Já vimos em artigos anteriores sobre Tiago
Maior, que foi
apóstolo, juntamente com seu irmão João, e ambos eram filhos de Zebedeu, e Tiago,
irmão do Senhor, autor da Epístola que leva o seu nome.
E neste breve artigo queremos destacar a pessoa do outro apóstolo Tiago,
que era filhodeAlfeu.
Este Tiago (Ἰάκωβος, Jacobos em grego antigo) era conhecido também como TiagoMenor. Por que “menor”? Possivelmente, por causa de sua estatura física
– mais baixa que a do outro Tiago ou por ser de menos idade. A NVI (Nova Versão
Internacional), por exemplo, refere-se a este Tiago como “o
mais jovem”, em Marcos 15.40. De qualquer forma, ele pode ter tido ambos os
adjetivos: era mais baixo e possivelmente o mais novo dos Tiagos ou dos demais
apóstolos.
As referências sobre Tiago, filhodeAlfeu
são poucas no Novo Testamento. Ele aparece ligado a seu pai (Alfeu) nas listas
dos apóstolos, de Mateus 10.2,3, Marcos 3.17,18, Lucas 6.14,15
e Atos 1.13, sempre para diferenciá-lo do outro Tiago, que era filho de Zebedeu
e que aparece também nas mesmas listas. E, pela referência de Marcos 15.40, sua
mãe se chamava Maria – ... Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José... –.
Observa-se que por esta referência de Marcos, Tiago Menor tinha um irmão
chamado José, que não deve ser confundido com o outro José, irmão do outro
Tiago e de Jesus, conforme vemos na lista dos irmãos de Jesus, relatada pelo
mesmo evangelista (Mc 6.3 – “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e
irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas
irmãs? E escandalizavam-se nele”.
Como já dissemos, não há muitas referências
acerca de Tiago, filho de Alfeu, no Novo Testamento, embora, obviamente, ele
tenha continuado sua missão apostólica depois da ressurreição de Jesus e do
Pentecostes, sem que isso ficasse registrado nos textos sagrados.
A posição, defendida por nós aqui, é
a mesma defendida por teólogos protestantes [2].
Por parte de católicos, ao contrário, este Tiago ganha uma relevância muito
grande, pois é visto como o outro Tiago, conhecido como Tiago,
irmão de Jesus(ou primo de Jesus, segundo os católicos) que foi líder da igreja em
Jerusalém e autor da epístola que leva o seu nome. Ou seja, enquanto
protestantes destacam três principais Tiagos (o filho de Zebedeu, o filho de
Alfeu e o irmão de Jesus), para católicos, estes dois últimos são a mesma
pessoa. Já tratei parcialmente destas questões neste
artigo, mas para maior aprofundamento do
assunto, sugiro estes outros artigos do historiador e teólogo Lucas Banzoli:
Obviamente, os artigos de Banzoli são voltados,
principalmente, para o Tiago, irmão do Senhor, a seus pais (José e Maria) e
demais membros da família. Mas para fazer esta separação dos Tiagos (filho de
Alfeu e irmão de Jesus), vale a leitura destes e outros artigos, além de vídeos
mencionados (links) por ele.
Sobre a morte
de Tiago Menor, não sabemos quando a mesma ocorreu, mesmo porque as informações
deixadas por Josefo, Clemente, Eusébio etc., atribuídas a Tiago Menor, normalmente
são confundidas com as do Tiago, irmão do Senhor. Franklin FERREIRA [3], afirma
que “Tiago, o Menor, foi lançado de um pináculo do templo em Jerusalém e
depois espancado até morrer”. Quando? Possivelmente, no ano 62 (Wikipedia).
Bem,
no vídeo abaixo, MarlonEngel, faz um bom resumo da vida de
Tiago Menor. No mais, o importante saber é que na verdade, a exemplo dos demais
apóstolos, afirma Engel, “... a importânciadosdiscípulos não
estava nas suas descendências (...). O que fez estes homens importantes
foi o Senhor a quem serviram e a mensagem que proclamaram”.
República (do latim res publica = “coisa
pública”), é a forma de governo, cujo chefe do Estado, normalmente o
Presidente, é eleito pelos cidadãos por tempo limitado de acordo com a
Constituição do país. No caso do Brasil, o tempo estipulado pela Constituição
para o mandato do Presidente da República é de quatro anos, podendo ser
reeleito para mais quatro, caso seja a vontade dos eleitores.
