Para falar sobre o período da história brasileira entre 1964 e 1985, achei importante destacar duas visões sobre o assunto. Para isto, escrevi na íntegra o texto dos autores Renato Venancio e Mary Del Priori, sob o título “Da guerrilha à abertura” (Nota 2) e inserção do vídeo-documentário da Brasil Paralelo “1964: Brasil entre armas e livros” (Nota 1).
O governo [2] nascido do golpe de 1964 [3] foi definido certa vez como o “Estado Novo da UDN”. Essa definição tem sua razão de ser. Durante duas décadas, políticos udenistas – representantes de parcelas importantes das elites empresariais e agrárias – dificilmente chegam a conseguir apoio de mais de 30% do eleitorado brasileiro. Entretanto, através da ditadura militar, puderam implementar várias de suas propostas em matéria de política econômica, como a diminuição do valor real dos salários e a ampla abertura da economia aos investimentos estrangeiros.
A aliança entre udenistas e militares tem ainda outras repercussões. Apesar de oportunistas e golpistas, os partidários da UDN são admiradores de democracias liberais. Tal posicionamento impede a adoção de um modelo fascista no Brasil. Mesmo nos momentos de maior intolerância, a ditadura militar, por meio da rotatividade dos presidentes, evita o caudilhismo, não deixando também de reconhecer a legalidade da oposição parlamentar. A extinção dos partidos tradicionais, em 1965, é acompanhada da criação de duas novas agremiações: Arena (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Este último representa boa parte dos grupos que lutam pelo retorno à normalidade democrática.
A direção central do Partido Comunista Brasileiro (PCB), logo após o Golpe Militar, dá início à autocrítica diante do esquerdismo e condena a resistência armada. Todavia, tal postura não foi unânime, fazendo com que dirigentes abandonassem o partido, como nos casos de Carlos Marighella (indo para a Aliança Nacional Libertadora – ANL) e Apolônio de Carvalho (indo para o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário – PCBR). Critica-se, então, o que se denominava etapismo, uma estratégia que prega a revolução por etapas, cabendo ao PCB apoiar a burguesia no processo de constituição de uma sociedade liberal, antifeudal e anti-imperialista, deixando para um futuro distante a luta pela implantação do socialismo. Para os dissidentes, a estratégia do PCB facilitava a implantação da ditadura, pois subordinava o movimento operário aos acordos de cúpula com as lideranças populistas. Avalia-se que a burguesia depende de sua associação com a agricultura de exportação e com o capitalismo internacional, não havendo por parte do empresariado qualquer inclinação pela ruptura com as classes dominantes. O populismo radical de Goulart representa, quando muito, aspirações de segmentos minoritários e mais atrasados da burguesia nacional.
A ausência de resistência ao Golpe Militar faz esse tipo de interpretação ganhar adeptos. Entre 1965 e 1967, amplia-se o número de dissidências atingindo até organizações formadas anos antes. Várias delas tinham raízes internacionais e não eram um fenômeno particularmente novo. No Brasil, desde os anos 1930, movimentos trotskistas dão origem a partidos rivais do PCB, como a Liga Comunista Internacionalista ou o Partido Operário Leninista. Com o surgimento de novos países comunistas, que, às vezes, não aceitam as mudanças de rumo da política soviética, as dissidências proliferam. No início dos anos 1960, além do PCB e do Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT), havia o Partido Comunista do Brasil (PC do B) – primeiro de inspiração chinesa e depois albanesa –, a Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (Polop) e, por fim, a Ação Popular (AP), moderada, pelo menos em sua fase inicial, e vinculada ao que veio a ser conhecido como catolicismo progressista.
Nesses grupos nascem propostas de luta armada. Há, sem dúvida, inúmeros matizes entre uma tendência política e outra. No entanto, a perspectiva de uma revolução iminente parece ser um traço comum às diversas siglas. Paradoxalmente, esse engajamento radical mantém vínculos com algumas ideias do desprezado PCB e do nacionalismo desenvolvimentista. Generaliza-se, por exemplo, a noção de que o capitalismo brasileiro entrara em uma fase de estagnação. A não realização das reformas de base é responsável por isso. Acreditava-se que as classes dominantes dependiam de um governo ditatorial para continuar existindo, sendo em vão a luta pelo retorno à democracia.
A novidade do período é que os grupos revolucionários recém-formados recrutam militantes predominantemente na classe média. Havia ainda, em partidos que aderiam à luta armada, o predomínio de estudantes e professores universitários. Esses segmentos, segundo os processos da justiça militar, respondem por 80% do Movimento de Libertação Popular (Molipo), 55% do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e 53% do Comando de Libertação Nacional (Colina), para mencionarmos apenas alguns exemplos.
