade do retorno à exegese fiel e reage contra o subjetivismo religioso que aprendera com muitos de seus professores. O Liberalismo do século XIX tão ensinado, crido e aceito por Barth, enfatizava o progresso do homem e a reforma do mundo. Mas, como questiona também este site cristão [3], “… se esse homem era tão avançado, por que promoveu uma guerra mundial? Se suas descobertas na tecnologia e na ciência eram tão eficazes, por que apontou suas armas para seus semelhantes?” O otimismo nos rumos da ciência, seus avanços e possibilidades fez muitos acreditarem num “paraíso na terra”, enquanto questionavam os elementos sobrenaturais da Bíblia, seus milagres e o plano de redenção. Por isso, no aspecto espiritual, Karl Barth encontrou sentido para sua vida e sociedade na Epístola aos Romanos. Sua obra foi chamada “uma granada no terreno da teologia liberal”, ao mostrar o Deus soberano e transcendente ali descrito. Deus precisava se revelar ao homem, e ele faz isso por intermédio de Jesus Cristo. A reafirmação de doutrina por Barth e as discussões que se seguiram tornaram-se a base da neo-ortodoxia protestante.

Bem, num “… mundo que enfrentou duas enormes guerras, as ideias de Barth levaram uma igreja indecisa de volta aos temas do pecado e da soberania de Deus…” (Idem), mas não ofereceu a resposta completa ao mundo de então. Um exemplo disto é que “… ele não aceitava a infalibilidade ou a inerrância das Escrituras” (Idem), tema tão caro para os conservadores que defendem a chamado Sola Scriptura. Mas o melhor de sua mensagem é que numa época em que muitos haviam se voltado para o mundo em busca de esperança, ele pedia que todos olhassem para Cristo.

Enquanto escrevo isto, estou presenciando o mundo quase todo contra Israel e em vias de uma possível terceira guerra mundial, mas o Cristo – o Messias judeu e Salvador do homem pecador – pregado por Barth e outros líderes cristãos, continua sendo a resposta para o mundo. Este, cuja filosofia ou cosmovisão contrasta com a do reino de Deus.

Sugiro, para finalizar, o vídeo a seguir, de Moisés Brasil Maciel, que destaca a pessoa de Karl Barth, como um dos ícones da fé protestante não só durante a primeira, como também durante a segunda grande guerra.




Notas / Referências bibliográficas:

  • [2] GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era inconclusa – Vol. 10. São Paulo: Vida Nova, 1995, pág. 065 a 080. In: <O Protestantismo na Europa>. Acesso em: 07/11/2023.

09 novembro 2023

Primeira Guerra Mundial

Primeira Guerra Mundial

Por Alcides Barbosa de Amorim 


Sobre a Primeira Guerra Mundial, quero destacar dois posts. Este, com dados históricos (políticos, econômicos, sociais e culturais), de Nelson & Claudino Piletti [1], e abaixo o vídeo da professora Juliana Bezerra [2]. E outro, destacando aspectos teológicos cristãos da época.


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Grandes acontecimentos marcaram o século XX, como a invenção do computador, a chegada do ser humano à Lua e o desenvolvimento de técnicas que permitem a reprodução de animais em laboratório pelo processo de clonagem.

Entretanto, alguns desses acontecimentos provocam sérias preocupações quanto ao futuro da humanidade. Nas últimas décadas, o ser humano produziu armamentos capazes de destruir o mundo em poucos minutos. No século XX, ocorreram também, pela primeira vez na história, conflitos que envolveram, ao mesmo tempo, países de quase todos os lugares do mundo: a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.

Esses conflitos transformaram populações civis em alvo militar. As bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre duas cidades do Japão, que colocaram fim à Segunda Guerra Mundial, mataram centenas de milhares de civis.

Neste capítulo, estudaremos a Primeira Guerra Mundial, cujas razões podem ser encontradas no século XIX, como o imperialismo e o nacionalismo exacerbado.

1. A guerra em marcha

Durante a primeira metade do século XIX, França e Inglaterra eram os países de maior poder econômico e político na Europa. Já industrializados, eles dominavam extensas áreas coloniais, principalmente na África e na Ásia. Essas áreas eram importantes como fornecedoras de matérias-primas e como consumidoras de produtos industrializados.

Esse cenário europeu começou a mudar com a unificação da Itália e, sobretudo, da Alemanha, na segunda metade do século XIX.

