Lembrando que esta lista não é a mesma da Igreja Católica, uma vez que a tradição católica considera o apóstolo Pedro como tendo sido o primeiro bispo romano e, por isso, o primeiro papa da igreja e, como se vê acima, Eusébio e muitos outros cristãos consideram Lino o primeiro bispo romano e não o apóstolo Pedro.
Afirma Eusébio que o bispo Zeferino foi sucedido por Calisto, e este por Urbano (HE, 6, XXI). E que “... Urbano, que fora bispo de Roma por oito anos, foi sucedido por Ponciano” (HE, 6, XXIII).
Como os outros casos, as informações que temos do Bispo ou papa Urbano são de fontes católicas. Considerando estas fontes (a), b) e c))[3], descritas nas considerações bibliográficas abaixo, temos o seguinte resumo:
O bispo ou papa Urbano I nasceu em Roma, viveu entre 175 e 230 e exerceu seu bispado por 8 anos, entre 222 e 230.
Seu bispado/pontificado ocorreu num período de tolerância (222-235) do imperador Alexandre Severo, portanto, num momento de relativa paz para os cristãos. Embora a religião do Império Romano fosse o paganismo e a perseguição e o massacre ao cristianismo fosse intenso naquela época, Alexandre Severo permitiu certa liberdade de culto e tolerou razoavelmente o convício entre as crenças.
Determinou que as esmolas e os legados ofertados à Igreja fossem aplicados exclusivamente em duas direções: sustento/conversão dos pobres e culto divino.
Estabeleceu pioneiramente o uso de ouro, prata e pedras preciosas em patenas, cálices e vasos sagrados e que o sacramento da Confirmação fosse ministrado, após o Batismo, pelas mãos de um bispo. E também benzeu alguns artefatos deste material para a paróquia de Roma. “Era o início da riqueza que marcaria tão notoriamente a história da Igreja Católica” (Infoescola).
Organizou a Igreja de Roma em 25 unidades eclesiásticas, as paróquias de Roma e consentiu que a Igreja adquirisse bens.
Interveio nas disputas sobre o cisma de Hipólito de Roma e ordenou que o patrimônio da igreja doado pelos fiéis não pudesse ser usado, em hipótese alguma, para outros fins a não ser para o sustento dos próprios missionários.
Foi vítima de calúnia e perseguido pelo prefeito Almáquio, de Roma, sob o império de Alexandre Severo.
Foi responsável por inúmeras conversões, inclusive, de pessoas de alta classe social, dentre os quais Valeriano, esposo de Santa Cecília, convertida e martirizada, e de Tibúrcio, seu irmão.
A hagiografia apresenta geralmente como martirizados em seu tempo Santa Cecília e companheiros. Entretanto, parece que o bispo Urbano, de que se fala o martirológio, não era este papa, mas, sim, algum homônimo seu, dos tempos de Marco Aurélio ou Cômodo (161-192). In: Wikipedia.
Urbano, com a aplicação da benção a artefatos religiosos da paróquia de Roma, dava o início da riqueza que marcaria tão notoriamente a história da Igreja Católica.
Embora o catolicismo já desse sinais de sua preocupação com a riqueza no final do século II, o papa não deixou de pensar nos desvalidos. Mesmo cultuando os objetos de valor, Urbano I determinou que as esmolas ofertadas à Igreja fossem empregadas exclusivamente em duas frentes, o culto divino e os desvalidos. Ou seja, a Igreja demonstrava já seu perfil dúbio que oscila entre riqueza e pobreza.
Ao que parece, Urbano não tenha morrido como mártir. Ele faleceu no ano 230, com 55 anos de idade, sendo sucedido por Ponciano.
O
último período da História do Brasil que ficou conhecido como Nova
República (1985 até o momento), teve como primeiro presidente José
Sarney. Este propôs uma nova Constituição
para o país, a qual foi votada e promulgada em 5 de outubro de 1988. Um dos pilares
da Constituição, no campo político, é a realização de “eleições diretas e
universais com dois turnos”. Nesse sentido, após o fim do mandato de Sarney e das
disputas eleitorais da época, surgiria o segundo Presidente da República, mas o
primeiro eleito diretamente pelos cidadãos brasileiros.
As
eleições diretas para presidente foram realizadas em outubro de 1889, sendo
vencedor o candidato alagoano Fernando Collor de Mello, que derrotou
Luís Inácio Lula da Silva, candidato do Partido dos Trabalhadores.
