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15 outubro 2020

A era dos gigantes (VI): A reação pagã: Juliano, o Apóstata

GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos gigantes – Vol. 2. São Paulo: Vida Nova, 1995, pág. 103 a 111.

Texto e imagens adaptados

por:

Alcides Barbosa de Amorim



Artigo completo em PDF:

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09 outubro 2020

A era dos gigantes (V): A controvérsia ariana e o Concílio de Niceia

GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos gigantes – Vol. 2. São Paulo: Vida Nova, 1995, pág. 87 a 101.


Texto e imagens adaptados

por:

Alcides Barbosa de Amorim



Artigo completo em PDF:

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05 outubro 2020

O Leão, o Leopardo, a Píton e o pequeno Kintano

Por Ronaldo Lidório [1]

Píton ataca leopardo [2]

Introdução

Durante estes anos em que trabalhamos entre as etnias Konkombas no nordeste de Gana, África ocidental, muitas vezes nos surpreendemos com a forma como os novos crentes interpretavam e contextualizavam os ensinos bíblicos a medida que lhes eram apresentados, utilizando histórias, contos e provérbios milenares na cultura Konkomba para elucidar o princípio em questão. Ao fim de uma exposição bíblica sempre há alguém que diga: “Temos um conto que explica isto!”

Visualizando a profundidade de uma língua proverbial onde curtas expressões como ‘Aananken amman’ significa ‘Não julgue a sabedoria de um homem pelos seus cabelos brancos mas pela verdade em suas palavras’, nos deparamos com inúmeros contos que expressam, culturalmente, a forma como a tribo entende e avalia os princípios bíblicos dentro de sua cosmovisão.

Estas próximas páginas trazem um destes contos, que nos foi narrado por dois Konkombas e um Bassari após termos falado sobre as estratégias do inimigo em confundir o povo de Deus, quando mencionamos o texto de 1 Pedro 5:8 – “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”.

Procurei, até onde foi possível, realizar uma tradução acurada. Entretanto, reservei-me o direito de adaptação nas expressões tipicamente Konkombas onde não possuímos equivalentes para o português.

Que este conto sirva de edificação para a sua vida advertindo-o contra aquele que veio somente para roubar e destruir. Em Cristo, “Tindindana”- “Senhor das vitórias”-,

Ronaldo Lidório

 O Conto

Vivia em uma mata junto ao rio Molan um leão idoso e sábio que, como líder dos animais que habitavam a terra, era grandemente respeitado entre todos. Devido aos longos anos de experiência em liderança, desenvolveu uma personalidade paciente, meticulosa, vagarosa, quase beirando a contemplação. Entretanto, era por demais ouvido entre todos quando levantava-se pensativamente de sua moita favorita usualmente dizendo: “Creio que sei o que deve ser feito!” Até seus rivais que o criticavam pelo seu jeito pacificador de ser, enxergavam nele uma fonte de sensatez. Havia apenas um pequeno e quase imperceptível defeito em sua personalidade o qual, por tão pequeno, não era por ninguém visto como erro mas sim como uma excentricidade, ‘até uma virtude’ – diziam muitos: o leão odiava sujeira! Lama, restos de comida ou uma simples poeira o deixava irritado e descontente. Não chegava a ser, entretanto, suficiente para nenhuma discórdia ou discussão. No máximo um desabono como um balançar de cabeça ou um ligeiro suspiro de indignação.

Descendo o rio, no topo de uma árvore pouco frondosa, morava o leopardo. Ele era esguio e vivaz. Alegre, contador de piadas e particularmente gostava de narrar engraçadas histórias sobre os habitantes do rio. Sendo o único animal de grande porte naquela parte da floresta era chamado em qualquer emergência e, mesmo sem a ponderação e experiência do leão, promovia soluções fazendo piadas dos problemas e tornando-os menos sérios. Quase nunca usava sua autoridade de mais forte e gostava de andar ao redor toda tarde prometendo aos macacos que eles seriam a sua refeição do dia seguinte se nada melhor aparecesse, o que gerava uma algazarra nas árvores enquanto ele dava boas risadas.

