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28 agosto 2021

O Apóstolo Tomé

Tomé[1]

Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!
Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20.24-29)[2] – Grifos meus
.

Tomé (em aramaico te`ômã`), foi um dos apóstolos de Jesus, também chamado Dídimo (em grego), que significa “gêmeo”, (Jo 11.16; 20.24; 21.2). Embora seu nome apareça nos quatro Evangelhos do Novo Testamento, os traços sobre sua personalidade aparecem principalmente no quarto: Evangelho de João. Por isso que destaquei na passagem acima a expressão “incrédulo”, atribuída a ele por Jesus, pelo fato de ele descrer de sua ressurreição, e a sua resposta “Senhor meu, e Deus meu”, uma das grandes verdades a respeito da divindade de Jesus, reconhecida por ele em seguida, um (possivelmente) ex-incrédulo, que entendeu rapidamente o pedido de Jesus para mudar de atitude e ser “crente”, depois de ser confrontado com a verdade de que Jesus tinha ressuscitado e que ele podia até tocar em suas feridas provocadas pelas lanças dos seus algozes. Por estes motivos, acho que ele pode também bem ser adjetivado como um apóstolo de personalidade racional e dúbia, uma vez que ele tinha dificuldade de crer em milagres, mas também, uma vez ciente da verdade a que buscava, ele a defendia naturalmente.

Devido ao significado de seu nome, parece evidente que Tomé tenha tido um irmão gêmeo, porém não existe qualquer informação sobre esse irmão ou irmã dele nos Evangelhos. Também é no Evangelho de João – repito – que encontramos as melhores informações sobre quem foi Tomé, visto que nos outros Evangelhos e no livro de Atos ele é meramente mencionado na lista que traz os nomes dos apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6,15 e At 1.13).

Ainda um pouco mais sobre a personalidade de Tomé, percebe-se que ele demonstra pessimismo e uma enorme devoção ao Senhor ao mesmo tempo, por exemplo, quando da ressurreição de Lázaro. Nesta ocasião, Tomé, considerando a ameaçava real de apedrejamento caso Jesus fosse à Judéia, declarou: “...vamos também nós para morrermos com ele” (Jo 11.16b). Embora Tomé demonstre desânimo e pessimismo frente a possibilidade de ser morto, ele declara sua aptidão a morrer – se fosse o caso – juntamente com o seu Senhor. Todavia, esta aparente prontidão de morrer com Jesus não fica demonstrada por Tomé quando Jesus é preso. Naquele momento, ele e os demais apóstolos fugiram. Embora, pelas Escrituras do Antigo Testamento, isto de fato aconteceria para cumprimento da profecia que afirma: “... ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão” (Mc 14.27c) – conforme Zacarias 13.7.

Tomé[3] também demonstrou dúvida acerca do ensino do Senhor Jesus de que os discípulos conheciam o caminho para onde Ele estava indo, ao dizer: Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?” (Jo 14.5). É possível que Tomé, nesse questionamento, estivesse representando o pensamento dos outros discípulos. De qualquer forma, essa frase revela certa fraqueza, mas que é imediatamente confrontada com a conhecida resposta do Senhor Jesus: Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim (Jo 14.6).

Mas Tomé viu o Cristo ressurreto, seu Senhor e seu Deus. Após sua ressurreição, como já vimos, Tomé demonstra incredulidade e depois revela o atributo da onisciência de Jesus, portanto, de um Cristo Deus, o qual tinha visto e ouvido suas demonstrações de incredulidade, oito dias antes. O texto bíblico não esclarece se Tomé tocou ou não nas feridas de Jesus, ou se apenas esse terno convite, respondendo nos mínimos detalhes a sua exigência, já tenha bastado. Em todos os casos, seja qual tenha sido sua reação, ela o conduziu prontamente à sua profunda declaração de fé: “Senhor meu, e Deus meu!” (João 20:28). E sendo Deus, Jesus é reconhecido por Tomé e pelos cristãos, como uma das pessoas da Trindade (cf. Jo 1.1-3).

Tomé também estava presente junto aos discípulos que pescavam num barco no mar da Galileia quando Jesus novamente apareceu a eles (João 21).

Além destes (e outros) relatos bíblicos expostos acima, há muitas especulações e (possíveis) lendas a respeito de Tomé na tradição cristã. Uma dessas “lendas” (ou não) que já destacamos, por exemplo, em outro momento, afirma que Tomé esteve no (que um dia viria a ser) Brasil. Segundo Jorge PINHEIRO[4], pelo menos dois grupos indígenas, o dos Tupinambá e o Tupi-Guarani, faziam menção a um tal “Pai Çumé” (ou Sumé), ou seja, Tomé, um dos apóstolos de Cristo. “... os tupis [por exemplo] acreditavam que Çumé partiu caminhando sobre as águas do Atlântico, mas prometeu voltar um dia para continuar sua obra civilizatória. Quem sabe a profecia se cumpriu e Çumé retornou com a chegada dos jesuítas?”, diz Jorge (PINHEIRO: 2008, p. 104). Há outras “possíveis” referências sobre Tomé também na Bahia, Peru, Bolívia..., e há informações também que Tomé pregou o Evangelho na Índia e Síria.