Outro dado importante é a predominância de menores de 25 anos nos diversos agrupamentos revolucionários. O aparecimento de numerosos jovens, não necessariamente pobres ou miseráveis, dispostos a lutar contra os poderes constituídos não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. De certa maneira, isso traduz certas mudanças que ocorriam na juventude em escala mundial. Durante a maior parte do século XX, o ensino universitário foi acessível a um grupo extremamente reduzido; nos anos 1960, porém, essa situação começa a se modificar. O caso brasileiro é típico: entre 1948 e 1968, o número de estudantes universitários passa de 34 mil para 258 mil; no mesmo período em que a população brasileira dobra, o número de jovens que frequentavam universidades aumenta oito vezes. O crescimento desse segmento torna-o cada vez mais capaz de influenciar politicamente a sociedade.
Tão importante quanto essa mudança é a alteração do quadro político mundial. A partir dos anos 1940, o mundo é sacudido por revoluções nacionalistas na Ásia e na África. O impossível parecia ocorrer: países pobres do Terceiro Mundo conseguem vencer antigos colonizadores europeus. Coroando essas transformações, em 1959, um pequeno grupo de guerrilheiros faz uma revolução em Cuba, enfrentando a oposição do tradicional partido comunista local e dos Estados Unidos, que na época desfruta o título de maior potência econômica e militar do mundo.
Mais ainda: a revolução é um fenômeno da alta cultura. Entre seus partidários estão refinados romancistas, filósofos e artistas europeus e norte-americanos. No Brasil, algumas das produções culturais extraordinariamente bem-sucedidas – como o cinema de Glauber Rocha, a música de João Gilberto e o teatro de Augusto Boal – revelam o lado positivo da ruptura radical com o passado. Mesmo nos meios nacionalistas – como é o caso dos intelectuais vinculados ao Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), criado em 1955 – respira-se o ar da utopia. A identidade nacional é vista como a ruptura com o passado e não como a sua recuperação, conforme almejavam os românticos do século XIX.
Ao longo dos anos 1960, tal visão é difundida por meio do cinema, teatro e jornalismo, assim como por palestras e debates promovidos pelos Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC-UNE). A valorização desse novo nacionalismo também representa uma resposta à forte influência cultural norte--americana, interpretada como uma ameaça à identidade nacional, pois, ao contrário da europeização do século precedente, não se restringe a grupos de elites, destinando-se ao conjunto da população.
Vista a partir de hoje, a luta armada parece algo politicamente ingênuo ou até incompreensível, mas, na época, é fortemente marcada pelo sentimento nacional e de justiça social, em um mundo onde revoluções que pareciam impossíveis estavam ocorrendo. Como, porém, se organiza essa luta? Em primeiro lugar, é necessário lembrar que defender a revolução imediata nem sempre implica pegar em armas. Os agrupamentos de esquerda que assim agiram, geralmente adotaram os princípios do foquismo, teoria elaborada a partir do exemplo da revolução cubana, em que um pequeno grupo guerrilheiro inicia um processo revolucionário no campo.
Para tanto, primeiramente, são necessários recursos financeiros. Em 1967, inicia-se uma série de roubos a bancos por parte dos grupos guerrilheiros, processo que se arrasta até o início dos anos 1970 e resulta em cerca de trezentos assaltos (ou, como se dizia na época, desapropriações revolucionárias), com a arrecadação de mais de 2 milhões de dólares. Na prática, a guerrilha – salvo no caso do Araguaia – não se estende ao campo. À medida que o sistema repressivo realiza prisões, o emprego sistemático da tortura faz com que mais e mais revolucionários sejam capturados. Em 1969, a própria dinâmica do movimento guerrilheiro é alterada, passando a ter como objetivo resgatar os companheiros das masmorras militares. Os assaltos a bancos vão dando lugar a sequestros – dentre os quais os dos embaixadores norte-americano, alemão e suíço no Brasil –, cujos resgates são a libertação de prisioneiros políticos.
Alegando a ameaça comunista e acentuando uma tendência de endurecimento, que vinha desde o ano anterior – com a eleição do general Costa e Silva em 25 de maio de 1966 –, o governo militar se torna cada vez mais ditatorial. Nesse contexto é fortalecida a doutrina de segurança nacional, que torna prioridade entre as forças armadas a luta contra a ameaça interna, e não mais a defesa contra inimigos estrangeiros. Assiste-se também à ampliação das redes de espionagem e de repressão. Paralelamente ao Serviço Nacional de Informações (SNI), criado em 1964, atuam agora outras organizações, como o Centro de Informações da Marinha (Cenimar), a Operação Bandeirantes (Oban) e o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), somente para citarmos algumas siglas.