Apesar de amigo e companheiro havia algo que o impedia de ter mais proximidade com outros animais. Ele ficava enraivecido sempre que alguém o fitava. Poderia conversar longamente com todos desde que ninguém olhasse diretamente em seus olhos, o que fazia com que ficasse irado e, com um rugido, saía mal-humorado. Mas todos, conhecendo esta particularidade, sabiam como tratá-lo e até brincavam entre si dizendo que ele ficara assim desde que vira sua própria face no espelho de água do rio Molan e admirou-se de como era feio. Era apenas uma versão entre os macacos que se divertiam com esta história durante As noites. Ninguém, nem mesmo ele, na verdade, sabia o porque desta irritação ao ser fitado nos olhos. Entretanto, conhecendo de antemão o seu temperamento, todos sabiam como tratá-lo e tudo corria bem naquela parte da mata.

Mais distante, próximo ao pântano da ‘Árvore alta’ vivia Píton, a cobra. Dentre tantas outras cobras que habitavam aquela área, Píton era a maior, mais forte e mais inteligente dentre elas. Apesar de temida entre todos os animais, Píton não era de tão difícil relacionamento como imaginavam. Era séria, compenetrada e muito desconfiada, sem dúvida. Mas também sempre mostrava-se bem disposta a ajudar em momentos de crise. “Quando houve a última enchente” – reconhecem todos – “Píton foi a primeira a voluntariar-se para ajudar os animais que não conseguiam nadar”. “Mas também fala disto até hoje!” – completam os mais críticos. Apesar de não ter a sensatez do Leão e a descontração do Leopardo, Píton era reconhecida como líder. “Um líder não deve ser temido, ranzinza e desconfiado” – lembravam os macacos, mostrando que lhe retirariam o cargo se pudessem. Era sabido que Píton, a cobra, possuía um grande complexo de inferioridade pelo fato de que, tendo que rastejar, ficava sempre mais baixa que os outros animais e muitos chegavam até a ignorar a sua presença. Certa vez um elefante quase pisou-a por não vê-la, o que causou grande indignação e desde então ela detesta ser tocada e sempre lembra a todos o seu lema: “Nunca pise em mim!”

Certo dia surgiu um assunto de urgência que envolvia toda a floresta. Algumas hienas, temidas por todos os animais de bem, decidiram mudar-se para aquela região. Todos estavam preocupados e criavam muitos boatos e rumores sobre isto. O Leão, prevendo um estado de pânico, decidiu convocar uma reunião entre a liderança da floresta: ele, o Leopardo e a Píton iriam reunir-se junto à sua moita no dia seguinte.

No dia esperado, logo cedo, chegou o Leopardo e como de costume fazia piadas do Leão chamando-o de “Jubinha” referindo-se a um fato constrangedor e nunca mencionado pelos outros animais: o Leão nascera com menos pelos em sua juba que outros da sua espécie. Fingindo ignorar as piadinhas o Leão chamou-o para baixo da árvore e ofereceu-lhe água do riacho que por ali passava. Logo em seguida, sutil e esguia, chegou Píton causando surpresa no Leão. “Não pensei que viria tão cedo” – comentou ele referindo-se aos constantes atrasos de Píton nas últimas reuniões de liderança. Como sempre Píton permanecia calada e procurou calmamente o lugar mais úmido para se enrolar.

Durante o dia o Leão, o Leopardo e Píton, a cobra, conversaram sobre todas as implicações da vinda das hienas para a floresta e, após ouvir longamente as inúmeras sugestões dos outros animais, estavam prestes a tomar uma decisão quando foram interrompidos pela comida que chegava. “Pensei que era plano do Leão trazer-nos aqui para matar-nos de fome” – comentou o Leopardo entre risos. Comeram regaladamente e após tudo ser devidamente limpo decidiram descansar por um curto período antes de retomarem as discussões.

