“E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um
homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu” (Mt 9.9).
“Filipe e Bartolomeu; Tomé
e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu”
(Mt 10.3).
“E, depois disto, saiu, e
viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe:
Segue-me. E ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu” (Lc 5.27,18)[2]
(destaques / sublinhados meus).
O nome de Mateus aparece em
todas as listas dos doze apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13). Destaquei,
nos textos acima, as expressões “alfândega”, “publicano” (escritas pelo próprio
autor) e “Levi”, em relação ao apóstolo Mateus, uma vez que estas resumem a
identidade deste cobrador de impostos – profissional tido, muitas vezes, como
traidor e/ou roubador do povo –, mas nesse caso específico, um escolhido por
Jesus para compor seu Colégio Apostólico.
Mateus[3]foiumdosdozeapóstolosdeJesus etambémautordoEvangelhodeMateus. Ele
aparece em todas as listas que relacionam os discípulos de Jesus, sendo elas:
Mateus 10:3, Marcos 5:18, Lucas 6:15 e Atos 1:13.
Não encontramos muitas informações biográficas sobre
Mateus na Bíblia. Na verdade, além das listas com o nome dos discípulos, o
apóstolo Mateus aparece apenas em outros dois episódios em todo o Novo
Testamento.
Sobre a escolha do apóstolo Mateus, um dos dois
relatos em que o apóstolo Mateus aparece na narrativa bíblica além das listas de
apóstolos descreve justamente sua chamada para ser discípulo de Cristo. Uma
curiosidade sobre isto é que a escolha do apóstolo Mateus é a única chamada individual
de um discípulo registrada nos Evangelhos Sinóticos[4]. O próprio Mateus
denomina-se como o publicano, cobrador de taxas e impostos a
serviço do Império Romano. Essa classe de trabalhadores era desprezada pelos
demais judeus que a reputavam praticamente como traidora de seu próprio povo.
Pelo contexto histórico da época, é possível que Mateus estivesse
sob as ordens de Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia.
Considerando o ofício que desempenhava, o apóstolo
Mateus provavelmente era uma das pessoas mais cultas do grupo dos discípulos de
Jesus.
Jesus encontrou
Mateus “sentado na coletoria”,
ou seja, na alfândega, nas proximidades de
Cafarnaum, e lhe ordenou que O seguisse (Mt 9.9). Esse local em que o apóstolo
Mateus estava era um dos postos fiscais geralmente estabelecidos em estradas,
pontes, canais ou nas margens dos lagos para coletar taxas e impostos. T
Merece destaque também que o nome “Levi” que aparece nos Evangelhos. E, como este nome não é
mencionado em nenhuma das listas de discípulos de Jesus é amplamente aceito que
Mateus e Levi tenham sido a mesma pessoa. Nos Evangelhos
de Marcos (2.14) e Lucas (5.27), lemos que Jesus ordenou que Levi o seguisse, numa
descrição muito semelhante ao registro do EvangelhodeMateus 9.9 onde o apóstolo foi convocado.
Entendendo então que Levi e Mateus são as mesmas pessoas, logo somos informados de que ele era filho de Alfeu (Mc
2:14). Sabemos também que Tiago, outro apóstolo de Jesus, também era filho de
Alfeu. No entanto, não há informações necessárias para que possamos afirmar que
se tratava do mesmo Alfeu e, consequentemente, queTiago Menor eMateus foramirmãos.
Ainda sobre sua dupla designação (como Levi e Mateus),
existe a chance de que seu nome principal era Levi, mas que depois de se tornar
apóstolo de Jesus, ele preferiu ser chamado por outro nome, no caso Mateus, tal
como Simão Pedro também o fez.
Após o Pentecostes descrito em Atos dos Apóstolos capítulo
2, a Bíblia não nos fornece mais nenhuma informação sobre o apóstolo Mateus.