A origem
desta forma de governo está na Roma Antiga e foi experimentado, pela primeira
vez, quando os patrícios, classe privilegiada, destronou o último etrusco do
poder, e implantaram este novo regime, instaurando o chamado
Período Republicano que durou entre 509 a 27 a.C.
1.Ideias republicanas no
Brasil Colônia
No
Brasil, que viveu sob a tutela de Portugal por mais de três séculos, a ideia de
implantação do regime republicano já existia desde o final do século XVIII. Com
tendências separatista e regionalizada, podemos perceber essa ideia em
movimentos como a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Baiana (1798) e a
Insurreição Pernambucana de 1817.
A Inconfidência Mineira, que
culminou com a morte de Tiradentes em 1792, foi o primeiro movimento que
manifestou claramente a interação de separação política de Portugal.
Influenciada pelo Liberalismo, o Iluminismo e a Independência dos Estados
Unidos, parte dos inconfidentes, no plano político, “almejava a república”.
A conjuração pretendia eliminar a dominação portuguesa das
Minas Gerais, estabelecendo um país independente. Não havia a intenção de
libertar toda a colônia brasileira, pois naquele momento uma identidade
nacional ainda não havia se formado. A forma de governo escolhida foi o
estabelecimento de uma República, inspirados pelas ideias iluministas da França
e da Independência dos Estados Unidos da América (1776). Ressalve-se que não
havia uma intenção clara de libertar os escravos, já que muitos dos
participantes do movimento eram detentores dessa mão-de-obra[2].
Após a
execução de Tiradentes sobrava o lema da Inconfidência: “Liberdade ainda que
tardia”, expressão que ficou marcada na bandeira de Minas Gerais.
Sobre
a Conjuração Baiana, a
revista Nova Escola (novembro de 2012), por exemplo, em um de seus artigos sob
o título “Aconteceu na França, respingou aqui”, menciona o fato de ela ter tido
grande influência no exemplo da República, implantada na França, como
parte do processo da Revolução. ‘Todos serão iguais, não haverá diferença, só
haverá liberdade, igualdade e fraternidade’. Esta declaração descrita em
panfletos no dia 12 de agosto de 1798, convocava as pessoas à revolução e à
instauração da República Baiana. O movimento revolucionário foi reprimido com
violência e com a execução dos conjurados, mas expressou a popularidade do
movimento.
Em
Pernambuco, a chamada Insurreição
Pernambucana contou com representantes de várias classes.
“Os presos políticos foram libertados, criou-se a bandeira da República
Pernambucana, extinguiram-se os títulos de nobreza e aumentou-se o soldo
militar”. (Costa & Mello, Op. Cit., página 100). As forças
metropolitanas mataram, prenderam e executaram insurretos, mas a Insurreição
deixou implantada as ideias republicanas, as quais se manifestariam, novamente,
em 1824, na chamada Confederação do Equador, movimento que envolveu outras
províncias nordestinas e que também chegaram a implantar uma República, ainda
que tenha durado por pouco tempo.
A Independência Política do Brasil,
ocorrida em 1822, além de não trazer nenhuma mudança significativa das
condições de vida da maioria da população pobre, formada principalmente por
escravos e mestiços, apresentava algumas diferenças entre o que ocorreu no
Brasil e em outros países da antiga América Espanhola. Enquanto lá foi adotada
a república logo em seguida à independência, o Brasil continuou sendo governado
por um monarca (e ainda) membro da família real de sua ex-metrópole. A República
só aconteceria no Brasil em 1889.
2.O
movimento republicano e o fim do Segundo Reinado
Durante o
Império, revoltas como a da Revolução Farroupilha (1835 a 1845), por exemplo,
representaram a tentativa de acabar com a monarquia no Brasil. E após a Guerra
do Paraguai (1864 a 1870), os militares, “vitoriosos” da guerra, voltaram para
o Brasil com ideias abolicionistas, republicanas e com grande prestígio
popular. Faltavam apenas algumas pinceladas para que a República surgisse
totalmente definida. “Não é a república que vem, é o império que vai”, dizia-se
na época.
