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17 setembro 2023

Sola Fide: aliada da graça na justificação

Sola Fide: aliada da graça na justificação

Por: Alcides Barbosa de Amorim



Continuando o estudo sobre os cinco Solas – verdades fundamentais da Reforma Protestante –, depois de já termos destacado o Sola Scriptura, o Solus Christus e o Sola Gratia, quero destacar também neste post a fé (Sola Fide, Somente a Fé), virtude divina e espiritual, aliada da graça no plano salvífico (justificação) do ser humano.

O Pastor e Professor, Franklin Ferreira, em sua explanação sobre o assunto1, destaca:

  • Conforme Romanos 4, Abraão, Moisés e Davi foram declarados justos pela fé somente.
  • A fé é o reconhecimento de que não temos mérito para barganhar com Deus.
  • Fé é crer e confiar em Jesus. A fé não é o fundamento da justificação e sim, a graça. Não importa o tamanho da fé do crente, importa a fé, mesmo pequena.
  • Hebreus 11 e 12 tratam de gente como a gente, mesmo sendo chamados de heróis. Jesus foi o autor da fé daqueles heróis.

O Pastor Franklin cita a Confissão de Augsburg, um dos principais documentos sobre da fé protestante... Mas quero destacar também o artigo Sola Fide2, do Dr. J. V. Fesko, que segue a mesma linha do Pastor Franklin, e cita também outros documentos. Por exemplo, o Catecismo de Westminster, citado por ele, define Justificação como “… um ato da livre graça de Deus, através da qual ele perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos diante de si, somente pela justiça de Cristo a nós imputada e recebida pela fé somente”. Este princípio entra em choque com a posição da Igreja Católica que defende desde do Concílio de Trento, em 1547, “… (1) que os pecadores são justificados pelo seu batismo, (2) que a justificação é pela fé em Cristo e pelas boas obras de uma pessoa, (3) que os pecadores não são justificados unicamente pela justiça imputada de Jesus Cristo, e (4) que uma pessoa pode perder sua posição de justificação”. Ou seja, para a Igreja Católica, o Solus Fide é uma heresia protestante e recebe o anátema da mesma quem assim pensa ou pratica.

Entretanto, seguindo a posição protestante e nosso entendimento do que fala as Escrituras sobre a fé e sua relação com a justificação, afirmamos, como conclusão, que O único meio pelo qual a perfeita obra de Cristo é recebida é pela fé somente – Sola Fide.

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê [que tem fé]; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé (Rm 1.16,17). 

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1).

Sugiro a leitura do meu artigo: O depósito da fé: cânon, sucessão apostólica, tradição e outras considerações, publicado aqui em fevereiro de 2022.

Veja também o vídeo de Paulo Won abaixo:

 

Notas / Referências:



14 setembro 2023

Sola Gratia: o favor imerecido de Deus

Sola Gratia: o favor imerecido de Deus

Por: Alcides Barbosa de Amorim



A Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero, em 1517, Reforma Protestante foi um movimento reformista ocorrido no seio da igreja cristã no século XVI, iniciado por Martinho Lutero, em 1517, deixou-nos como legado os cinco princípios, chamados Solas. Já vimos um pouco sobre o Sola Scriptura e o  Solus Christus. Desta feita, destacaremos o Sola Gratia (Somente a Graça).

Diferentemente do que pensa o clero católico que condiciona a salvação do homem, além da graça também às suas boas obras, os reformadores entenderam que a salvação do homem é inteiramente condicionada à ação da graça de Deus, ou seja, só a graça através da regeneração unicamente promovida pelo Espírito Santo, em conjunto com a obra redentora de Jesus Cristo é o meio de salvação por meio da fé (fide). Como disse Paulo em Efésios 2.8-9: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. A palavra traduzida como graça no Novo Testamento vem da palavra grega charis, o que significa "favor, bênção ou bondade”. Como somos pecadores e, por isto mesmo, não merecedores da salvação, Deus escolhe, mediante sua Graça, nos abençoar ao invés de nos amaldiçoar como o nosso pecado merece. A Graça é a sua benevolência ou favor imerecido em favor do homem.