1. Governo Collor
Collor [2] assumiu no dia 15 de março de 1990. Havia grande expectativa em relação à sua
posse, pois foi o primeiro presidente eleito diretamente pelo voto popular em
quase trinta anos. A expectativa era grande sobretudo em relação às medidas
econômicas que seriam tomadas pelo novo governo, devido à gravidade da situação
do país, que se caracterizava por uma inflação extremamente elevada.
Por
isso, as atenções se concentraram no plano econômico do novo presidente, que
foi anunciado em parte no dia da posse e definido na sua totalidade no dia
seguinte.
A
principal medida econômica, tomada no primeiro dia do governo Collor, foi o
bloqueio de grande parte do dinheiro que as pessoas e as empresas tinham nos
bancos, em conta corrente, em cadernetas de poupança e em outras formas de
aplicação; o objetivo dessa medida era diminuir o volume de dinheiro em poder
das pessoas e, assim, conter a inflação.
A moeda
voltou a ser o cruzeiro.
Além do
objetivo de conter a inflação, faziam parte do plano econômico de Collor;
privatização de empresas estatais;
fechamento de órgãos do governo e venda de
carros, casas e apartamentos de propriedade do governo;
abertura da economia ao capital externo e às
importações de produtos estrangeiros;
demissão de funcionários públicos.
Em 2016, a ex-presidente Dilma Rousseff também foi afastada da presidência acusada de improbidade administrativa e Collor de Mello participou da votação como senador.
PC Farias seria encontrado morto em Alagoas com a namorada em 23 de junho de 1996 e até hoje as circunstâncias do crime não foram esclarecidas.
A ex-primeira-dama Rosane Collor de Mello voltou à mídia para contar sua vida com o ex-presidente e exigir um aumento da pensão.
O movimento dos Caras Pintadas mobilizou
estudantes de todo país
Chefiado pela ministra Zélia Cardoso de Mello, o Ministério da Economia passou a
ser o principal ponto de atenções do novo governo, diante da necessidade que se
colocava de eliminar a inflação. Graças ao choque, a inflação baixou a níveis
inferiores a 10% nos primeiros meses da nova administração.
Nenhum
outro setor da vida nacional recebeu tanta atenção do governo Collor, que se
concentrou, nos primeiros meses, no combate à inflação.
Apesar
de todas as iniciativas, no entanto, a situação do país continuou difícil,
sobretudo porque a principal consequência da política econômica de Collor foi a
recessão, com queda dos salários e aumento do desemprego. Diante do fracasso de
sua política, Zélia Cardoso de Mello abandonou o governo em maio de 1991, sendo
substituída por Marcílio Marques Moreira.
No
final de 1991, além de grave recessão, com diminuição da atividade econômica e
com desemprego generalizado, a inflação voltava a elevar-se para níveis de 20%
ao mês e continuou a subir durante o ano de 1992.
2.Impeachment e renúncia
De
maneira geral, Collor não cumpriu suas promessas de campanha, pois ele prometeu
acabar com a inflação, que, depois de alguns meses, voltou com bastante força;
havia prometido governar para os “descamisados” e “pés-descalços”, mas não
houve redistribuição de renda; jurou acabar com os “marajás” (funcionários
públicos com altos salários e que pouco trabalhavam) e colocar os corruptos na
cadeia, mas ele mesmo passou a usufruir de vantagens de uma rede de corrupção;
comprometeu-se a pagar dignamente os aposentados, mas negou-lhes os reajustes
devidos, levando-os às ruas, em passeatas e outras manifestações públicas, para
exigir o respeito aos seus direitos.
Aos
poucos, porém, foram aparecendo na imprensa informações sobre casos de
corrupção que se multiplicavam em quase todos os setores do governo: no
Ministério da Saúde, foram comprados bicicletas, mochilas e guarda-chuvas em
quantidades desnecessárias e a preços acima dos de mercado; em outros
ministérios, eram contratadas para fazer obras públicas, sem licitação,
empreiteiras que haviam contribuído com dinheiro para a campanha do presidente;
a publicidade oficial era encaminhada às agências que haviam feito a propaganda
eleitoral de Collor; houve denúncias de desvio de dinheiro da Legião Brasileira
de Assistência (LBA), presidida por RosaneCollor, esposa do
presidente.