Algumas tradições, sem qualquer comprovação histórica, sugerem que em algum
momento após o Pentecostes Mateus partiu para Etiópia, Macedônia, Síria e
outras localidades. Uma dessas tradições defende que o apóstolo Mateus morreu
de causas naturais estando ou na Macedônia ou na Etiópia. Por outro lado,
tradições gregas e romanas afirmam que o apóstolo sofreu martírio. Quando? Possivelmente,
em 72[5]
Bem, a obra maior de Mateus é o Evangelho que leva o seu
nome, o Evangelho
Segundo Mateus. E apesar de alguns críticos defenderem que o apóstolo não pode ter sido
o autor do Evangelho que leva seu nome, a tradição cristã, desde a Igreja
Primitiva, atribuiaoapóstolo Mateus a autoria do primeiro Evangelho. Na
verdade, o que pode ser dito é que nenhum argumento contrário à autoria do
apóstolo pode ser sustentado à luz de uma análise profunda da questão.
Veja também, a seguir, o vídeo de Lamartine Posella sobre
Mateus:
Notas / Bibliografia:
[1] Imagem meramente ilustrativa.
Disponível em:
<https://theotoucharis.wixsite.com/theo/single-post/2016/03/10/serm%C3%A3o-o-chamado-de-mateus>.
Acesso em 22/11/2021.
[2] Todas as referências bíblicas
utilizadas neste post são da versão online Almeida Corrigida Fiel.
Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf>.
[3] O texto a seguir é uma reescrita com adaptações
do artigo de Daniel CONEGERO: In: <https://estiloadoracao.com/quem-foi-o-apostolo-mateus/>. Acesso em: 22/11/2021
[4]EvangelhosSinóticos são
aqueles que narram a vida e ministério de Jesus sob uma mesma ótica, mesmo
ponto de vista ou visão conjunta. São eles: Mateus, Marcos e Lucas.
Já vimos em artigos anteriores sobre Tiago
Maior, que foi
apóstolo, juntamente com seu irmão João, e ambos eram filhos de Zebedeu, e Tiago,
irmão do Senhor, autor da Epístola que leva o seu nome.
E neste breve artigo queremos destacar a pessoa do outro apóstolo Tiago,
que era filhodeAlfeu.
Este Tiago (Ἰάκωβος, Jacobos em grego antigo) era conhecido também como TiagoMenor. Por que “menor”? Possivelmente, por causa de sua estatura física
– mais baixa que a do outro Tiago ou por ser de menos idade. A NVI (Nova Versão
Internacional), por exemplo, refere-se a este Tiago como “o
mais jovem”, em Marcos 15.40. De qualquer forma, ele pode ter tido ambos os
adjetivos: era mais baixo e possivelmente o mais novo dos Tiagos ou dos demais
apóstolos.
As referências sobre Tiago, filhodeAlfeu
são poucas no Novo Testamento. Ele aparece ligado a seu pai (Alfeu) nas listas
dos apóstolos, de Mateus 10.2,3, Marcos 3.17,18, Lucas 6.14,15
e Atos 1.13, sempre para diferenciá-lo do outro Tiago, que era filho de Zebedeu
e que aparece também nas mesmas listas. E, pela referência de Marcos 15.40, sua
mãe se chamava Maria – ... Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José... –.
Observa-se que por esta referência de Marcos, Tiago Menor tinha um irmão
chamado José, que não deve ser confundido com o outro José, irmão do outro
Tiago e de Jesus, conforme vemos na lista dos irmãos de Jesus, relatada pelo
mesmo evangelista (Mc 6.3 – “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e
irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas
irmãs? E escandalizavam-se nele”.
Como já dissemos, não há muitas referências
acerca de Tiago, filho de Alfeu, no Novo Testamento, embora, obviamente, ele
tenha continuado sua missão apostólica depois da ressurreição de Jesus e do
Pentecostes, sem que isso ficasse registrado nos textos sagrados.
A posição, defendida por nós aqui, é
a mesma defendida por teólogos protestantes [2].