Alguns destaques do estudo do Pastor Franklin Ferreira (Fonte abaixo) sobre o assunto, disponível no You Tube:

  • A mensagem de salvação está escassa hoje em dia. Muitas mensagens, via de regra, são calcadas no poder do homem. A mensagem é o produto e os crentes, os consumidores.
  • O fundamento da nossa salvação é a graça. A graça é livre e é conferida – como uma dádiva – ao crente.
  • Deus mesmo se entregou em favor do homem. Somos declarados homens e mulheres retos e justos pela graça de Deus em Cristo.
  • Os textos de Romanos 5.2-21 e 1Corintios 15 resume toda a história da humanidade em duas pessoas: Adão e Cristo. Cristo, o segundo Adão, efetuou uma nova criação.
  • Jesus é o Filho Amado, mas no calvário, ele assume a ira de Deus. E ele não se tornou pecador, apenas satisfez as exigências do Pai.
  • A justificação não é gradual, e sim completa.

(A Declaração de Cambridge, Tese 3)

Importante distinguir entre o que é a graça comum (geral, universal) e a graça especial (salvífica, regeneradora). A Graça comum é assim chamada porque toda a humanidade a recebe em comum. Seus benefícios são experimentados pela totalidade da raça humana, sem discriminação entre uma pessoa e outra. Já a graça especial, da qual nos ocupamos aqui, é aquela pela qual Deus redime, santifica e glorifica Seu Povo. Ao contrário da graça comum, que é dada universalmente, a graça especial é outorgada somente àqueles que Deus elege à vida eterna, mediante a fé em ação do cristão.

Conclusão:

“Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual. 

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.”


Fontes sugeridas:

  • HUGHES, P. Edgcumbe. Graça. In: Enciclopédia Histórico-Teológica. Editor Walter A. Elwell. Vol. II. São Paulo: Vida Nova: 1988, Pág. 216 a 220.


Veja também o vídeo de Paulo Won a seguir:


11 setembro 2023

Solus Christus: A Centralidade da Cruz de Cristo

Solus Christus: A Centralidade da Cruz de Cristo

Por Alcides Barbosa de Amorim



A Reforma Protestante foi um movimento reformista ocorrido no seio da igreja cristã no século XVI, iniciado por Martinho Lutero, em 1517. E durante este movimento foram popularizados entre os primeiros reformadores os cinco princípios basilares da fé cristã reformista ou protestante, chamados solas. A palavra sola é a palavra latina para “somente”: Sola Scriptura (Somente as Escrituras); Solus Christus (Somente Cristo), Sola Gratia (Somente a Graça), Sola Fide (Somente a Fé) e Soli Deo Gloria (Somente a Deus, Glória).

Já falamos sobre o primeiro Sola, o sola Scriptura e neste post quero enfatizar o Solus Christus e destacar [1] alguns pontos deste princípio:

  • Quando a igreja abandona o primeiro artigo, a Sola Scriptura, consequentemente acabará abandonando também os outros pontos ou artigos de fé, os outros “solas”.
  • A cruz perdeu seu significado na atualidade. Em pesquisa de 1995, apenas 44% identificaram a cruz como símbolo da fé cristã. Mas a cruz é o ponto central da narrativa bíblica e deve ser também da fé cristã.

  • Segundo Lutero, “a igreja medieval seguia a escada da glória e não a escada da cruz”. Para Lutero, as “imagens de Babel” (Gênesis 11.1-9) representava a igreja medieval, e a escada de “Betel” (Gênesis 28.10-20) representava a descida de Deus até o homem.

  • E a cruz foi o ponto central desta busca ao homem por parte de Deus.

Franklin (Nota 1) destaca 3 escadas que estão presentes ainda hoje:

  • => a escada da especulação, exemplificada pela Teologia Liberal;

  • => a escada das boas obras, exemplificada pela prática da igreja medieval e pelo moralismo de algumas igrejas fundamentalistas;

  • => a escada do misticismo, exemplificada por crentes que tentam chegar a Deus pelo seu próprio esforço, como portadores de “dons” especiais…

A teologia da cruz:

  • Somente conhecemos a Deus na cruz. Deus é conhecido não na força, mas na fraqueza.
  • Deus é conhecido e adorado somente na cruz.
  • Usando uma linguagem militar, Paulo enfatiza que o Cristo crucificado no madeiro venceu o Diabo.
  • O “teólogo” que não ensina a teologia da cruz não deve ser respeitado como tal; a teologia de Lutero é centrada na cruz.

