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27 junho 2020

Pedro, o apóstolo impulsivo


Pedro, “tu me amas”?[1]

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros... Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras” (Jo 21.15,18).
Pedro (gr. Pétros ou Pedra) aparece em primeiro lugar na lista dos doze apóstolos (Mt 10.2-4; Mc 3.16-19 e Lc 6.13-16), posição recebida do próprio Senhor. Ele também é chamado na Bíblia de Cefas (aramaico Kefa, que significa “rocha”) e Simão (Jo 1.42). Era irmão do apóstolo André (Mc 1.16) e ambos, filhos de Jonas (Jo 1.42) e moravam em Betsaida, mesma cidade de Filipe, também apóstolo (Jo 1.44). provavelmente seu pai, Jonas, também fosse um pescador como eles (Jo 1.42).
Com base em Marcos 1.30, Pedro era casado, pois o texto fala sobre a “sogra de Simão” e, possivelmente, sua esposa o acompanhava em viagens ministeriais na Igreja Primitiva. Paulo, em 1Co 9.5, diz: “Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?”.
1.  A personalidade do apóstolo Pedro
O apóstolo Pedro foi um típico homem simples, direto e de caráter impulsivo. Mas também possuía aptidão natural para exercer liderança, talvez por ser caloroso, vigoroso e normalmente comunicativo. Em algumas ocasiões, sobretudo no episódio que envolveu a traição de Jesus no Getsêmani, Pedro se mostrou emotivo, sanguíneo e autoconfiante.
Destaquei acima as expressões “impulsivo” e “sanguíneo”, em relação a Pedro, pois lembrei-me do comentário de Tim LaHaye (referência abaixo) acerca da “teoria dos quatro temperamentos”. Em um deles, o sanguíneo, Pedro se encaixa bem:

Pedro é, provavelmente, o personagem mais querido do Novo Testamento. A razão é muito simples. Como é totalmente extrovertido, seus defeitos são visíveis todos. Ele tropeça de modo impetuoso pelas páginas dos Evangelhos, deixando à mostra a carne crua do sanguíneo. Em um momento é amável e alegre; no outro, assusta com suas atitudes...

O sanguíneo é caloroso, amável e simpático. Atrai as pessoas como se fosse um ímã. Tem bom papo, é otimista e despreocupado. É generoso, compassivo, adapta-se ao ambiente e ajusta-se aos sentimentos alheios. Porém, como os outros temperamentos, em seus defeitos. Em geral tem pouca força de vontade; emocionalmente é instável e explosivo, irrequieto e egoísta...

Ele falava mais do que os outros discípulos e conversava com maior frequência com o Senhor. Nenhum discípulo, a não ser Judas Iscariotes, teve reprovação mais severa, e nenhum outro discípulo ousou como ele, repreender o Senhor. Por outro lado, nenhum discípulo testemunhou, como Pedro, tanto respeito e amor por Cristo e nenhum outro recebeu o louvor tão pessoal do Salvador...
Quando André levou a Jesus seu irmão sanguíneo, Simão, este parecia bem longe de se tornar um futuro líder espiritual. Pelo contrário, era apenas um pescador barulhento, profano e genioso, cujo traço mais evidente era a impulsividade. Quando agia, fazia-o ‘de imediato’, como dizem as Escrituras. Quando um diálogo ia cessando, era ele quem o continuava. Falava pelos cotovelos! Era chamado ‘o que fala pelos discípulos’. As palavras: ‘Então disse Pedro’, são introdutórias de mais expressões do que a soma total das falas de todos os outros discípulos (LAHAYE: 2008. Pág. 37..., 38..., 39..., 40...).