Sobre sua morte, não é possível afirmar qualquer coisa realmente confiável sobre como ela aconteceu. Segundo Franklin Ferreira, “Tomé foi morto por lanceiros próximo a Madras[5], cidade indiana, no ano 72[6]. É bem possível que haja algum autor gnóstico com o mesmo pseudônimo de Tomé, mas – concordamos com Conegero (NOTA 3) – o que realmente precisamos saber a respeito de Tomé, as informações registradas na Bíblia acerca dele são suficientes. Aquele Tomé, popularmente conhecido como “incrédulo” é também aquele que o Evangelho de João o apresenta como revelador de um dos mais profundos atributos de Jesus Cristo: a sua deidade, expressa na confissão “Senhor meu, e Deus meu!”.

Sugiro vídeo de Lamartine Posella, abaixo, como ampliação deste conteúdo...



Notas / Referências bibliográficas:

  • [1] Imagem meramente ilustrativa. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A9,_o_Ap%C3%B3stolo>. Acesso em: 28/08/2021.
  • [2] Esta e as demais passagens bíblicas utilizadas neste artigo são da versão protestante ACF – Almeida, Corrida Fiel, disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf>. Acesso em: 28/08/2021. 
  • [3] CONEGERO, Daniel. Quem Foi o Apóstolo Tomé? (Texto adaptado). Disponível em: <https://estiloadoracao.com/quem-foi-o-apostolo-tome/>. Acesso em: 28/08/2021. 
  • [4] PINHEIRO, Jorge. Deus é brasileiro: as brasilidades e o reino de Deus. São Paulo: Fonte Editorial, 2008. 
  • [5] FERREIRA, Franklin, O martírio cristão. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/franklin-ferreira/o-martirio-cristao/?#success=true>. Acesso em: 28/08/2021. 
  • [6] Veja NOTA 1.


16 agosto 2021

Breve história de Cuba

A República de Cuba, maior ilha do mar do Caribe, está localizada na América Central, com uma área aproximada de 110 km², é dirigida pelo regime socialista e cujos habitantes falam a língua espanhola.

Cuba faz parte da América Latina, pelo fato de, originalmente, seu território ter sido colonizado pelos espanhóis e de pertencer ao conjunto de países também de línguas de origem latina: espanhola (parte da América, conquistada pela Espanha, em 1492) e portuguesa (parte da América, conquistada por Portugal, em 1500).

O domínio espanhol na ilha cubana durou aproximadamente 400 anos, e ali se cultivavam tabaco e cana-de-açúcar, com a utilização de mão-de-obra escrava, primeiramente indígena e depois africana.

Por sua localização e seu formato geográfico (uma ilha comprida, espécie de costa protetora no Caribe), Cuba foi usada, juntamente com Porto Rico, como base militar dos Estados Unidos. Assim, ambos tornaram-se seus protetorados após a Guerra Hispano-Americana, pelo Tratado de Paris, em 1898.  Com a vitória dos Estados Unidos sobre a Espanha, os norte-americanos passaram a controlar a ilha.  Importante destacar que Cuba e Porto Rico não foram anexados aos Estados Unidos. Eles formavam, como define o termo protetorado, territórios autônomos, mas protegidos diplomática ou militarmente contra terceiros, por um Estado mais forte, no caso os Estados Unidos.

Cuba tornou-se independente da Espanha, com a ajuda e interesses dos Estados Unidos, em 1891[1]. E, como parte da recompensa, foi permitida a construção de uma base militar na cidade de Guatánamo, onde permanece até hoje. E convém destacar ainda que até a Guerra Fria, em 1959, Cuba continuou mantendo boas relações com os Estados Unidos. A ruptura ocorreu com o revolucionário Fidel Castro. Este era um hábil advogado, filho de um rico fazendeiro e apresentava-se como defensor de camponeses e outros trabalhadores. Em 1953, numa tentativa de golpe contra o ditador Fulgêncio Batista, que ficou no poder de 1952 a 1959, Fidel Castro é condenado a 15 anos de prisão, mas foi anistiado em 1955, mudando-se então para o México, de onde chefia um grupo, no qual se incluem seu irmão Raúl Castro e Ernesto Che Guevara, com os quais viaja a Cuba de balsa em 1956 para lutar contra o exército de Batista. Após três anos de guerrilha, toma o poder em janeiro de 1959 e desde então governa o país até sua morte em novembro de 2016, ficando Raúl em seu lugar.