Precisamos pensar:

  • na relação da cruz com a salvação (Rm 3.24-26);
  • na cruz como meio de redenção por Jesus Cristo pela graça;
  • na relação da cruz e a igreja; após a 2ª Guerra Mundial, a igreja colocou Jesus e a cruz para fora;
  • que o critério da pregação é apontar para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo…


Conclusão:

“Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai. 

Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.”

(A Declaração de Cambridge, 2ª Tese).

 

Nota:

  • [1] Destaques do estudo do Professor e Pastor Franklin Ferreira, disponibilizado no You Tube. Link abaixo.


Fontes sugeridas:

  • FERREIRA, Franklin. Solus Christus: A Centralidade da Cruz de Cristo. In: <https://www.youtube.com/watch?v=xj6AtVp5eHg>. Acesso em: 07/09/2023.


Agora, veja o vídeo de Paulo Won, Solus Christus:

07 setembro 2023

Sola Scriptura: o fundamento da fé

Sola Scriptura: o fundamento da fé

Por Alcides Barbosa de  Amorim


 

“.. e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3.15-17).


A Reforma Protestante foi um movimento reformista ocorrido no seio da igreja cristã no século XVI, iniciado por Martinho Lutero, em 1517.

Os fundamentos da Reforma são baseados nos chamados cinco solas: Sola Scriptura (Somente as Escrituras), Solus Christus (Somente Cristo), Sola Gratia (Somente a Graça), Sola Fide (Somente a Fé) e Soli Deo Gloria (Somente a Deus, Glória). Neste post, quero destacar o primeiro Sola, isto é, O Sola Scriptura.

Alguns destaques:

  • A Escritura é o fundamento da fé cristã.

  • A própria Escritura dá testemunho de si mesma:

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 16,17).

“E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição” (2 Pe 3.15,16).
  • Pedro sugere que os escritos de Paulo são também Escrituras…
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2Pe 1.20,21).
  • As Escrituras são “inerrantes, infalíveis e confiáveis”, mas numa linguagem coloquial (do dia-a-dia e de homens simples)…

  • As Escrituras são suficientes para o que precisamos em relação à salvação, vida eterna e viver para a glória de Deus.

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4.11).

          • O fundamento da igreja é a mensagem defendida pelo apostolado, e os evangelistas, pastores e doutores levam esta mensagem que é o fundamento dos apóstolos…

  • Escritura e o Espírito Santo caminham lado a lado. Os escritores sagrados eram inspirados e os pregadores são iluminados.

  • Uma igreja reformada precisa priorizar as Escrituras. Estas precisam ser lidas na igreja.

  • O verdadeiro sermão tem que ser uma exposição do texto sagrado. O pregador não é a voz de Deus, e sim a Bíblia, pois “… a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Rm 10.17).

  • A questão hermenêutica: método histórico-gramatical, a melhor interpretação do texto bíblico. Buscar os textos originais, o contexto histórico, bons dicionários, teologias sistemáticas…

  • O cristão deve buscar a Escritura amando-a, sem desconfiança…

  • Devemos ver a Bíblia como continuidade: o Novo Testamento é continuação do Antigo Testamento e compõe nossas Escrituras.

  • Cristo é o centro das Escrituras, Estas, segundo Lutero é “manjedoura” onde Cristo está assentado…


“Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação”. 
(A Declaração de Cambridge, 1ª Tese).


Fontes sugeridas: 


Veja também o vídeo de Paulo Won a seguir:



28 agosto 2023

Evangelicalismo

Evangelicalismo

Por Richard V. Pierard


"O evangelicalismo, evangelismo ou cristianismo evangélico é um movimento cristão protestante surgido no século XVII, depois da Reforma Protestante, tornando-se uma vertente organizada com o surgimento, dos metodistas entre os anglicanos, dos puritanos entre os calvinistas e Igrejas Reformadas, ambos na Inglaterra e dos pietistas entre os luteranos na Alemanha e Escandinávia. O movimento tornou-se ainda mais significativo nos Estados Unidos da América durante o Grande Despertamento dos séculos XVIII e XIX, onde conseguiu muito mais membros do que na Europa. O movimento continua a atrair adeptos em nível mundial no século XXI, especialmente no mundo em desenvolvimento. É um movimento que reúne vários submovimentos, sendo os principais Anabatismo, Igreja Batista e Pentecostalismo..."

(Wikipédia: texto e imagem)


Veja o texto completo de Richard Pierard em PDF, acessando o link a seguir:


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