O
chamado de Mateus[1]
“E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um
homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu” (Mt 9.9).
“Filipe e Bartolomeu; Tomé
e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu”
(Mt 10.3).
“E, depois disto, saiu, e
viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe:
Segue-me. E ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu” (Lc 5.27,18)[2]
(destaques / sublinhados meus).
O nome de Mateus aparece em
todas as listas dos doze apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13). Destaquei,
nos textos acima, as expressões “alfândega”, “publicano” (escritas pelo próprio
autor) e “Levi”, em relação ao apóstolo Mateus, uma vez que estas resumem a
identidade deste cobrador de impostos – profissional tido, muitas vezes, como
traidor e/ou roubador do povo –, mas nesse caso específico, um escolhido por
Jesus para compor seu Colégio Apostólico.
Mateus[3] foi um dos doze apóstolos de Jesus e também autor do Evangelho de Mateus. Ele
aparece em todas as listas que relacionam os discípulos de Jesus, sendo elas:
Mateus 10:3, Marcos 5:18, Lucas 6:15 e Atos 1:13.
Não encontramos muitas informações biográficas sobre
Mateus na Bíblia. Na verdade, além das listas com o nome dos discípulos, o
apóstolo Mateus aparece apenas em outros dois episódios em todo o Novo
Testamento.
Sobre a escolha do apóstolo Mateus, um dos dois
relatos em que o apóstolo Mateus aparece na narrativa bíblica além das listas de
apóstolos descreve justamente sua chamada para ser discípulo de Cristo. Uma
curiosidade sobre isto é que a escolha do apóstolo Mateus é a única chamada individual
de um discípulo registrada nos Evangelhos Sinóticos[4]. O próprio Mateus
denomina-se como o publicano, cobrador de taxas e impostos a
serviço do Império Romano. Essa classe de trabalhadores era desprezada pelos
demais judeus que a reputavam praticamente como traidora de seu próprio povo.
Pelo contexto histórico da época, é possível que Mateus estivesse
sob as ordens de Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia.
Considerando o ofício que desempenhava, o apóstolo
Mateus provavelmente era uma das pessoas mais cultas do grupo dos discípulos de
Jesus.
Jesus encontrou
Mateus “sentado na coletoria”,
ou seja, na alfândega, nas proximidades de
Cafarnaum, e lhe ordenou que O seguisse (Mt 9.9). Esse local em que o apóstolo
Mateus estava era um dos postos fiscais geralmente estabelecidos em estradas,
pontes, canais ou nas margens dos lagos para coletar taxas e impostos. T
Merece destaque também que o nome “Levi” que aparece nos Evangelhos. E, como este nome não é
mencionado em nenhuma das listas de discípulos de Jesus é amplamente aceito que
Mateus e Levi tenham sido a mesma pessoa. Nos Evangelhos
de Marcos (2.14) e Lucas (5.27), lemos que Jesus ordenou que Levi o seguisse, numa
descrição muito semelhante ao registro do Evangelho de Mateus 9.9 onde o apóstolo foi convocado.
Entendendo então que Levi e Mateus são as mesmas pessoas, logo somos informados de que ele era filho de Alfeu (Mc
2:14). Sabemos também que Tiago, outro apóstolo de Jesus, também era filho de
Alfeu. No entanto, não há informações necessárias para que possamos afirmar que
se tratava do mesmo Alfeu e, consequentemente, que Tiago Menor e Mateus foram irmãos.
Ainda sobre sua dupla designação (como Levi e Mateus),
existe a chance de que seu nome principal era Levi, mas que depois de se tornar
apóstolo de Jesus, ele preferiu ser chamado por outro nome, no caso Mateus, tal
como Simão Pedro também o fez.
Após o Pentecostes descrito em Atos dos Apóstolos capítulo
2, a Bíblia não nos fornece mais nenhuma informação sobre o apóstolo Mateus.
Algumas tradições, sem qualquer comprovação histórica, sugerem que em algum
momento após o Pentecostes Mateus partiu para Etiópia, Macedônia, Síria e
outras localidades. Uma dessas tradições defende que o apóstolo Mateus morreu
de causas naturais estando ou na Macedônia ou na Etiópia. Por outro lado,
tradições gregas e romanas afirmam que o apóstolo sofreu martírio. Quando? Possivelmente,
em 72[5]
Bem, a obra maior de Mateus é o Evangelho que leva o seu
nome, o Evangelho
Segundo Mateus. E apesar de alguns críticos defenderem que o apóstolo não pode ter sido
o autor do Evangelho que leva seu nome, a tradição cristã, desde a Igreja
Primitiva, atribui ao apóstolo Mateus a autoria do primeiro Evangelho. Na
verdade, o que pode ser dito é que nenhum argumento contrário à autoria do
apóstolo pode ser sustentado à luz de uma análise profunda da questão.
Veja também, a seguir, o vídeo de Lamartine Posella sobre
Mateus:
Notas / Bibliografia:
- [1] Imagem meramente ilustrativa. Disponível em: <https://theotoucharis.wixsite.com/theo/single-post/2016/03/10/serm%C3%A3o-o-chamado-de-mateus>. Acesso em 22/11/2021.
- [2] Todas as referências bíblicas utilizadas neste post são da versão online Almeida Corrigida Fiel. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf>.
- [3] O texto a seguir é uma reescrita com adaptações do artigo de Daniel CONEGERO: In: < Acesso em: 22/11/2021
- [4] Evangelhos Sinóticos são aqueles que narram a vida e ministério de Jesus sob uma mesma ótica, mesmo ponto de vista ou visão conjunta. São eles: Mateus, Marcos e Lucas.
- [5] Segundo a Wikipedia, In: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mateus_(evangelista), Mateus morreu em Hierápolis ou Etiópia, c. de 72.
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