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27 julho 2020

A Era dos novos horizontes (VI) – Horizontes Geográficos: O Século do Colonialismo

Por

GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos novos horizontes – Vol. 9. São Paulo: Vida Nova, 1988 (1ª ed.), pág. 117 a 127.

Afirmo que somos a primeira raça do mundo, e que quanto maior for a parte do mundo que povoemos, mais se beneficiará a humanidade” (Cecil Rhodes).

Artigo completo em PDF:

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22 julho 2020

Escatologia: O Estado Intermediário

Para onde vão os mortos?[1]

Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp 1.20-23)[2].

Já estudamos em outro momento, no post escatologia, estudo das últimas coisas, e como parte destas (coisas), vimos também sobre a morte. O que vem após a morte e antes da ressurreição dos mortos é o que chamamos de estado intermediário, assunto deste artigo (post). Portanto, é importante ler antes o assunto anterior (morte) pois este é continuação do mesmo.
A salvação efetuada por Jesus não diz respeito apenas à redenção da alma ou espírito, ou seja, às partes metafísicas do homem. A estrutura do homem é composta de “espírito, e alma, e corpo” (1Ts 5.23). Por isso, acontecerá a ressurreição de toda pessoa, uma vez que a sua estrutura se desligará com a morte física. Mas enquanto isto não acontece, deve ser observado, conforme afirma Myer PEARLMAN[3], que os justos não receberão sua recompensa final nem os ímpios seu castigo final, enquanto não ocorrem as suas respectivas ressurreições. Ambas as classes estão num estado intermediário, aguardando esse evento. Os cristãos falecidos vão estar ‘com o Senhor’, mas não recebem ainda o galardão final.
O estado intermediário dos justos descreve-se como:
  • um estado de descanso, espera e repouso:
“E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem” (Ap 14.13). 
“E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram” (Ap 6.10,11).
  • um lugar de serviço e de santidade:
“E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra” (Ap 7.14,15) etc.

Em relação ao estado intermediário dos ímpios:
Os ímpios também passam para um estado intermediário, onde aguardam o castigo final, que se realizará depois do juízo do Grande Trono Branco, quando a Morte e o Hades (ou Sheol) serão lançados no lago de fogo.
“E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte” (Ap 20.14).
Mas há opiniões que as consideramos errôneas em relação ao estado atual dos mortos. Queremos destacar duas delas: o purgatório e o sono da alma.
  • Purgatório: doutrina defendida pela Igreja Católica Romana, que diz respeito ao processo de purificação que os fiéis precisam antes de se tornarem aptos para entrar na presença de Deus. 
O dogma do purgatório teve início na Idade Média e foi um dos estopins da Reforma[4]: a venda de indulgências feita pela igreja para abreviar o tempo das almas dos entes queridos que estavam se purgando para entrarem no céu.
Não encontramos respaldo bíblico para fundamentar o dogma do purgatório. Pelo contrário, as Escrituras atribuem ao sangue de Cristo ilimitada eficácia. Não há purificação dos pecados fora do sangue de Cristo. Sofrer no purgatório seria pagar uma conta que Jesus já pagou com sua morte e seu sangue derramado por nós. E só há duas classes de pessoas: salvas (os que aceitam este sacrifício de Cristo) e perdidas (os que rejeitam este sacrifício). E para ambas as classes, depois da morte, segue-se o juízo. “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (Hb 9.27-28). E mais: “... todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2Co 5.10).

  • Sono da alma: defendida por certos grupos, como os Adventistas do Sétimo Dia. Eles creem que a alma permanecerá num estado inconsciente até à ressurreição. Segundo esta crença, a alma fica suspensa “... entre o momento da morte pessoal e o tempo quando nosso corpo será ressuscitado. Quando nosso corpo ressuscitar dos mortos, a alma será despertada para iniciar uma continuidade pessoal e consciente no céu. Embora séculos possam se passar entre a morte e a ressurreição final, a alma ‘adormecida’ não terá consciência da passagem do tempo”[5].