Até a oposição legal deixa de ser aceita. A Frente Ampla composta por Carlos Lacerda e João Goulart, que defende bandeiras democráticas, como eleições diretas, anistia e nova Constituição, é proibida em 1968. A recessão e o declínio do poder de compra dos salários fazem, por sua vez, com que o movimento sindical renasça. Greves envolvendo milhares de operários ocorrem em Minas Gerais e São Paulo. No mesmo período, manifestações estudantis cruzam o país, culminando com a Passeata dos 100 mil em 26 de agosto de 1968. A resposta dos militares: maior endurecimento do regime. Em 13 de dezembro é assinado o AI-5: com ele, o presidente da República passa a poder, a bel-prazer, fechar desde Câmaras de Vereadores até o próprio Congresso Nacional, nomear interventores para qualquer cargo executivo, cassar os direitos políticos de qualquer cidadão e também suspender o recurso ao habeas corpus.
Mas se 1968 é o ano do auge repressivo da ditadura, é também o da retomada do crescimento econômico. O modelo econômico adotado rende finalmente seus frutos e o Brasil, até 1973, apresenta taxas bastante elevadas de desenvolvimento industrial, superando mesmo os 10% ao ano. Fala-se em milagre econômico, mas um milagre que, alguns anos mais tarde, cobraria seu preço.
O aumento dos investimentos das multinacionais, como se previa desde os anos 1950, não é acompanhado pelo crescimento do setor de insumos industriais e de energia, e o resultado disso é a necessidade de importar esses produtos e petróleo. A economia brasileira entra aí em um labirinto de endividamento.
O milagre econômico também amplia, em relação aos padrões da economia brasileira da época, o mercado de produtos industriais de custo elevado, como os automóveis. Tal decisão gera um quadro perverso, no qual a concentração de renda torna-se necessária para garantir o funcionamento do sistema econômico. Bem ou mal, porém, a ditadura conta com algum grau de aprovação popular. No início dos anos 1970, embalados pela vitória da Arena, partido de sustentação do governo, os militares empenham-se em campanha de legitimação do novo regime. O general Emílio Garrastazu Médici, presidente empossado em outubro de 1969, lança a campanha “Brasil, grande potência” e também, com a abertura da Transamazônica, tenta reviver a euforia da época da construção de Brasília.
Em 1974, as consequências mundiais do aumento do custo do petróleo, associadas à política irresponsável de endividamento externo, lançam a economia brasileira novamente em crise. Nessa época, os antigos grupos vinculados à ala legalista das forças armadas – na época definida como castellista, numa alusão ao marechal Castello Branco – recuperam o terreno perdido. A eleição, no referido ano, do general Ernesto Geisel é considerada um marco dessa transição. O novo presidente defende desde o primeiro dia de posse uma abertura política “lenta, segura e gradual”. Para tanto, enfrenta os grupos da linha-dura, altera os comandos militares e procura lentamente subordinar ao Ministério da Justiça os aparelhos repressivos militares, que haviam saído do controle.
Desde 1972, os movimentos armados urbanos não existem mais. A guerrilha, que sobreviveu apenas no Araguaia, foi destroçada em 1974. Os vários tentáculos repressivos passam a perseguir grupos que não participaram desse tipo de enfrentamento, como foi o caso dos militantes do PCB e de membros da Igreja. Por intermédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a subjugação dos organismos repressivos ganha apoio da sociedade civil.
O processo de abertura, como prevê Geisel, não é linear. Expressivos segmentos militares agrupados em torno do general Sílvio Frota fazem oposição ao presidente, contando inclusive com o apoio de parte, igualmente expressiva, da Arena. A eles, Geisel eventualmente cede, endurecendo o regime, principalmente após o desempenho eleitoral do MDB nas eleições de 1974. Dois anos mais tarde é aprovada a denominada Lei Falcão, em alusão ao nome do ministro da Justiça da época. Através dessa lei ficam proibidos, em programas eleitorais televisivos, o debate e a exposição oral de propostas e críticas ao regime. Mais ainda: em 1977, reformas legais criam meios de a Arena manter presença majoritária no Congresso, apesar das derrotas eleitorais. Amplia-se a representação parlamentar do Norte e do Nordeste e institui-se a indicação de senadores pelo próprio governo, popularmente chamados de “senadores biônicos”.
Por meio dessa delicada engenharia política, Geisel garante a própria sucessão. O novo escolhido é o general João Baptista de Oliveira Figueiredo, empossado em 1979. Nessa eleição concorre o general Euler Bentes Monteiro, apoiado pelo MDB e segmentos importantes do empresariado brasileiro. Nem os mais beneficiados defendem a ditadura, cujo fim não demoraria muito a ocorrer.
[1] 1964
— O Brasil entre armas e livros “… é um
documentário da Brasil Paralelo que conta a história da Ditadura
Militar no Brasil, revelando detalhes que tinham sido ignorados ou
ocultados. Ele foi injustamente considerado pró-ditadura e censurado
em alguns colégios e faculdades”. Veja abaixo, mais
informações sobre o documentário em artigo e vídeo da Brasil
Paralelo sobre o período da história do Brasil entre 1964 e 1985.