Após a unificação, esses países passaram a disputar maior espaço no cenário internacional. A Alemanha, por exemplo, também industrializada, pretendia participar da partilha colonial, mas a maior parte da África já tinha sido ocupada pelos principais países europeus ocidentais.

No início do século XX, a intensa disputa por áreas coloniais provocava profundas divergências e rivalidades entre os países europeus, e uma tensão constante no continente.

Diversos conflitos localizados aumentaram ainda mais a tensão. Um desses conflitos envolvia o Império Austro-Húngaro, que pretendia incorporar ao seu domínio territórios da região dos Bálcãs.

Devido ao clima de crescente hostilidade, as potências europeias procuraram agrupar-se por meio de acordos econômicos, políticos e militares. Assim, formaram-se dois blocos distintos: a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente.

A Tríplice Aliança englobava a Alemanha, o Império Austro-Húngaro e a Itália. Foi criada em 1882 por articulação de Otto von Bismarck, líder da unificação alemã. 

A Tríplice Entente foi formada em 1907 e era composta por Rússia, Reino Unido e França, principais rivais da Alemanha nas disputas por áreas coloniais.

A formação de dois blocos aumentou ainda mais o clima de tensão na Europa. A rivalidade era visível na desenfreada corrida armamentista entre os integrantes dos dois blocos. Esse período passou a ser chamado de paz armada, uma vez que a paz só se mantinha graças ao sistema de alianças e ao poderio bélico de cada lado. Entretanto, esse difícil equilíbrio se romperia em 1914.

2. O estopim da guerra

Em 28 de junho de 1914, o herdeiro do trono austro-húngaro, o arquiduque Francisco_Ferdinando, foi assassinado em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, uma das províncias anexadas pela Áustria e pretendida pela Sérvia. 

Isso aconteceu quando o arquiduque, em visita oficial, desfilava com a mulher em carro aberto pelas ruas da cidade. O assassino foi um estudante bósnio favorável à unidade dos povos de origem eslava e contrário ao domínio austro-húngaro. Esse episódio foi o estopim da guerra. 

Em represália ao assassinato, em 28 de julho de 1914 tropas austro-húngaras invadiram a Sérvia. Por causa dos acordos militares e das rivalidades, a maioria dos países europeus se mobilizou para reagir à ação do exército austro-húngaro. Sucederam-se então diversos eventos, que levariam à guerra total:

  • 29 de julho – a Rússia, aliada da Sérvia, mobilizou seus exércitos para a guerra;
  • 1º de agosto – a Alemanha declarou guerra à Rússia;

  • 3 de agosto – a Alemanha declarou guerra à França;

  • 4 de agosto – a Alemanha invadiu a Bélgica, país neutro, para atacar a França. A Inglaterra declarou guerra à Alemanha;

  • 5 de agosto – o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Rússia.

O conflito, que então começava, rapidamente se estendeu e, pela primeira vez na história, tomou proporções mundiais. Grande parte dos países europeus, suas colônias e os países sob sua influência, além de países interessados em ampliar sua participação no cenário internacional, como os Estados Unidos, se envolveram no conflito. O Japão e a Romênia aliaram-se aos países da Entente. A Turquia e a Bélgica entraram na luta ao lado dos Impérios Centrais.

Outro aspecto da guerra que se iniciava era a organização da produção bélica em nível industrial e tecnológico. Uma economia de guerra.

3. A guerra entre 1914 e 1918

A primeira Guerra Mundial pode ser dividida em três momentos.

O primeiro, em 1914, caracterizou-se pela movimentação de exércitos e pela ocorrência de grandes batalhas. Vitórias e derrotas de ambos os lados garantiram o equilíbrio de forças.

O segundo momento, entre 1915 e 1916, é marcado pelo equilíbrio de forças que resultou num conflito longo e sangrento, conhecido como guerra de trincheiras. O território era disputado palmo a palmo. Em 23 de maio de 1915, a Itália, que até então tinha se mantido neutra, apesar de ter formado a Tríplice Aliança, rompeu relações com a Alemanha e entrou na guerra ao lado da França e da Inglaterra, fortalecendo a Entente.