É verdade que a Bíblia descreve a morte como um sono, por exemplo em Lucas 8.52, quando Jesus disse sobre a filha de Jairo, que ela não estava morta, mas dormia: “Ela não está morta, mas dorme”. Mas “esse dormir” é em razão de o crente, ao falecer, perder a consciência para com o mundo cheio de fadiga e sofrimento e acordar num reino de paz e felicidade.
Destaco ainda a diferença entre Queber e Hades ou Sheol, descritos na Bíblia como sendo destinos dos mortos. No Antigo Testamento, referências como Gênesis 50.5; Êxodo 14.11; 2Samuel 3.32; 1Reis 13.30; 2Crônicas 16.14 e outras, a palavra hebraica queber aparece traduzida em nossas versões em português como sepultura, cova ou túmulo, enquanto referências – cf. Pearlman –, como Isaías 14.9-11; Salmo 16.10; Lucas 16.23; 23.43; 2Coríntios 5.8; Filipenses 1.23; Apocalipse 6.9 e outras, onde aparecem as palavras Hades (Hebraico – A.T.) ou Sheol (Grego – N.T.), ambas com o mesmo sentido, têm significados muito diferentes de queber. Ou seja, estas expressões (Hades ou Sheol) ultrapassam o sentido de sepultura, propriamente dito, e referem-se ao “mundo invisível”, dos mortos. Afirma o Pr. João Flávio Martinez[6]: “Observe agora o contraste entre as palavras Sheol (mundo invisível) e Queber (sepultura, cova, túmulo) no A.T.:

Concluímos, então, que o uso da palavra queber prova que ela significa sepultura, túmulo, que acolhe o cadáver, enquanto o Sheol acolhe o espírito do homem”.
Seguindo ainda a opinião de Martinez, que é a da maioria dos protestantes, ele destaca o ANTES e o DEPOIS do calvário. Ele afirma que antes do Calvário, o Sheol-Hades dividia-se em três partes distintas: a primeira parte, o lugar dos justos, chamada Paraíso, Seio de Abraão ou Lugar de consolo (cf. Lc 16.22,25); a segunda, parte dos ímpios, e é denominada lugar de tormento (Lc 16.23) e a terceira, que fica entre a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como lugar de trevas, Lugar de prisões eternas, Abismo (Lc 16.22; 2Pe 2.4; Jd. v. 6), local onde Satanás será preso durante o Milênio, e onde se encontra aprisionada uma classe de anjos caídos, a qual não sai desse abismo, senão quando Deus permitir nos dias da Grande Tribulação.
Depois do Calvário, houve uma mudança dentro do mundo dos mortos. Depois da sua morte, Jesus esteve três dias no coração da Terra, isto é, no Paraíso, do qual Ele havia dito ao malfeitor (cf. Lc 23.43). Por esta ocasião, Cristo aproveitou a oportunidade e “pregou (proclamou) aos espíritos em prisão, os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé” (1 Pe. 3.18-20). Depois disso efetuou a grande mudança no Sheol-Hades, “subindo ao alto levou cativo o cativeiro” (Ef 4.8), isto é, trasladou o Paraíso para o terceiro céu, na presença de Deus, debaixo do seu altar (Ap 6.9), separando completamente das partes inferiores onde continuam os ímpios mortos. E isto foi o cumprimento cabal de sua promessa, quando esteve ainda na terra: “... e as portas do inferno (Hades) não prevalecerão contra a minha Igreja” (Mt 16.18). Conclui, Martinez, que somente os justos gozam dessa mudança em esperança pelo dia final quando esse estado temporário se acabará, e viverão para sempre com o Senhor, num corpo espiritual ressurreto.
Em resumo, podemos afirmar que:
  • O estado do crente depois da morte é diferente e melhor do que o experimentado nesta vida. Mesmo assim, embora tão abençoado, depois da ressurreição final será ainda melhor (Fp 1.23).
  • Não há outras opções de purificação ou salvação depois desta vida, como purgatório, por exemplo. O sangue de Cristo é suficiente para os que recebem a Cristo como Salvador (Hb 9.22; 10.19; 1Jo 1.7). Nesse sentido, só há duas classes de pessoas: as salvas (os que aceitam este sacrifício de Cristo) e as perdidas (os que rejeitam este sacrifício). E é a aceitação a Ele, nesta vida, é o passaporte para a vida eterna. Depois da morte segue-se o juízo (Hb 9.27).
  • No estado intermediário iremos experimentar a continuação da existência pessoal e consciente na presença de Cristo.
  • Hades ou Sheol era o “mundo invisível” dos mortos, mas depois de sua morte, Jesus transportou o salvos, que estava no “Seio de Abraão ou Paraíso (parte superior do Hades/Sheol), para as regiões celestiais ou (possivelmente) “terceiro céu” (2Co 12.2), ou ainda “debaixo do altar” (Ap 6.9).