[2] DEL PRIORI, Mary e VENANCIO, Renato. Da guerrilha à abertura. In: Uma breve história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010. Cap. 31, pág. 204 a 208. Texto básico e adaptado...
Agora, continuando a lista vamos destacar o bispo Alexandre ou Alexandre I como tendo substituído o bispo Evaristo na época do imperador Trajano: “… depois de Evaristo ter completado o oitavo ano como bispo de Roma, foi sucedido no ofício episcopal por Alexandre, o quinto na sucessão desde Pedro e Paulo”. Segundo esta fonte, Alexandre I exerceu seu pontificado entre 105 a 116. As datas variam entre 106 e 115; 105 a 116 e até entre 109 a 119. Sua morte pode ocorrido em 115 ou 119. Neste caso, segundo fontes (como esta) que afirmam que ele foi martirizado, isto deve ter ocorrido ou no governo do imperador Trajano (98 a 117) ou Adriano (117 a 138).
As poucas informações de que dispomos de Alexandre I são que ele:
nasceu em Roma em 75, de família nobre e foi bispo (ou papa?) ainda jovem, com aproximadamente 30 anos;
parece (não se tem certeza) ter instituído a utilização de água benta com sal para aspersão nas casas, o pão sem fermento nas consagrações e a mistura do vinho com a água na eucaristia…
foi preso e morreu decapitado, sendo por isto mesmo canonizado, tornando-se santo, segundo a tradição católica.
A tradição também conta que São Alexandre converteu o governador romano Hermes em um milagre, junto com 1500 almas que estavam em sua casa. São Alexandre é citado como tendo visto visões do menino Jesus. São Alexandre desempenhou um papel importante no governo da Igreja e na evolução de sua tradição litúrgica emergente e administrativa. Seus restos mortais foram transferidos para Freising na Bavária em 834 d.C. (Veja aqui).
[2] Na
versão publicada pela CPAD em 1995, nas páginas 409/410, a editora
fez uma lista de 29 bispos de Roma citados por Eusébio, e Alexandre
é o número 5 da lista...
1Na
versão publicada pela CPAD em 1995, nas páginas 409/410, a editora
fez uma lista de 29 bispos de Roma citados por Eusébio, e
Alexandre é o número 5 da lista...
Pensei na imagem acima por citar o filósofo Nietzsche o qual aventou a ideia estúpida de que “Deus está morto”. Mas resolvi descrever um pouco o assunto, aproveitando as contribuições de S. N._Gundry [2], com seu texto “Teologia da morte de Deus”, itens 1 e 2 abaixo, a resposta bíblica sobre o assunto, do portal Gotquestions.org e adição do vídeo de Jonas Madureira abaixo.
Conhecida também como a teologia radical, essa teologia floresceu em meados da década de 1960. Como movimento teológico nunca atraiu muitos seguidores, não chegou a uma expressão unificada e saiu de cena de modo tão rápido e dramático quanto surgiu. Há até mesmo uma falta de concordância quanto à identidade dos seus representantes principais. Alguns identificam dois deles, e outros, três ou quatro. Embora fosse pequeno, o movimento atraiu atenção por ter sido um sintoma espetacular da falência da teologia moderna, e por ter sido um fenômeno jornalístico. A própria declaração: "Deus está morto” foi feita sob medida para ser explorada jornalisticamente. Os representantes do movimento usaram artigos de revistas, livretos e meios de comunicação eletrônicos com eficácia.
1. Sua História
Esse movimento deu expressão a uma ideia que tinha sido incipiente na filosofia e na teologia ocidentais por algum tempo a sugestão de que, na melhor das hipóteses, a realidade de um Deus transcendente não poderia ser conhecida e, na pior delas, não existia mesmo. O filósofo Kant o o teólogo Ritschi negaram que alguém pudesse ter um conhecimento teorético [3] da existência de Deus. Hume e os empiristas, para todos os fins práticos, restringiam o conhecimento e a realidade ao mundo material conforme ele é percebido pelos cinco sentidos. Posto que não era possível averiguar de modo empírico a existência de Deus, dizia-se que a cosmovisão bíblica era mitológica e inaceitável à mente moderna. Os filósofos existencialistas ateus tais como Nietzsche, desesperavam-se até mesmo da possibilidade de empreender uma busca de Deus; foi o próprio Nietzsche quem cunhou a frase "Deus está morto” quase um século antes dos teólogos da morte de Deus.