O momento final da guerra, entre 1917 e 1918, foi marcado por dois acontecimentos decisivos:

  • na Rússia, uma revolução liberal burguesa derrubou o czar Nicolau II. O novo governo da Rússia negociou com a Alemanha e assinou um tratado pondo fim às hostilidades entre os dois países;

  • a entrada dos Estados Unidos na guerra ao lado da Entente.

A saída da Rússia e, sobretudo, a entrada dos Estados Unidos na guerra mudariam substancialmente os rumos do conflito. Fortalecidos, os países da Entente conseguiram romper o imobilismo da guerra. No final de 1918 o Império Austro-Húngaro e a Alemanha estavam derrotados. No dia 11 de novembro, representantes da Alemanha assinavam o cessar-fogo dentro de um vagão de trem em Compiègne, França. Pelo acordo, os alemães aceitavam as condições de rendição estabelecidas pelos países vitoriosos.

4. O mundo pós-guerra

Calcula-se em 9 milhões o número de mortos e em 30 milhões o de feridos ao final da Primeira Guerra Mundial.

As nações envolvidas estavam devastadas. Ao término da luta, o nacionalismo agressivo e o imperialismo, que provocaram a guerra, continuavam latentes. Para piorar a situação, uma grave crise econômica ameaçava a estabilidade de diversos países.

a) O Tratado de Versalhes

Após a rendição, o governo da Alemanha foi obrigado a aceitar uma série de penalidades impostas pelas nações vitoriosas. Essas penalidades estavam contidas no Tratado de Versalhes

Por esse tratado, a Alemanha foi responsabilizada pela guerra e, em consequência, obrigada a aceitar as seguintes penalidades:

  • ceder partes de seu território à França (Alsácia e Lorena), à Bélgica, à Polônia e à Dinamarca; suas colônias foram divididas entre a Inglaterra, o Japão, a Austrália, a França, a Bélgica e a Nova Zelândia;

  • entregar material bélico e de transporte aos países vencedores;

  • ceder a região do Sarre, rica em minas de carvão, à França por quinze anos;

  • pagar uma pesada indenização aos vencedores;

  • ficou proibida de rearmar-se.

Devido a essas e outras mudanças provocadas pela guerra, o mapa da Europa foi redesenhado. Além das alterações previstas no Tratado de Versalhes, outros acordos redefiniram as fronteiras europeias; com isso diversas regiões ganharam autonomia, como a Polônia, a Tchecoslováquia e a Iugoslávia.

b) A Liga das Nações

Durante as reuniões para a elaboração do Tratado de Versalhes foi criada a Liga das Nações. Seu principal objetivo era garantir a paz mundial. Com sede em Genebra, Suíça, a organização excluiu a Rússia e a Alemanha de sua formação. Entretanto, ao longo dos anos seguintes, a Liga iria se mostrar pouco eficiente nas tentativas de manter a paz.

Em 1946, após a Segunda Guerra Mundial, a ideia de um órgão internacional que gerenciasse as relações entre países foi concretizada com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU).

Europa: antes e depois da guerra


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Veja também:


Notas / Referências bibliográficas:

  • [1] PILETTI, Nelson & Claudino. História: EJA, 4º Ciclo… São Paulo: Ática, 2003, páginas 107 a 111 (Texto adaptado). Um dos textos didáticos (muito bom) que utilizava quando ministrava aulas de História para turmas de EJA: Educação de Jovens e Adultos.
  • [2Neste vídeo, Juliana Bezerra destaca “… as causas e o desenvolvimento da Primeira Guerra Mundial, ocorrida de 1914 a 1918…, quais foram os países envolvidos, as duras condições de luta nas trincheiras e entende o que mudou com o fim das hostilidades.”


Veja ainda o vídeo:



03 novembro 2023

Estado Laico e Laicismo

 Estado Laico e Laicismo

Por Alcides Barbosa de Amorim


Laicidade [1]

Quando nos referimos ao Estado, estamos falando da unidade administrativa de um território, abrangendo suas instituições públicas que visam a representação, organização e atendimento dos anseios da população que lá habita. E como instituições, podemos citar o governo (no caso do Brasil, nas esferas municipal, estadual e federal), escolas, prisões, hospitais públicos etc., além das Forças Armadas: Exército, Marinha e Força Aérea. Percebe-se que o conceito de Estado é mais amplo do que o de governo. Quando dizemos, por exemplo, que a Aeronáutica é uma instituição nacional permanente e regular, estamos nos referindo a uma instituição de Estado, por ser ela permanente, como o próprio nome diz, enquanto o governo é provisório.