“A centralização, tal como existe, representa o despotismo,
dá força ao poder pessoal que avassala, estraga e corrompe os caracteres,
perverte e anarquiza os espíritos, comprime a liberdade, constrange o cidadão,
subordina o direito de todos ao arbítrio de um só poder, nulifica de fato a
soberania nacional, mata o estímulo do progresso local, suga a riqueza peculiar
das províncias, constituindo-as satélites obrigadas da Corte – centro
absorvente e compressor que tudo corrompe e tudo concentra em si”[3].
O trecho
do discurso republicano acima demonstra a intenção de descentralizar o poder do
rei e dar mais autonomia às províncias. Na verdade, o que os republicanos
pretendiam era atender às conveniências das camadas dominantes locais,
representados pela ala radical do antigo Partido Liberal. Esse setor – radical
– adota as ideias republicanas e funda no Rio de Janeiro, em 1870, o Partido
Republicano que, pouco a pouco, seria criado também em São Paulo (1873) e em
Minas Gerais (1888).
Os
adeptos do Partido
Republicano dividiram-se em duas facções: uma,
evolucionista, cujo principal líder era Quintino Bocaiuva, era favorável à
implantação da República por meio de eleições, e a outra, revolucionária, cujo
principal líder era Silva Jardim, entendia que somente uma revolução popular
derrubaria a monarquia.
O que
acabou prevalecendo, no entanto, não foi nenhuma das facções acima e, sim, um
golpe tramado pelos militares (uma verdadeira quartelada) e os cafeicultores.
Na manhã do dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca e suas
tropas invadiram o Ministério da Guerra, onde os monarquistas estavam
refugiados, destituíram Ouro Preto (último primeiro-ministro, que respondia
pelo imperador, que estava doente). Os monarquistas não reagiram, e assim,
dentro de um gabinete militar, a república foi instaurada. Mais uma vez, assim
como aconteceu em 1822, sem a participação popular.
3.A
consolidação da República: Governo Provisório e Constituição de 1891
Em 15 de
novembro de 1889, foi proclamada oficialmente a república brasileira pelo Marechal
Deodoro da Fonseca, e este assumiu o governo, até que uma nova Constituição foi
votada. Enquanto esta não saia, Deodoro toma algumas medidas, sob a forma de
“Governo Provisório Republicano”.
As principais medidas tomadas pelo
Governo Provisório[4]foram:
§Estabelecimento da
República federativa como regime político, sob a denominação de Estados Unidos
do Brasil.
§As províncias passam a
se chamar estados.
§Absolvição das
Assembleias Provisórias e das Câmaras Municipais.
§Nomeação de novos
governantes para os estados e municípios.
§Criação da bandeira
republicana, com o lema positivista Ordem e Progresso.
§Concessão da cidadania
brasileira aos estrangeiros aqui residentes (a grande naturalização).
§Convocação de uma
Assembleia Constituinte.
§Separação entre Igreja
e Estado, instituição do casamento civil e secularização dos cemitérios;
§Reforma do Código
Penal.
Entre os direitos dos cidadãos, a Constituição – conjunto
de leis que estabelecem os direitos e os deveres dos cidadãos – estabeleceu:
§a igualdade de todos
perante a lei;
§liberdade religiosa e
separação entre o Estado e a Igreja;
§a inviolabilidade do
lar e o sigilo da correspondência (isto é, todos teriam o direito de não ter a
casa invadida nem a correspondência aberta);
§a manutenção da
propriedade particular;
§o livre exercício de
qualquer profissão;
§a liberdade de
associação e de manifestação de pensamento;-o casamento civil;
§o ensino leigo (não
religioso) nas escolas públicas;
Para votar
e ser votado, o cidadão já não precisava ter renda mínima anual. Bastaria ser maior de 21
anos e do sexo masculino, desde que não fosse mendigo, analfabeto, soldado raso
ou membro de ordem religiosa[5].
Durante o Governo Provisório, o ministro
da Fazenda foi Rui Barbosa, que pretendendo tornar o Brasil uma república
capitalista moderna e com muitas indústrias, permitiu a alguns bancos imprimir
e emprestar dinheiro. Com o dinheiro fácil, muita gente começou a pedir
empréstimos e investir na bolsa de valores. Assim, muitas empresas fantasmas foram
criadas só para conseguir investimentos. No fim, veio a crise: a desvalorização
do dinheiro, a desorganização financeira, a falência das empresas, grandes e
pequenas fortunas perdidas etc. Essa crise recebeu o nome de Encilhamento,
devido à semelhança que existia entre a barulheira feita na hora do fechamento
dos negócios na bolsa de valores e na do fechamento das apostas no jóquei
(clube de corridas de cavalos).