Os teólogos dos meados do século XX, não associados com o movimento, também contribuíram para o contexto em que emergiu a teologia da morte de Deus. Rudolf Bultmann considerava mitológicos todos os elementos do mundo sobrenaturalista e teísta, e propôs que as Escrituras fossem demitizadas de modo que pudessem falar a sua mensagem à pessoa moderna. Paul Tillich, um anti-sobrenaturalista declarado, disse que a única declaração não-simbólica que se podería dizer a respeito de Deus era que Ele é a própria existência. Ele está além da essência e da existência; por isso, argumentar que Deus existe é negá-lo. É mais apropriado dizer que Deus não existe. Na melhor das hipóteses, Tillich era um panteista, mas seu pensamento chega à beira do ateísmo, Dietrich Bonhoeffer (quer tenha sido entendido corretamente, quer não) também contribuiu para formar o ambiente para essa opinião com algumas declarações fragmentárias porém atormentadoras conservadas em Letters and Papers from Prison ("Cartas e Papéis da Prisão"). Ele escreveu sobre o mundo e a humanidade "chegando à maioridade", do "cristianismo sem religião", do "mundo sem Deus", do livrar-se do "Deus das lacunas" e progredir tão bem como antes. Nem sempre há certeza quanto à intenção de Bonhoeffer, mas se não conseguiu fazer mais nada, pelo menos forneceu um vocabulário que os teólogos radicais posteriores podiam explorar.
Torna-se claro, portanto, que por mais assustadora que a ideia da morte de Deus tenha sido ao ser proclamada em meados da década de 1960, não representava um afastamento tão radical de ideias e vocábulos filosóficos e teológicos recentes quanto talvez parecesse superficialmente.
2. Sua Natureza
Que era, exatamente, a teologia da morte de Deus? As respostas são tão variadas quanto as pessoas que proclamaram o falecimento de Deus. Desde Nietzsche, os teólogos tinham ocasionalmente usado a frase "Deus está morto” para expressar o fato de que, para um número cada vez maior de pessoas na era moderna Deus parece ser irreal. Mas a ideia da morte de Deus começou a receber um destaque especial em 1957, quando Gabriel Vahanian publicou um livro chamado God Is Dead ("Deus Está Morto"). Vahanian não ofereceu nenhuma expressão sistemática da teologia da morte de Deus. Ao invés disso, analisou aqueles elementos históricos que contribuíram para a aceitação do ateísmo pelas massas, mais como modo de vida do que como uma teoria. O próprio Vahanian não acreditava que Deus estava morto. Mas insistia para que houvesse uma forma de cristianismo que reconhecesse a perda contemporânea de Deus e exercesse a sua influência através daquilo que sobrara. Outros proponentes da morte de Deus avaliaram da mesma forma a situação de Deus na cultura contemporânea, mas tiraram conclusões diferentes.
Thomas J. J. Altizer acreditava que Deus realmente tinha morrido. Mas Alizer frequentemente falava em linguagem exagerada e dialética, ocasionalmente com fortes sugestões do misticismo oriental. Às vezes é difícil saber exatamente o que Alize pretendia quando usava antíteses dialéticas tais como “Deus está morto, graças a Deus!” Mas parece que o verdadeiro sentido da crença de Altizer de que Deus morrera deva ser achado na sua crença na imanência de Deus. Dizer que Deus morreu é dizer que Ele deixou de existir como um ser transcendente e sobrenatural. Na verdade, Ele Se tornou plenamente imanente no mundo. O resultado é uma identidade essencial entre o humano e o divino. Deus morreu em Cristo nesse sentido, e o processo tem continuado repetidas vezes desde então. Altizer alega que a igreja tentou dar a Deus uma nova vida e colocá-lo de volta no céu mediante as suas doutrinas da ressurreição e da ascensão. Mas agora, as doutrinas tradicionais a respeito de Deus e de Cristo devem ser repudiadas porque o homem descobriu, depois de dezenove séculos, que Deus não existe. Os cristãos devem agora mesmo desejar a morte de Deus, mediante a qual o transcendente se torna imanente.
Para William Hamilton, a morte de Deus descreve o evento que muitos têm experimentado ao longo destes últimos cem anos. Já não aceitam a realidade de Deus nem a relevância da linguagem a respeito dele. As explicações não-teístas foram substituídas pelas teístas. Essa tendência é irreversível, e todos devem conformar-se com a morte histórico-cultural de Deus. A morte de Deus deve ser afirmada e o mundo secular deve ser aceito por ser intelectualmente normativo e eticamente bom. De fato, Hamilton era otimista a respeito do mundo, porque era otimista a respeito daquilo que a humanidade poderia fazer e estava fazendo para solucionar os seus problemas.
