Por: Alcides Amorim
A palavra dialética, conforme costuma-se definir no campo da Filosofia, significa o "caminho entre as ideias" e “… consiste em um método de busca pelo conhecimento baseado na arte do diálogo. É desenvolvida a partir de ideias e conceitos distintos e que tendem a convergir para um conhecimento seguro” [1]. Este “conhecimento seguro” só será possível após diversos diálogos, incluindo os prós e os contras, discussões gerais e finalmente, a chegada a um consenso ou essência do saber do objeto ou ideia em questão. Mas longe de dar um veredito final ao resultado do objeto estudado, a dialética propõe “... um modo de pensar que, ao privilegiar as contradições da realidade, permite que o sujeito se compreenda como agente e colaborador do processo de transformação constante através do qual todas as coisas existem…” (KONDER: 1998)[2].
A dialética, que teve sua origem na Grécia Antiga, ou com Zenão de Eleia (c. 490-430 a.C.) ou com Sócrates (469-399 a.C.), tem estado a serviço da Filosofia na Antiguidade, Idade Média, Moderna e Contemporânea. Para os objetivos deste post, fixamos apenas nos pensamentos de Hegel e Marx. Com Hegel (1770-1831), segundo o qual, a filosofia veio a ser um tipo de teologia, a sua dialética também seguia por este caminho. Hegel percebe que a realidade restringe as possibilidades dos seres humanos, que se realizam como uma força da natureza capaz de transformá-la a partir do trabalho do espírito. Sua dialética compunha de três elementos: a tese, a antítese e a síntese. A tese é a afirmação inicial, a proposição que se apresenta; a antítese é a refutação ou negação da tese, considerando a contraditoriedade daquilo que foi negado; e a síntese é composta a partir da convergência lógica (lógica dialética) entre a tese e sua antítese. Essa síntese, entretanto, não assume um papel de conclusão, mas sim como uma nova tese capaz de ser refutada dando continuidade ao processo dialético…
A dialética hegeliana enquanto teoria do conhecimento é aprofundada pelo marxismo. Aqui o conhecimento é totalizante. Karl Marx (1818-1883) concorda com Hegel no aspecto do trabalho como força humanizadora. Entretanto, para ele o trabalho dentro da perspectiva capitalista, pós-revolução industrial assume um caráter alienante.
Marx defendeu que vivemos em um mundo onde tudo é material, não havendo o sobrenatural. Assim, são abolidas as noções espirituais e o transcendente. A sociedade passa a ser explicada apenas em um ciclo de classes opressoras e oprimidas. Defendendo a materialidade de tudo, os valores morais também são reduzidos à materialidade, importando apenas os bens econômicos. Não há respeito à dignidade única de cada pessoa, sua liberdade, vida e escolhas.O comunismo seria um paraíso terrestre, uma sociedade idealizada. Em prol de um futuro idealizado, sacrifica-se o presente[3].
O marxismo procura ser científico, tentando não depender de uma filosofia. Acontece que não consegue escapar de uma escolha filosófica prévia que por sua vez informa todo seu desenvolvimento científico posterior. E esta escolha é um ato de fé que corresponde ao ato de fé daquele que se vira para Cristo, mas o dogmatismo marxista não permite outra solução a não ser aquela aventurada por Marx. Os marxistas fazem uma crítica cerrada àqueles que aceitam a Bíblia (ou a tradição eclesiástica) como ponto de partida para sua fé. No entanto, os ideólogos marxistas citam os escritos de Marx e Engels como se fossem uma revelação divina.
A critica de Marx à religião como “começo de toda crítica”, e expressa na conhecida frase “A Religião é o Ópio do Povo”, é uma orientação antirreligiosa que o torna, sim, segundo Fulton J. Sheen, o Comunismo no “ópio do povo”. Marxistas esperam que o povo troque a religião pelo marxismo através da revolução cultural.
O Comunismo engana o pobre com a esperança falaz de um paraíso terrestre…O Comunismo é o ópio do povo porque adormece os pobres prometendo-lhes algo que nunca lhes pode dar, ou seja um paraíso terrestre. Mudando apenas uma palavra numa sentença de Lenine: ‘O Comunismo ensina aqueles que labutam toda a sua vida em pobreza a serem resignados e pacientes neste mundo, e consola-os pelo pensamento de um paraíso terrestre’. Singular espécie de paraíso esse, que é inaugurado pelo morticínio, pelo exílio e pelo confisco; estranha espécie de paraíso esse, que espera estabelecer a fraternidade pregando a luta de classes, e estabelecer a paz praticando a violência. Estranha espécie de paraíso esse que tem de recorrer ao temor e à tirania para impedir que alguém ‘escape’ dele[4].
Portanto, como vimos aqui, a ideologia e a dialética marxistas estão intimamente interligadas ao saber numa autorreflexão hegeliana, embora encaixadas dentro do esquema materialista.
Infelizmente, há uma grande quantidade de “cristãos” achando que é possível ser cristão e comunista ao mesmo tempo. Como abrimos o post acima, “pode ser que o comunismo esteja neste mundo hoje porque os cristãos não foram suficientemente cristãos e as democracias não foram suficientemente democráticas”, já dizia Martin Luther King.
E para concluir, veja o vídeo a seguir:
Veja também:
Notas / Referências bibliográficas:
- [1] MENEZES, Pedro. Dialética. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/dialetica/.>. Acesso em: 05/06/2024.
- [2] KONDER, Leandro. O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 1998. In: Catálogo, Editora Brasiliense.
- [3] In: <https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/teoria-marxista>. Acesso em: 18/06/2024.
- [4] dem.
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