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27 janeiro 2024

A teologia da morte de Deus

Por: Alcides Amorim

Sátira da Criação [1]


Pensei na imagem acima por citar o filósofo Nietzsche o qual aventou a ideia estúpida de que “Deus está morto”. Mas resolvi descrever um pouco o assunto, aproveitando as contribuições de S. N._Gundry [2], com seu texto “Teologia da morte de Deus”, itens 1 e 2 abaixo, a resposta bíblica sobre o assunto, do portal Gotquestions.org e adição do vídeo de Jonas Madureira abaixo.


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Conhecida também como a teologia radical, essa teologia floresceu em meados da década de 1960. Como movimento teológico nunca atraiu muitos seguidores, não chegou a uma expressão unificada e saiu de cena de modo tão rápido e dramático quanto surgiu. Há até mesmo uma falta de concordância quanto à identidade dos seus representantes principais. Alguns identificam dois deles, e outros, três ou quatro. Embora fosse pequeno, o movimento atraiu atenção por ter sido um sintoma espetacular da falência da teologia moderna, e por ter sido um fenômeno jornalístico. A própria declaração: "Deus está morto” foi feita sob medida para ser explorada jornalisticamente. Os representantes do movimento usaram artigos de revistas, livretos e meios de comunicação eletrônicos com eficácia.

1. Sua História

Esse movimento deu expressão a uma ideia que tinha sido incipiente na filosofia e na teologia ocidentais por algum tempo a sugestão de que, na melhor das hipóteses, a realidade de um Deus transcendente não poderia ser conhecida e, na pior delas, não existia mesmo. O filósofo Kant o o teólogo Ritschi negaram que alguém pudesse ter um conhecimento teorético [3] da existência de Deus. Hume e os empiristas, para todos os fins práticos, restringiam o conhecimento e a realidade ao mundo material conforme ele é percebido pelos cinco sentidos. Posto que não era possível averiguar de modo empírico a existência de Deus, dizia-se que a cosmovisão bíblica era mitológica e inaceitável à mente moderna. Os filósofos existencialistas ateus tais como Nietzsche, desesperavam-se até mesmo da possibilidade de empreender uma busca de Deus; foi o próprio Nietzsche quem cunhou a frase "Deus está morto” quase um século antes dos teólogos da morte de Deus.

Os teólogos dos meados do século XX, não associados com o movimento, também contribuíram para o contexto em que emergiu a teologia da morte de Deus. Rudolf Bultmann considerava mitológicos todos os elementos do mundo sobrenaturalista e teísta, e propôs que as Escrituras fossem demitizadas de modo que pudessem falar a sua mensagem à pessoa moderna. Paul Tillich, um anti-sobrenaturalista declarado, disse que a única declaração não-simbólica que se podería dizer a respeito de Deus era que Ele é a própria existência. Ele está além da essência e da existência; por isso, argumentar que Deus existe é negá-lo. É mais apropriado dizer que Deus não existe. Na melhor das hipóteses, Tillich era um panteista, mas seu pensamento chega à beira do ateísmo, Dietrich Bonhoeffer (quer tenha sido entendido corretamente, quer não) também contribuiu para formar o ambiente para essa opinião com algumas declarações fragmentárias porém atormentadoras conservadas em Letters and Papers from Prison ("Cartas e Papéis da Prisão"). Ele escreveu sobre o mundo e a humanidade "chegando à maioridade", do "cristianismo sem religião", do "mundo sem Deus", do livrar-se do "Deus das lacunas" e progredir tão bem como antes. Nem sempre há certeza quanto à intenção de Bonhoeffer, mas se não conseguiu fazer mais nada, pelo menos forneceu um vocabulário que os teólogos radicais posteriores podiam explorar.

Torna-se claro, portanto, que por mais assustadora que a ideia da morte de Deus tenha sido ao ser proclamada em meados da década de 1960, não representava um afastamento tão radical de ideias e vocábulos filosóficos e teológicos recentes quanto talvez parecesse superficialmente.