Por parte de católicos, ao contrário, este Tiago ganha uma relevância muito
grande, pois é visto como o outro Tiago, conhecido como Tiago,
irmão de Jesus(ou primo de Jesus, segundo os católicos) que foi líder da igreja em
Jerusalém e autor da epístola que leva o seu nome. Ou seja, enquanto
protestantes destacam três principais Tiagos (o filho de Zebedeu, o filho de
Alfeu e o irmão de Jesus), para católicos, estes dois últimos são a mesma
pessoa. Já tratei parcialmente destas questões neste
artigo, mas para maior aprofundamento do
assunto, sugiro estes outros artigos do historiador e teólogo Lucas Banzoli:
Obviamente, os artigos de Banzoli são voltados,
principalmente, para o Tiago, irmão do Senhor, a seus pais (José e Maria) e
demais membros da família. Mas para fazer esta separação dos Tiagos (filho de
Alfeu e irmão de Jesus), vale a leitura destes e outros artigos, além de vídeos
mencionados (links) por ele.
Sobre a morte
de Tiago Menor, não sabemos quando a mesma ocorreu, mesmo porque as informações
deixadas por Josefo, Clemente, Eusébio etc., atribuídas a Tiago Menor, normalmente
são confundidas com as do Tiago, irmão do Senhor. Franklin FERREIRA [3], afirma
que “Tiago, o Menor, foi lançado de um pináculo do templo em Jerusalém e
depois espancado até morrer”. Quando? Possivelmente, no ano 62 (Wikipedia).
Bem,
no vídeo abaixo, MarlonEngel, faz um bom resumo da vida de
Tiago Menor. No mais, o importante saber é que na verdade, a exemplo dos demais
apóstolos, afirma Engel, “... a importânciadosdiscípulos não
estava nas suas descendências (...). O que fez estes homens importantes
foi o Senhor a quem serviram e a mensagem que proclamaram”.
República (do latim res publica = “coisa
pública”), é a forma de governo, cujo chefe do Estado, normalmente o
Presidente, é eleito pelos cidadãos por tempo limitado de acordo com a
Constituição do país. No caso do Brasil, o tempo estipulado pela Constituição
para o mandato do Presidente da República é de quatro anos, podendo ser
reeleito para mais quatro, caso seja a vontade dos eleitores.
A origem
desta forma de governo está na Roma Antiga e foi experimentado, pela primeira
vez, quando os patrícios, classe privilegiada, destronou o último etrusco do
poder, e implantaram este novo regime, instaurando o chamado
Período Republicano que durou entre 509 a 27 a.C.
1.Ideias republicanas no
Brasil Colônia
No
Brasil, que viveu sob a tutela de Portugal por mais de três séculos, a ideia de
implantação do regime republicano já existia desde o final do século XVIII. Com
tendências separatista e regionalizada, podemos perceber essa ideia em
movimentos como a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Baiana (1798) e a
Insurreição Pernambucana de 1817.
A Inconfidência Mineira, que
culminou com a morte de Tiradentes em 1792, foi o primeiro movimento que
manifestou claramente a interação de separação política de Portugal.
Influenciada pelo Liberalismo, o Iluminismo e a Independência dos Estados
Unidos, parte dos inconfidentes, no plano político, “almejava a república”.
A conjuração pretendia eliminar a dominação portuguesa das
Minas Gerais, estabelecendo um país independente. Não havia a intenção de
libertar toda a colônia brasileira, pois naquele momento uma identidade
nacional ainda não havia se formado. A forma de governo escolhida foi o
estabelecimento de uma República, inspirados pelas ideias iluministas da França
e da Independência dos Estados Unidos da América (1776). Ressalve-se que não
havia uma intenção clara de libertar os escravos, já que muitos dos
participantes do movimento eram detentores dessa mão-de-obra[2].
Após a
execução de Tiradentes sobrava o lema da Inconfidência: “Liberdade ainda que
tardia”, expressão que ficou marcada na bandeira de Minas Gerais.
Sobre
a Conjuração Baiana, a
revista Nova Escola (novembro de 2012), por exemplo, em um de seus artigos sob
o título “Aconteceu na França, respingou aqui”, menciona o fato de ela ter tido
grande influência no exemplo da República, implantada na França, como
parte do processo da Revolução. ‘Todos serão iguais, não haverá diferença, só
haverá liberdade, igualdade e fraternidade’. Esta declaração descrita em
panfletos no dia 12 de agosto de 1798, convocava as pessoas à revolução e à
instauração da República Baiana. O movimento revolucionário foi reprimido com
violência e com a execução dos conjurados, mas expressou a popularidade do
movimento.