Em relação à ressurreição e aos destinos do salvos e não-salvos (céu e/ou inferno), pretendemos falar em outro momento. Por ora, sugiro o vídeo do canal Minuto Escatologia, com a participação do Pr. Marcos:


Notas:

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Para visualizar e/ou imprimir este artigo, em PDF, acesse:


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17 julho 2020

A Era dos novos horizontes (V) – horizontes intelectuais: a Teologia Católica

Por

GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos novos horizontes – Vol. 9. São Paulo: Vida Nova, 1988 (1ª ed.), pág. 106 a 116.


Artigo completo em PDF:

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14 julho 2020

A Era dos novos horizontes (IV) – horizontes intelectuais: a Teologia Protestante

Por
GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos novos horizontes – Vol. 9. São Paulo: Vida Nova, 1988 (1ª ed.), pág. 090 a 105.


Artigo completo em PDF:

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09 julho 2020

A Era dos novos horizontes (III) – horizontes políticos: América Latina

Por

GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos novos horizontes – Vol. 9. São Paulo: Vida Nova, 1988 (1ª ed.), pág. 077 a 089.

Artigo completo em PDF:

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02 julho 2020

A Era dos novos horizontes (II) – horizontes políticos: Europa

Por
GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos novos horizontes – Vol. 9. São Paulo: Vida Nova, 1988 (1ª ed.), pág. 057 a 076.


Artigo completo em PDF:

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27 junho 2020

Pedro, o apóstolo impulsivo


Pedro, “tu me amas”?[1]

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros... Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras” (Jo 21.15,18).
Pedro (gr. Pétros ou Pedra) aparece em primeiro lugar na lista dos doze apóstolos (Mt 10.2-4; Mc 3.16-19 e Lc 6.13-16), posição recebida do próprio Senhor. Ele também é chamado na Bíblia de Cefas (aramaico Kefa, que significa “rocha”) e Simão (Jo 1.42). Era irmão do apóstolo André (Mc 1.16) e ambos, filhos de Jonas (Jo 1.42) e moravam em Betsaida, mesma cidade de Filipe, também apóstolo (Jo 1.44). provavelmente seu pai, Jonas, também fosse um pescador como eles (Jo 1.42).
Com base em Marcos 1.30, Pedro era casado, pois o texto fala sobre a “sogra de Simão” e, possivelmente, sua esposa o acompanhava em viagens ministeriais na Igreja Primitiva. Paulo, em 1Co 9.5, diz: “Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?”.
1.  A personalidade do apóstolo Pedro
O apóstolo Pedro foi um típico homem simples, direto e de caráter impulsivo. Mas também possuía aptidão natural para exercer liderança, talvez por ser caloroso, vigoroso e normalmente comunicativo. Em algumas ocasiões, sobretudo no episódio que envolveu a traição de Jesus no Getsêmani, Pedro se mostrou emotivo, sanguíneo e autoconfiante.
Destaquei acima as expressões “impulsivo” e “sanguíneo”, em relação a Pedro, pois lembrei-me do comentário de Tim LaHaye (referência abaixo) acerca da “teoria dos quatro temperamentos”. Em um deles, o sanguíneo, Pedro se encaixa bem:

Pedro é, provavelmente, o personagem mais querido do Novo Testamento. A razão é muito simples. Como é totalmente extrovertido, seus defeitos são visíveis todos. Ele tropeça de modo impetuoso pelas páginas dos Evangelhos, deixando à mostra a carne crua do sanguíneo. Em um momento é amável e alegre; no outro, assusta com suas atitudes...

O sanguíneo é caloroso, amável e simpático. Atrai as pessoas como se fosse um ímã. Tem bom papo, é otimista e despreocupado. É generoso, compassivo, adapta-se ao ambiente e ajusta-se aos sentimentos alheios. Porém, como os outros temperamentos, em seus defeitos. Em geral tem pouca força de vontade; emocionalmente é instável e explosivo, irrequieto e egoísta...

Ele falava mais do que os outros discípulos e conversava com maior frequência com o Senhor. Nenhum discípulo, a não ser Judas Iscariotes, teve reprovação mais severa, e nenhum outro discípulo ousou como ele, repreender o Senhor. Por outro lado, nenhum discípulo testemunhou, como Pedro, tanto respeito e amor por Cristo e nenhum outro recebeu o louvor tão pessoal do Salvador...
Quando André levou a Jesus seu irmão sanguíneo, Simão, este parecia bem longe de se tornar um futuro líder espiritual. Pelo contrário, era apenas um pescador barulhento, profano e genioso, cujo traço mais evidente era a impulsividade. Quando agia, fazia-o ‘de imediato’, como dizem as Escrituras. Quando um diálogo ia cessando, era ele quem o continuava. Falava pelos cotovelos! Era chamado ‘o que fala pelos discípulos’. As palavras: ‘Então disse Pedro’, são introdutórias de mais expressões do que a soma total das falas de todos os outros discípulos (LAHAYE: 2008. Pág. 37..., 38..., 39..., 40...).

Algumas passagens bíblicas mostram um pouco da personalidade de Pedro:

·      Ele normalmente tomava a iniciativa como líder do grupo:
Ø E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola” (Mt 15.15).
Ø Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?” (Mt 18.21).
Ø E ele lhes disse: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse: Tu és o Cristo” (Mc 8.29).
Ø E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14.28-31)...
·      Ele aparece entre os três discípulos mais íntimos de Jesus: Ele, Tiago e João:
Ø E não permitiu que alguém o seguisse, a não ser Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago” (Mc 5.37)
Ø Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte (...) E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias” (Mt 17.1,4).
Ø E foram a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro. E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se” (Mc 14.32,33).
·      Ele foi o primeiro a confessar que Jesus era o Cristo (Filho do Deus vivo):
Ø Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.15-17). O próprio Jesus atribuiu a resposta de Pedro como uma revelação de Deus que foi dada a ele: “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).
·      Recebeu a incumbência de organizar a última ceia em Jerusalém com João:
Ø E [Jesus] mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos” (Lc 22.8).
·      O Pedro que negou a Jesus três vezes... mas se arrependeu:
Ø Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás (...) E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente” (Mt 26.34,75).
2.  Pedro: de seu primeiro sermão à sua morte:
O apóstolo Pedro receber uma visita especial de Cristo após sua ressurreição (Lc 24.34; 1Co 15.4,5) e, renovado, tornou-se o primeiro a pregar na Igreja, ocasião em mais de três mil convertidos (At 2.14,41).
Podemos citar algumas referências ainda relativas ao apóstolo Pedro no Novo Testamento, como:
·      Foi ele quem disse as conhecidas palavras: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (Atos 3:6).
·      Dentre outros milagres também se destaca a ressurreição de Dorcas (At 9.36-41); a revelação das mentiras de Ananias e Safira (Atos 5:1-11);
Na época da forte perseguição em Jerusalém após a morte de Estêvão, o apóstolo Pedro também estendeu sua atuação ministerial a outros lugares, como em Samaria em decorrência da grande evangelização de Filipe (um dos evangelistas) ali, nas cidades costeiras de Lidia, Jope e Sarona. É possível que nesse período Tiago, irmão do Senhor então tenha assumido a liderança em Jerusalém.
O apóstolo Pedro também foi o responsável por anunciar as boas novas à família de Cornélio em Cesaréia (At 10.1-45). Na Carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo informa que Pedro também esteve em Antioquia (Gl 2.11). Na verdade é nesse relato que encontramos a referência sobre o conflito entre os apóstolos Paulo e Pedro, quando Pedro agiu dissimuladamente se associando aos cristãos gentios e depois se afastando deles ao temer a pressão do “grupo da circuncisão” que aceitava os gentios na Igreja desde que estes se submetessem ao cerimonial da Lei de Moisés. O comportamento do apóstolo Pedro acabou influenciando até mesmo Barnabé. Então Paulo o repreendeu publicamente pelo comportamento, considerado por ele, como hipocrisia. No entanto, essa situação foi completamente resolvida, e o próprio apóstolo Pedro mais tarde se referiu a Paulo como “nosso amado irmão” (2 Pedro 3:15).
Na Epístola aos Coríntios, também somos informados da divisão que havia em tal igreja. Um dos grupos divididos ali alegava seguir o apóstolo Pedro, enquanto outros diziam ser de Paulo, Apolo e Cristo. Isso indica que provavelmente em algum momento ele esteve pessoalmente visitando aquela igreja.
Como afirma MILLER, no capítulo 10 de Atos os gentios são trazidos à igreja. E agora Pedro, tendo terminado sua missão por essas bandas, retorna a Jerusalém. Após o relato de sua libertação do poder de Herodes no capítulo 12, não temos mais relatos sobre a história do apóstolo da circuncisão em Atos. Como Herodes Agripa, o rei idumeu, tem papel tão proeminente nessa história, pode ser interessante tomar nota sobre ele. Ele professava grande zelo pela lei de Moisés e mantinha um certo respeito para com sua observância externa. Desse modo, ele ficou do lado dos judeus contra os discípulos de Cristo, sob um fingido zelo religioso. Esta era sua política. Era uma figura do rei adversário.
Foi por volta de 44 d.C. que Herodes buscou se insinuar com seus súditos judeus, perseguindo os inofensivos cristãos. Não que houvesse qualquer amor entre Herodes e os judeus, posto que se odiavam de coração; mas aqui eles se uniram, pois ambos odiavam o testemunho celestial. Herodes matou Tago Maior com a espada e lançou Pedro na prisão. Era sua intenção perversa mantê-lo lá até depois da Páscoa, e então, quando uma grande quantidade de judeus de todas as partes estivessem em Jerusalém, fariam um espetáculo público de sua execução. Mas Deus preservou e libertou Seu servo em resposta às orações dos santos.
Após 50 d.C. não temos tantas informações detalhadas sobre o apóstolo Pedro. Considerando suas duas epístolas, sabemos que ele permaneceu ativo na pregação da Palavra de Deus e no pastoreio do rebanho do Senhor até a hora de sua morte (1Pe 5.1,2).
Existe um grande debate se o apóstolo Pedro chegou a fixar residência em Roma ou não. O que é certo é que a igreja em Roma não foi fundada por ele; até porque seria muito improvável que Paulo escrevesse uma epístola àqueles irmãos sem mencioná-lo. Na verdade, não há qualquer base bíblica de que ele tenha sido o primeiro bispo de Roma; nem há indícios de que ele tenha sido líder da igreja na cidade por um período de tempo considerável.
A tradição que afirma tal coisa é bastante questionável.
Apesar disto, é muito provável que ele tenha estado em Roma em algum momento próximo ao final de sua vida, e que tenha escrito suas duas epístolas desta cidade. Em 1 Pedro 5:13 o apóstolo escreve dizendo estar na “Babilônia”. Essa informação tem sido entendida pela maioria dos estudiosos como uma referência à cidade de Roma. A presença de Marcos na ocasião também favorece essa interpretação.
Existe uma tradição muito antiga e uniforme dentro do cristianismo de que o apóstolo Pedro tenha sido martirizado – aos “70 anos de idade”, como afirma Miller –, em Roma, por volta de 68 d.C., assim como aconteceu também com o apóstolo Paulo. Tertualiano (200 d.C.) defendeu tal informação, e Orígenes afirmou que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, uma informação também presente em alguns livros apócrifos.