As
denúncias se avolumavam, envolvendo o nome do tesoureiro da campanha
presidencial, o empresário alagoano Paulo César Farias [3],
o PC. No início de 1992 o próprio irmão do presidente, PedroCollor,
denunciou e confirmou a existência do esquema de corrupção generalizada que
tomava conta do governo.
O
Congresso Nacional formou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar as denúncias do irmão do presidente. Inicialmente, os trabalhos da
CPI andaram muito devagar, pois era difícil conseguir provas. Mas, a partir do
depoimento de Eriberto França, motorista de Ana Acioli, secretária de Collor, o
vasto esquema de corrupção, envolvendo centenas de milhões de dólares, começou
a ser conhecido: grandes empresas, para obter favores do governo, pagavam
milhares de dólares às empresas de Paulo César Farias. Este, por meio de contas
bancárias fantasmas, com nomes fictícios, encaminhava parte do dinheiro à conta
de Ana Acioli, que o utilizava para pagar as despesas particulares de Collor –
como a reforma de sua casa – e de seus familiares e amigos. Houve também
denúncias de envio de milhões de dólares ao exterior, carregados por aviões
particulares de PC.
Milhares
de pessoas, especialmente estudantes – que ficaram conhecidos como caras-pintadas,
por pintarem o rosto com as cores da bandeira nacional –, começaram a ir às
ruas em grandes manifestações, exigindo o afastamento do presidente. “Fora,
Collor” era o grito dos manifestantes.
No dia
29 de setembro de 1992, com base no relatório da CPI, a Câmara dos Deputados,
por grande maioria de votos, autorizou o Senado a processar e julgar
o presidente. De acordo com a Constituição, Collor foi afastado por 180 dias; ItamarFranco, vice-presidente, assumiu interinamente a Presidência.
Três
meses depois, no dia 29 de dezembro, ao ter início o julgamento do Senado,
percebendo que seria derrotado, Collor renunciou ao seu mandato de
presidente da República. No mesmo dia, Itamar Franco foi empossado como
presidente efetivo do Brasil.
Apesar
da renúncia, o Senado continuou o julgamento de Collor e suspendeu seus
direitos políticos por oito anos.
Mais
tarde, em 1995, Collor foi considerado inocente pelo Superior Tribunal Federal
(STF). Livrou-se das acusações de corrupção passiva junto ao “Esquema PC”,
falsidade ideológica e crime de peculato (utilização de cargos públicos para o
desvio de verbas).
Após o
Impeachment, Collor e a primeira-dama Rosane, mudam-se para Miami, nos Estados
Unidos. A presidência seria assumida pelo seu vice, Itamar Franco, em 02 de
outubro de 1992.
Por
fim, o governo de Collor foi muito conturbado, marcado por diversos escândalos
de corrupção, o que culminou na sua deposição.
Três curiosidades
escritas por Juliana Bezerra (aqui, vide R. B.):
Notas:
[1] Fernando Collor. Foto disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Collor>. Acesso em: 04/04/2025
[2] PILETTI (Vide Referências Bibliográficas). Texto adaptado.
[3] Paulo César Farias foi tesoureiro e coordenador da campanha de Fernando Collor de Mello. Ele não possuía um cargo público formal no governo Collor, mas atuava como principal conselheiro do presidente. Veja o documentário feito sobre ele pela Brasil Paralelo, destacando “O que aconteceu com PC Farias? Quem assassinou PC Farias? Descoberta de farsas; Fortuna de PC Farias e o esquema PC; Conclusão do caso PC Farias...” em: <https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/quem-matou-pc-farias>. Acesso em: 04/04/2025.
Continuando nossa lista dos bispos e papas romanos, quero
destacar aqui o bispo Calisto, que na História Eclesiástica (HE)[2] de
Eusébio de Cesareia,
aparece como o número 15 da lista. Depois de Zeferinoservir a Igreja por 18 anos, “... foi
sucedido no episcopado por Calisto...” (HE, 6, XXI).
Como os outros casos, as informações que temos são de
fontes católicas. Conforme esta
fonte, por exemplo, Calisto era romano de Trastevere e filho de
escravos. Trata-o como como um “administrador pouco habilidoso” que deu grande
desfalque ao imperador Cômodo e, por isso, teve que fugir, mas foi capturado em
Óstia (cidade próxima de Roma) e condenado a girar a roda de um moinho. Depois
foi deportado para as minas da Sardenha. Aqui, encontramos
também que “... ele foi preso por ter brigado em uma sinagoga, quando
tentou emprestar dinheiro ou receber débitos de alguns judeus’.