Acontece que as instituições do Estado estão sujeitas ao seu Chefe Supremo (ou Chefe do Executivo) e sua equipe de governo, com suas ideologias, projetos, promessas de campanha etc., a serem executados. Ainda que num país democrático com o governo dividido em três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), como é (ou deveria ser) o caso do Brasil, este Chefe do Executivo e sua equipe não estão liberados para fazer o que bem entenderem. Acima deles e dos demais poderes ou instituições estão a Constituição e as leis do país. Mas, via de regra, seus planos e projetos são colocados à mesa para aprovação (ou não) e, se aprovados, dependendo de ter maioria no Congresso (Legislativo ou da interferência do Supremo) são postos em prática. São os casos, por exemplo, de controle da mídia, aborto, liberação de drogas, controle da religião etc. E é sobre este último caso que pretendo destacar a seguir.

Com o argumento do Estado laico o Estado brasileiro tem tentado “transformar a religião em um assunto estritamente privado”, diz a matéria da Gazeta do Povo [2], de 29/04/2017, sobre a qual quero destacar (texto adaptado).

  • Não se pode confundir poder político com poder religioso. Mas as religiões sempre tiveram papel fundamental na construção da maioria das sociedades modernas.
  • A herança judaico-cristã é uma das bases da civilização ocidental.
  • Segundo o filósofo Jürgen Habermas, a laicidade é definida como “… a neutralidade do poder estatal, no que tange às cosmovisões, neutralidade que garante iguais liberdades éticas a todos os cidadãos”.
  • O Estado não deve privilegiar nem coibir determinada religião, mas sim, garantir a liberdade religiosa e de culto, inclusive público.
  • Estado laico não é o mesmo que Estado ateu, e um Estado que se definisse como ateu estaria, portanto, adotando um posicionamento que viola a neutralidade.

Confundir Estado laico e Estado ateu equivale a confundir a saudável laicidade com o perigoso laicismo – perigoso porque viola as liberdades individuais e pode degenerar para a pura e simples perseguição religiosa, como ocorreu na França revolucionária e nos regimes comunistas.

  • Certos elementos da cultura de uma sociedade, como símbolos religiosos, formas de culto e até a aplicação do ensino religioso – não obrigatório – devem ser respeitados e não violam o princípio da laicidade.

O argumento do ‘Estado laico’ tem sido usado de forma inapropriada com o objetivo de transformar a religião em um assunto estritamente privado, que só tem espaço de cidadania das portas das residências para dentro. Ora, isso é ignorar a diferença existente entre a dimensão de governo e a dimensão da sociedade. Aqui, cabe ao Estado reconhecer a importância da religião na sociedade, sem ações que tenham o objetivo de minimizar esse fenômeno – o que seria uma interferência indevida. O que quer que as religiões pleiteiem precisa ser justificado em termos puramente racionais.

Como vimos acima, a existência do Estado com suas instituições visam a representação, organização e atendimento dos anseios da população que habita o seu território. Neste caso, se certos grupos sociais como sindicatos, entidades de classe, movimentos sociais e de minorias, são atendidos, os grupos religiosos e/ou igrejas também devem estar nesta lista. Por outro lado, a decisão da legalização das políticas públicas são do Estado, mas esta não pode violar os direitos e garantias dos membros de qualquer grupo social. Os grupos sociais devem ser ouvidos sobre a melhor forma de participar do debate público, de forma justificada sob o prisma da razão e não em detrimento de outras crenças. “Nisso consiste a laicidade saudável: basear as decisões de Estado em princípios puramente racionais, ainda que eles tenham sido defendidos principalmente ou exclusivamente por grupos religiosos”. Desta forma, o Estado laico deve dar a liberdade de culto e permitir sua participação pública – vida política – de qualquer grupo religioso, enquanto este último deve usar sua fé ou crença de forma racional, observando o caráter científico de seus argumentos e para o bem coletivo de seus concidadãos.