O principal companheiro de luta de Fidel, Che Guevara, ocupou diversos cargos no seu governo e viajou o mundo como embaixador do país. Matéria da Revista Superinteressante[2], de 1º de agosto de 2014, afirma: “... Che – nome de nascimento, Ernesto Rafael Guevara de la Serna – teria se envolvido em 144 mortes e teria sido responsável pela prisão irregular de 30 mil pessoas”, mas outras fontes, como o Portal Conservador cita, por exemplo, falam em números bem mais assustadores. “De acordo com O Livro Negro do Comunismo, escrito por estudiosos franceses de esquerda (...), ocorreram 14.000 execuções por fuzilamento em Cuba até o final de década de 1960[3]”. A matéria também dá destaque ao dircurso de Che na ONU, em 9 de dezembro de 1964, quando ele confirma que praticou execuções e esmo assim recebe aplausos entusiasmados de seus idolatrados presentes.

Como durante a Guerra Fria, a Cuba de Fidel alinhou-se ao bloco econômico soviético, tornando-se assim o único país socialista da América, os Estados Unidos rompem relações econômicas e diplomáticas com a mesma e impõe o "el bloqueo", que consiste em uma interdição de caráter econômico, financeiro e comercial imposta pelos EUA ao governo cubano no ano de 1962. Posteriormente, o bloqueio tornou-se lei no começo dos anos 90[4]” e teve a proibição aumentada ainda mais com o presidente Bill Clinton, em 1999.



Fidel e Che na Sierra Maestra (*).

Por ser de espírito mais revolucionário que Fidel, ambos – ao que parece – chegam a se desentender e Che se separa de seu amigo e muda-se para o Congo em 1965, abdicando-se dos próprios cargos que tinha em Cuba[1]. Mas no Congo, sua empreitada revolucionária foi um fracasso e no mesmo ano, volta-se na clandestinidade para Cuba. No ano seguinte (1966), entra disfarçado na Bolívia, onde é executado por uma rajada de fuzil em 1967.

Mas o bloqueio econômico não impede os Estados Unidos de exportarem alimentos para Cuba nem de relacionarem com sua economia. Um texto escrito por Nelson Rodríguez Chartrand[6] e publicado pelo Portal Conservador, destaca que apesar do embargo, os Estados Unidos são o principal exportador de produtos agrícolas para Cuba. Veja a tabela:

Desta forma, destaca Chartrand, “... o fato é que, não apenas os EUA têm estado entre os cinco principais sócios comerciais de Cuba, como também, se não bastasse, têm sido os principais fornecedores de produtos agrícolas para a ilha” (Idem). Por isso, independentemente do nível de culpabilidade dos governantes de ambas as partes, é o povo cubano que está sofrendo as consequências.

Veja, a seguir o vídeo de Zoe Martínez, relatando parte do que é a vida em Cuba.


Notas / Bibliografia:

  •  (*)  Fidel e Che. A amizade que marcou a revolução. Imagem e texto (adaptado) disponíveis em: <dn.pt/mundo/fidel-e-che-a-amizade-que-marcou-a-revolucao-5520980.html>. Acesso em: 14/08/2021
  •  [1] PERCíLIA, Eliene. "Cuba"; Brasil Escola (Texto e imagem adaptados). Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/historia-cuba.htm. Acesso em 15/08/2021.
  •  [2] Quem foi Che Guevara? Cinquenta anos após sua morte, Che ainda é motivo de discussão. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-foi-che-guevara/In: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-foi-che-guevara/>. Acesso em: 14/08/2021. 
  •  [3] FONTOVA, Humberto. O verdadeiro Che Guevara. Disponível em: <https://portalconservador.com/o-verdadeiro-che-guevara/>. Acesso em: 14/08/2021. 
  •  [4] ARÚJO, Felipe. Embargo dos Estados Unidos a Cuba. Disponível em: <https://www.infoescola.com/economia/embargo-dos-estados-unidos-a-cuba/>. Acesso em: 16/08/2021. 
  •  [5] Fidel e Che. A amizade que marcou a revolução. Imagem e texto (adaptado) disponíveis em: <dn.pt/mundo/fidel-e-che-a-amizade-que-marcou-a-revolucao-5520980.html>. Acesso em: 14/08/2021. 
  • [6] CHARTRAND, Nelson Rodríguez. A desconhecida história do embargo cubano. Disponível em: <https://portalconservador.com/a-desconhecida-historia-do-embargo-cubano/>. Acesso em: 16/08/2021.