Calisto teve o apoio do papa [bispo] Vítor que, para
ajudá-lo a desviar da tentação, fixou-lhe um ordenado. Depois, o sucessor do
bispo Vitor, Zeferino, foi igualmente generoso com ele e ordenou-o diácono, confiando-lhe
a guarda do cemitério cristão na via Ápia Antiga. Calisto sucedeu a Zeferino em
Roma, mas seu pontificado atraiu as inimizades de uma ala da comunidade cristã
de Roma que acusou o processo de sua escolha de heresia. Como era esperado,
Calisto teve muitos opositores, incluindo um antipapa – Hipólito de Roma –. Por
conta disto, muitas informações sobre ele são distorcidas.O
motivo da discórdia com Hipólito de Roma “... fora a questão
trinitária e a absolvição concedida por Calisto aos pecadores
de adultério, homicídio e apostasia, absolvição que antes
só era dada uma vez na vida e após uma dura penitência pública, enquanto os
reincidentes eram excluídos da comunhão eclesial...” (Idem).
Calisto morreu numa revolta popular contra os
cristãos e foi lançado a um poço. Mais tarde, deram-lhe sepultura honorífica no
Cemitério de Calepódio, na Via Aurélia, junto do lugar do seu martírio.
A Cripta de São
Calisto:
Uma das metas
obrigatórias para os peregrinos e turistas que se dirigem à Roma são as
catacumbas. Particularmente célebres e frequentadas são as de São Calisto,
definidas pelo Papa João XXIII “as mais respeitáveis e as mais célebres de
Roma”. Numa área de mais de 120.000 m², com quatro andares sobrepostos, foi
calculado que lá existem não menos de 20 quilômetros de corredores... Essa obra
colossal fixa para sempre a memória de São Calisto, que cuidou de sua
realização, primeiro como diácono do Papa Zeferino, e depois como o próprio
Papa. Mas além das dimensões, este lugar é precioso pelo grande número e pela
importância dos mártires que ali foram sepultados, e particularmente célebres
são a cripta de Santa Cecília e a contígua à dos papas, na qual foram sepultados
o Papa Ponciano Antero, Fabiano entre outros... O túmulo dele está colocado bem
no meio da Roma antiga, na basílica de Santa Maria in Trastevere, que,
construída por determinação do Papa Júlio, na metade do século IV, foi
intitulada também de São Calisto. Essa obra colossal fixa para sempre a memória
de São Calisto, que cuidou de sua realização, primeiro como diácono do Papa
Zeferino, e depois como o próprio Papa. Mas além das dimensões, este lugar é
precioso pelo grande número e pela importância dos mártires que ali foram
sepultados, e particularmente célebres são a cripta de Santa Cecília e a
contígua à dos papas, na qual foram sepultados o Papa Ponciano Antero, Fabiano
entre outros... O túmulo dele está colocado bem no meio da Roma antiga, na
basílica de Santa Maria in Trastevere, que, construída por determinação do Papa
Júlio, na metade do século IV, foi intitulada também de São Calisto (Canção Nova).
O socialismo é uma corrente política e um sistema socioeconômico no qual a produção e a distribuição dos produtos é planejada com vistas a atender, pelo menos na teoria, as necessidades básicas da população. O socialismo pode ser dividido em três segmentos: utópico, cujos pensadores como Charles Fourrier (1772-1837) e Robert Owen (1771-1858), foram assim chamados porque a maioria de seus planos era irrealizável (utópico); científico, atribuído a Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) que consideravam sua doutrina científica por terem chegado a ela através de análises críticas do desenvolvimento das sociedades humanas; e cristão, cujo precursor foi o sacerdote francês Robert Lamennais (1782 – 1854). Mas o principal personagem desta linha que queremos destacar é HenriSaint Simon, o qual destacaremos abaixo.