Muitos defendem o Estado laico, mas se confundem com as ideias de laicização. O Estado é laico por aceitar todas as crenças religiosas, mas ao mesmo tempo não deve restringir a participação de suas atividade apena na esfera do privado. Sobre isto, sugiro o BTCast – Direito Religioso já informado acima e também o vídeo abaixo do Canal Teologia Liberada, através do Pr. Veridiano Pantarotto:


Notas / Referências bibliográficas:

25 outubro 2023

Humanismo Secular

Humanismo Secular

Por David W. Gill

Secularismo [1]


Na epístola de 2Coríntios (4.4) encontramos a expressão “deus deste século”, uma referência que sabemos, pelo contexto, tratar-se de um deus (com “d” minúsculo) capaz de cegar o entendimento das pessoas neste momento ou nesta forma de existência atual. Em Tito, Paulo afirma também que este “presente século” é cercado de impiedade, concupiscências mundanas etc., vícios que devemos renunciá-los(2.12). É neste sentido que gostaria de refletir sobre dois termos “secularização” e “laicização”, palavras similares que destacaremos em duas postagens.

Nesta, quero fazer uso quase na íntegra e com algumas notas adicionais, do texto de David W. Gill [2], e, no final, insiro para nossa reflexão o vídeo "Desafios para o Jovem Cristão em uma sociedade secularizada".

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Humanismo secular é o modo de vida e de pensamento que é seguido sem referência a Deus ou à religião. A raiz latina saeculum referia-se a uma geração ou a uma era. "Secular" velo a significar "pertencente a esta era, mundana" [3]. Em termos gerais, o secularismo envolve uma afirmação das realidades imanentes deste mundo, lado a lado com uma negação ou exclusão das realidades transcendentes do outro mundo. É uma cosmovisão e um estilo de vida que se inclina para o profano mais do que para o sagrado, o natural mais do que o sobrenatural. O secularismo é uma abordagem não-religiosa da vida individual e social.

Historicamente, "secularização" referia-se primeiramente ao processo de transferir os bens da jurisdição eclesiástica para o estado ou outra autoridade não-eclesiástica. Nesse sentido institucional, "secularização ainda significa a redução da autoridade religiosa formal (e.g., na educação). A secularização institucional tem sido alimentada pelo colapso de um cristianismo unificado desde a reforma [4], por um lado, e pela racionalização [5] cada vez maior da sociedade e da cultura desde o Iluminismo até à sociedade tecnológica moderna, por outro. Alguns analistas preferem o termo “laicização” [assunto que abordaremos num outro momento] para descrever essa secularização institucional da sociedade, ou seja, a substituição do controle religioso oficial pela autoridade não-eclesiástica.

Uma segunda maneira de se entender "secularização está ligada a uma mudança nos modos de pensar e viver, para longe de Deus e em direção a este mundo. O humanismo renascentista [6], o racionalismo iluminista [7], o poder e a influência cada vez maiores da ciência, o colapso das estruturas tradicionais (e.g., da família, da igreja, da vizinhança), a teorização da sociedade e a competição oferecida pelo nacionalismo, o evolucionismo e o marxismo, todos têm contribuído para aquilo que Max Weber chamou de “desencantamento” do mundo moderno.

Embora as secularizações institucional e ideológica tenham avançado simultaneamente no decurso destes últimos séculos, o relacionamento entre as duas não é causalmente exato nem necessário. Sendo assim, até mesmo num ambiente medieval, constantiniano, formalmente religioso no seu caráter, os homens e mulheres não estavam imunes a terem sua vida, seu pensamento e sua obra moldados por considerações seculares deste mundo. Da mesma forma, numa sociedade institucionalmente secularizada (laicizada) é possível aos indivíduos e grupos viverem, pensarem e trabalharem de modos que são motivados e orientados por Deus e por considerações religiosas.

A secularização, portanto, é um fato histórico, e tem seus prós e contras. O secularismo, no entanto, como uma filosofia abrangente da vida, expressa um entusiasmo sem reservas pelo processo da secularização em todas as esferas da vida. O secularismo carrega uma falha fatal pelo seu conceito reducionista da realidade, que nega e exclui Deus e o sobrenatural numa fixação míope naquilo que é imanente e natural. Na discussão contemporânea, o secularismo e o humanismo são frequentemente vistos como uma só dupla que forma o humanismo secular – uma abordagem da vida e da sociedade que glorifica a criatura e rejeita o Criador. O secularismo, como tal, constitui-se num rival do cristianismo.