Em
Pernambuco, a chamada Insurreição
Pernambucana contou com representantes de várias classes.
“Os presos políticos foram libertados, criou-se a bandeira da República
Pernambucana, extinguiram-se os títulos de nobreza e aumentou-se o soldo
militar”. (Costa & Mello, Op. Cit., página 100). As forças
metropolitanas mataram, prenderam e executaram insurretos, mas a Insurreição
deixou implantada as ideias republicanas, as quais se manifestariam, novamente,
em 1824, na chamada Confederação do Equador, movimento que envolveu outras
províncias nordestinas e que também chegaram a implantar uma República, ainda
que tenha durado por pouco tempo.
A Independência Política do Brasil,
ocorrida em 1822, além de não trazer nenhuma mudança significativa das
condições de vida da maioria da população pobre, formada principalmente por
escravos e mestiços, apresentava algumas diferenças entre o que ocorreu no
Brasil e em outros países da antiga América Espanhola. Enquanto lá foi adotada
a república logo em seguida à independência, o Brasil continuou sendo governado
por um monarca (e ainda) membro da família real de sua ex-metrópole. A República
só aconteceria no Brasil em 1889.
2.O
movimento republicano e o fim do Segundo Reinado
Durante o
Império, revoltas como a da Revolução Farroupilha (1835 a 1845), por exemplo,
representaram a tentativa de acabar com a monarquia no Brasil. E após a Guerra
do Paraguai (1864 a 1870), os militares, “vitoriosos” da guerra, voltaram para
o Brasil com ideias abolicionistas, republicanas e com grande prestígio
popular. Faltavam apenas algumas pinceladas para que a República surgisse
totalmente definida. “Não é a república que vem, é o império que vai”, dizia-se
na época.
“A centralização, tal como existe, representa o despotismo,
dá força ao poder pessoal que avassala, estraga e corrompe os caracteres,
perverte e anarquiza os espíritos, comprime a liberdade, constrange o cidadão,
subordina o direito de todos ao arbítrio de um só poder, nulifica de fato a
soberania nacional, mata o estímulo do progresso local, suga a riqueza peculiar
das províncias, constituindo-as satélites obrigadas da Corte – centro
absorvente e compressor que tudo corrompe e tudo concentra em si”[3].
O trecho
do discurso republicano acima demonstra a intenção de descentralizar o poder do
rei e dar mais autonomia às províncias. Na verdade, o que os republicanos
pretendiam era atender às conveniências das camadas dominantes locais,
representados pela ala radical do antigo Partido Liberal. Esse setor – radical
– adota as ideias republicanas e funda no Rio de Janeiro, em 1870, o Partido
Republicano que, pouco a pouco, seria criado também em São Paulo (1873) e em
Minas Gerais (1888).
Os
adeptos do Partido
Republicano dividiram-se em duas facções: uma,
evolucionista, cujo principal líder era Quintino Bocaiuva, era favorável à
implantação da República por meio de eleições, e a outra, revolucionária, cujo
principal líder era Silva Jardim, entendia que somente uma revolução popular
derrubaria a monarquia.
O que
acabou prevalecendo, no entanto, não foi nenhuma das facções acima e, sim, um
golpe tramado pelos militares (uma verdadeira quartelada) e os cafeicultores.
Na manhã do dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca e suas
tropas invadiram o Ministério da Guerra, onde os monarquistas estavam
refugiados, destituíram Ouro Preto (último primeiro-ministro, que respondia
pelo imperador, que estava doente). Os monarquistas não reagiram, e assim,
dentro de um gabinete militar, a república foi instaurada. Mais uma vez, assim
como aconteceu em 1822, sem a participação popular.
3.A
consolidação da República: Governo Provisório e Constituição de 1891
Em 15 de
novembro de 1889, foi proclamada oficialmente a república brasileira pelo Marechal
Deodoro da Fonseca, e este assumiu o governo, até que uma nova Constituição foi
votada. Enquanto esta não saia, Deodoro toma algumas medidas, sob a forma de
“Governo Provisório Republicano”.
