Por
Alcides Barbosa de Amorim
Dentre as
últimas notícias internacionais, uma delas me chamou a atenção mais do que
outras, por sua peculiaridade. O bilionário, fundador da Microsoft, Bill Gates,
quer financiar estudo junto a cientistas de Harvard, com o objetivo de
escurecer o sol e evitar o aquecimento global. O título da matéria da CNN
Brasil é exatamente assim: “Bill Gates financia projeto
para 'escurecer o sol' e reduzir aquecimento
global”[1].
Será muita
pretensão de Bill Gates, a de tentar “tapar o sol”, mesmo que seja mais do que
um simples peneira? O certo é que este fato me levou a recorrer a alguns textos
bíblicos que falam do sol e se de fato, ele escurecerá e/ou acabará um dia.
A primeira
referência sobre o sol na Bíblia aparece em linguagem muito simples: “E fez
Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o
luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas” (Gn 1.16)[2].
Veja que o texto cita o sol, chamando-o de “luminar” que governa o dia e,
embora saibamos que ele é uma estrela, a Bíblia, como faz o homem “sem
ciência”, separa o sol das (demais) estrelas.
Também no Salmo
19, há uma descrição bem poética feita por Davi sobre os céus, incluindo o Sol.
Os
céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um
dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não
há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz. A sua linha se estende por
toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para
o sol[3],
O qual é como um noivo que sai do seu tálamo, e se alegra como um herói, a
correr o seu caminho. A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu
curso até à outra extremidade, e nada se esconde ao seu calor (Sl 19.1-6 –
negritos meus).
Como destaquei, nada
ou ninguém, isto é, nem Gates, nem os cientistas de Harvard, nem qualquer outra
criatura se escondem ao calor ou à presença do sol no Universo. Aliás, o
pregador (Eclesiastes) cita mais de 20 vezes a expressão “debaixo do sol”,
dando a entender poeticamente “... que o sol é uma testemunha da conduta
humana” na terra[4].
Tudo que os homens fazem aqui não passarão despercebidos
aos olhos e juízo do Criador. Ele “... vê as extremidades da terra; e vê
tudo o que há debaixo dos céus” (Jó 28.24), porque aqui, segundo viu o
Pregador, “... no lugar do juiz havia [e há no nosso tempo]
impiedade, e no lugar da justiça havia iniquidade” (Ec 3.16). E continua: “atentei
para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era
vaidade e aflição de espírito” (Ec 1.14).
O sol tem prazo
de validade, ou seja, idade? Ele vai escurecer e/ou acabar em algum momento?
Para ficar apenas com a Bíblia podemos afirmar que sim. Jesus, por exemplo,
afirmou que “o céu e a terra passarão”, menos as suas palavras (Mt 24.35).
Como o sol tem uma “tenda” nos céus (plural), acabando estes, entende-se que
também o sol se acabará conjuntamente. E no Salmo 72.5,17, encontramos duas
vezes a expressão “enquanto o sol durar”, dando a entender que ele não existirá
para sempre.
Mas antes disto, há sinais escatológicos (apocalípticos)
que acontecerão no sol e serão vistos e sentidos na terra. O Apocalipse (cap.
16) fala dos sete flagelos da ira de Deus (na terra, no mar, nos rios, no céu,
tormentos, destruição e fim do mundo). E no ataque ao céu, chamado de a “quarta
taça da ira de Deus”, diz-se que “... o quarto anjo derramou a sua taça
sobre o sol, e foi-lhe permitido que abrasasse os homens com fogo. E os
homens foram abrasados com grandes calores, e blasfemaram o nome de Deus, que
tem poder sobre estas pragas; e não se arrependeram para lhe darem glória”
(Ap 16.8,9). Aqui vemos não um escurecimento do sol, mas um excesso de calor tão
grande ao ponto de abrasar os homens. E apesar do castigo divino, estes não se
arrependerão. Mas um momento, não de calor (claridade), mas de escuridão, acontecerá
por ocasião da volta de Cristo à terra ou “Dia do Senhor”, quando: “o sol
se converterá em
trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor” (Jl
2.31). E mais, diz o profeta Joel:
Multidões, multidões no vale
da decisão; porque o dia do Senhor está perto, no vale da decisão. O sol
e a lua se enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor (Jl 3.14,15).
Haverá um momento de grande aflição sobre a terra, pois Deus tratará com o mundo: “ora, naqueles dias, depois daquela aflição, o sol se escurecerá, e a lua não dará a sua luz.” (Mc 13.24). “E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas” (Lc 21.25).