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Ainda sobre o apóstolo Pedro, veja também:
·      Pedro e o poder papal, por Bereanos.
·      O papado: breves considerações histórico-teológicas, Por Alcides B. de Amorim .
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Veja também, a seguir, o vídeo de Marlon Engel, disponível em seu portal Estudo na Garagem, sob o título: Apóstolos de Jesus, Episódio 02: Simão Pedro.


Referências bibliográficas:
  • CONEGERO, Daniel. A História do Apóstolo Pedro. Disponível em: <https://estiloadoracao.com/historia-do-apostolo-pedro/>. Acesso em: 24/06/2020.
  • LAHAYE, Tim. Temperamentos transformados. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
  • MILLER, Andrew. A História da Igreja, Vol. 1. São Paulo: Depósito de Literatura Cristã: 2011.
Nota:

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15 junho 2020

Escatologia: a morte

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5.12).
Já falamos em outro momento sobre o conceito de escatologiadoutrina das últimas coisas, entre as quais está o conceito de morte. À luz da bíblia, podemos conceituar “a morte como “... a separação da alma do corpo pela qual o homem é introduzido no mundo invisível[1]. E de certo modo, ela é a mais natural das coisas, pois “... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27)[2].
1.  Expressões bíblicas para morte:
Algumas expressões bíblicas acerca de morte física ou morte do corpo nos ajudam a caracterizá-la melhor:
·      experiência descrita com o sentido de "dormir":
Ø Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono” (Jo 11.11).
Ø E disse o Senhor a Moisés: Eis que dormirás com teus pais; e este povo se levantará, e prostituir-se-á indo após os deuses estranhos na terra, para cujo meio vai, e me deixará, e anulará a minha aliança que tenho feito com ele” (Dt 31.16).
·      Deixar a casa terrestre ou tabernáculo:
Ø Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2Co 5.1).
Ø E tenho por justo, enquanto estiver neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações” (2Pe 1.13).
·      Pedido da alma por Deus:
Ø Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20).
·      Seguir o caminho de onde não tornará:
Ø Como no caso do pobre mendigo que morreu e foi para o seio de Abraão, e do rico, que também morreu e foi para o inferno (Jo 16. 22,23
·      Ser congregado ao seu povo:
Ø Acabando, pois, Jacó de dar instruções a seus filhos, encolheu os pés na cama, e expirou, e foi congregado ao seu povo” (Gn 9.33).
·      Descer ao silêncio:
Ø Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio” (Sl 115.17).
·      Expirar:
Ø E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de seu marido” (At 5.10).
·      Tornar-se em pó:
Ø No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3.19).
·      Partir:
Ø Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp 1.23) etc.
2.  Morte física e espiritual
A morte física, segundo vemos em expressões como death (Hebraico) e apothaneinnekrós ou thánatos (Grego) ou ainda mortis (Latim), “... parece ser necessária para corpos constituídos como são os nossos. A decadência física e a dissolução são inescapáveis”[3]. Mas a Bíblia também fala da morte como resultado do pecado. A morte é o primeiro efeito externo ou manifestação visível do pecado, e será o último efeito do pecado, do qual seremos salvos. Vejamos:
Ø Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5.12).
Ø “Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte” (1Co 15.25,26).