1.Saint-Simon e o socialismo cristão [2]
O reformador social Henri de Saint-Simon (1760-1825) foi um pensador e teórico social francês. Também conhecido como socialista utópico, foi ele quem tentou aplicar os princípios sociais do cristianismo, criando o conceito “socialismo cristão”. Ele predisse uma era muito mais industrializada na qual os problemas sociais seriam resolvidos pela ciência e tecnologia. Foi só mais tarde que ele introduziu uma nota religiosa. Seu Nouveau Christianisme ("Novo Cristianismo") publicado no ano da sua morte, sustentava que a religião devia "guiar a comunidade em direção ao alvo sublime de melhorar tão rapidamente quanto possível as condições de vida da classe mais pobre". Tendo visto aquilo que a França sofreu, primeiramente sob a Revolução com toda a sua ferocidade, e depois sob o governo de Napoleão, conclamou todos os governantes da Europa a se unirem visando a supressão da guerra, e a voltarem para aquele cristianismo verdadeiro que se preocupa com a situação miserável dos pobres. As opiniões de Saint-Simon eram frequentemente desordenadas e imprecisas, mas passaram a influenciar uma combinação improvável de pensadores que incluíam Thomas Carlyle, John Stuart Mill, Heinrich Heine, Auguste Comte, Friedrich Engels e Walter Rauschenbusch, e posteriormente foram ecoadas nas obras dos teólogos norte-americanos mais recentes, tais como Paull Tillich e Reinhold Niebuhr.
Além de exercer um impacto na França, o socialismo cristão era uma força real em muitos outros países europeus, e fomentava a organizações de grupos, sustentando que o operário e o lavrador tinham direito à justiça social e econômica, e que estas eram áreas nas quais os cristãos deviam ser ativos. Na Alemanha, desviou-se tristemente para o antissemitismo que resultou na condenação imperial em 1894. Cinco anos antes, a Sociedade dos Socialistas Cristãos tinha sido formada nos Estados Unidos, mas a ideia estava presente desde 1849, quando Henry James, Sr. expôs princípios semelhantes.
O termo "socialismo cristão" foi popularizado na Inglaterra nos meados do século XIX quando, depois do fracasso do movimento cartista, um grupo de anglicanos procurou obter a aplicação dos princípios cristãos na organização da indústria. Seus líderes foram J. M. F. Ludlow (que fora educado na França), J. F. D. Maurice e Charles Kingsley. Eles ajudaram a financiar sociedades cooperativas, deram início a associações para vários ofícios, e em 1854 fundaram a Faculdade dos Trabalhadores em Londres, tendo Maurice como presidente. As novelas de Maurice, especialmente Yest (“Levedura”) e Alto Locke (publicadas em 1850), desempenharam um papel considerável num movimento que, no entanto, nunca cativou a igreja inglesa, e que logo entrou em declínio. Nem por isso deixou de legar à posteridade princípios e práticas que beneficiaram uma ampla gama de interesses sociais, inclusive cooperativas, institutos educacionais para operários e sindicatos trabalhistas.
2. Como um cristão deve encarar o socialismo?[3]
O socialismo é um sistema social no qual a propriedade, os recursos naturais e os meios de produção são de propriedade e controlados pelo estado, em vez de indivíduos ou empresas privadas. Uma crença básica do socialismo é que a sociedade como um todo deve compartilhar todos os bens produzidos, pois todos vivem em cooperação uns com os outros. Várias teorias do socialismo foram apresentadas desde os tempos antigos, incluindo uma forma de socialismo cristão.
O filósofo mais proeminente a argumentar a favor do socialismo foi Karl Marx, que ensinou que o fator motriz por trás de toda a história humana é a economia. Marx nasceu de pais judeus alemães em 1818 e recebeu seu doutorado aos 23 anos. Ele então embarcou em uma missão para provar que a identidade humana está ligada ao trabalho de uma pessoa e que os sistemas econômicos controlam totalmente uma pessoa. Argumentando que a humanidade sobrevive pelo trabalho, Marx acreditava que as comunidades humanas são criadas pela divisão do trabalho.
Marx viu a RevoluçãoIndustrial como uma mudança no estilo de vida básico da humanidade, porque, na mente de Marx, aqueles que trabalhavam livremente para si mesmos agora eram forçados pela economia a trabalhar em fábricas. Isso, Marx sentiu, tirou sua dignidade e identidade, e agora eles foram reduzidos a meros escravos controlados por um poderoso capataz. Essa perspectiva fez da economia do capitalismo o inimigo natural da marca de socialismo de Marx.