As principais medidas tomadas pelo
Governo Provisório[4]foram:
§Estabelecimento da
República federativa como regime político, sob a denominação de Estados Unidos
do Brasil.
§As províncias passam a
se chamar estados.
§Absolvição das
Assembleias Provisórias e das Câmaras Municipais.
§Nomeação de novos
governantes para os estados e municípios.
§Criação da bandeira
republicana, com o lema positivista Ordem e Progresso.
§Concessão da cidadania
brasileira aos estrangeiros aqui residentes (a grande naturalização).
§Convocação de uma
Assembleia Constituinte.
§Separação entre Igreja
e Estado, instituição do casamento civil e secularização dos cemitérios;
§Reforma do Código
Penal.
Entre os direitos dos cidadãos, a Constituição – conjunto
de leis que estabelecem os direitos e os deveres dos cidadãos – estabeleceu:
§a igualdade de todos
perante a lei;
§liberdade religiosa e
separação entre o Estado e a Igreja;
§a inviolabilidade do
lar e o sigilo da correspondência (isto é, todos teriam o direito de não ter a
casa invadida nem a correspondência aberta);
§a manutenção da
propriedade particular;
§o livre exercício de
qualquer profissão;
§a liberdade de
associação e de manifestação de pensamento;-o casamento civil;
§o ensino leigo (não
religioso) nas escolas públicas;
Para votar
e ser votado, o cidadão já não precisava ter renda mínima anual. Bastaria ser maior de 21
anos e do sexo masculino, desde que não fosse mendigo, analfabeto, soldado raso
ou membro de ordem religiosa[5].
Durante o Governo Provisório, o ministro
da Fazenda foi Rui Barbosa, que pretendendo tornar o Brasil uma república
capitalista moderna e com muitas indústrias, permitiu a alguns bancos imprimir
e emprestar dinheiro. Com o dinheiro fácil, muita gente começou a pedir
empréstimos e investir na bolsa de valores. Assim, muitas empresas fantasmas foram
criadas só para conseguir investimentos. No fim, veio a crise: a desvalorização
do dinheiro, a desorganização financeira, a falência das empresas, grandes e
pequenas fortunas perdidas etc. Essa crise recebeu o nome de Encilhamento,
devido à semelhança que existia entre a barulheira feita na hora do fechamento
dos negócios na bolsa de valores e na do fechamento das apostas no jóquei
(clube de corridas de cavalos).
Tanto os fazendeiros (que queriam
continuar mandando no país) como as empresas estrangeiras (que queriam
continuar exportando para o Brasil e por isso eram contra a industrialização)
começaram a exigir o afastamento de rui Barbosa e a fazer oposição ao
presidente Deodoro da Fonseca. Este, para tentar se manter no poder, demitiu
Rui Barbosa e colocou em seu lugar um monarquista conservador, o barão de
Lucena, que era contra a política de rui Barbosa e defendia o predomínio da
agricultura sobre a indústria. Agora eram os reformistas e industrialistas que
protestavam.
Diante da forte oposição, o presidente
não teve dúvidas: no dia 3 de novembro de 1891 fechou o congresso e convocou
novas eleições, embora a Constituição não lhe desse poderes para isso. A reação
foi grande. As Forças Armadas não apoiaram o presidente, que, sem outra
alternativa, no dia 23 de novembro declarou aos militares: “Não sou mais o
presidente da República”, sendo sucedido pelo Marechal Floriano Peixoto.
Bandeira do Brasil
A ideia da bandeira atual foi elaborada pelo professor
Raimundo Teixeira Mendes, que contou também com a participação do Dr. Miguel
Lemos e o professor Manuel Pereira Reis e quem realizou a confecção do desenho
foi o pintor Décio Vilares[6].
O Congresso Constituinte começou seus
trabalhos em 15 de novembro de 1890 e, em 24 de fevereiro de 1891, foi
promulgada a segunda Constituição do Brasil e a primeira da República. A nova
Constituição organizou o governo em três poderes autônomos: Poder Executivo,
exercido pelo presidente da República; Poder Legislativo, exercido pelo
Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado) e Poder Judiciário, exercido
pelo Supremo Tribunal Federal.