Os teólogos e filósofos cristãos têm se engalfinhado com o significado e o impacto da secularização. Friedrich Schleiermacher [8] foi o primeiro teólogo que procurou fazer uma formulação radical do cristianismo em termos dos temas humanistas e racionalistas da Renascença e do Iluminismo. Embora seus esforços tenham sido brilhantes e extremamente influentes no desenvolvimento da teologia, os seus críticos fizeram a acusação de que Schleiermacher, ao invés de salvar o cristianismo, traiu aspectos cruciais da fé ao redefinir a religião em termos de sentimentos de dependência humana.

Nenhuma discussão contemporânea do cristianismo e do secularismo pode deixar de lidar com as Cartas e Papéis da Prisão escritas por Dietrich Bonhoeffer. Primeiramente pelo fato de a obra ser fragmentária e incompleta, os conceitos de Bonhoeffer tais como o “mundanismo cristão”, o “homem que ficou maior de idade”, e a necessidade de uma “interpretação não-religiosa da terminologia bíblica” têm sido sujeitados a debates calorosos quanto ao seu significado e às suas implicações. Friedrich Gogatten (The Reality of Faith – “A Realidade da Fé” – 1959), Paul van Buren (The Secular Meaning of the Gospel – “O significado Secular do Evangelho” – 1963), Harvey Cox (A Cidade do Homem – 1965), Ronald Gregor Smith (Secular Christianity – "O Cristianismo Secular – 1966), e os teólogos da “morte de Deus" são exemplos daqueles que seguiram o único rumo possível ao reformular o cristianismo em termos de um mundo secular, Kenneth Hamilton (Life in One's Stride – "Levando a Vida – 1968) nega que esta seja a melhor maneira de interpretar Bonhoeffer, e argumenta que aquele teólogo alemão nunca vacilou na sua convicção básica e ortodoxa.

Embora as discussões entre os teólogos durante as décadas de 1950 e de 1960 tendessem a focalizar a adaptação da teologia cristã à secularização, as décadas de 1970 e de 1980 testemunharam uma nova resistência vigorosa ao secularismo em muitos ambientes. Jacques Ellul (The New Demons – "Os Novos Demônios – 1975 foi uma das muitas vozes que argumentaram que o secularismo por si só era uma forma de religião, e que era antagonista tanto do cristianismo quanto do humanismo cristão verdadeiro. Francis A. Schaeffer (How Should We Then Live? – "Como, pois, Devemos Viver? – 1976) e outros fundamentalistas e evangélicos conservadores atacaram o humanismo secular como o grande inimigo contemporâneo da fé cristã.

Da perspectiva da teologia bíblica cristã, o secularismo é culpado porque "mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura, em lugar do Criador” (Rm 1.25). Tendo excluído o Deus transcendente como o absoluto e o objeto da adoração, o secularista inexoravelmente torna o mundo do homem e da natura absoluto, e objeto da adoração. Em termos bíblicos, o Deus sobrenatural criou o mundo e sustenta a sua existência. Este mundo (o saeculum) tem valor porque Deus o criou, continua a preservá-lo, e age para redimi-lo. Embora Deus seja Senhor da história e do universo, Ele não pode ser identificado com um ou outro (o panteísmo). Homens e mulheres existem em liberdade e responsabilidade diante de Deus e para o mundo. Mordomia e parceria definem o relacionamento que o homem tem com Deus e o mundo.

O caráter sacro e teocrático do Israel antigo é modificado com a vinda de Cristo. Com a obra de Cristo, a cidade e a nação são secularizadas (dessacralizadas), e a Igreja, como templo do Espirito Santo, agora é sacralizada. O relacionamento entre a Igreja e a sociedade ao redor não é definido em termos de uma missão no sentido de dessacralizar a sociedade pela imposição de um governo eclesiástico sobre ela. O relacionamento é de serviço e testemunho, de proclamação e cura, tudo com amor. Nesse sentido, pois, a secularização da sociedade é uma vocação cristã. Isto quer que a sociedade não deve ser considerada divina ou absoluta, mas uma coisa histórica e relativa. Somente Deus é sagrado e absoluto de modo final. Reestabelecer a natureza sagrada de Deus, no entanto, importará em atribuir a este mundo seu valor correto e relativo.