Neste momento, enquanto Leão, Leopardo e Píton dormiam, surgiu sorrateiramente um pequeno inseto típico daquela parte da floresta chamado “Kintano”. É uma espécie de grilo com apenas 2 centímetros de tamanho e que costuma fazer um buraquinho na areia onde esconde-se nos momentos mais quentes do dia. Sem ser por ninguém percebido, Kintano pulou até o lugar onde o Leão deitava-se sobre sua limpa e macia moita e começou a cavar o seu buraquinho com suas patinhas traseiras, lançando a areia para trás à medida que desaparecia dentro do seu abrigo. Entretanto, com a força de suas patinhas, Kintano conseguiu arremessar aquela fina areia até o focinho do Leão, o qual, cheirando a poeira, levantou-se de um salto julgando ser uma brincadeira do Leopardo, fitou-o bem nos olhos e num rugido gritou: “Por que me sujou? Você sabe como detesto sujeira!!” O leopardo rosnou indignado: “Não sei do que está falando mas você sabe que odeio quando alguém me fita!” Os dois começaram uma luta quando, não percebendo a Píton, o leopardo a pisou com sua pata traseira fazendo-a acordar irada e gritando: “Não admito ser pisada por ninguém!” O leopardo, mais jovem e forte, matou o leão em uma tremenda batalha! A Píton, sagaz, enlaçou o leopardo e o apertou até que morresse; entretanto, com tamanho esforço, não resistiu e também morreu. Houve silêncio em toda a floresta. Como líderes tão bondosos, gentis e responsáveis chegaram ao ponto de se matar? – Perguntavam-se todos. Os animais da floresta, atônitos, abaixaram suas cabeças e dispersaram-se. E o Kintano… O Kintano, após tudo acabar, saiu do buraquinho na areia, olhou ao seu redor e começou a pular em direção a outro vale, a procura de outros líderes em outras florestas. ‘U Mallenyaan nyen Kintan so. U nyen kenin, sedimaten, tob anun ni kagbaan pu na’ ‘O Diabo é como o Kintano. Ele veio apenas matar, roubar e destruir’ – dizem os Konkombas.”


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Notas:

 


02 outubro 2020

A era dos gigantes (IV): A reação cismática: o donatismo

GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos gigantes – Vol. 2. São Paulo: Vida Nova, 1995, pág. 79 a 86.

Texto e imagens adaptados

por:

Alcides Barbosa de Amorim



Os donatistas debatem conosco onde está o corpo de Cristo, que é a igreja. Haveremos de buscar a resposta em nossas próprias palavras, ou nas da cabeça do corpo, nosso Senhor Jesus Cristo?” (Agostinho de Hipona)



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29 setembro 2020

A era dos gigantes (III): A reação monástica

GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos gigantes – Vol. 2. São Paulo: Vida Nova, 1995, pág. 57 a 78.

Texto e imagens adaptados

por:

Alcides Barbosa de Amorim





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24 setembro 2020

A era dos gigantes (II): A teologia oficial: Eusébio de Cesareia

GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos gigantes – Vol. 2. São Paulo: Vida Nova, 1995, pág. 47 a 55.


Texto e imagens adaptados

por:

Alcides Barbosa de Amorim



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21 setembro 2020

A era dos gigantes (I): O impacto de Constantino

GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era dos gigantes – Vol. 2. São Paulo: Vida Nova, 1995, pág. 16 a 46.


Texto e imagens adaptados

por:

Alcides Barbosa de Amorim



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12 setembro 2020

A era inconclusa (VI): Desde os Confins da Terra




GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era inconclusa – Vol. 10. São Paulo: Vida Nova, 1995, pág. 106 a 122.



Texto e imagens adaptados

por:

Alcides Barbosa de Amorim




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10 setembro 2020

Brasil, rumo à sua Independência

O Grito do Ipiranga, quadro de Pedro Américo[1].