O socialismo busca acabar com a propriedade privada. Karl Marx supôs que o capitalismo enfatiza a propriedade privada e, portanto, reduziu a propriedade a poucos privilegiados. Duas "comunidades" separadas surgiram na mente de Marx: os empresários, ou a burguesia; e a classe trabalhadora, ou o proletariado. De acordo com Marx, a burguesia usa e explora o proletariado com o resultado de que o ganho de uma pessoa é a perda de outra. Além disso, Marx acreditava que os empresários influenciam os legisladores para garantir que seus interesses sejam defendidos em vez da perda de dignidade e direitos dos trabalhadores. Por fim, Marx sentiu que a religião é o "ópio das massas", que os ricos usam para manipular a classe trabalhadora; o proletariado recebe a promessa de recompensas no céu um dia se continuar trabalhando diligentemente onde Deus os colocou (subservientes à burguesia).
No socialismo que Marx imaginou, o povo possui tudo coletivamente, e todos trabalham para o bem comum da humanidade. O objetivo de Marx era acabar com a propriedade privada por meio da propriedade estatal de todos os meios de produção econômica. Uma vez que a propriedade privada fosse abolida, Marx sentiu que a identidade de uma pessoa seria elevada e o muro que o capitalismo supostamente construiu entre os proprietários e a classe trabalhadora seria quebrado. Todos se valorizariam e trabalhariam juntos para um propósito compartilhado. O governo não seria mais necessário, pois as pessoas se tornariam menos egoístas.
Há pelo menos quatroerros no pensamento de Marx, revelando algumas falhas no socialismo. Primeiro, sua afirmação de que o ganho de outra [uma] pessoa deve vir às custas de outra pessoa é um mito; a estrutura do capitalismo deixa muito espaço para todos elevarem seu padrão de vida por meio da inovação e da competição. É perfeitamente viável que várias partes compitam e se saiam bem em um mercado de consumidores que querem seus bens e serviços.
Segundo, Marx estava errado em sua crença socialista de que o valor de um produto é baseado na quantidade de trabalho que é colocado nele. A qualidade de um bem ou serviço simplesmente não pode ser determinada pela quantidade de esforço que um trabalhador despende. Por exemplo, um mestre carpinteiro pode fazer uma peça de mobiliário mais rápida e lindamente do que um artesão não qualificado e, portanto, seu trabalho será muito mais valorizado (e corretamente) em um sistema econômico como o capitalismo.
Terceiro, a teoria do socialismo de Marx necessita de um governo livre de corrupção e nega a possibilidade de elitismo dentro de suas fileiras. Se a história mostrou alguma coisa, é que o poder corrompe a humanidade caída, e o poder absoluto corrompe absolutamente. As pessoas não se tornam naturalmente menos egoístas. Uma nação ou governo pode matar a ideia de Deus, mas alguém tomará o lugar de Deus naquele governo. Esse alguém é, na maioria das vezes, um indivíduo ou grupo que começa a governar a população e busca manter sua posição privilegiada a todo custo. É por isso que o socialismo levou a ditaduras com tanta frequência na história mundial.
Quarto e mais importante, o socialismo está errado ao ensinar que a identidade de uma pessoa está ligada ao trabalho que ela faz. Embora a sociedade secular certamente promova essa crença, a Bíblia diz que todos têm o mesmo valor porque todos são criados à imagem do Deus eterno. O verdadeiro valor humano intrínseco está na criação de nós por Deus.
Marx estava certo ao dizer que a economia é o catalisador que impulsiona a história humana? Não, o que dirige a história humana é o Criador do universo que controla tudo, incluindo a ascensão e queda de cada nação. Deus também controla quem é colocado no comando de cada nação: “O Altíssimo governa o reino dos homens, e o concede a quem quer, e constitui sobre ele o mais humilde dos homens” (Daniel 4.17). Além disso, é Deus quem dá a uma pessoa habilidade no trabalho e a riqueza que vem dele, não o governo: “Aqui está o que vi ser bom e apropriado: comer, beber e divertir-se em todo o seu trabalho em que se esforça debaixo do sol durante os poucos anos de sua vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua recompensa. Além disso, quanto a todo homem a quem Deus deu riquezas e bens, também lhe deu poder para comer delas, e receber a sua recompensa, e alegrar-se no seu trabalho; este é o dom de Deus” (Eclesiastes 5.18-19).