Paul van Buren é geralmente associado à teologia da morte de Deus, embora ele pessoalmente tenha negado essa ligação. Mas sua negação parece hipócrita tendo-se em consideração o seu livro: The Secular Meaning of the Gospel ("O Sentido Secular do Evangelho") e seu artigo "Christian Education Post Mortem Dei". Naquele, aceita o empirismo e a posição de Bultmann no sentido de a cosmovisão da Biblia ser mitológica e insustentável para as pessoas modernas. Neste, propõe uma abordagem à educação cristã que não pressuponha a existência de Deus, mas que "Deus morreu" e "já Se foi".
Van Buren ocupava-se com os aspectos linguísticos da existência e da morte de Deus. Aceitava a premissa da filosofia analítica empírica de que o verdadeiro conhecimento e significado podem ser transmitidos somente por linguagem empiricamente averiguável. Esse é o princípio fundamental dos secularistas modernos, e a única opção viável nesta era. Se apenas a linguagem empiricamente averiguável é relevante, logo, toda a linguagem que se refira à realidade de Deus, ou a tome por certa, não tem significado, posto que não se pode averiguar a existência de Deus por nenhum dos cinco sentidos. O teísmo, a fé em Deus, não somente é intelectualmente insustentável, como também é destituído de significado. Em The Secular Meaning of the Gospel, van Buren procura reinterpretar a fé cristă sem fazer referência a Deus. Procura-se em vão no livro inteiro até mesmo um mínimo indício de que van Buren seja outra coisa senão um secularista que procura traduzir os valores éticos cristão segundo aquele mesmo jogo de linguagem. Hå uma mudança notável, porém, no livro posterior de van Buren: Discerning the Way ("Discernindo o Caminho"). Em retrospecto, fica claro que não houve uma só teologia da morte de Deus, mas várias teologias da morte de Deus. A verdadeira relevância delas foi que as teologias modernas, ao abrirem mão dos elementos essenciais da fé em Deus sustentada pelos cristãos, chegaram, logicamente, a coisas que são verdadeiras antiteologias. Quando as teologias da morte de Deus desapareceram do cenário, permaneceu o compromisso com o secularismo e ele se manifestou em outras formas de teologia secular no fim da década de 1960 e na década de 1970.
Resposta bíblica: “Se Deus está morto, então [4]…”
O termo técnico para o ensino de que "Deus está morto" é a teotanatologia, um composto de três partes do grego: theos (deus) + thanatos (morte) + logia (palavra). O poeta e filósofo alemão Friedrich Nietzsche é mais famoso por fazer a declaração "Deus está morto" no século XIX. Nietzsche, influenciado pela filosofia grega e pela teoria da evolução, escreveu: "Deus está morto. Deus continua morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós, assassinos entre os assassinos?... A grandeza desse ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele?" (Nietzsche, A Gaia Ciência, 125).
Nietzsche tinha o propósito de abolir a moralidade "tradicional" — o Cristianismo, em particular — porque, em sua mente, representava uma tentativa de líderes religiosos egoístas para controlar as massas fracas e irrefletidas. Nietzsche acreditava que a "ideia" de Deus não era mais necessária; de fato, Deus era irrelevante porque o homem estava evoluindo ao ponto de poder criar uma "grande moralidade" mais profunda e satisfatória.
A filosofia de que "Deus está morto" de Nietzsche tem sido utilizada para avançar as teorias do existencialismo, niilismo e socialismo. Teólogos radicais como Thomas J. J. Altizer e Paul van Buren defenderam a ideia de que "Deus está morto" nos anos 60 e 70.
A crença de que Deus está morto e que a religião é irrelevante leva naturalmente às seguintes ideias:
1) Se Deus está morto, não há valores absolutos morais e nenhum padrão universal ao qual todos os homens devam se conformar.
2) Se Deus está morto, não há propósito ou ordem racional na vida.
3) Se Deus está morto, qualquer design encontrado no universo é enxergado por homens que estão desesperados para encontrar o significado na vida.
4) Se Deus está morto, o homem é independente e totalmente livre para criar seus próprios valores.
5) Se Deus está morto, o mundo "real" (ao contrário de um céu e um inferno) é a única preocupação do homem.
A ideia de que "Deus está morto" é essencialmente um desafio à autoridade de Deus sobre nossas vidas. A noção de que podemos criar com segurança nossas próprias regras foi a mentira que a serpente disse a Eva: "... vocês serão como deuses" (Gênesis 3:5). Pedro nos adverte que "... também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição" (2 Pedro 2:1).
O argumento "Deus está morto" geralmente é apresentado como uma filosofia racional e capacitadora para artistas e intelectuais. No entanto, a Escritura o chama de tolo. "Diz o insensato no seu coração: Não há Deus…" (Salmo 14:1). Ironicamente, aqueles que se apegam à filosofia "Deus está morto" descobrirão o erro fatal nessa filosofia quando eles mesmos estiverem mortos.