O Brasil, o maior país da América do Sul, torna-se independente depois de quase todos os demais do nosso continente. Queremos considerar aqui os principais fatos que marcam o processo para ele se chegar a um Estado-nação independente [2].

1.  A família real no Brasil

Em novembro de 1806. Napoleão Bonaparte, que governava a França, decretou o chamado Bloqueio Continental, cujo objetivo principal era isolar economicamente a Inglaterra, sufocando suas relações comerciais. Com isso, todas as nações europeias foram impedidas de negociar com ela.

Do ponto de vista prático, a exigência francesa [através do Bloqueio Continental] tinha natureza autoritária e não poderia ser imediatamente seguida pelas várias nações que apoiavam e dependiam, economicamente, das manufaturas inglesas. Uma das situações mais complicadas se dava com o caso de Portugal, nação que servia de porta de entrada para a Europa Continental e dependia largamente dos produtos industrializados britânicos [3].

Brasil, rumo à sua Independência No final de 1807, Portugal era governado pelo príncipe regente D. João, pois sua mãe, a rainha D. Maria I, sofria de problemas mentais. Como Portugal era aliado da Inglaterra, D. João viu-se em difícil situação: se aderisse ao bloqueio continental, os ingleses impediriam as comunicações e o comércio entre Portugal e Brasil, estimulariam a independência da colônia e passariam a comercializar diretamente com o novo Estado.

Para solucionar o impasse, D. João decidiu transferir para o Brasil a sede do governo de Portugal. Com a ajuda dos aliados ingleses, a família real, seus parentes, os principais funcionários do reino, criados e dependentes embarcaram para a colônia. Cerca de 15 mil pessoas viajaram, mal acomodados, em catorze navios carregados de bens pessoais, documentos, bibliotecas, coleções de arte e tudo o que era possível transportar.

Nas proximidades do litoral do Brasil, uma forte tempestade dispersou as embarcações. Algumas, entre elas a de D. João, aportaram em Salvador, em janeiro de 1808. Outras aportaram no Rio de Janeiro. Em março, D. João transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi recebido com grandes festas, preparada pelos funcionários do reino que haviam chegado antes.

A transferência da corte trouxe muitos transtornos à população do Rio de Janeiro por causa das dificuldades para acomodar cerca de 15 mil pessoas.

 Foi dada ordem de despejo aos moradores das melhores residências do Rio de Janeiro, afixando-se nas portas a sigla P. R., que queria dizer Príncipe Regente. A população, revoltada, lia-a de maneira diversa: “Ponha-se na Rua” ou “Prédio Roubado”.

Uma vez instalada, a nova Corte deu origem a uma situação inusitada: o Império colonial português passa a ter duas sedes, uma em Lisboa e outra no Rio de Janeiro. Enquanto a ameaça napoleônica pairou sob o mundo europeu, houve justificativa para tal situação (DEL PRIORE & VENANCIO: 2010, p. 117).

Uma das primeiras medidas que D. João tomou ao chegar ao Brasil foi ordenar a abertura dos portos da colônia a todas as nações amigas. Já que Portugal tinha sido tomado pelos franceses, o Império Português, agora com sede no Brasil, só poderia comercializar com outros povos a partir dos portos brasileiros. E a maior beneficiada com essa medida foi, obviamente, a Inglaterra, que naquela época dominavam o comércio mundial.

Além do comércio livre com o Brasil, os ingleses fizeram ainda uma cobrança pela ajuda que haviam prestado à família real portuguesa: desejavam vantagens comerciais. Em 1810, D. João assinou um tratado que favorecia os ingleses em seu comércio com o Brasil. Enquanto os outros países pagavam ao governo português a taxa de 24% sobre o preço das mercadorias que vendessem aos comerciantes do Brasil, a Inglaterra pagava apenas 15%. Os produtos ingleses podiam assim ser vendidos por preços mais baixos que os de outros países, inclusive os da própria metrópole. Isso prejudicava o desenvolvimento das atividades econômicas na colônia.