Não conheço Lucas Franco, que escreveu este artigo (Nota
5), mas aproveitei sua reflexão sobre o “fim do mundo”, para nosso propósito. Sugiro
a leitura
de seu artigo. O certo é que a Bíblia diz que “... os mundos pela
palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do
que é aparente” (Hb 11.3). Os “mundos” (no plural) têm o mesmo sentido de
Universo ou o “céu e a terra” com tudo o que nós desconhecemos, criados por
Deus “no princípio” (Gn 1.1). E especificamente, o grande luminar, o sol –
como já vimos acima – e que é parte deste Universo, foi criado no “dia quarto”
(Gn 1.19). e – me chama a atenção o número “quatro” – também será atingido pelo
“quarto anjo [que] derrama a sua taça [a quarta] sobre
o sol...” (Ap 16.8). Aqui, ainda não é o fim, mas apenas uma advertência. O
fim que ocorrerá, na verdade – entendo – não pelo menos antes dos próximos mil
anos[6],
é descrito pelo apóstolo Pedro de uma forma assustadora e é destacado por Lucas
Franco (Nota
5):
O evento
conhecido como Fim do Mundo é primeiro relatado em 2 Pedro 3:10. O trecho relata: “Virá, pois,
como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os
elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão
descobertas.” Sentiu o clima? Pois é, este seria o ponto
de partida para uma série de eventos que culminaria no “Dia do Senhor”. Neste momento, Deus vai intervir na história
humana com a intensão de promover o julgamento. E então, tudo o que Ele criou – “os céus e
a terra” (Gênesis 1:1) – Ele destruirá. (...) Todo e qualquer elemento que
compõe o universo será derretido no “calor ardente” (2 Pedro 3:12). De acordo com a Bíblia, este será um evento
ruidoso, descrito como um “Grande
estrondo”. Isto quer dizer que todo mundo vai saber o que está
acontecendo; não haverá dúvidas de que o fim estará próximo porque, segundo a
Bíblia, “a terra, e as obras que nela
há, se queimarão.” Simples assim. Não adianta correr...
(grifos no original).
Bem, voltando então
à pergunta se Bill Gates conseguirá escurecer o sol?, respondo, não! Mas o Criador
do sol, sim. O que ocorreu na ocasião do dilúvio, serve para advertência dos
homens ímpios de nossos dias: “destruirei o homem que criei de sobre a face da
terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque
me arrependo de os haver feito” (Gn 6.7), disse Deus. O “... fim vem
sobre os quatro cantos da terra” (Ez 7.2), mas para os seus fiéis seguidores,
aqueles que têm Cristo como Salvador e Senhor, haverá “... novos céus e nova
terra, em que habita a justiça” (2Pe 3.13), pois o Senhor é o “Sol da
Justiça” (Ml 4.2). E para estes habitantes da nova terra, diz o profeta Isaías:
“nunca mais te servirá o sol para luz do dia nem com o seu resplendor a lua
te iluminará; mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória.
Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua minguará; porque o Senhor será a
tua luz perpétua, e os dias do teu luto findarão” (Is 60.19-20).
Para finalizar, deixo o link da canção a seguir: “
Notas:
- [1] Veja: <https://www.cnnbrasil.com.br/business/2021/02/02/bill-gates-financia-projeto-para-escurecer-o-sol-e-reduzir-aquecimento-global>. Acesso em: 05/02/2021.
- [2] As referências bíblicas que utilizamos aqui são da versão online ACF (Almeida Corrigida Fiel). In: <https://www.bibliaonline.com.br/acf>. Disponível em: 05/02/2021.
- [3] Resolvi destacar (negritar) a palavra sol que aparece nos textos bíblicos para melhor enfatizar o seu sentido.
- [4] W.J.C. In: DOUGLAS, J. D. (Editor Organizador). O Novo Dicionário da Bíblia, Vol. III. São Paulo: Vida Nova, 1979, p. 1545.
- [5] Artigo e imagem disponíveis em: <https://www.fatosdesconhecidos.com.br/como-sera-o-fim-do-mundo-segundo-a-biblia/>. Acesso em: 06/02/2021.
- [6] Esta afirmação está baseada na posição defendida por teólogos dispensacionalistas e pré-milenistas, que resume os eventos escatológicos mais ou menos na seguinte sequência: a) Arrebatamento da Igreja; b) Grande Tribulação (período de 7 anos, em que o Anticristo governará sobre a terra); c) Volta de Jesus como Libertador e Messias de seu povo – Israel; d) Milênio (período literal de mil anos de paz sobre a terra); e) Julgamentos das Nações; f) Fim do mundo e criação de novos céus e nova terra. O texto de Lucas Franco segue esta mesma linha teológica. Veja também meu artigo Escatologia: estudo das ultimas coisas.
Muito interessante essa matéria, Primo!
ResponderExcluirGostei 👍🏾
Obrigado, primo Davi. Abraços!
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