O socialismo, apesar de toda sua popularidade em alguns círculos, não é um modelo bíblico para a sociedade. Em oposição ao socialismo, a Bíblia promove a ideia de propriedade privada e emite comandos para respeitá-la: comandos como “Não furtarás” (Deuteronômio 5.19) não têm sentido sem propriedade privada. Ao contrário do que vemos em experimentos fracassados no socialismo, a Bíblia honra o trabalho e ensina que os indivíduos são responsáveis por se sustentarem: “Quem não quer trabalhar não coma” (2Tessalonicenses 3.10). A redistribuição de riqueza fundamental para o socialismo destrói a responsabilidade e a ética bíblica do trabalho. A parábola de Jesus em Mateus 25.14-30 ensina claramente nossa responsabilidade de servir a Deus com nossos recursos (privados).
[2]DOUGLAS, J. D. Socialismo Cristão (Texto na íntegra, adaptado). Ver R. B.
[3] GOT QUESTIONS. Socialismo-Christian (Texto na íntegra, adaptado). Ver R. B.
Referências bibliográficas:
DOUGLAS, J. D. Socialismo Cristão. In: ELLWELL, Walter A (Editor). Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol. III. São Paulo: Vida Nova, 1990. Pg. 410.
O primeiro presidente eleito da Nova República foi José Sarney. Embora obteve poucos resultados no campo econômico, no campo jurídico, entretanto, foi criada e votada em 1988 a Constituição da República Federativa do Brasil que vigora (ou deveria) até hoje.
Em 15 de novembro de 1986, foram eleitos novos deputados e senadores; além das tarefas normais como congressistas, eles tinham a importante incumbência de elaborar uma nova Constituição. Por isso, esse Congresso tinha também a função de Assembleia Nacional Constituinte. Os trabalhos foram iniciados em fevereiro de 1987 e terminaram em 5 de outubro de 1988 com a promulgação da Nova Carta.
A Constituição de 1988, também chamada de “Constituição cidadã”, foi a sétima constituição do Brasil desde a sua Independência, em 1822 e a sexta do período republicano.
Algumas características da Constituição de 1988 no campo trabalhista, direitos humanos e outros, estão especificados pela professora Juliana Bezerraaqui:
1. Direitos Trabalhistas
A nova constituição consolidou diversas conquistas aos trabalhadores, como:
O abono de indenização de 40% do FGTS na demissão e o seguro-desemprego;
O abono de férias e o 13º salário para aposentados;
Jornada semanal de 44 horas, quando antes era de 48 horas;
Licença maternidade de 120 dias e licença paternidade de 5 dias;
Direito à greve e a liberdade sindical.
2. Direitos Humanos
Além disso, várias outras
conquistas foram alcançadas no campo dos direitos humanos:
Fim da censura dos meios de comunicação;
Liberdade de expressão;
Direito das crianças e adolescentes;
Eleições diretas e universais com dois turnos;
Direito ao voto para os analfabetos;
Voto facultativo aos jovens entre 16 e 18 anos;
A prática do racismo passou a ser crime inafiançável;
Proibição da tortura;
Igualdade de gêneros;
Fomento ao trabalho feminino.
3. População Indígena
A Carta Magna de 1988 determinou que os índios teriam a posse das terras que ocupavam bem como aquelas que eles tradicionalmente ocupavam.
Também garante à União o
direito de legislar sobre os índios e garantir a preservação dos seus costumes,
línguas e tradições.
4. Quilombolas
Igualmente, a Constituição
de 1988 reconheceu o direito de posse às terras ocupadas por remanescentes
de Quilombos...
A Constituição também rege
o ordenamento jurídico do país, estabelece regra que regulam e pacificam os conflitos
de interesse dos grupos que integram uma sociedade.
A Constituição de 1988
também prevê emendas. Isto é, mudanças no texto da constituição estão previstos
por lei e podem ser feitas através de emendaconstitucional. E
tantas emendas já foram feitas que passaram de 140 em tão pouco tempo de existência. De tal
forma que, se comparada à Constituição dos EUA, esta só recebeu 27 emendas em
235 anos. A última emenda foi promulgada em 1992.
A Constituição de 1988 é
boa ou ruim? Na verdade, “...o Brasil é constitucionalmente uma
social-democracia com viés de esquerda. Ao Estado compete tudo, ... ao
Estado compete o bem-estar da Nação em todas as suas dimensões...” (Ricardo
Gomes). Em outras palavras, apenas para resumir, se ao Estado compete tudo,
incluindo o bem-estar da Nação é óbvio que esta Constituição não vai funcionar
e não tem funcionado nestes 37 anos. Mas o debate continua aqui...