João, filho de Zebedeu [1]
“E, passando dali um pouco mais
adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que
estavam no barco consertando as redes, E logo os chamou. E eles,
deixando o seu pai Zebedeu no barco com os jornaleiros, foram após ele” (Mc 1.19-20 – Destaque e grifo
meus).
“Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: O
primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João,
seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho
de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu; Simão, o Cananita, e Judas
Iscariotes, aquele que o traiu” (Mt 10.2-4 – Destaque e grifo meus)
No
evangelho de João (1.35-42), este de quem falaremos a seguir, encontramos que
dois discípulos de João Batista foram enviados por este para ser discípulos de
Jesus. Na verdade, ao que parece, por ser o autor do evangelho que leva o seu
nome, o apóstolo João destaca André,
irmão de Simão
Pedro e oculta o outro discípulo, que seria ele mesmo. O site A
bíblia.org, faz referência a este fato e destaca que “... esta passagem [Jo 1.35-42] se torna
difícil de identificação, porque é omitido o nome do segundo discípulo. Os
autores [são ditados dois deles, Juan Mateos-Juan Barreto, 1989 e
Bettencourt, 1960] comentando este
acontecimento, argumentam que em todo o evangelho de João não aparece seu nome, pois foi ele que escreveu o evangelho e estrategicamente omitiu o nome”[2].
O discípulo André, que também se tornou apóstolo, era
irmão de Pedro e João era irmão (provavelmente mais novo) de Tiago Maior
e, ambos, filhos de Zebedeu (Mc 3.17).
Embora[3] seu pai fosse um pescador,
eles aparentemente estavam em boas circunstâncias de acordo com a narrativa do
Evangelho. Alguns dos antigos falam da família como sendo rica, e até mesmo de
conexão nobre. Porém, tais tradições não são reconciliáveis com os fatos
relatados nas Escrituras. Lemos, no entanto, de seus "jornaleiros", e
eles podem ter tido mais do que apenas um barco. Quanto a Salomé, sem dúvidas,
foi uma daquelas mulheres honradas que serviam ao Senhor com o que tinham. E
João tinha sua própria casa (Lucas
8:3; João 19:27).
A partir desses fatos, podemos inferir, com segurança, que a situação deles era
consideravelmente acima da pobreza. Como muitos têm sido extremos ao falar dos
apóstolos como pobres e analfabetos, é interessante observar algumas poucas
dicas nas escrituras sobres esses assuntos.
Do caráter de Zebedeu nada sabemos. Ele não fez
objeções a seus filhos quando o deixaram ao chamado do Messias. Mas não ouvimos
mais sobre ele depois disso. Frequentemente encontramos a mãe em companhia dos
seus filhos, mas não há menções ao pai. É provável que ele tenha morrido pouco
depois do chamado de seus filhos.
O evangelista Marcos, ao enumerar os doze
apóstolos (Marcos 3:17),
quando menciona Tiago e João, diz que nosso Senhor "pôs o nome de
Boanerges, que significa: Filhos do trovão." O que nosso Senhor
particularmente pretendeu, com esse título, não é facilmente determinado.
Conjecturas têm havido muitas. Alguns supõem que seria porque esses dois irmãos
eram da mais furiosa e resoluta disposição, e de um temperamento mais feroz e
ardente do que o resto dos apóstolos. Mas não vemos motivo para tal suposição
na história narrada nos Evangelhos. Sem dúvida, em uma ou duas ocasiões o zelo
deles era intemperado, mas isso foi antes de entenderem o espírito de seu
chamado. É mais provável que nosso Senhor os tenha apelidado em profecia ao
zelo ardente deles ao proclamar aberta e corajosamente as grandes
verdades do evangelho, após tê-lo conhecido plenamente. Estamos certos de
que João, em companhia de Pedro nos primeiros capítulos de Atos, demonstrou uma
coragem que não temia ameaças, e não era intimidado por nenhuma oposição.
Supõe-se que João era o mais novo de todos os
apóstolos e, a julgar por seus escritos, parece ter sido possuído por uma
disposição singularmente carinhosa, suave e amável. Ele foi caracterizado
como "o discípulo a quem Jesus amava". Em várias
ocasiões, ele foi admitido a uma livre e íntima relação com o Senhor (João 13).
"O que distinguia João", diz Neander,
"era a união das mais opostas qualidades, como temos muitas vezes
observado em grandes instrumentos do avanço do reino de Deus – a união de uma
disposição inclinada à silente e profunda meditação, com um ardente zelo,
embora não impulsionado a uma grande e diversificada atividade no mundo
exterior; não um zelo apaixonado, como supomos que tenha enchido os peitos de
Paulo antes de sua conversão. Mas havia também um amor, não suave e flexível,
mas um que se agarrava com tudo o que podia, e firmemente retia o objetivo para
o qual se dirigia – vigorosamente repelindo qualquer coisa que desonrasse esse
objetivo, ou tentasse arrancá-lo de sua posse; tal era sua principal
característica."
E a história de João está tão intimamente
conectada com as histórias de Pedro e Tiago, as quais já abordamos, que podemos
agora ser bastante breves. Esses três nomes raramente são vistos separados na
história dos Evangelhos. Mas há uma cena em que João aparece sozinho e que é
digna de nota. Ele era o único apóstolo que seguiu Jesus ao lugar de Sua
crucificação. E lá ele foi especialmente honrado com o respeito e confiança de
seu Mestre. "Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a
quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o
discípulo a recebeu em sua casa." (João 19:26-27)
Após a ascensão de Cristo e a descida do
Espírito Santo no dia de Pentecostes, João se tornou um dos principais
apóstolos da circuncisão. Mas seu ministério continua até o final do primeiro
século. Com sua morte, a era apostólica naturalmente se encerra.
Há uma tradição muito difundida e geralmente
aceita de que João permaneceu na Judeia até depois da morte da virgem Maria. A
data do evento é incerta. Mas logo depois ele prosseguiu para a Ásia Menor. Lá
ele plantou e cuidou de várias igrejas em diferentes cidades, mas fez de Éfeso
seu centro. De lá ele foi banido para a Ilha de Patmos, perto do final do
reinado de Domiciano. Ali ele escreveu o livro de Apocalipse (ou Revelação) (Apocalipse 1:9). Em sua
libertação do exílio, pela ascensão de Nerva ao trono imperial, João retornou a
Éfeso, onde escreveu seu Evangelho e suas Epístolas. Ele morreu por volta do ano
100 d.C., no terceiro ano do imperador Trajano, e com mais ou menos cem anos de
idade.
Veja também o vídeo de Marlon Engel, do Portal Estudo na Garagem:
- [1] Imagem meramente ilustrativa, disponível em: <https://abibliarespondenocostumes.blogspot.com/2015/11/e-joao-o-apostolo.html>. Neste texto de Maria Digna Cavalcanti, ela descreve um resumo bíblico importantíssimo sobre a vida e ministério do Apóstolo João. Acesso em: 17/12/2021.
- [2] João Batista e seu discípulo João evangelista. Disponível em: <https://www.abiblia.org/ver.php?id=10325>. Acesso em: 17/12/2021. Negritos/destaques no texto...
- [3] O texto a seguir, é uma transcrição (quase literal) de: MILLER, Andrew Miller. A História da Igreja – Vol. 1. Disponível em: <http://a-historia-da-igreja.blogspot.com/2014/10/o-apostolo-joao.html>. Acesso em: 17/12/2021.