Veja no vídeo (link abaixo), o Hino da
República do Brasil[7]:
§Letra: Medeiros e
Albuquerque, 1890.
§Composição: Leopoldo Américo
Miguez, 1890.
§Publicação: Diário Oficial, em
21/01/1890.
Para reflexão:
A Proclamação
da República foi um
golpe?
Veja o vídeo (link a seguir) a seguir...
Notas / Referências bibliográficas:
[1] SOUSA, Rainer. A Proclamação da
República. Disponível em:
<http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-proclamacao-republica.htm>.
Acesso em: 07/09/2021.
[3]Trecho do MANIFESTO DOS
REPUBLICANOS. In. COSTA, Luís César Amand & MELLO, Leonel Itaussu A. História
do Brasil. São Paulo: Scipione (?), p. 178.
[4] COTRIM, Gilberto. Saber e Fazer História, 8ª Série (Adaptado).
São Paulo: Saraiva, 2002. P. ?.
[5]
PILETTI, Nelson & Claudino.
História: EJA (Educação de Jovens e
Adultos), Ensino Fundamental, 4º Ciclo (texto adaptado). São
Paulo: Ática, 2003, p. 100.
“Ora, Tomé, umdosdoze, chamado Dídimo, não
estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos:
Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas
mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no
seu lado, de maneira nenhuma o crerei. E oito dias depois estavam outra vez os
seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas
fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a
Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no
meu lado; e nãosejasincrédulo, mas crente. E Tomé
respondeu, e disse-lhe: Senhormeu, e Deusmeu! Disse-lhe
Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”
(Jo 20.24-29)[2]
– Grifos meus.
Tomé (em aramaico te`ômã`), foi um dos apóstolos de
Jesus, também chamado Dídimo (em grego), que significa
“gêmeo”, (Jo
11.16; 20.24; 21.2). Embora seu nome apareça nos quatro Evangelhos do Novo Testamento, os traços sobre
sua personalidade aparecem principalmente no quarto: Evangelho de João.
Por isso que destaquei na passagem acima a expressão “incrédulo”,
atribuída a ele por Jesus, pelo fato de ele descrer de sua ressurreição, e a
sua resposta “Senhormeu, e Deusmeu”,
uma das grandes verdades a respeito da divindade de Jesus, reconhecida por ele
em seguida, um (possivelmente) ex-incrédulo, que entendeu rapidamente o pedido
de Jesus para mudar de atitude e ser “crente”, depois de ser confrontado
com a verdade de que Jesus tinha ressuscitado e que ele podia até tocar em suas
feridas provocadas pelas lanças dos seus algozes. Por estes motivos, acho que
ele pode também bem ser adjetivado como um apóstolo de personalidade racional
e dúbia, uma vez que ele tinha dificuldade de crer em milagres, mas também, uma
vez ciente da verdade a que buscava, ele a defendia naturalmente.
Devido ao significado de seu nome, parece evidente que Tomé tenha
tido um irmão gêmeo, porém não existe qualquer informação sobre esse irmão ou
irmã dele nos Evangelhos. Também é no Evangelho de João – repito – que encontramos
as melhores informações sobre quem foi Tomé, visto que nos outros Evangelhos e
no livro de Atos ele é meramente mencionado na lista que traz os nomes dos
apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6,15 e At 1.13).
Ainda um pouco mais sobre a personalidade de Tomé, percebe-se que
ele demonstra pessimismo e uma enorme devoção ao Senhor ao mesmo tempo, por
exemplo, quando da ressurreição
de Lázaro. Nesta ocasião, Tomé, considerando a ameaçava real de apedrejamento caso Jesus
fosse à Judéia, declarou: “...vamos
também nós para morrermos com ele” (Jo 11.16b). Embora Tomé
demonstre desânimo e pessimismo frente a possibilidade de ser morto, ele declara
sua aptidão a morrer – se fosse o caso – juntamente com o seu Senhor. Todavia,
esta aparente prontidão de morrer com Jesus não fica demonstrada por Tomé
quando Jesus é preso. Naquele momento, ele e os demais apóstolos fugiram. Embora,
pelas Escrituras do Antigo Testamento, isto de fato aconteceria para
cumprimento da profecia que afirma: “... ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão” (Mc 14.27c) – conforme Zacarias 13.7.