2. Sua Natureza

Que era, exatamente, a teologia da morte de Deus? As respostas são tão variadas quanto as pessoas que proclamaram o falecimento de Deus. Desde Nietzsche, os teólogos tinham ocasionalmente usado a frase "Deus está morto” para expressar o fato de que, para um número cada vez maior de pessoas na era moderna Deus parece ser irreal. Mas a ideia da morte de Deus começou a receber um destaque especial em 1957, quando Gabriel Vahanian publicou um livro chamado God Is Dead ("Deus Está Morto"). Vahanian não ofereceu nenhuma expressão sistemática da teologia da morte de Deus. Ao invés disso, analisou aqueles elementos históricos que contribuíram para a aceitação do ateísmo pelas massas, mais como modo de vida do que como uma teoria. O próprio Vahanian não acreditava que Deus estava morto. Mas insistia para que houvesse uma forma de cristianismo que reconhecesse a perda contemporânea de Deus e exercesse a sua influência através daquilo que sobrara. Outros proponentes da morte de Deus avaliaram da mesma forma a situação de Deus na cultura contemporânea, mas tiraram conclusões diferentes.

Thomas J. J. Altizer acreditava que Deus realmente tinha morrido. Mas Alizer frequentemente falava em linguagem exagerada e dialética, ocasionalmente com fortes sugestões do misticismo oriental. Às vezes é difícil saber exatamente o que Alize pretendia quando usava antíteses dialéticas tais como “Deus está morto, graças a Deus!” Mas parece que o verdadeiro sentido da crença de Altizer de que Deus morrera deva ser achado na sua crença na imanência de Deus. Dizer que Deus morreu é dizer que Ele deixou de existir como um ser transcendente e sobrenatural. Na verdade, Ele Se tornou plenamente imanente no mundo. O resultado é uma identidade essencial entre o humano e o divino. Deus morreu em Cristo nesse sentido, e o processo tem continuado repetidas vezes desde então. Altizer alega que a igreja tentou dar a Deus uma nova vida e colocá-lo de volta no céu mediante as suas doutrinas da ressurreição e da ascensão. Mas agora, as doutrinas tradicionais a respeito de Deus e de Cristo devem ser repudiadas porque o homem descobriu, depois de dezenove séculos, que Deus não existe. Os cristãos devem agora mesmo desejar a morte de Deus, mediante a qual o transcendente se torna imanente.

Para William Hamilton, a morte de Deus descreve o evento que muitos têm experimentado ao longo destes últimos cem anos. Já não aceitam a realidade de Deus nem a relevância da linguagem a respeito dele. As explicações não-teístas foram substituídas pelas teístas. Essa tendência é irreversível, e todos devem conformar-se com a morte histórico-cultural de Deus. A morte de Deus deve ser afirmada e o mundo secular deve ser aceito por ser intelectualmente normativo e eticamente bom. De fato, Hamilton era otimista a respeito do mundo, porque era otimista a respeito daquilo que a humanidade poderia fazer e estava fazendo para solucionar os seus problemas.

Paul van Buren é geralmente associado à teologia da morte de Deus, embora ele pessoalmente tenha negado essa ligação. Mas sua negação parece hipócrita tendo-se em consideração o seu livro: The Secular Meaning of the Gospel ("O Sentido Secular do Evangelho") e seu artigo "Christian Education Post Mortem Dei". Naquele, aceita o empirismo e a posição de Bultmann no sentido de a cosmovisão da Biblia ser mitológica e insustentável para as pessoas modernas. Neste, propõe uma abordagem à educação cristã que não pressuponha a existência de Deus, mas que "Deus morreu" e "já Se foi".

Van Buren ocupava-se com os aspectos linguísticos da existência e da morte de Deus. Aceitava a premissa da filosofia analítica empírica de que o verdadeiro conhecimento e significado podem ser transmitidos somente por linguagem empiricamente averiguável. Esse é o princípio fundamental dos secularistas modernos, e a única opção viável nesta era. Se apenas a linguagem empiricamente averiguável é relevante, logo, toda a linguagem que se refira à realidade de Deus, ou a tome por certa, não tem significado, posto que não se pode averiguar a existência de Deus por nenhum dos cinco sentidos. O teísmo, a fé em Deus, não somente é intelectualmente insustentável, como também é destituído de significado. Em The Secular Meaning of the Gospel, van Buren procura reinterpretar a fé cristă sem fazer referência a Deus. Procura-se em vão no livro inteiro até mesmo um mínimo indício de que van Buren seja outra coisa senão um secularista que procura traduzir os valores éticos cristão segundo aquele mesmo jogo de linguagem. Hå uma mudança notável, porém, no livro posterior de van Buren: Discerning the Way ("Discernindo o Caminho"). Em retrospecto, fica claro que não houve uma só teologia da morte de Deus, mas várias teologias da morte de Deus. A verdadeira relevância delas foi que as teologias modernas, ao abrirem mão dos elementos essenciais da fé em Deus sustentada pelos cristãos, chegaram, logicamente, a coisas que são verdadeiras antiteologias. Quando as teologias da morte de Deus desapareceram do cenário, permaneceu o compromisso com o secularismo e ele se manifestou em outras formas de teologia secular no fim da década de 1960 e na década de 1970.