Tanto os fazendeiros (que queriam
continuar mandando no país) como as empresas estrangeiras (que queriam
continuar exportando para o Brasil e por isso eram contra a industrialização)
começaram a exigir o afastamento de rui Barbosa e a fazer oposição ao
presidente Deodoro da Fonseca. Este, para tentar se manter no poder, demitiu
Rui Barbosa e colocou em seu lugar um monarquista conservador, o barão de
Lucena, que era contra a política de rui Barbosa e defendia o predomínio da
agricultura sobre a indústria. Agora eram os reformistas e industrialistas que
protestavam.
Diante da forte oposição, o presidente
não teve dúvidas: no dia 3 de novembro de 1891 fechou o congresso e convocou
novas eleições, embora a Constituição não lhe desse poderes para isso. A reação
foi grande. As Forças Armadas não apoiaram o presidente, que, sem outra
alternativa, no dia 23 de novembro declarou aos militares: “Não sou mais o
presidente da República”, sendo sucedido pelo Marechal Floriano Peixoto.
Bandeira do Brasil
A ideia da bandeira atual foi elaborada pelo professor
Raimundo Teixeira Mendes, que contou também com a participação do Dr. Miguel
Lemos e o professor Manuel Pereira Reis e quem realizou a confecção do desenho
foi o pintor Décio Vilares[6].
O Congresso Constituinte começou seus
trabalhos em 15 de novembro de 1890 e, em 24 de fevereiro de 1891, foi
promulgada a segunda Constituição do Brasil e a primeira da República. A nova
Constituição organizou o governo em três poderes autônomos: Poder Executivo,
exercido pelo presidente da República; Poder Legislativo, exercido pelo
Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado) e Poder Judiciário, exercido
pelo Supremo Tribunal Federal.
Veja no vídeo (link abaixo), o Hino da
República do Brasil[7]:
§Letra: Medeiros e
Albuquerque, 1890.
§Composição: Leopoldo Américo
Miguez, 1890.
§Publicação: Diário Oficial, em
21/01/1890.
Para reflexão:
A Proclamação
da República foi um
golpe?
Veja o vídeo (link a seguir) a seguir...
Notas / Referências bibliográficas:
[1] SOUSA, Rainer. A Proclamação da
República. Disponível em:
<http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-proclamacao-republica.htm>.
Acesso em: 07/09/2021.
[3]Trecho do MANIFESTO DOS
REPUBLICANOS. In. COSTA, Luís César Amand & MELLO, Leonel Itaussu A. História
do Brasil. São Paulo: Scipione (?), p. 178.
[4] COTRIM, Gilberto. Saber e Fazer História, 8ª Série (Adaptado).
São Paulo: Saraiva, 2002. P. ?.
[5]
PILETTI, Nelson & Claudino.
História: EJA (Educação de Jovens e
Adultos), Ensino Fundamental, 4º Ciclo (texto adaptado). São
Paulo: Ática, 2003, p. 100.
“Ora, Tomé, umdosdoze, chamado Dídimo, não
estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos:
Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas
mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no
seu lado, de maneira nenhuma o crerei. E oito dias depois estavam outra vez os
seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas
fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a
Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no
meu lado; e nãosejasincrédulo, mas crente. E Tomé
respondeu, e disse-lhe: Senhormeu, e Deusmeu! Disse-lhe
Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”
(Jo 20.24-29)[2]
– Grifos meus.
Tomé (em aramaico te`ômã`), foi um dos apóstolos de
Jesus, também chamado Dídimo (em grego), que significa
“gêmeo”, (Jo
11.16; 20.24; 21.2). Embora seu nome apareça nos quatro Evangelhos do Novo Testamento, os traços sobre
sua personalidade aparecem principalmente no quarto: Evangelho de João.
Por isso que destaquei na passagem acima a expressão “incrédulo”,
atribuída a ele por Jesus, pelo fato de ele descrer de sua ressurreição, e a
sua resposta “Senhormeu, e Deusmeu”,
uma das grandes verdades a respeito da divindade de Jesus, reconhecida por ele
em seguida, um (possivelmente) ex-incrédulo, que entendeu rapidamente o pedido
de Jesus para mudar de atitude e ser “crente”, depois de ser confrontado
com a verdade de que Jesus tinha ressuscitado e que ele podia até tocar em suas
feridas provocadas pelas lanças dos seus algozes. Por estes motivos, acho que
ele pode também bem ser adjetivado como um apóstolo de personalidade racional
e dúbia, uma vez que ele tinha dificuldade de crer em milagres, mas também, uma
vez ciente da verdade a que buscava, ele a defendia naturalmente.