É claro que a distinção entre o sagrado e o secular não é um abismo que não possa ser ligado. Da mesma maneira que Deus fala e age no saeculum, os cristãos devem falar e agir de modo criador e redentor. Isto importa em não abandonar o mundo secular ao secularismo. Em todas as circunstâncias, a vida cristã no mundo secular deve ser vivida sob o senhorio de Jesus Cristo e em obediência à vontade de Deus e não à vontade do mundo. E em situações tais como as que existem nos Estador Unidos onde o povo em geral pode votar e é convidado a dar sua opinião na política, na educação pública, nos serviços sociais e assim por diante, os cristãos podem ser operantes para garantir que a Palavra de Deus seja ouvida e tenha seu devido lugar entre as muitas outras vozes que constituirão a totalidade heterogênea. Insistir que a Palavra de Deus deva ser imposta a todos sem exceção é cair de novo no autoritarismo antibíblico. Deixar de articular a Palavra de Deus no saeculum, no entanto, é ceder diante de um secularismo que, ao excluir o Criador, somente poderá levar à morte.

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Notas / Destaques:

  • [2David W. Gill: “PhD na Universidade do Sul da Califórnia. Deão e Professor Adjunto de Ética Cristã, New College Berkeley, Califórnia, EUA”. O texto Secular, Humanismo Secular, a seguir, é uma contribuição à Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, (Vide Referência bibliográfica).

  • [3Século ou geração (cf 2Co 4.4) estão relacionados à este geração mundana e a frase "deus deste mundo" (ou "deus deste século") “… indica que Satanás é a maior influência sobre os ideais, opiniões, metas, desejos e pontos de vista da maioria das pessoas. Sua influência também abrange filosofias, educação e comércio mundiais. Os pensamentos, ideias, especulações e falsas religiões do mundo estão sob o seu controle e surgiram a partir de suas mentiras e enganos…” (in: <Como Satanás é o deus deste mundo…?>. Acesso em: 24/10/2023.

  • [4Um dos pontos doutrinários por Lutero, o principal reformador protestante é o livre exame da Bíblia. Este princípio trouxe pontos positivos, mas também o risco de uma série de interpretações errôneas acerca de alguns dogmas ou doutrinas do cristianismo. O sola scriptura, por exemplo, foi e é motivo de críticas por parte da Igreja Católica aos protestantes, além da sociedade intelectual secularizada.

  • [5O pai do racionalismo é René Descartes, que com seu slogan “penso, logo existo” tentou incutir na mente das pessoas a ideia de tudo analisar pela busca da razão. A Igreja Católica chega até proibir alguns de seus livros, em especial Meditações metafísicas, por adentrar em assuntos teológicos que contrariavam os ensinamentos da Igreja. Parte de um texto que li há mais de 40 anos atrás, de Colin Brown, diz: “… Num dos seus momentos mais especulativos, o Arcebispo William Temple certa vez foi tentado a perguntar a si mesmo qual foi o momento mais desastroso na história da Europa. A resposta que lhe ocorreu foi: o dia em que Descartes se encerrou na sua estufa [quando escreveu sua principal obra ‘Discurso do método’]. Ao dizer isto, Temple não estava pensando tanto no conceito que Descartes tinha de Deus, mas, sim, na tendência à qual deu início no pensamento europeu…” (BROWN, Colin. São Paulo: Vida Nova, 1985, pág. 39/40.

  • [6] Ênfase no papel do homem como personagem central da arte, literatura, ciência etc., que o racionalismo, mais à frente, dá continuidade...

  • [7] “Embora a descrença na existência de Deus seja percebida no mundo em todas as épocas, o ateísmo se tornou mais evidente a partir do nascimento do iluminismo, movimento que contribui para a elevação da ciência e consequente enfraquecimento da religião.” (In: <Ateísmo moderno>. Acesso em:25/10/2023.

  • [8Nos campos Filosófico-Teológicos, Schleiermacher é chamado de “pai do liberalismo”. “À luz de seus pressupostos filosóficos fundamentais, bem como dos reflexos desses mesmos pressupostos sobre sua teologia, pode-se vislumbrar as bases do liberalismo que, desenvolvendo-se desde os tempos do Iluminismo, passou a representar uma forte ameaça contra a ortodoxia até os nossos dias…”.In: <O Tríplice Fundamento Filosófico da Teologia de Schleiermacher/>. Acesso em: 25/10/2023.