Outras medidas econômicas tomada por D. João foram:

  • Cancelamento da lei que proibia a instalação de manufaturas – como a de tecidos – no Brasil, medida que obteve poucos resultados em virtude da concorrência dos produtos ingleses;
  • Construção de estradas;
  • Melhoramento dos portos;
  • Introdução de espécies vegetais, como o chá; 
  • Promoção da vinda de colonos europeus;
  • Instalação de manufaturas.

A produção agrícola voltou a crescer. Ao lado do açúcar e do algodão – principais produtos exportados no início do século XIX – surgiu o café. O novo produto, em poucos anos, passaria a ocupar o primeiro lugar nas exportações brasileiras.

Ano campo cultural, D. João incentivou, entre outras medidas:

  •  A criação de vários cursos no Rio de Janeiro e na Bahia, como os de cirurgia, química, agricultura, desenho técnico etc., tendo como uma de suas principais realizações a fundação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios;
  • Fundação do Museu Nacional, do Observatório Astronômico e da Biblioteca Real;
  • Criação da Imprensa Régia, a primeira gráfica do Brasil;
  • Promoção da vinda ao Brasil da Missão Artística Francesa.

Os artistas franceses, que vieram ao Brasil em 1816 contratados como professores (após a derrota de Napoleão), tiveram considerável importância. Além de dar aulas em vários dos cursos criados por D. João, eles fizeram estudos sobre o Brasil. Dentre os artistas que compunham a missão, destacavam-se os pintores Jean-Baptiste Debret e Nicolas-Antoine Taunay, a quem se deve a pintura de quadros que retratam cenas do dia-a-dia da cidade do Rio de Janeiro. Esses quadros são importantes registros de hábitos e costumes locais do período em que a cidade acolheu a corte portuguesa. Ambos retrataram também acontecimentos da corte, entre outras cenas históricas (PILETTI & PILETTI: 2003, p. 49).

D. João, no campo administrativo, ainda montou um sistema destinado a dotar o Brasil de certa autonomia, criando  três ministérios – Guerra e Estrangeiros, Marinha, Fazenda e Interior; fundou o Banco do Brasil; instalou a Junta Geral do Comércio e instalou a Casa de Suplicação (hoje, Supremo Tribunal), a mais elevada corte de Justiça.

Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves e em 1816, com a morte de sua mãe, a rainha D. Maria, o príncipe regente foi aclamado e coroado rei, com o nome de D. João VI.

2.  A Independência

Depois da partida da família real para o Brasil, em 1807, Portugal passou a ser governado por um conselho de regência presidido pelo marechal inglês Beresford. A guerra com a França durou alguns meses, e as tropas de Napoleão Bonaparte foram obrigadas a se retirar, vencidas por portugueses e ingleses. Beresford assumiu, então, o comando do exército português.

Além do fato de serem governados pelos ingleses, enquanto seu rei estava no Brasil, outros motivos revoltavam os portugueses: eles haviam empobrecido por causa da guerra contra os franceses e seu comércio fora prejudicado pela abertura dos portos brasileiros a outras nações. Somava-se a isso o fato de os principais postos do exército serem ocupados pelos ingleses, de modo que os oficiais portugueses ficavam em segundo plano.

Portugal encontrava-se, portanto, no meio de uma crise política, econômica e militar, que eclodiu na cidade do Porto, em 1820. Daí espalhou-se rapidamente por todo o país. Vitoriosos, os revolucionários implantaram uma junta provisória para governar e, em seguida, convocaram as cortes que seriam eleitas e teriam a função de redigir e aprovar uma Constituição.

A Revolução Liberal do Porto, como essa revolta ficou conhecida, tinha muitas contradições. Ao mesmo tempo em que era contra o absolutismo do rei, era a favor da volta das limitações coloniais para o Brasil. Entre as várias exigências que foram feitas a D. João VI, as principais foram:

  • Retorno imediato do rei para Portugal; 
  • Aprovação da Constituição a ser promulgada em Lisboa;
  • Aprovação da nomeação de doze pessoas indicadas pelos revolucionários para o ministério e para os cargos públicos mais importantes.