Devido ao significado de seu nome, parece evidente que Tomé tenha
tido um irmão gêmeo, porém não existe qualquer informação sobre esse irmão ou
irmã dele nos Evangelhos. Também é no Evangelho de João – repito – que encontramos
as melhores informações sobre quem foi Tomé, visto que nos outros Evangelhos e
no livro de Atos ele é meramente mencionado na lista que traz os nomes dos
apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6,15 e At 1.13).
Ainda um pouco mais sobre a personalidade de Tomé, percebe-se que
ele demonstra pessimismo e uma enorme devoção ao Senhor ao mesmo tempo, por
exemplo, quando da ressurreição
de Lázaro. Nesta ocasião, Tomé, considerando a ameaçava real de apedrejamento caso Jesus
fosse à Judéia, declarou: “...vamos
também nós para morrermos com ele” (Jo 11.16b). Embora Tomé
demonstre desânimo e pessimismo frente a possibilidade de ser morto, ele declara
sua aptidão a morrer – se fosse o caso – juntamente com o seu Senhor. Todavia,
esta aparente prontidão de morrer com Jesus não fica demonstrada por Tomé
quando Jesus é preso. Naquele momento, ele e os demais apóstolos fugiram. Embora,
pelas Escrituras do Antigo Testamento, isto de fato aconteceria para
cumprimento da profecia que afirma: “... ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão” (Mc 14.27c) – conforme Zacarias 13.7.
Tomé[3]
também demonstrou dúvida acerca do ensino do Senhor Jesus de que os discípulos
conheciam o caminho para onde Ele estava indo, ao dizer: “Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e
como podemos saber o caminho?” (Jo 14.5). É possível que Tomé, nesse questionamento, estivesse
representando o pensamento dos outros discípulos. De qualquer forma, essa frase
revela certa fraqueza, mas que é imediatamente confrontada com a conhecida
resposta do Senhor Jesus: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a
verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”(Jo 14.6).
Mas Tomé
viu o Cristo ressurreto, seu Senhor e seu Deus. Após sua
ressurreição, como já vimos, Tomé demonstra incredulidade e depois revela o
atributo da onisciência de Jesus, portanto, de um Cristo Deus, o qual tinha
visto e ouvido suas demonstrações de incredulidade, oito dias antes. O texto
bíblico não esclarece se Tomé tocou ou não nas feridas de Jesus, ou se apenas
esse terno convite, respondendo nos mínimos detalhes a sua exigência, já tenha
bastado. Em todos os casos, seja qual tenha sido sua reação, ela o
conduziu prontamente à sua profunda declaração de
fé: “Senhor meu, e Deus meu!” (João
20:28). E sendo Deus, Jesus é reconhecido por Tomé e pelos cristãos,
como umadaspessoasdaTrindade(cf. Jo 1.1-3).
Tomé também estava presente junto aos discípulos que pescavam
num barco no mar da Galileia quando Jesus novamente apareceu a eles (João 21).
Além destes (e outros) relatos bíblicos expostos acima, há
muitas especulações e (possíveis) lendas a respeito de Tomé na tradição cristã.
Uma dessas “lendas” (ou não) que já destacamos, por exemplo, em outro
momento, afirma que Tomé esteve no (que um dia viria a ser) Brasil. Segundo Jorge PINHEIRO[4], pelo menos dois grupos indígenas,
o dos Tupinambá e o
Tupi-Guarani, faziam menção a um tal “Pai Çumé” (ou Sumé), ou seja, Tomé, um
dos apóstolos de Cristo. “... os
tupis [por exemplo] acreditavam
que Çumé partiu caminhando sobre as águas do Atlântico, mas prometeu voltar um
dia para continuar sua obra civilizatória. Quem sabe a profecia se cumpriu e
Çumé retornou com a chegada dos jesuítas?”, diz Jorge (PINHEIRO: 2008,
p. 104). Há outras “possíveis” referências sobre Tomé também na Bahia, Peru,
Bolívia..., e há informações também que Tomé pregou o Evangelho na Índia e Síria.
