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19 março 2024

Racionalismo e fé cristã: Leibniz

Por: Alcides Amorim


Sobre o Racionalismo, corrente filosófica que argumenta ser a razão a única forma para se chegar ao verdadeiro conhecimento, já falamos dos filósofos franceses René Descartes (1596-1650) e Blaise Pascal (1623-1662) e o do holandês Baruch Spinoza (1632-1677). O último fisósofo desta série, e o menos comentado, é o alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716).

Para um estudo sobre Leibnz, veja o que escreve D. A. RAUSCH [1]:


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Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) foi filho brilhante de um professor de filosofia na Universidade de Leipzig. Leibniz inicialmente estudou Direito em Leipzig, mas em pouco tempo dirigiu sua atenção à filosofia e à matemática, interesses estes que tomariam toda sua atenção durante o restante de sua vida. De 1673 até o fim da vida, trabalhou para o Duque de Brunswick, reunindo e catalogando os vastos arquivos da Casa de Brunswick, enquanto escrevia uma história extensa da família. Sendo um homem de muitos interesses e contatos intelectuais, fundou a Academia Prussiana, em 1700, e procurou promover paz entre os teólogos protestantes e católicos romanos, bem como unir as igrejas protestantes em geral. Dedicou-se à causa da paz internacional.

Embora fosse um racionalista, Leibniz censurou a filosofia de Spinoza, denunciando-a como um ataque contra a imortalidade pessoal e por não deixar lugar para o propósito e a criatividade divinos. Ele não se satisfez com o dualismo de Descartes quanto à "substância espiritual” que misteriosamente interage com a "substância material", e não gostava do conceito mecanicista do universo, proposto por Newton. Leibniz considerava Deus como um Ser livre e racional, um Ser que poderia ter criado qualquer tipo de mundo que desejasse. Acreditava que Deus deve ter criado o melhor mundo possível, onde os homens são recompensados e castigados de acordo com a sua conduta. Deus não é responsável pelo mal. O mal é o resultado da liberdade humana. Leibniz tinha um otimismo teísta, que foi ridicularizado por Voltaire, mas que antecedeu o otimismo do Iluminismo em geral. Ele foi a primeira pessoa a empregar o termo "teodiceia" (no titulo de uma obra que publicou em 1710), explicando que a existência do mal é uma condição necessária para a existência do maior bem moral.

Em Monadologia (1720) – veja mais abaixo –, Leibniz concorda em que a matéria consiste de átomos, mas argumenta que além dos átomos físicos divisíveis, e por baixo deles, estão os átomos metafísicos indivisíveis. A estes centros espirituais de força ele chamou mônadas. Estas mônadas são independentes entre si, mas são levadas a uma organização racional mediante uma harmonia predeterminada, planejada pela mente e vontade de Deus. Seu sistema permitia que ele defendesse as provas tradicionais da existência de Deus (com modificações) e sustentasse alguns princípios escolásticos que haviam sido atacados por outros filósofos. Ele acreditava que a sua doutrina de substância podia ser harmonizada com a transubstanciação e a consubstanciação. O cristianismo, ele observou, era a soma de todas as religiões.

Leibniz é considerado o maior filósofo alemão do século XVII e uma das mentes mais universal de todos os tempos. Ele é uma indicação da grande diversidade dentro do racionalismo moderno inicial.


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Ainda sobre as ideias de Leibniz, Collin Brown [2] destaca:

  • Monadologia: principal obra de Leibniz, escrita em 1714 e publicada em 1720.

  • Mônadas: substancias simples, sem partes e sem janelas pelas quais alguma coisa pudesse entrar ou sair. São indivisíveis e sempre ativas. Cada mônada espelha a totalidade da existência.

  • As nômadas formam uma série ascendente, desde a inferior, que é quase nada, até superior, que é Deus.

  • Deus é um Ser Necessário, ou "a substância simples original, da qual todas as mônadas criadas e derivadas, são produzidas.


Notas:

  • [1] David A. Rausch (1947-2023) foi autor e professor Ph.D., na Universidade Estadual de Kent. Professor de História Eclesiástica e Estudos Judaicos no Seminário Teológico na Ashland University em Ohio, EUA… O artigo (estudo biográfico) Gottfried Wilhelm Leibniz usado (e adaptado) aqui é uma contribuição de Rausch à Enciclopédia Histórico-Teológica. Editor Walter A. Elwell. Vol. II. São Paulo: Vida Nova: 1988, Pág. 422.
  • [2] BROWN, Colin. Filosofia e Fé Cristã. São Paulo: Vida Nova, 1985, pág. 42 (texto adaptado).


Veja também o vídeo de Mateus Salvadori:

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