Bem, Friedrich Nietzsche era ateu? Há muita discussão sobre o assunto. Mas se não ateu, era no mínimo, um niilista, alguém que rejeita e é cético quanto ao valor e propósito da vida e da existência, não aceita os valores tradicionais nem a verdade absoluta. O estrago de quem pensa assim e é influenciado, discutido, seguido... nos meios acadêmicos é muito grande. Os itens 1 a 5 do texto da resposta bíblica acima demonstra bem isto. Veja mais sobre isto no vídeo, link a seguir...
[2] Stanley Norman Gundry “… um teólogo evangélico americano, professor de seminário, editor e autor. Ele atuou como editor da série Zondervan ‘Counterpoints’, que apresenta várias visões sobre uma variedade de tópicos teológicos...”(Wikipedia). O texto em referência – Teologia da morte de Deus – é uma contribuição de Gundry para: Enciclopédia Histórico-Teológica. Editor Walter A. Elwell. Vol. III. São Paulo: Vida Nova: 1988, Pág. 486 a 489 (Texto adaptado).
[3] Teorético
traduz
a ideia de
que teoricamente não se pode conhecer a Deus. O conhecimento humano
não basta para se conhecer a Deus.
Já destacamos, em relação ao estudo sobre a Primeira Guerra Mundial, os seus aspectos políticos, sociais e econômicos, e também a posição teológico-cristã, sobretudo da pessoa de Karl Barth, considerado o maior teólogo do século XX. Na época, diversos promotores da paz, cristãos como o papa Bento_XV, os protestantes Söderblom, Harnack e o próprio Barth, apelaram para a obtenção da paz através da comunhão cristã. Mas apesar de seus esforços e os de muitos outros, a paz durou apenas cerca de 20 anos, surgindo a Segunda Guerra Mundial, com resultados terríveis sobretudo para os judeus. Como vimos aqui, cerca de 46 milhões de pessoas foram mortas das quais cerca de 6 milhões apenas de judeus. Queremos, portanto, falar um pouco, neste post, sobre os aspectos teológico-cristãos no contexto da segunda grande guerra.
Sobre a posição da Igreja Católica (ou papal?) da época, importante ver algumas informações sobre o italiano Eugenio María Giuseppe Giovanni Pacelli, o Pio XII, que foi papa entre 1939 e 1958, e, portanto, liderou a Igreja por todo o período da Segunda Guerra. Sob o título “'Papa de Hitler' ou 'salvador dos judeus'?”, o jornalista Juan Francisco Alonso da BBC News Brasil, descreve Pio XII como um líder religioso omisso, polêmico e ambíguo, a despeito de afirmar ser “… o nazismo um movimento político pagão que destratava os católicos, [mas] o papa não foi particularmente incômodo para o Terceiro Reich” (Idem). Seu silêncio frente às atrocidades cometidas contra os judeus durante o holocausto, favoreceu muito mais o atroz Hitler do que suas vítimas. Inclusive uma carta de 1942, escrita por um padre jesuíta alemão ao secretário de Pio XII na época, e descoberta recentemente, traz à tona esta polêmica. Na carta, com o título “Pio XII Sabia”, o padre jesuíta Lother Koenig relatava o que estava acontecendo em três campos de concentração (Belzec, Auschwitz e Dachau) e, apesar disso, não o denunciaram publicamente. “Esse silêncio é a razão pela qual muitos historiadores e setores da comunidade judaica consideram o falecido pontífice, que desde 2009 é um aspirante a santo, um cúmplice do Holocausto” (Idem).
Embora textos como este, por exemplo, afirmem que Pio XII se esforçou muito para salvar os judeus, outros, como o referido acima, não concordam que Eugenio María Giuseppe Giovanni Pacelli tenha se esforçado o suficiente para salvar o povo judeu. Inclusive o pesquisador britânico John Cornwell afirma: "Não há dúvida de que muitos católicos — padres, freiras e fiéis — em toda a Europa ocupada salvaram muitos judeus, mas acho escandaloso que o Vaticano afirme que isso aconteceu graças às instruções do papa" (Idem). Em síntese, enquanto alguns padres, freiras e outros fiéis, incluindo leigos católicos lutaram pela paz no mundo, o papel do papa falhou muito nesta missão. De modo que neste período “… embora a reação do papa à perseguição dos judeus na Alemanha e nas áreas ocupadas da Europa deixasse muito a desejar, havia outros católicos arriscando a vida e a liberdade por causa dos irmãos judeus” (Veja aqui). Na verdade, certas decisões da Igreja Católica durante sua história têm sido terríveis para os judeus, não só durante a Segunda Grande Guerra. Por exemplo, em seu artigo, Inédito: conheça todo o ódio, intolerância e perseguição da Igreja Católica aos judeus na história, que é parte de seu livro sobre a Reforma, Lucas Banzoli, depois de fazer um histórico sobre o antissemitismo da Igreja Católica através da história da Igreja, afirma que
“ … o nazismo não foi um mal que surgiu ‘do nada’, mas é antes de tudo o fruto de toda uma mentalidade antissemita que se desenvolveu por séculos, tendo no papado, na Inquisição e na pessoa dos reis católicos o seu pontapé inicial. As ideias de ‘pureza de sangue’ e seus estatutos contra os judeus e seus descendentes serviram de inspiração a Hitler, que não tardou em implementá-los também em seu país. Toda a ideologia nazista era baseada na política de discriminação racial predominante na Idade Média e que já massacrava judeus muito antes de um führer chegar ao poder no século XX. Como um pavio fumegante de uma bomba prestes a estourar, era mera questão de tempo até que o antissemitismo eclesial tomasse a forma de antissemitismo de Estado e resultasse no extermínio de milhões de judeus, não apenas na Alemanha, mas ao redor de todo o mundo” (Idem).