Sobre sua
morte, não é possível afirmar qualquer coisa realmente confiável sobre
como ela aconteceu. Segundo Franklin Ferreira, “Tomé foi morto por lanceiros próximo
a Madras”[5],
cidade indiana, no ano 72[6]. É bem possível
que haja algum autor gnóstico com o mesmo pseudônimo de Tomé, mas – concordamos
com Conegero (NOTA 3) – o que realmente precisamos saber a respeito de Tomé, as
informações registradas na Bíblia acerca dele são suficientes. Aquele Tomé, popularmente
conhecido como “incrédulo” é também aquele que o Evangelho de João o apresenta
como revelador de um dos mais profundos atributos de Jesus Cristo: a sua
deidade, expressa na confissão “Senhor meu, e Deus meu!”.
Sugiro vídeo de Lamartine Posella, abaixo,
como ampliação deste conteúdo...
[2] Esta e as demais passagens bíblicas utilizadas
neste artigo são da versão protestante ACF – Almeida, Corrida Fiel,
disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf>. Acesso em: 28/08/2021.
[3] CONEGERO, Daniel. Quem Foi o
Apóstolo Tomé? (Texto adaptado). Disponível em: <https://estiloadoracao.com/quem-foi-o-apostolo-tome/>.
Acesso em: 28/08/2021.
[4] PINHEIRO, Jorge. Deus é brasileiro: as
brasilidades e o reino de Deus. São Paulo: Fonte Editorial, 2008.
A República
de Cuba, maior ilha do mar do Caribe, está localizada na América
Central, com uma área aproximada de 110 km², é dirigida pelo regime socialista
e cujos habitantes falam a língua espanhola.
Cuba faz parte
da AméricaLatina, pelo fato de, originalmente, seu território
ter sido colonizado pelos espanhóis e de pertencer ao conjunto de países também
de línguas de origem latina: espanhola (parte da América, conquistada pela
Espanha, em 1492) e portuguesa (parte da América, conquistada por Portugal, em
1500).
O domínio
espanhol na ilha cubana durou aproximadamente 400 anos, e ali se cultivavam tabaco
e cana-de-açúcar, com a utilização de mão-de-obra escrava, primeiramente
indígena e depois africana.
Por sua localização e seu formato geográfico (uma
ilha comprida, espécie de costa protetora no Caribe), Cuba foi usada,
juntamente com Porto Rico, como base militar dos Estados Unidos. Assim, ambos
tornaram-se seus protetorados após a Guerra Hispano-Americana, pelo Tratado de
Paris, em 1898. Com a vitória dosEstadosUnidos sobre a Espanha, os norte-americanos
passaram a controlar a ilha. Importante destacar que
Cuba e Porto Rico não foram anexados aos Estados Unidos. Eles formavam, como
define o termo protetorado, territórios
autônomos, mas protegidos diplomática ou militarmente contra terceiros, por um
Estado mais forte, no caso os Estados Unidos.
Cuba tornou-se
independente da Espanha, com a ajuda e interesses dos Estados Unidos, em 1891[1].
E, como parte da recompensa, foi permitida a construção de uma basemilitar na cidade de Guatánamo, onde permanece até hoje. E convém
destacar ainda que até a Guerra Fria, em 1959, Cuba continuou mantendo boas
relações com os Estados Unidos. A ruptura ocorreu com o revolucionário FidelCastro.
Este era um hábil advogado, filho de um rico fazendeiro e apresentava-se como defensor
de camponeses e outros trabalhadores. Em 1953, numa tentativa de golpe contra o
ditador Fulgêncio Batista, que ficou no poder de
1952 a 1959, Fidel Castro é condenado a 15 anos de prisão, mas foi anistiado em
1955, mudando-se então para o México, de onde chefia um grupo, no qual se incluem
seu irmão Raúl Castro e Ernesto Che Guevara, com os quais viaja a Cuba de balsa
em 1956 para lutar contra o exército de Batista. Após três anos de guerrilha, toma
o poder em janeiro de 1959 e desde então governa o país até sua morte em
novembro de 2016, ficando Raúl em seu lugar.
O
principal companheiro de luta de Fidel, CheGuevara, ocupou
diversos cargos no seu governo e viajou o mundo como embaixador do país.