Fonte:

  • GILL, David. W. Secular, Humanismo Secular. São Paulo. In: In: Enciclopédia Histórico-Teológica. Editor Walter A. Elwell. Vol. III. São Paulo: Vida Nova: 1988, Pág. 364 a 366 (Texto adaptado).
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21 outubro 2023

Bispos e Papas: (2) Anacleto

 

Bispos e Papas: (2) Anacleto

Por: Alcides Barbosa de Amorim

Bispo Anacleto [1]

Prosseguindo nossa tarefa de breves estudos acerca dos bispos e/ou papas, quero destacar neste post a pessoa de Anacleto, também chamado de Cleto ou Anencleto. Consideraremos o primeiro nome, Anacleto, para todos os efeitos.

Como já dissemos no post O Bispo Lino, consideraremos o papado a partir de Leão I (440-461). Antes disso, ficamos apenas com o título de bispos romanos àqueles “papas”, tidos pela Igreja Católica como sucessores de Pedro.

Sobre Anacleto, encontramos na História Eclesiástica de Eusébio que “depois que Vespasiano reinou cerca de dez anos, foi sucedido por seu filho Tito”1, e que no “segundo ano de seu reinado, Lino, bispo da igreja de Roma, que se mantivera no ofício por cerca de doze anos, transferiu-o a Anencleto…” (Idem). No capítulo XIV, Eusébio afirma que Anacleto foi bispo de Roma “durante doze anos”.

Vale destacar que no primeiro século do cristianismo, que também é o de Anacleto, não havia padrão uniforme de organização eclesiástica. “Algumas Igrejas eram governadas por grupos de presbíteros ou bispos, auxiliados pelos diáconos”2. Estes bispos eram pastores que dirigiam cada qual a sua igreja e não várias, como ocorre no século II. Em meados do deste século (II), “… começou a surgir uma organização que depois veio a ser conhecida como Igreja Católica. O termo ‘católica’ quer dizer universal. Esta foi uma federação ou associação de igrejas que eram ligadas por um acordo formal, com três aspectos…” (Idem, pág. 47): 1) unidade espiritual e também exterior, numa só forma forma de governo centralizada na pessoa de um bispo; 2) adoção de um só credo, substancialmente o Credo dos Apóstolos; e 3) adoção de uma só coleção de livros do Novo Testamento. 

Como Anacleto viveu ainda no primeiro século antes da padronização ou “catolização” eclesiástica, entendemos que ele era um líder sem a importância ou destaque que a Igreja Católica lhe atribui. As informações a seguir3 sobre sua pessoa são encontradas em bibliografia católica. Segundo informado, por exemplo, pela Arquidiocese de São Paulo, sobre Anacleto:

  • seus dados biográficos se embaralharam ao serem transcritos século após século;

  • teve sua vida contada como se ele "fosse dois": papa Anacleto e papa Cleto;

  • governou entre os anos 76 e 88;

  • nasceu em Roma e, durante o seu pontificado, o imperador Domiciano desencadeou a segunda perseguição contra os cristãos;

  • mandou construir uma memória, isto é, um pequeno templo na tumba de São Pedro;

  • morreu mártir no ano 88 e foi sepultado ao lado de São Pedro, sendo substituído por Clemente I (88-97)…

Bem, não se sabe a data do nascimento de Anacleto, mas de sua morte, ocorrida em 92, e que foi bispo entre parte nos anos 70 e 80, é possível – ou não – que ele tenha conhecido o apóstolo Pedro, Paulo, João e outros, no entanto não temos registros sobre isto nem seu nome aparece nos escritos bíblicos. Ele entra na lista dos papas inserida no Liber Pontificalis, uma obra publicada por volta de 536, que trata sobre uma biografia dos “papas” de Pedro até Estêvão V, no século XV4. Mas sua posição de bispo, como representante direto de Deus e da Igreja como vai dizer Inácio de Antioquia, vai aparecer provavelmente um pouco depois de sua morte. Segundo Inácio “..., pois é evidente que temos de respeitar o bispo da mesma maneira como respeitamos o próprio Senhor"5, posição que ocupa o início do clericalismo e da sucessão apostólica que tem início em meados do século seguinte.

Veja também:


Notas / Referências bibliográficas:

  • [1] CESAREIA, Eusébio de. História Eclesiástica: os primeiros quatro séculos da Igreja Cristã, (Livro 3, Cap. XIII).

  • [2] NICHOLS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2000, pag. 46/47.