E a posição protestante?
Bem, também no meio protestante havia até a Igreja do Reich, liderada por Ludwig Müller, um pastor luterano antissemita, associado ao nazismo, que defendia o “cristianismo positivo” e considerava Jesus Cristo como sendo ariano.
Barth, além de suas contribuições teológicas – interpretações sobre A carta aos romanos –, visando dar uma resposta espiritual aos problemas da Europa, também assumiu posição de resistência frente ao regime nazista, participando da Igreja Confessante, ao lado de Bonhoeffer e Niemöller.
De Niemöller, também sabemos, além de sua sua luta antinazista, de um texto muito conhecido, chamado "Eu me calei", muitas vezes adaptado (parafraseado) conforme as diferentes situações em que o mesmo é lembrado e citado:
Primeiro eles vieram buscar os socialistas, e eu fiquei calado – porque não era socialista.
Então, vieram buscar os sindicalistas, e eu fiquei calado – porque não era sindicalista.
Em seguida, vieram buscar os judeus, e eu fiquei calado – porque não era judeu.
Na década de 1920, Niemöller simpatizava com muitas das ideias nazistas, mas após Adolf Hitler chegar ao poder em 1933, Niemöller tornou-se um crítico ferrenho da interferência de Hitler nas igrejas protestantes. Por isso, passou os últimos oito anos do governo nazista, de 1937 a 1945, em prisões e campos de concentração, mas conseguiu sobreviver até 1984. O mesmo não aconteceu com Dietrich Bonhoeffer. Este morreu ainda durante a guerra. E como? Interessante que este artigo de autoria católica afirma que “… antes do fim do primeiro século, o termo ‘santo’ era reservado exclusivamente ao mártir, e o martírio é, ainda hoje, o caminho mais certo para a canonização”. Mas este princípio não se aplicou ao protestante Dietrich Bonhoeffer, que foi morto pelos nazistas! Pois é, “… na madrugada de 9 de abril de 1945, Dietrich Bonhoeffer ‘foi levado nu até o pátio de execuções’ da prisão de Flossenbürg, na Alemanha. ‘Os guardas o ridicularizaram e desprezaram. Aos pés do cadafalso’, Bonhoeffer ajoelhou e orou. ‘Então, subiu os degraus até a forca’, onde morreu cerca de trinta minutos depois, asfixiado por um nó de corda de piano (Bonhoefferblog)”.
O historiador Justo L.González, no último volume de sua obra A era inconclusa (IV): o Protestantismo na Europa, afirma sobre o que Barth declarava "... que a religião é um esforço humano pelo qual nos tentamos esconder de Deus" e baseado nesta afirmação, Bonhoeffer enfatizava um “cristianismo sem religião”, princípio que ficou marcado para o futuro do cristianismo. Em nossas igrejas evangélicas (quase todas), hoje, entendemos que a salvação não está numa religião, mas numa pessoa: Jesus Cristo. Viver para e em Cristo é viver um cristianismo sem religião. E o preço desta escolha foi muito alto para Bonhoeffer. Como ele tornou-se um ferrenho inimigo do regime, a gestapo não o perdoou. González, assim descreve em seu texto sobre Bonhoeffer:
"... À medida que o exército americano avançava e a derrota se tornava inevitável, o Terceiro Reich passou a eliminar os que considerava seus piores inimigos. Bonhoeffer estava entre eles. Após uma rápida corte marcial, ele foi condenado à morte. Posteriormente, o médico da prisão disse tê-lo visto ajoelhado em sua cela, orando em preparação para a morte. Em 9 de abril de 1945, dois anos e quatro dias após sua prisão, Dietrich Bonhoeffer foi enforcado. Alguns dias depois, a prisão onde ele havia sido executado foi tomada pelo exército americano" (Idem), pág. 71).