Matéria da Revista Superinteressante[2], de 1º
de agosto de 2014, afirma: “... Che – nome de nascimento, Ernesto Rafael Guevara de la Serna – teriase envolvido em 144 mortes e teria sido responsável pela prisão
irregular de 30 mil pessoas”, mas outras
fontes, como o Portal Conservador cita, por exemplo, falam em números bem mais
assustadores. “De acordo com O Livro Negro do Comunismo, escrito por
estudiosos franceses de esquerda (...), ocorreram 14.000 execuções por
fuzilamento em Cuba até o final de década de 1960[3]”. A
matéria também dá destaque ao dircurso de Che na ONU, em 9 de dezembro de 1964,
quando ele confirma que praticou execuções e esmo assim recebe aplausos
entusiasmados de seus idolatrados presentes.
Como durantea GuerraFria, a Cuba de Fidel
alinhou-se ao blocoeconômicosoviético, tornando-se
assim o único país socialista da América, os Estados Unidos rompem relações
econômicas e diplomáticas com a mesma e impõe o "el
bloqueo", que consiste em umainterdição de caráter econômico, financeiro e comercial imposta
pelos EUA ao governo cubano no ano de 1962. Posteriormente, o bloqueio
tornou-se lei no começo dos anos 90[4]” e teve
a proibição aumentada ainda mais com o presidente Bill Clinton, em 1999.
Fidel e Che
na Sierra Maestra (*).
Por ser de
espírito mais revolucionário que Fidel, ambos – ao que parece – chegam a se
desentender e Che se separa de seu amigo e muda-se para o Congo em 1965,
abdicando-se dos próprios cargos que tinha em Cuba[1]. Mas
no Congo, sua empreitada revolucionária foi um fracasso e no mesmo ano,
volta-se na clandestinidade para Cuba. No ano seguinte (1966), entra disfarçado
na Bolívia, onde é executado por uma rajada de fuzil em 1967.
Mas o bloqueio econômico não impede os Estados
Unidos de exportarem alimentos para Cuba nem de relacionarem com sua economia. Um
texto escrito por Nelson Rodríguez Chartrand[6] e
publicado pelo Portal Conservador, destaca que apesar do embargo, os Estados
Unidos são o principal exportador de produtos agrícolas para Cuba. Veja a
tabela:
Desta forma,
destaca Chartrand, “... o fato é que, não apenas os EUA têm estado entre os
cinco principais sócios comerciais de Cuba, como também, se não bastasse, têm
sido os principais fornecedores de produtos agrícolas para a ilha” (Idem).
Por isso, independentemente do nível de culpabilidade dos governantes de ambas
as partes, é o povo cubano que está sofrendo as consequências.
Veja, a seguir o
vídeo de Zoe Martínez, relatando parte do que é a vida em Cuba.
Notas / Bibliografia:
(*) Fidel e Che. A amizade que marcou a revolução. Imagem e texto (adaptado) disponíveis em: <dn.pt/mundo/fidel-e-che-a-amizade-que-marcou-a-revolucao-5520980.html>. Acesso em: 14/08/2021
[1]PERCíLIA, Eliene. "Cuba"; Brasil Escola (Texto e imagem adaptados).
Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/historia-cuba.htm. Acesso
em 15/08/2021.
[2]QuemfoiCheGuevara?
Cinquenta anos após sua morte, Che ainda é motivo de discussão.
Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-foi-che-guevara/In:
<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-foi-che-guevara/>. Acesso
em: 14/08/2021.
[3] FONTOVA, Humberto. O verdadeiro Che
Guevara. Disponível em:
<https://portalconservador.com/o-verdadeiro-che-guevara/>. Acesso em:
14/08/2021.
[4] ARÚJO, Felipe. Embargo dos Estados
Unidos a Cuba. Disponível em: <https://www.infoescola.com/economia/embargo-dos-estados-unidos-a-cuba/>.
Acesso em: 16/08/2021.
[5]Fidel e Che. A amizade que marcou a
revolução. Imagem e texto (adaptado) disponíveis em:
<dn.pt/mundo/fidel-e-che-a-amizade-que-marcou-a-revolucao-5520980.html>.
Acesso em: 14/08/2021.
[6] CHARTRAND,
Nelson Rodríguez. A desconhecida história do embargo cubano. Disponível
em: <https://portalconservador.com/a-desconhecida-historia-do-embargo-cubano/>.
Acesso em: 16/08/2021.