Algumas passagens bíblicas mostram um pouco da personalidade de Pedro:

·      Ele normalmente tomava a iniciativa como líder do grupo:
Ø E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola” (Mt 15.15).
Ø Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?” (Mt 18.21).
Ø E ele lhes disse: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse: Tu és o Cristo” (Mc 8.29).
Ø E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14.28-31)...
·      Ele aparece entre os três discípulos mais íntimos de Jesus: Ele, Tiago e João:
Ø E não permitiu que alguém o seguisse, a não ser Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago” (Mc 5.37)
Ø Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte (...) E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias” (Mt 17.1,4).
Ø E foram a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro. E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se” (Mc 14.32,33).
·      Ele foi o primeiro a confessar que Jesus era o Cristo (Filho do Deus vivo):
Ø Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.15-17). O próprio Jesus atribuiu a resposta de Pedro como uma revelação de Deus que foi dada a ele: “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).
·      Recebeu a incumbência de organizar a última ceia em Jerusalém com João:
Ø E [Jesus] mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos” (Lc 22.8).
·      O Pedro que negou a Jesus três vezes... mas se arrependeu:
Ø Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás (...) E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente” (Mt 26.34,75).
2.  Pedro: de seu primeiro sermão à sua morte:
O apóstolo Pedro receber uma visita especial de Cristo após sua ressurreição (Lc 24.34; 1Co 15.4,5) e, renovado, tornou-se o primeiro a pregar na Igreja, ocasião em mais de três mil convertidos (At 2.14,41).
Podemos citar algumas referências ainda relativas ao apóstolo Pedro no Novo Testamento, como:
·      Foi ele quem disse as conhecidas palavras: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (Atos 3:6).
·      Dentre outros milagres também se destaca a ressurreição de Dorcas (At 9.36-41); a revelação das mentiras de Ananias e Safira (Atos 5:1-11);
Na época da forte perseguição em Jerusalém após a morte de Estêvão, o apóstolo Pedro também estendeu sua atuação ministerial a outros lugares, como em Samaria em decorrência da grande evangelização de Filipe (um dos evangelistas) ali, nas cidades costeiras de Lidia, Jope e Sarona. É possível que nesse período Tiago, irmão do Senhor então tenha assumido a liderança em Jerusalém.
O apóstolo Pedro também foi o responsável por anunciar as boas novas à família de Cornélio em Cesaréia (At 10.1-45). Na Carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo informa que Pedro também esteve em Antioquia (Gl 2.11). Na verdade é nesse relato que encontramos a referência sobre o conflito entre os apóstolos Paulo e Pedro, quando Pedro agiu dissimuladamente se associando aos cristãos gentios e depois se afastando deles ao temer a pressão do “grupo da circuncisão” que aceitava os gentios na Igreja desde que estes se submetessem ao cerimonial da Lei de Moisés. O comportamento do apóstolo Pedro acabou influenciando até mesmo Barnabé. Então Paulo o repreendeu publicamente pelo comportamento, considerado por ele, como hipocrisia. No entanto, essa situação foi completamente resolvida, e o próprio apóstolo Pedro mais tarde se referiu a Paulo como “nosso amado irmão” (2 Pedro 3:15).
Na Epístola aos Coríntios, também somos informados da divisão que havia em tal igreja. Um dos grupos divididos ali alegava seguir o apóstolo Pedro, enquanto outros diziam ser de Paulo, Apolo e Cristo. Isso indica que provavelmente em algum momento ele esteve pessoalmente visitando aquela igreja.
Como afirma MILLER, no capítulo 10 de Atos os gentios são trazidos à igreja. E agora Pedro, tendo terminado sua missão por essas bandas, retorna a Jerusalém. Após o relato de sua libertação do poder de Herodes no capítulo 12, não temos mais relatos sobre a história do apóstolo da circuncisão em Atos. Como Herodes Agripa, o rei idumeu, tem papel tão proeminente nessa história, pode ser interessante tomar nota sobre ele. Ele professava grande zelo pela lei de Moisés e mantinha um certo respeito para com sua observância externa. Desse modo, ele ficou do lado dos judeus contra os discípulos de Cristo, sob um fingido zelo religioso. Esta era sua política. Era uma figura do rei adversário.
Foi por volta de 44 d.C. que Herodes buscou se insinuar com seus súditos judeus, perseguindo os inofensivos cristãos. Não que houvesse qualquer amor entre Herodes e os judeus, posto que se odiavam de coração; mas aqui eles se uniram, pois ambos odiavam o testemunho celestial. Herodes matou Tago Maior com a espada e lançou Pedro na prisão. Era sua intenção perversa mantê-lo lá até depois da Páscoa, e então, quando uma grande quantidade de judeus de todas as partes estivessem em Jerusalém, fariam um espetáculo público de sua execução. Mas Deus preservou e libertou Seu servo em resposta às orações dos santos.
Após 50 d.C. não temos tantas informações detalhadas sobre o apóstolo Pedro. Considerando suas duas epístolas, sabemos que ele permaneceu ativo na pregação da Palavra de Deus e no pastoreio do rebanho do Senhor até a hora de sua morte (1Pe 5.1,2).
Existe um grande debate se o apóstolo Pedro chegou a fixar residência em Roma ou não. O que é certo é que a igreja em Roma não foi fundada por ele; até porque seria muito improvável que Paulo escrevesse uma epístola àqueles irmãos sem mencioná-lo. Na verdade, não há qualquer base bíblica de que ele tenha sido o primeiro bispo de Roma; nem há indícios de que ele tenha sido líder da igreja na cidade por um período de tempo considerável.
A tradição que afirma tal coisa é bastante questionável.
Apesar disto, é muito provável que ele tenha estado em Roma em algum momento próximo ao final de sua vida, e que tenha escrito suas duas epístolas desta cidade. Em 1 Pedro 5:13 o apóstolo escreve dizendo estar na “Babilônia”. Essa informação tem sido entendida pela maioria dos estudiosos como uma referência à cidade de Roma. A presença de Marcos na ocasião também favorece essa interpretação.
Existe uma tradição muito antiga e uniforme dentro do cristianismo de que o apóstolo Pedro tenha sido martirizado – aos “70 anos de idade”, como afirma Miller –, em Roma, por volta de 68 d.C., assim como aconteceu também com o apóstolo Paulo. Tertualiano (200 d.C.) defendeu tal informação, e Orígenes afirmou que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, uma informação também presente em alguns livros apócrifos.