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Resposta bíblica: “Se Deus está morto, então [4]…”

O termo técnico para o ensino de que "Deus está morto" é a teotanatologia, um composto de três partes do grego: theos (deus) + thanatos (morte) + logia (palavra). O poeta e filósofo alemão Friedrich Nietzsche é mais famoso por fazer a declaração "Deus está morto" no século XIX. Nietzsche, influenciado pela filosofia grega e pela teoria da evolução, escreveu: "Deus está morto. Deus continua morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós, assassinos entre os assassinos?... A grandeza desse ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele?" (Nietzsche, A Gaia Ciência, 125).

Nietzsche tinha o propósito de abolir a moralidade "tradicional" — o Cristianismo, em particular — porque, em sua mente, representava uma tentativa de líderes religiosos egoístas para controlar as massas fracas e irrefletidas. Nietzsche acreditava que a "ideia" de Deus não era mais necessária; de fato, Deus era irrelevante porque o homem estava evoluindo ao ponto de poder criar uma "grande moralidade" mais profunda e satisfatória.

A filosofia de que "Deus está morto" de Nietzsche tem sido utilizada para avançar as teorias do existencialismo, niilismo e socialismo. Teólogos radicais como Thomas J. J. Altizer e Paul van Buren defenderam a ideia de que "Deus está morto" nos anos 60 e 70.

A crença de que Deus está morto e que a religião é irrelevante leva naturalmente às seguintes ideias:

1) Se Deus está morto, não há valores absolutos morais e nenhum padrão universal ao qual todos os homens devam se conformar.

2) Se Deus está morto, não há propósito ou ordem racional na vida.

3) Se Deus está morto, qualquer design encontrado no universo é enxergado por homens que estão desesperados para encontrar o significado na vida.

4) Se Deus está morto, o homem é independente e totalmente livre para criar seus próprios valores.

5) Se Deus está morto, o mundo "real" (ao contrário de um céu e um inferno) é a única preocupação do homem.

A ideia de que "Deus está morto" é essencialmente um desafio à autoridade de Deus sobre nossas vidas. A noção de que podemos criar com segurança nossas próprias regras foi a mentira que a serpente disse a Eva: "... vocês serão como deuses" (Gênesis 3:5). Pedro nos adverte que "... também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição" (2 Pedro 2:1).

O argumento "Deus está morto" geralmente é apresentado como uma filosofia racional e capacitadora para artistas e intelectuais. No entanto, a Escritura o chama de tolo. "Diz o insensato no seu coração: Não há Deus…" (Salmo 14:1). Ironicamente, aqueles que se apegam à filosofia "Deus está morto" descobrirão o erro fatal nessa filosofia quando eles mesmos estiverem mortos.

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Bem, Friedrich Nietzsche era ateu? Há muita discussão sobre o assunto. Mas se não ateu, era no mínimo, um niilista, alguém que rejeita e é cético quanto ao valor e propósito da vida e da existência, não aceita os valores tradicionais nem a verdade absoluta. O estrago de quem pensa assim e é influenciado, discutido, seguido... nos meios acadêmicos é muito grande. Os itens 1 a 5 do texto da resposta bíblica acima demonstra bem isto. Veja mais sobre isto no vídeo, link a seguir...


Notas:

  • [2] Stanley Norman Gundry “… um teólogo evangélico americano, professor de seminário, editor e autor. Ele atuou como editor da série Zondervan ‘Counterpoints’, que apresenta várias visões sobre uma variedade de tópicos teológicos...”(Wikipedia). O texto em referência – Teologia da morte de Deus – é uma contribuição de Gundry para: Enciclopédia Histórico-Teológica. Editor Walter A. Elwell. Vol. III. São Paulo: Vida Nova: 1988, Pág. 486 a 489 (Texto adaptado).

  • [3] Teorético traduz a ideia de que teoricamente não se pode conhecer a Deus. O conhecimento humano não basta para se conhecer a Deus.

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