Tomé[3]
também demonstrou dúvida acerca do ensino do Senhor Jesus de que os discípulos
conheciam o caminho para onde Ele estava indo, ao dizer: “Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e
como podemos saber o caminho?” (Jo 14.5). É possível que Tomé, nesse questionamento, estivesse
representando o pensamento dos outros discípulos. De qualquer forma, essa frase
revela certa fraqueza, mas que é imediatamente confrontada com a conhecida
resposta do Senhor Jesus: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a
verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”(Jo 14.6).
Mas Tomé
viu o Cristo ressurreto, seu Senhor e seu Deus. Após sua
ressurreição, como já vimos, Tomé demonstra incredulidade e depois revela o
atributo da onisciência de Jesus, portanto, de um Cristo Deus, o qual tinha
visto e ouvido suas demonstrações de incredulidade, oito dias antes. O texto
bíblico não esclarece se Tomé tocou ou não nas feridas de Jesus, ou se apenas
esse terno convite, respondendo nos mínimos detalhes a sua exigência, já tenha
bastado. Em todos os casos, seja qual tenha sido sua reação, ela o
conduziu prontamente à sua profunda declaração de
fé: “Senhor meu, e Deus meu!” (João
20:28). E sendo Deus, Jesus é reconhecido por Tomé e pelos cristãos,
como umadaspessoasdaTrindade(cf. Jo 1.1-3).
Tomé também estava presente junto aos discípulos que pescavam
num barco no mar da Galileia quando Jesus novamente apareceu a eles (João 21).
Além destes (e outros) relatos bíblicos expostos acima, há
muitas especulações e (possíveis) lendas a respeito de Tomé na tradição cristã.
Uma dessas “lendas” (ou não) que já destacamos, por exemplo, em outro
momento, afirma que Tomé esteve no (que um dia viria a ser) Brasil. Segundo Jorge PINHEIRO[4], pelo menos dois grupos indígenas,
o dos Tupinambá e o
Tupi-Guarani, faziam menção a um tal “Pai Çumé” (ou Sumé), ou seja, Tomé, um
dos apóstolos de Cristo. “... os
tupis [por exemplo] acreditavam
que Çumé partiu caminhando sobre as águas do Atlântico, mas prometeu voltar um
dia para continuar sua obra civilizatória. Quem sabe a profecia se cumpriu e
Çumé retornou com a chegada dos jesuítas?”, diz Jorge (PINHEIRO: 2008,
p. 104). Há outras “possíveis” referências sobre Tomé também na Bahia, Peru,
Bolívia..., e há informações também que Tomé pregou o Evangelho na Índia e Síria.
Sobre sua
morte, não é possível afirmar qualquer coisa realmente confiável sobre
como ela aconteceu. Segundo Franklin Ferreira, “Tomé foi morto por lanceiros próximo
a Madras”[5],
cidade indiana, no ano 72[6]. É bem possível
que haja algum autor gnóstico com o mesmo pseudônimo de Tomé, mas – concordamos
com Conegero (NOTA 3) – o que realmente precisamos saber a respeito de Tomé, as
informações registradas na Bíblia acerca dele são suficientes. Aquele Tomé, popularmente
conhecido como “incrédulo” é também aquele que o Evangelho de João o apresenta
como revelador de um dos mais profundos atributos de Jesus Cristo: a sua
deidade, expressa na confissão “Senhor meu, e Deus meu!”.
Sugiro vídeo de Lamartine Posella, abaixo,
como ampliação deste conteúdo...
[2] Esta e as demais passagens bíblicas utilizadas
neste artigo são da versão protestante ACF – Almeida, Corrida Fiel,
disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf>. Acesso em: 28/08/2021.
[3] CONEGERO, Daniel. Quem Foi o
Apóstolo Tomé? (Texto adaptado). Disponível em: <https://estiloadoracao.com/quem-foi-o-apostolo-tome/>.
Acesso em: 28/08/2021.
[4] PINHEIRO, Jorge. Deus é brasileiro: as
brasilidades e o reino de Deus. São Paulo: Fonte Editorial, 2008.