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Ainda sobre o apóstolo Pedro, veja também:
·      Pedro e o poder papal, por Bereanos.
·      O papado: breves considerações histórico-teológicas, Por Alcides B. de Amorim .
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Veja também, a seguir, o vídeo de Marlon Engel, disponível em seu portal Estudo na Garagem, sob o título: Apóstolos de Jesus, Episódio 02: Simão Pedro.


Referências bibliográficas:
  • CONEGERO, Daniel. A História do Apóstolo Pedro. Disponível em: <https://estiloadoracao.com/historia-do-apostolo-pedro/>. Acesso em: 24/06/2020.
  • LAHAYE, Tim. Temperamentos transformados. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
  • MILLER, Andrew. A História da Igreja, Vol. 1. São Paulo: Depósito de Literatura Cristã: 2011.
Nota:

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15 junho 2020

Escatologia: a morte

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5.12).
Já falamos em outro momento sobre o conceito de escatologiadoutrina das últimas coisas, entre as quais está o conceito de morte. À luz da bíblia, podemos conceituar “a morte como “... a separação da alma do corpo pela qual o homem é introduzido no mundo invisível[1]. E de certo modo, ela é a mais natural das coisas, pois “... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27)[2].
1.  Expressões bíblicas para morte:
Algumas expressões bíblicas acerca de morte física ou morte do corpo nos ajudam a caracterizá-la melhor:
·      experiência descrita com o sentido de "dormir":
Ø Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono” (Jo 11.11).
Ø E disse o Senhor a Moisés: Eis que dormirás com teus pais; e este povo se levantará, e prostituir-se-á indo após os deuses estranhos na terra, para cujo meio vai, e me deixará, e anulará a minha aliança que tenho feito com ele” (Dt 31.16).
·      Deixar a casa terrestre ou tabernáculo:
Ø Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2Co 5.1).
Ø E tenho por justo, enquanto estiver neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações” (2Pe 1.13).
·      Pedido da alma por Deus:
Ø Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20).
·      Seguir o caminho de onde não tornará:
Ø Como no caso do pobre mendigo que morreu e foi para o seio de Abraão, e do rico, que também morreu e foi para o inferno (Jo 16. 22,23
·      Ser congregado ao seu povo:
Ø Acabando, pois, Jacó de dar instruções a seus filhos, encolheu os pés na cama, e expirou, e foi congregado ao seu povo” (Gn 9.33).
·      Descer ao silêncio:
Ø Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio” (Sl 115.17).
·      Expirar:
Ø E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de seu marido” (At 5.10).
·      Tornar-se em pó:
Ø No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3.19).
·      Partir:
Ø Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp 1.23) etc.
2.  Morte física e espiritual
A morte física, segundo vemos em expressões como death (Hebraico) e apothaneinnekrós ou thánatos (Grego) ou ainda mortis (Latim), “... parece ser necessária para corpos constituídos como são os nossos. A decadência física e a dissolução são inescapáveis”[3]. Mas a Bíblia também fala da morte como resultado do pecado. A morte é o primeiro efeito externo ou manifestação visível do pecado, e será o último efeito do pecado, do qual seremos salvos. Vejamos:
Ø Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5.12).
Ø “Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte” (1Co 15.25,26).
Deus disse a Adão que no dia que ele comesse da árvore do “conhecimento do bem e do mal” certamente morreria (Gn 2.17). Entendemos que “morte” aqui não fala apenas no sentido físico, mas também espiritual. E isto é enfatizado por Paulo quando afirma que “... por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens...” (Rm 5.12). E este homem – Adão – morreu primeiro espiritualmente, quando foi lançado fora do jardim (Gn 3.23), e depois, fisicamente, com novecentos e trinta anos (Gn 5.5). Nos capítulos 5 e 6 aos Romanos, Paulo contrasta a morte que ocorreu por meio do pecado de Adão com a vida que Cristo trouxe aos homens. No entanto, a obra redentora de Cristo não anula ou cancela a nossa morte física, embora anule sua sentença condenatória. O homem não morre como um corpo. Ele morre como homem, na totalidade do seu ser. Ele morre como um ser espiritual e físico. E a Bíblia não estabelece uma clara linha de demarcação entre esses dois aspectos. A morte física, portanto, é um símbolo apropriado da morte mais profunda que o pecado inevitavelmente produz, sendo ao mesmo tempo uma expressão desta morte, e uma união com ela.
Qual a conexão entre a morte e a doutrina da imortalidade? Há dois termos, "imortalidade" e "incorrupção" que se usam em referência à ressurreição do corpo, em 1Coríntios 15.53,54: “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade”. A imortalidade significa não estar sujeito à morte, e, obviamente, não diz respeito ao nosso corpo terrestre, pois este passa pela morte, por ser “corruptível” e voltar ao pó “... porquanto és pó [Adão/humanidade] e em pó te tornarás” (Gn 3.19). Mas os que estão em Cristo, os cristãos, desfrutarão da imortalidade. Isto é, receberão corpos glorificados que não estarão sujeitos à morte, por ocasião da ressurreição (assunto do qual falaremos num outro momento) e se tornarão também incorruptíveis (1Co 15.52). Ou seja, o corpo material sofre corrupção (se desfaz), fraqueza e a morte física, mas ressuscitará em glória e vigor (1Co 15.42,43).
E os não-salvos receberão também novos corpos? Pelas Escrituras, entendemos que sim, embora não sejam corpos glorificados.  Entendemos que o termo "imortalidade" se aplica à alma. Desta forma, o corpo morre e volta ao pó e a alma ou o espírito continua a existir conscientemente no mundo invisível dos espíritos desencarnados. Assim o homem é mortal, estando o seu corpo sujeito à morte, embora seja imortal a sua alma, que sobrevive à morte do corpo.
Para ilustrar a morte física, pensemos no caso de Lázaro (João 11). “O Lázaro fisicamente morto não podia fazer nada por si mesmo. Ele não respondia a nenhum estímulo e estava alheio a toda a vida ao seu redor”[4]. Mas, aos ser ressuscitado (fisicamente) por Cristo, ele ficou cheio de vida. Obviamente, Lázaro morreu fisicamente novamente e aguarda, como disse Marta, irmã do citado Lázaro, a ressurreição, que ocorrerá “no último dia” (v. 24).
E onde estarão as pessoas após à morte e depois da ressurreição da carne (ou corpo)? Este é um assunto para o próximo capítulo (post). Por ora, deixo a reflexão a seguir, do Reverendo Hernandes Dias Lopes:



    Notas:
    • [1] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: vida, 1978 (7ª ed.), p. 232.
    • [2] Todas as referências bíblicas utilizadas neste texto são da ACF (Almeida Corrigida Fiel).
    • [3] DOUGLAS, J.D. (Org.). O Novo Dicionário Bíblia, Vol. II. São Paulo: Vida Nova, 1979, p. 1073.
    • [4] O que é a morte espiritual?”. Disponível em: <https://www.gotquestions.org/Portugues/morte-espiritual.html>. Acesso em: 15/06/2020.

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    08 junho 2020

    A Era dos Novos Horizontes: Horizontes Políticos - Os Estados Unidos

    GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos novos horizontes – Vol. 9. São Paulo: Vida Nova, 1988 (1ª ed.), pág. 017 a 056.

    Texto e Imagens adaptadas por:
    Alcides Barbosa de Amorim



    Artigo completo em PDF:

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    04 junho 2020

    Escatologia: doutrina das últimas coisas

    "Assim diz o Senhor... Eu sou o primeiro, e eu sou o último..." (Is 44.6).
    “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro” (Ap 22.13).
    Nas duas referências bíblicas acima destacamos as expressões Primeiro x Último e Princípio (Alfa) x Fim (Ômega), relativas a Deus, Aquele que já escreveu, tanto o primeiro como o último capítulo da história de todas as coisas. Ou seja, desde o Gênesis, que trata das origens de todas as coisas, até o Apocalipse, que revela como essas coisas chegarão ao seu fim, estão sob o controle de Deus.
    A disciplina que trata teologicamente, principalmente das “coisas do fim” é chamada ESCATOLOGIA, termo que emprega a junção de duas palavras gregas eschatos (último) e logos (assunto, estudo), ou seja, estudo ou doutrina das últimas coisas. A escatologia bíblica diz respeito não apenas ao destino do indivíduo, mas também se preocupa com a história. Isso se deve ao caráter particular da revelação da Bíblia. Visto que Deus é o Senhor da história, a consumação da obra redentora de Deus incluirá a redenção da própria história. E a tarefa da redenção – dos indivíduos e da história – foi executada por  Jesus, uma das pessoas do Deus Trino, “a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo” (Hb 1.2) e que veio à Terra na "plenitude do tempo" (Gl 4.4).
    Jesus é o Messias prometido no Antigo Testamento pelos profetas, que viria redimir os justos e expurgar a terra de todo o mal, enquanto o Novo Testamento vê na encarnação de Cristo o cumprimento da esperança do Antigo Testamento, e em Sua segunda vinda a consumação dessa esperança.
    A chegada do Messias já era profetizada como parte do fim ou últimos dias. Veja este verso: “havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (Hb 1.1). Aqui, o escritor está falando da primeira vinda de Jesus, mas como sendo nos “últimos dias”. Por isso entendemos que tudo que for relativo à encarnação do Verbo, o Pentecostes, o tempo da Igreja – dispensação da graça –, até a segunda vinda de Cristo nos ares (1Ts 4.17) é parte do fim ou dos últimos dias.
    O mesmo “... Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.11). Mas além da volta do Senhor, este e os demais assuntos abaixo, que também fazem parte da disciplina escatologia, trataremos em capítulos (posts) à parte:
    Por ora,
    “... tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8).
    “... tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos (1Co 10.11).
    “... mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo...” (1 Pe 1.5).
    “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” (2Pe 3.8).

    Este texto é apenas uma introdução a estes assuntos listados acima, sobre os quais, repito, pretendemos falar em posts separados.
    Ainda sobre esta introdução, sugiro o vídeo abaixo:

    Fonte:

    • PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: vida, 1978 (7ª ed.).
    • SHEDD, R. P. (Editor). O Novo Dicionário da Bíblia, Vol. I. São Paulo: Vida Nova, 1979 (3ª ed.).