Pressionado pelos revoltosos e com medo de perder o trono português, D. João VI aceitou todas as exigências e voltou para Portugal, em abril de 1821.

Ao partir, D. João deixou seu filho, D. Pedro, como príncipe regente do Brasil. Entretanto, a insatisfação dos colonos crescia, principalmente a daqueles que tinham interesses econômicos, como os proprietários rurais, os comerciantes e os consumidores dos centros urbanos. A maioria da população queria a independência.

Do outro lado, as cortes portuguesas tentavam revogar os acordos comerciais com a Inglaterra e, em fins de 1821, exigiram a volta de D. Pedro para Portugal. Assim, aumentava a hostilidade entre brasileiros e portugueses. Contribuía também para o clima de animosidade o fato de militares portugueses ocuparem os principais postos de comando do exército e terem muitos privilégios.

D. Pedro, que era casado com Maria Leopoldina, filha do imperador da Áustria, procurou contornar a situação: diminuiu as despesas do governo, baixou os impostos e igualou militares brasileiros e portugueses.

O retorno de D. Pedro à Europa era rejeitado pelos que apoiavam o Partido Brasileiro. Essas pessoas prepararam um manifesto pedindo a permanência do príncipe regente no Brasil. D. Pedro decidiu ficar e proferiu, em 9 de janeiro de 1822, a famosa frase: “Como é para o bem de todos e a felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico”. O episódio ficou conhecido como Dia do Fico.

Em 1822, iniciaram-se as articulações políticas para a eleição de uma Assembleia Constituinte no Brasil. Além desse, outros fatos começaram a mostrar a ruptura cada vez maior do Brasil com Portugal. As tropas portuguesas, por exemplo, passaram a ser consideradas inimigas, e José Bonifácio e Gonçalves Ledo, ministros de governo, enviaram cartas e manifestações às nações amigas.

As cortes portuguesas, insatisfeitas com o rumo dos acontecimentos, enviaram um despacho ao Brasil revogando os decretos do príncipe regente e exigindo seu retorno imediato a Portugal. D. Pedro estava em viagem à província de São Paulo quando recebeu essas notícias. Era o que faltava para que ele proclamasse a independência, promovendo a separação política do Brasil de Portugal.

O fato aconteceu às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822. No dia 1º de dezembro do mesmo ano, D. Pedro foi coroado imperador do Brasil, passando a se chamar D. Pedro I.

Vale destacar ainda que ao contrário dos outros países latino-americanos que, ao se tornarem independentes, adotaram imediatamente a República como forma de governo, o Brasil adotou a monarquia, inclusive sendo governado por um membro da família real de sua ex-metrópole, aliás, modelo de governo que segue até 1889.


Referências bibliográficas:

DEL PRIORE, Mary & VENANCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010. Disponível em PDF, in: <https://portalconservador.com/livros/Renato-Venancio-Uma-Breve-Historia-do-Brasil.pdf>.

PILETTI, Nelson & PILETTI, Claudino. História: EJA (Educação de Jovens e Adultos), 4º Ciclo. São Paulo: Ática, 2003.


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Abaixo, link do Hino Nacional Brasileiro:

·      Letra de Joaquim Osório Duque Estrada;

·      Música de Francisco Manuel da Silva.



Notas:


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05 setembro 2020

A era inconclusa (V): o Protestantismo nos Estados Unidos

GONZÁLEZ, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo: a era inconclusa – Vol. 10. São Paulo: Vida Nova, 1995, pág. 081 a 105.


Texto e imagens adaptados

por:

Alcides Barbosa de Amorim




Artigo completo em PDF:

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Campo 14 – bebês mortos a pauladas, fome e execuções: a vida em um campo de concentração norte-coreano

P or J ones R ossi  [ 1 ] Uma aula no Campo 14   Os  professores do Campo 14 eram guardas uniformizados:  tratados por Shin no desenho acima...