Deus disse a Adão que no dia que ele comesse da árvore do “conhecimento do bem e do mal” certamente morreria (Gn 2.17). Entendemos que “morte” aqui não fala apenas no sentido físico, mas também espiritual. E isto é enfatizado por Paulo quando afirma que “... por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens...” (Rm 5.12). E este homem – Adão – morreu primeiro espiritualmente, quando foi lançado fora do jardim (Gn 3.23), e depois, fisicamente, com novecentos e trinta anos (Gn 5.5). Nos capítulos 5 e 6 aos Romanos, Paulo contrasta a morte que ocorreu por meio do pecado de Adão com a vida que Cristo trouxe aos homens. No entanto, a obra redentora de Cristo não anula ou cancela a nossa morte física, embora anule sua sentença condenatória. O homem não morre como um corpo. Ele morre como homem, na totalidade do seu ser. Ele morre como um ser espiritual e físico. E a Bíblia não estabelece uma clara linha de demarcação entre esses dois aspectos. A morte física, portanto, é um símbolo apropriado da morte mais profunda que o pecado inevitavelmente produz, sendo ao mesmo tempo uma expressão desta morte, e uma união com ela.
Qual a conexão entre a morte e a doutrina da imortalidade? Há dois termos, "imortalidade" e "incorrupção" que se usam em referência à ressurreição do corpo, em 1Coríntios 15.53,54: “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade”. A imortalidade significa não estar sujeito à morte, e, obviamente, não diz respeito ao nosso corpo terrestre, pois este passa pela morte, por ser “corruptível” e voltar ao pó “... porquanto és pó [Adão/humanidade] e em pó te tornarás” (Gn 3.19). Mas os que estão em Cristo, os cristãos, desfrutarão da imortalidade. Isto é, receberão corpos glorificados que não estarão sujeitos à morte, por ocasião da ressurreição (assunto do qual falaremos num outro momento) e se tornarão também incorruptíveis (1Co 15.52). Ou seja, o corpo material sofre corrupção (se desfaz), fraqueza e a morte física, mas ressuscitará em glória e vigor (1Co 15.42,43).
E os não-salvos receberão também novos corpos? Pelas Escrituras, entendemos que sim, embora não sejam corpos glorificados.  Entendemos que o termo "imortalidade" se aplica à alma. Desta forma, o corpo morre e volta ao pó e a alma ou o espírito continua a existir conscientemente no mundo invisível dos espíritos desencarnados. Assim o homem é mortal, estando o seu corpo sujeito à morte, embora seja imortal a sua alma, que sobrevive à morte do corpo.
Para ilustrar a morte física, pensemos no caso de Lázaro (João 11). “O Lázaro fisicamente morto não podia fazer nada por si mesmo. Ele não respondia a nenhum estímulo e estava alheio a toda a vida ao seu redor”[4]. Mas, aos ser ressuscitado (fisicamente) por Cristo, ele ficou cheio de vida. Obviamente, Lázaro morreu fisicamente novamente e aguarda, como disse Marta, irmã do citado Lázaro, a ressurreição, que ocorrerá “no último dia” (v. 24).
E onde estarão as pessoas após à morte e depois da ressurreição da carne (ou corpo)? Este é um assunto para o próximo capítulo (post). Por ora, deixo a reflexão a seguir, do Reverendo Hernandes Dias Lopes:



    Notas:
    • [1] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: vida, 1978 (7ª ed.), p. 232.
    • [2] Todas as referências bíblicas utilizadas neste texto são da ACF (Almeida Corrigida Fiel).
    • [3] DOUGLAS, J.D. (Org.). O Novo Dicionário Bíblia, Vol. II. São Paulo: Vida Nova, 1979, p. 1073.
    • [4] O que é a morte espiritual?”. Disponível em: <https://www.gotquestions.org/Portugues/morte-espiritual.html>. Acesso em: 15/06/2020.

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